Em trio elétrico esvaziado, bolsonaristas pedem anistia e criticam Lula e Moraes na Paulista

Política
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foram os principais alvos do ato realizado neste domingo, na Avenida Paulista, por apoiadores do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Sem a presença do ex-presidente, impedido de deixar sua residência aos finais de semana por determinação do STF, o pastor Silas Malafaia acabou sendo o principal orador do ato realizado num dos principais cartões postais da capital paulista.

O pastor voltou a chamar Moraes de "criminoso", cobrou o arquivamento das ações em curso contra bolsonaristas e pediu "um minuto de silêncio" para rezar e pedir a Deus para quebrar "a dureza, ambição e vaidade" dos parlamentares e ministros do STF.

Em ato pela anistia realizado em Copacabana, em março, Malafaia já havia chamado Moraes de "criminoso". Para o líder evangélico, o ministro da Suprema Corte comete crimes porque "rasga a Constituição" em suas decisões e na maneira como conduz as ações que estão sob sua relatoria no STF.

Neste domingo, Malafaia defendeu que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) não é "traidor da pátria".

Eduardo articulou com autoridades norte-americanas sanções contra o Brasil que já começaram a ser colocadas em prática contra Alexandre de Moraes, ministros do STF e Lula.

Na tentativa de minimizar as ações do deputado, o pastor acusou Lula, a ex-presidente da República Dilma Rousseff (PT), outros políticos de esquerda e movimentos sociais de denunciarem o Brasil em Cortes internacionais, no contexto da prisão do petista no âmbito da Operação Lava Jato.

O mesmo argumento foi reproduzido por outros bolsonaristas, como o deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).

"Lula é o verdadeiro traidor da pátria", gritou o pastor.

Malafaia também apontou as ausências dos governadores presidenciáveis: o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e o de Goiás, Ronaldo Caiado (União), que alegaram motivos diversos para não comparecerem.

Do trio elétrico da manifestação, deputados estaduais, federais e vereadores fizeram discursos com pautas distintas, pedido anistia a Bolsonaro, atacando Lula, Moraes e citando os condenados do 8 de Janeiro.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), esteve presente e acenou ao público, mas não discursou.

O líder do PL na Câmara, deputado federal Sóstenes Cavalcante (RJ), pediu a anistia de Bolsonaro, mirando nas eleições de 2026. "Somente com Bolsonaro na urna em 2026 esse País terá paz. Se não permitirem que o maior líder, o líder das pesquisas eleitores, o Brasil terá guerra nas ruas, lamentavelmente", disse.

Bolsonaro segue inelegível por condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030.

Sóstenes ainda mandou recado aos políticos da base do presidente Lula, afirmando que a hora para "pularem do barco furado do descondenado" é agora, e não às vésperas do pleito do próximo ano.

O líder ainda atacou as pesquisas da Universidade de São Paulo (USP) que mostraram queda de público nas manifestações bolsonaristas. O parlamentar afirmou que a Universidade "não sabe contar os brasileiros", afirmando que a manifestação deste domingo é a maior até agora.

O comparecimento aos atos em favor do ex-presidente minguou à medida do avanço da investigação e da ação penal por tentativa de golpe de Estado, da qual é réu.

A redução do público é superior a 90%. Em fevereiro de 2024, mais de 125 mil pessoas estiveram presentes na Avenida Paulista. Em 29 de junho, um protesto no mesmo local reuniu 12,4 mil pessoas. Os dados são Monitor do Debate Público do Meio Digital, da USP.

O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, se bastou a agradecer o público e os políticos presentes, e pediu a volta de Bolsonaro, em menos de um minuto falando com os apoiadores.

Já Nikolas fez um discurso de mobilização da base no qual disse amar Bolsonaro e mostrou à multidão o celular em ligação com o ex-presidente. Mais cedo na manifestação realizada no Rio de Janeiro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) transmitiu mensagem do pai por meio de ligação.

Ainda num movimento de agitação dos manifestantes, o parlamentar disse que os bolsonaristas "não vão se dobrar a Alexandre de Moraes" e que o ministro "sem a toga, não é nada".

O deputado focou as críticas a Lula e ao Judiciário, e repetiu o discurso de Sóstenes, de que será golpe caso Bolsonaro, inelegível, tenha a candidatura impedida no próximo pleito.

Em recado ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), Nikolas pediu que a anistia de Bolsonaro seja pautada e fez referência à briga pública entre o Tarcísio e Eduardo Bolsonaro, afirmando que "chegou a hora de dividir os meninos dos homens".

O deputado mineiro também prometeu ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que mais um pedido de impeachment chegará à mesa do senador. Em recado aos senadores, Nikolas afirmou que ou os políticos "expurgam Moraes do STF, ou nós expurgamos vocês ano que vem nas eleições".

O deputado federal Paulo Bilynskyj (PL-SP) comparou Moraes ao Primeiro Comando da Capital (PCC), afirmando que ambos foram sancionados pela Lei Magnitsky. A sanção foi imposta pelo governo Trump na quarta-feira, 30, contra o ministro. Foi a primeira vez que uma autoridade de país democrático é punida com a norma, criada para restringir direitos de violadores graves dos direitos humanos.

A deputada federal Rosana Valle (PL-SP) focou o discurso em oposição ao governo, puxando coro de "fora Lula, fora PT", e afirmando que representa a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), que ao invés de vir a São Paulo decidiu participar das manifestações bolsonaristas em Belém, no Pará.

Eduardo Bolsonaro, que acompanhou o ato de sua casa nos Estados Unidos, apareceu em ligação de vídeo com o deputado estadual Paulo Mansur (PL), recebendo aplausos do público.

O deputado federal Marco Feliciano (PL-SP) foi o primeiro a pedir diretamente a anistia ao condenados pelo 8 de Janeiro e afirmar que os senadores em missão nos Estados Unidos para negociar o tarifaço de Trump não tiveram sucesso "porque a moeda de troca" é o perdão aos bolsonaristas.

Vice-prefeito de São Paulo, Coronel Mello Araújo, indicado por Bolsonaro na chapa de Ricardo Nunes nas eleições passadas, também focou o discurso na crítica aos senadores, os quais afirmou que "não fazem a lição de casa".

"Os senadores deveriam tomar providências, e se calam", disse Mello Araújo, sem citar pedido de impeachment a Moraes.

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O Ministério das Relações Exteriores da Rússia anunciou na terça-feira, 11, a adição de outros 30 nomes à lista de japoneses proibidos em território russo "por tempo indeterminado". Entre os nomes estão o assessor de imprensa do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Toshihiro Kitamura, e Yu Koizumi, professor da Universidade de Tóquio especialista em políticas de segurança russa, além de diversos jornalistas e outros acadêmicos.

Já nesta quarta-feira, o Japão declarou ser "absolutamente inaceitável" a decisão do governo russo, segundo a mídia japonesa. Em conferência de imprensa, o secretário-geral do gabinete japonês Minoru Kihara disse ser "lamentável" a decisão russa, já que o diálogo entre pessoas das duas nações é importante para a manutenção das comunicações bilaterais, mesmo em momentos difíceis.

A lista de proibidos em território russo foi anunciada pela primeira vez em 2022, e já incluía Sanae Takaichi, atual primeira-ministra do Japão, junto de outros jornalistas e oficiais do governo japonês.

A decisão é uma resposta frente às sanções do Japão contra a Rússia, motivadas pelo conflito com a Ucrânia. Conforme a Reuters, Kihara acusou Moscou de inverter a responsabilidade pela invasão ao território ucraniano.

Mesmo com a lista de japoneses proibidos pela Rússia e sanções por parte do governo asiático, o Japão ainda exporta energia para a ilha russa de Sakhalin. Segundo a Reuters, Kihara não respondeu sobre se a recente decisão do governo britânico em suspender seguros sobre exportação de gás para a Rússia afetaria futuras negociações de venda ou aumentaria as sanções sobre os russos.

Os democratas do Comitê de Fiscalização da Câmara dos Estados Unidos divulgaram nesta quarta-feira, 12, uma série de e-mails do empresário Jeffrey Epstein em que ele afirma que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "sabia das meninas", muitas das quais eram menores de idade, e teria "passado horas" com uma das vítimas dos crimes cometidos por Epstein.

As mensagens foram trocadas após o acordo de confissão firmado por Epstein em 2008, na Flórida, quando o magnata admitiu comandar rede de tráfico sexual. Segundo o governo americano, o bilionário explorou sexualmente mais de 250 meninas.

Onze anos depois, o caso voltou à tona, o acordo foi considerado inválido e a prisão do bilionário por tráfico sexual foi determinada. Segundo as autoridades, ele se matou poucos dias depois de ser preso.

Os documentos, de acordo com os congressistas, foram selecionados de milhares de páginas e levantam novas dúvidas sobre o relacionamento entre Trump e Epstein, que mantiveram contato por anos antes do escândalo de exploração sexual vir à tona.

Após a divulgação, a Casa Branca acusou os democratas de conduzirem uma campanha de difamação. "O fato é que o presidente Trump expulsou Jeffrey Epstein de seu clube décadas atrás por assediar suas funcionárias, incluindo Giuffre", afirmou a secretária de imprensa Karoline Leavitt, em nota.

Veja os e-mails divulgados na íntegra:

Em um e-mail endereçado a Ghislaine Maxwell, sócia e namorada de Epstein, em abril de 2011, o empresário menciona o presidente americano.

"Quero que você perceba que aquele cachorro que não latiu é Trump." Ele acrescentou que uma vítima não identificada "passou horas na minha casa com ele, ele nunca foi mencionado uma única vez." "Tenho pensado nisso," escreveu Maxwell, em resposta.

Em outro e-mail que Epstein enviou a Michael Wokff, o empresário afirmou: "Trump disse que me pediu para renunciar, nunca fui membro, é claro que ele sabia sobre as meninas, pois pediu a Ghislaine para parar", escreveu.

Um terceiro e-mail divulgado mostra Epstein questionando Wokff sobre como abordar o relacionamento deles, já que o republicano estava se tornando uma figura de relevância nacional.

"Ouvi dizer que a CNN planeja perguntar ao Trump esta noite sobre sua relação com você, seja ao vivo ou em entrevista coletiva após o evento", escreveu Wokff.

"Se pudéssemos elaborar uma resposta para ele, qual você acha que deveria ser?", questionou Epstein.

"Acho que você deveria deixá-lo se enforcar. Se ele disser que não participou do plano nem foi à casa, isso lhe dará um valioso capital político e de relações públicas.", respondeu Wokff.

"Você pode enforcá-lo de uma forma que potencialmente gere um benefício positivo para você ou, se realmente parecer que ele pode ganhar, você pode salvá-lo, gerando uma dívida. É claro que é possível que, quando questionado, ele diga que Jeffrey é um ótimo sujeito, que foi injustiçado e é vítima do politicamente correto, que será proibido no regime de Trump", concluiu.

Um acidente com um ônibus deixou ao menos 37 pessoas mortas na madrugada desta quarta-feira, 12, em Arequipa, no Peru. O veículo saiu da pista após colidir com uma caminhonete na rodovia Panamericana Sul e cair em uma ribanceira. Outros 24 passageiros ficaram feridos, segundo as autoridades locais.

O gerente de saúde da região de Arequipa, Walther Oporto, disse à rádio local RPP que o ônibus bateu na caminhonete e saiu da estrada em uma curva, caindo mais de 200 metros até as margens do rio Ocoña. Segundo Oporto, o número de mortos pode aumentar porque há feridos graves.

A caminhonete ficou na saída da curva com a cabine totalmente destruída. O Ministério Público de Arequipa informou em um comunicado que o motorista da picape sobreviveu e "está detido". As autoridades não informaram se havia mais ocupantes na caminhonete.

O ônibus da empresa Llamosas, com 60 passageiros, havia partido da cidade de Chala, uma área mineradora também no sul do Peru, e seguia para a cidade de Arequipa.

Acidentes fatais com ônibus não são incomuns no Peru. A causa do acidente de quarta-feira não foi esclarecida, mas as autoridades afirmaram no passado que direção imprudente e velocidade excessiva estão por trás de muitos desses eventos.

Em agosto, um ônibus capotou em uma rodovia e 10 pessoas morreram. Em julho, outro ônibus que viajava de Lima para a região amazônica do Peru também capotou, deixando pelo menos 18 mortos e 48 feridos.

Em janeiro, pelo menos seis pessoas morreram e 32 ficaram feridas quando um ônibus caiu em um rio.

Em 2024, houve aproximadamente 3.173 mortes como resultado de acidentes de trânsito no país sul-americano, de acordo com dados oficiais do Sistema de Informações sobre Mortes.

*Com informações de agências internacionais.