'Não devo a ninguém minhas eleições, a não ser ao povo desse país', diz Lula

Política
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira, 24, que deve as eleições que venceu para a Presidência apenas ao "povo brasileiro". Lula também destacou o desempenho eleitoral dele no Vale do Jequitinhonha, que é um reduto petista importante em Minas.

"Eu fui eleito presidente da República por obra de vocês. Eu não devo a ninguém as minhas eleições, a não ser ao povo desse País e, sobretudo, ao Vale no Jequitinhonha. Aqui, a gente nunca perdeu uma eleição", afirmou Lula, em discurso no qual disse que políticas sociais permitem que pobres possam "estudar, fazer mestrado e ser o que quiser".

Nesta quinta, Lula anunciou entregas interministeriais nas áreas de educação, igualdade racial, direitos humanos e povos indígenas. A cerimônia ocorreu no município de Minas Novas (MG). Segundo Lula, ele retornou para a região para reconhecer "os saberes dos povos" locais.

Justiça social

Lula também afirmou nesta quinta-feira, 24, que o governo federal está fazendo "justiça social e fiscal". Segundo o presidente, o Planalto quer tirar de quem "come 10 vezes por dia" para distribuir para os que pouco se alimentam.

"Estamos apenas fazendo justiça social, justiça fiscal. Nós estamos tirando de quem come 10 vezes por dia, para dar para àquele que só come uma ou duas vezes por dia", disse Lula.

No discurso desta quinta, Lula também destacou iniciativas do governo como a Nova Tarifa Social de Energia Elétrica, que buscou baratear a conta de energia da população de baixa renda. Segundo o presidente, isso ainda "é pouco".

"Agora, nós fizemos a isenção da energia para quem consome até 80 kW não pagar mais nada. Quem gasta até 120 kW só vai pagar a diferença entre 80 e 120 kW. Isso é pouco, porque a gente tem que fazer mais pelo povo pobre desse País", afirmou o petista.

Em outra categoria

O presidente Donald Trump sancionou na noite desta quarta-feira, 12 (horário local), o projeto de lei que retoma o financiamento do governo americano; com a assinatura, foi encerrado o shutdown mais longo da história dos Estados Unidos, que totalizou 43 dias.

Horas antes, o perfil oficial da Casa Branca já havia anunciado o aceite do governo numa publicação via X (antigo Twitter) onde chamava o episódio de "paralisação democrata". "Hoje mandamos uma mensagem clara de que não aceitaremos uma extorsão desse tipo", disse o republicano. Segundo ele, o prejuízo passa dos US$ 1,5 trilhão.

Trump criticou a paralisação. Ele citou os mais de 20 mil voos cancelados ou atrasados em decorrência da falta de pessoal, os mais de 1 milhão de funcionários públicos que ficaram sem salário e a suspensão do benefício de assistência alimentar, com o chamado popularmente de food stamps.

"Levaremos semanas, e talvez até meses, para calcular precisamente o dano que eles (os democratas) causaram à nossa economia, às pessoas e às famílias", disparou. "Povo americano, quando as eleições de meio de mandato chegarem, não se esqueçam disso", completou.

Trump aproveitou a deixa para pedir, mais uma vez, pelo fim do filibuster (tática usada por senadores para atrasar ou impedir a votação de um projeto de lei) para que esse tipo de paralisação "não aconteça novamente". O mandatário também citou um levantamento feito pelo Walmart sobre o custo do Dia de Ação de Graças, feriado tradicional no país. A comparação entre 2025 e 2024 mostra uma queda de 25% dos preços neste ano.

No pronunciamento, Trump criticou as políticas de assistência (uma das razões que levou à paralisação do governo) como o Obamacare chamando o programa de um "fiasco desde o primeiro dia". "O país nunca esteve melhor. É uma honra assinar e ter o nosso país funcionando novamente", finalizou.

Mais cedo no mesmo dia, a Câmara dos EUA aprovou um pacote de gastos para reabrir o governo, enviando a legislação para o presidente Trump e praticamente garantindo o fim da paralisação mais longa da história do país. A medida foi aprovada com o placar de 222 votos a favor e 209 contra. O projeto já havia passado pelo Senado, no início da semana.

O almirante Henrique Gouveia e Melo é o favorito a vencer as próximas eleições presidenciais de Portugal, marcadas para janeiro do ano que vem. Ele foi chefe do Estado-Maior da Armada e ficou conhecido durante a pandemia da Covid-19 por coordenar uma força-tarefa de vacinação que o tornou popular entre os portugueses.

Nascido em Moçambique, Melo se mudou para Portugal com a família depois da chamada Revolução dos Cravos em 1974, que derrubou o regime militar português. O almirante, que é líder das pesquisas para a presidência de Portugal, tem ligações com o Brasil por conta do período que morou em São Paulo, entre 1975 e 1979.

Ele esteve em São Paulo e no Rio de Janeiro entre os dias 4 e 8 de outubro para fazer campanha junto a comunidade luso-brasileira e estabelecer contatos com políticos.

Em entrevista ao Estadão, Melo ressaltou a importância da comunidade brasileira em Portugal e minimizou o efeito imediato da lei aprovada na Assembleia da República, que dificulta a entrada de brasileiros que não se enquadram na categoria de "profissionais altamente qualificados".

"Nossa economia quer evoluir para uma economia de maior valor acrescentado. No entanto, a transição não é de um dia para o outro e seguimos precisando de uma imigração não tão qualificada", aponta o almirante. "A lei é focada em um projeto de médio prazo e o nosso futuro inclui necessariamente a população brasileira", diz o líder das pesquisas.

O almirante se considera um "socialista democrata" e espera contribuir para frear o avanço da extrema direita em Portugal. "O meu papel é tentar fazer com que as questões sejam levadas ao centro do espectro político. É preciso reconhecer as razões do avanço da extrema direita e a pressão migratória que o país está sofrendo, mas as soluções devem vir do equilíbrio".

Em Portugal, o presidente é o chefe de Estado e tem funções de fiscalização do poder público, representação do país e garantidor da ordem institucional, enquanto o primeiro-ministro é o chefe do Executivo.

Confira trechos da entrevista:

O senhor esteve no Brasil em outubro para conversar com a comunidade luso-brasileira e fazer contatos com políticos e também já viveu como imigrante, em Moçambique e no Brasil. Como o senhor avalia a atual presença de brasileiros em Portugal, que tem uma comunidade de 500 mil pessoas?

Avalio de forma muito positiva. A comunidade brasileira tem uma presença grande em todo o espectro social. Temos empresários e investidores que querem investir em Portugal, o que é muito positivo para a economia. Também temos engenheiros e outros profissionais altamente especializados que contribuem muito para as nossas empresas.

E como em todas as imigrações, temos pessoas que vêm para trabalhar em serviços mais simples, mas que são muito importantes para a nossa economia. Os brasileiros se integram facilmente à sociedade portuguesa e têm os mesmos valores que nós. Muitas vezes existe uma tendência a estigmatizar uma comunidade por um aumento do crime, mas os números não indicam uma relação entre a imigração e o crime.

A população portuguesa às vezes pode ser contra a imigração, mas não contra a imigração brasileira. Eles se incomodam mais com a vinda de pessoas de países que têm uma cultura muito diferente da nossa e criam alguma estranheza na sociedade portuguesa.

Qual é a sua avaliação sobre a lei aprovada na Assembleia da República que dificulta a entrada de brasileiros, principalmente aqueles que não se enquadram na categoria de "altamente qualificados"?

A nossa economia quer evoluir para uma economia de maior valor acrescentado. Nós queremos incorporar duas coisas: conhecimento e tecnologia. Nós temos um plano para o futuro que desejamos em relação aos imigrantes. Queremos uma imigração mais qualificada para contribuir com a nossa economia. No entanto, a transição não é de um dia para o outro.

Neste momento, nós precisamos também de uma imigração não tão qualificada, porque há muitos trabalhos que, se não recorrerem a essa imigração menos qualificada, não poderiam acontecer. Estou falando do setor de serviços, como hotelaria e restaurantes.

Esses setores se beneficiam muito da imigração brasileira. Então a lei é focada em um projeto de médio prazo, um desejo do Estado português de fortalecer a sua economia com imigrantes mais preparados.

Mas existe uma diferença entre um desejo e uma realidade. Precisamos de um certo tempo até isso ser praticado. E certamente existirão negociações entre Brasil e Portugal, até pela lei de reciprocidade que existe há muito tempo. E certamente Portugal não vai prescindir das relações que tem com o Brasil. O nosso futuro inclui necessariamente a população brasileira.

Como o senhor avalia a relação entre Brasil e Portugal? Em outras entrevistas, o senhor mencionou a possibilidade de uma aliança econômica entre Portugal, Brasil e Angola, unindo o Atlântico Norte e o Atlântico Sul. Poderia falar mais sobre isso?

Pertencemos a três comunidades diferentes. Portugal pertence à União Europeia, portanto, um grande mercado desenvolvido. O Brasil pertence ao Mercosul, um mercado em grande desenvolvimento, e a Angola pertence a um mercado que está se desenvolvendo e terá, nos próximos 15 anos, a duplicação de sua população.

Nós devemos deixar de lado o modelo colonial antigo, que era o modelo de exploração de uma determinada população e das riquezas de um país a baixo custo, e passar a um modelo de parceria econômica. E esse mercado desenvolvido é bom para todas as economias porque conectam três grandes regiões: África, América do Sul e Europa, que podem ser unidas de forma inteligente por uma estratégia intra mercados através de três países que falam português. E se fizermos de forma inteligente, também dentro do que é a geopolítica mundial, teremos um papel mais relevante.

A Europa está em estado de alerta com a possibilidade de um confronto direto entre a Otan e a Rússia por conta das incursões de drones em países do Leste Europeu e da Escandinávia. O senhor acredita em um conflito direto entre a aliança militar e a Rússia? E Portugal conseguirá chegar à meta do presidente Donald Trump de gastar 5% de seu PIB em defesa?

Bem, eu pessoalmente não acredito nesse conflito direto.

Não acredito porque isso seria a destruição assegurada da Europa. Seria um retrocesso histórico e não interessa nem aos europeus do Ocidente, nem aos europeus do Oriente, ou seja, a Federação Russa. Teremos que encontrar uma solução negociada e é uma paz que, de alguma forma, contemple a existência da Federação Russa e as relações econômicas entre a Federação Russa a União Europeia ou a Europa do Ocidente. Portanto, não acredito num confronto de grande escala. No entanto, a Federação Russa também tem que perceber que não é através da anexação ou ocupação forçada que vai encontrar o seu futuro e que vai se desenvolver no futuro, porque isso será também a destruição da própria Federação Russa.

A meta de 5% do PIB em defesa foi determinada como um aviso à Federação Russa. A economia da Otan é cerca de 30 vezes superior à economia da Rússia. Então, esses 5% mostram que, se a Rússia nos obrigar a investir 5% em defesa, nós iremos esmagar completamente qualquer diferença ou superioridade que a Rússia possa ter. Então a Federação Russa ficaria em uma situação de inferioridade que não está neste momento.

Neste momento, há um relativo equilíbrio. Mas se nós, durante 4 ou 5 anos, gastarmos 5% de nossas economias em defesa, imagina o que isso significaria em relação à Rússia. Eles teriam que investir 70% de seu PIB para emparelhar minimamente com este número. Por isso, os 5% estão dentro de uma perspectiva de um novo mundo que tem um desafio estratégico no Pacífico e continua se preocupando com o Atlântico.

Não me parece que Portugal vai chegar aos 5%, mas certamente vamos chegar aos 3% ou 3,5%. E Portugal, como integrante da Otan e da UE, fará o seu esforço correspondente. Tenho defendido que esse esforço seja mais moderado, porque não me parece que a Rússia vai exigir o esforço de 5%.

O senhor afirmou em uma entrevista que se identifica politicamente entre o socialismo e a social-democracia. Por que o senhor acredita que a direita radical está crescendo em Portugal e no resto da Europa?

Os sistemas políticos, sejam eles quais forem, atingem ciclicamente períodos de cansaço. E quando atingem esses períodos, existem duas formas de se alterar, ou por renovação interna do próprio sistema ou por uma revolução que acaba por renovar o sistema de forma mais violenta.

Acredito que estamos perante uma renovação interna. Agora, a população está mais à direita, mas antes esteve mais à esquerda e isso faz parte do jogo democrático. As soluções de esquerda contribuíram para uma melhora do Estado de bem-estar social, que virou uma marca da União Europeia. Já as políticas de direita contribuem mais para o desenvolvimento da economia de forma mais rápida.

O meu papel é tentar fazer com que as questões sejam levadas ao centro do espectro político. Quero dizer que o protesto da população não deve ser extremado. É preciso reconhecer as razões do avanço da extrema direita, mas temos que encontrar soluções no centro.

É necessário reconhecer que a Europa está votando mais na direita porque sofreu uma grande pressão migratória. E essa pressão influenciou as decisões políticas. Não acredito que a guinada a direita esteja relacionada a soluções econômicas de direita ou contra o Estado de bem-estar social, mas sim a essa questão da imigração.

As migrações sempre existiram ao longo da história humana e fazem parte dos processos humanos de mistura. Mas as pessoas estão sentindo essa pressão.

Na semana passada o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou um cessar-fogo entre Israel e o grupo terrorista Hamas. Ele fez isso algumas semanas depois da Assembleia-Geral da ONU, onde muitos países do Ocidente, incluindo Portugal, anunciaram o reconhecimento do Estado palestino. Como o senhor avalia essa decisão de Portugal?

A decisão de Portugal foi uma reação ao que aconteceu na Faixa de Gaza. O Estado de Israel tem o direito de se defender e eu sempre apoiei Israel em suas ações preventivas, como nas questões nucleares com o Irã e contra os proxies de Teerã no Oriente Médio.

No entanto, a guerra entre Israel e Hamas foi brutal. Os ataques de 7 de outubro de 2023 quebraram todos os tipos de barreiras e a inicio da resposta israelense inicial foi proporcional. No entanto, com o tempo, a guerra foi se tornando desproporcional e quase uma punição bíblica aos palestinos.

Isso não pode ser aceito. Portanto, o reconhecimento do Estado da Palestina foi uma forma de mostrar ao atual governo radical de Israel que este caminho irá isolar progressivamente o país, o que não seria positivo para Israel. O reconhecimento fez parte de uma pressão diplomática sobre Israel, mas muitas coisas precisam ser resolvidas para que o Estado da Palestina realmente se concretize.

O que Portugal e a comunidade internacional querem é que o povo palestino tenha um território em que se possa viver em paz, se desenvolver economicamente e sem ser uma ameaça a segurança do Estado de Israel.

À medida que os ataques renovados da Rússia à infraestrutura energética da Ucrânia causam apagões antes do inverno, um grande escândalo de desvio de verbas e subornos envolvendo a empresa estatal de energia nuclear colocou altos funcionários sob escrutínio. A situação está se tornando uma das crises governamentais mais significativas desde a invasão em grande escala de Moscou.

Em resposta à reação pública, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu a demissão dos ministros da Justiça, Herman Halushchenko, e da Energia, Svitlana Grynchuk, em meio à investigação, e a primeira-ministra do país, Yuliia Svyrydenkoles, afirmou que eles apresentaram suas renúncias.

"Entre outras coisas, trata-se de uma questão de confiança", disse Zelensky em um vídeo publicado em seu canal no Telegram.

*Fonte: Associated Press.

*Conteúdo traduzido com auxílio de Inteligência Artificial, revisado e editado pela Redação da Broadcast, sistema de notícas em tempo real do Grupo Estado.