Governo Trump pune Alexandre de Moraes com Lei Magnitsky

Política
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O governo de Donald Trump puniu nesta quarta-feira, 30, o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky. A decisão do governo norte-americano bloqueia as contas bancárias, restringe seu acesso ao sistema financeiro dos Estados Unidos e trava o acesso a eventuais bens que o ministro tenha em solo norte-americano, além de proibir a sua entrada no país. O seu visto e de outros oito membros do STF e do procurador-geral da República, Paulo Gonet, já tinham sido suspensos por ordem de Trump na semana passada.

A decisão de Trump está lastreada no pedido apresentado pela organização Legal Help 4 You LLC à Justiça Federal da Flórida por punições aos membros da Suprema Corte brasileira. A entidade atua como amicus curiae (amigo da Corte) no processo judicial movido pelas empresas Trump Media, cujo dono é o presidente dos EUA, e Rumble.

Na última quarta-feira, 23, a organização pediu ao Judiciário o envio dos autos do processo ao Departamento de Estado para que pudessem analisar a viabilidade de aplicação das sanções contra Moraes e os demais ministro.

A Legal Help 4 You LLC argumenta no Tribunal da Flórida que o STF viola a soberania dos Estados Unidos ao restringir a atuação das suas companhias. As decisões proferidas por Moraes em relação à Trump Media e Rumble têm como justificativa a falta de ação das empresas para restringir a disseminação de notícias falas e o discursos de ódio em seus domínios.

A lei Magnitsky aplicada contra Moraes foi aprovada em 2012, durante o governo de Barack Obama, e prevê sanções como o bloqueio de contas bancárias e de bens em solo norte-americano, além de visto cancelado e proibição de entrar no país.

Em maio deste ano, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ameaçou acionar a lei contra os membros do Judiciário brasileiro. "Isso está sob análise neste momento, e há uma grande possibilidade de que isso aconteça", disse Rubio dois meses atrás ao ser questionado pelo deputado republicano Cory Mills, da Flórida, sobre o tema.

A decisão, agora em vigor, se insere no contexto de pressão dos bolsonaristas por punições contra integrantes do STF a fim de paralisar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por tentativa de golpe de Estado em 2022.

Um dos principais atores no lobby por sanções a Moraes é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está nos Estados Unidos desde março articulando com agentes do governo Trump formas de enquadrar o ministro. O maior trunfo, até então, da articulação do filho do ex-presidente réu no STF foi a taxação em 50% dos produtos brasileiros.

Ação inédita

Como mostrou o Estadão, o uso de Lei Magnitsky pelos EUA é inédito contra um ministro de Suprema Corte no mundo. Alvos típicos da medida são autoridades de regimes autoritários, integrantes de grupos terroristas, criminosos ligados a esquemas de lavagem de dinheiro e agentes de segurança acusados de assassinatos em série.

Para ter o nome retirado da lista, Moraes precisará provar que não teve ligação com as atividades ilegais que levaram à punição, que já respondeu na Justiça pelos atos ou que mudou de comportamento de forma significativa. O próprio governo também pode retirar as sanções, caso entenda que é importante para a segurança do país.

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Pelo menos 48 palestinos foram mortos e dezenas ficaram feridos na quarta-feira, 30, enquanto esperavam por comida em uma travessia na Faixa de Gaza, de acordo com um hospital que recebeu as vítimas. A nova onda de mortos e feridos ocorreu um dia antes da visita do enviado especial dos Estados Unidos para o Oriente Médio, Steve Wittkoff, a Israel.

O Hospital Shifa, na Cidade de Gaza, informou que os mortos e feridos estavam entre as multidões reunidas no cruzamento de Zikim, o principal ponto de entrada para ajuda humanitária no norte de Gaza. Não ficou imediatamente claro quem abriu fogo, e não houve comentários imediatos do Exército de Israel, que controla a passagem. Filmagens da Associated Press mostraram pessoas feridas sendo transportadas dos postos de ajuda humanitária em carroças de madeira, bem como multidões de pessoas carregando sacos de farinha.

O Hospital de Campo Al-Saraya, onde casos críticos são estabilizados antes da transferência para hospitais principais, disse que recebeu mais de 100 mortos e feridos. Fares Awad, chefe do serviço de emergência do Ministério da Saúde de Gaza, afirmou que alguns corpos foram levados para outros hospitais, indicando que o número de vítimas pode aumentar.

Ataques aéreos e disparos israelenses anteriormente já haviam matado pelo menos 46 palestinos durante a noite e na quarta-feira, a maioria deles entre multidões em busca de comida, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo grupo terrorista Hamas. Outros sete palestinos, incluindo uma criança, morreram de causas relacionadas à desnutrição, de acordo com as autoridades de saúde.

Israel alivia bloqueio

No final de semana, Israel aliviou o seu bloqueio sobre o território palestino, com pausas estratégicas na luta contra o Hamas e um aumento no fluxo de ajuda humanitária, mas organizações internacionais acreditam que é preciso fazer mais. Lançamentos aéreos internacionais de ajuda também foram retomados, mas muitos dos pacotes caíram em áreas que os palestinos foram instruídos a se retirar.

A Classificação Integrada de Fases de Segurança Alimentar, ou IPC, a principal autoridade mundial sobre crises de fome, disse na terça-feira, 29, que a situação piorou dramaticamente e alertou sobre os riscos de "morte generalizada" de palestinos.

A COGAT, o órgão militar israelense que facilita a entrada de ajuda, disse que mais de 220 caminhões entraram em Gaza na terça-feira. O número está muito abaixo dos 600 caminhões por dia que as agências da ONU dizem ser necessários, e que entraram durante um cessar-fogo de seis semanas no início deste ano.

Mais de 1.000 palestinos foram mortos perto dos postos de coleta da Fundação Humanitária de Gaza enquanto buscavam ajuda desde maio, de acordo com testemunhas, autoridades de saúde locais e o escritório de direitos humanos da ONU. O Exército de Israel diz que apenas disparou tiros de advertência em pessoas que se aproximam de suas forças. Tel-Aviv alega também que a Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês) apenas usa spray de pimenta contra palestinos para evitar aglomerações perigosas.

Mortes por desnutrição

Segundo dados do ministério da Saúde de Gaza, um total de 89 crianças morreram de desnutrição desde o início da guerra em Gaza. 65 adultos palestinos também morreram de causas relacionadas à desnutrição em Gaza desde o final de junho, de acordo com dados das autoridades de saúde.

Israel nega que haja uma crise de fome em Gaza, rejeitando relatos de testemunhas, agências da ONU e grupos de ajuda, e diz que o foco nessas acusações prejudica as negociações para um cessar-fogo porque faz com que o grupo terrorista Hamas seja mais rígido em suas exigências.

O enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Wittkoff, que lidera os esforços do governo Trump para encerrar a guerra de quase 22 meses e libertar os 50 reféns que seguem em Gaza, deve chegar a Israel nesta quinta-feira, 31, para conversar sobre a situação de Gaza e o cessar-fogo. (Com informações da Associated Press)

A presidente do México, Claudia Sheinbaum, exigiu nesta quarta-feira, 30, a repatriação de 30 mexicanos presos no centro de detenção de imigrantes da Flórida, conhecido como "Alcatraz dos Jacarés". "Muitos cidadãos não têm motivo para entrar nesses centros de detenção. Dentro da estrutura das próprias leis dos EUA, o que buscamos é que eles retornem ao nosso país imediatamente e não sejam detidos dessa maneira", afirmou Sheinbaum, em nota enviada a Washington.

O governo americano afirma que a Alcatraz dos Jacarés requer menos segurança devido ao seu entorno inóspito, habitado por crocodilos e cobras, daí o nome da prisão.

O centro de detenção de 160 mil metros quadrados, a 64 quilômetros de Miami, tem sido alvo de críticas de ativistas dos direitos humanos, que denunciam celas superlotadas, esgoto entupido e falta de cuidados médicos. Na semana passada, o jornal New York Times publicou relatos de tortura e maus-tratos.

Pressão

A decisão de Sheinbaum foi tomada depois que o cônsul mexicano em Miami, Rutilio Escandón, visitou o centro de detenção no início da semana. "Eles têm permissão para tomar banho apenas a cada três dias", disse Escandón à TV Telemundo, referindo-se aos 39 mexicanos que ele entrevistou. "Às vezes, o ar condicionado é muito frio. Às vezes chega a 15 graus. Mas também é muito quente e há muitos mosquitos."

No domingo, 27, Roberto Velasco Álvarez, chefe da unidade americana da chancelaria mexicana, disse que dois irmãos que estavam detidos na Alcatraz dos Jacarés foram enviados recentemente ao México sem acusações formais - um dos quais estava visitando os EUA com um visto de turista.

O governo de Sheinbaum critica as operações migratórias ordenadas pelo presidente Donald Trump. Na semana passada, um trabalhador agrícola mexicano morreu em razão de ferimentos sofridos ao tentar fugir da batida da polícia em uma zona rural de Camarillo, na Califórnia.

Outro mexicano morreu em junho - de causas ainda não confirmadas - enquanto estava sob custódia do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas dos EUA (ICE, na sigla em inglês), em um centro de detenção na cidade de Stewart, na Geórgia.

"O tratamento dado aos nossos cidadãos, especialmente com essas batidas policiais, é profundamente doloroso", disse Sheinbaum. "Estaremos sempre ao lado deles para apoiá-los."

Prisões

Segundo dados do governo do México, 355 mexicanos haviam sido detidos em batidas contra migrantes implementadas desde que Trump retornou à Casa Branca, de 20 de janeiro até 11 de julho. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O terremoto de magnitude 8,8, o mais poderoso da região em quase 73 anos, deixou a cidade russa de Severo-Kurilsk debaixo d'água. De acordo com o prefeito do distrito das Ilhas Kuril do Norte, Aleksander Ovsianikov, "quatro ondas de tsunami" atingiram Severo-Kurilsk. O tremor provocou nesta quarta, 30, tsunamis em quase todos os países da bacia do Pacífico.

No fim do dia, após os alertas serem suspensos, o Kremlin disse que não houve vítimas, mas alertou que réplicas poderosas, de magnitude até 7,5, devem ser sentidas no extremo oriente da Rússia.

Cerca de 2 milhões de pessoas receberam ordens de retirada no Japão, Rússia e Havaí. Alertas também foram emitidos na China, Filipinas, Indonésia, Nova Zelândia, Peru e México. O Chile emitiu um alerta vermelho em toda a sua área costeira e mais de 1,5 milhão de pessoas foram retiradas para zonas altas.

Epicentro

O terremoto ocorreu na manhã de ontem (noite de terça-feira, 29, no Brasil) na costa de Petropavlovsk, na Península de Kamchatka, na Rússia, a uma profundidade de 20,7 quilômetros, segundo o Serviço Geológico dos EUA (USGS, na sigla em inglês). O tremor está provavelmente entre os seis mais poderosos já registrados, mas pode ser reclassificado como ainda maior nos próximos dias, à medida que mais dados forem chegando.

O abalo foi tão forte que fez o vulcão Klyuchevskoi, o mais alto da Eurásia, entrar em erupção ontem. "Lava incandescente é vista fluindo pela encosta oeste. Um brilho intenso acima do vulcão e explosões estão ocorrendo", informou o Serviço Geofísico da Rússia.

Cientistas do Serviço Geológico Britânico estimaram ontem que a sequência de tremores secundários deve se prolongar por cerca de um mês. Alguns deles chegariam a mais de 8 de magnitude. De acordo com os sismólogos britânicos, os danos foram menores porque o epicentro do terremoto ocorreu em uma área esparsamente povoada de Kamtchaka, coberto por florestas, vulcões e platôs.

Apesar do susto, nenhuma morte ligada aos tsunamis foi relatada em nenhum dos países afetados nos dos dois lados do Pacífico. A mídia russa informou apenas ferimentos leves de habitantes da Península de Kamchatka, uma das regiões mais isoladas do país. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.