MP-RJ mira em mulher de Capitão Adriano e PMs por lavagem de dinheiro e agiotagem

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro deflagrou nesta segunda-feira, 22, a Operação Gárgula para investigar suposta organização criminosa responsável pela movimentação financeira e lavagem de dinheiro do miliciano Adriano da Nóbrega, morto em fevereiro de 2020 pela PM da Bahia. A ofensiva busca cumprir mandados de prisão preventiva contra a mulher de Adriano, Julia Emilia Mello Lotufo, o soldado da PM Rodrigo Bitencourt Fernandes Pereira do Rego e Daniel Haddad Bittencourt Fernandes Leal.

Promotores e agentes da Coordenação de Segurança a Inteligência do MP fluminense cumprem ainda 27 mandados de busca e apreensão em diversos endereços do Rio, Niterói e Guapimirim. A Justiça do Rio também determinou o sequestro do Haras Fazenda Modelo e de automóveis, além do bloqueio de R$ 8,4 milhões, correspondentes ao valor constatado em movimentações dos investigados.

Ao todo, nove pessoas foram denunciadas junto à 1ª Vara Criminal Especializada da Capital por crimes de associação criminosa, agiotagem e lavagem de dinheiro, indicou o MP do Rio. Os acusados são integrantes da rede de apoio de Capitão Adriano, responsáveis por lavar o dinheiro obtido pelo miliciano.

Segundo a denúncia, integravam tal rede de apoio os três alvos das preventivas - Rodrigo Bitencourt, Julia Emilia e Daniel - e o sargento da PM Luiz Carlos Felipe Martins (vulgo Orelha). Este último também teve a prisão decretada, mas foi morto no último sábado, 20, em Realengo, "em circunstâncias ainda a serem esclarecidas".

Também foram denunciados, com medidas cautelares diversas de prisão deferidas pela Justiça, Carla Chaves Fontan, Carolina Mandin Nicolau, Jefferson Renato Candido da Conceição (vulgo "Sapo"), David de Mello Lotufo e Lucas Mello Lotufo.

Segundo a Promotoria, a ação é um desdobramento da Operação Intocáveis, que mirou em integrantes da milícia de Rio das Pedras, liderada por Adriano da Nóbrega. O miliciano, que é apontado como um dos fundadores do Escritório do Crime, também está no centro das investigações do caso das supostas "rachadinhas" no gabinete de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) à época em que o filho do presidente Jair Bolsonaro era deputado estadual no Rio.

Em setembro de 2005, Adriano recebeu a Medalha Tiradentes da Assembleia Legislativa, por iniciativa do então deputado e hoje senador Flávio Bolsonaro. A ex-mulher e a mãe de Adriano, um ex-policial militar que se envolveu com o crime e era conhecido como Capitão Adriano, eram funcionárias em cargos de confiança no gabinete de Flávio no Legislativo fluminense. Era lá que, segundo o MP, funcionava um esquema de desvio de dinheiro de salários, pela contratação de servidores "fantasmas".

Como funcionava o esquema

A denúncia do MP do Rio indica que entre 2017 e fevereiro de 2020, Rodrigo Bittencourt, Julia Lotufo, Carolina Nicolau, Daniel Haddad, Carla Fontan e Luiz Carlos Martins, sob as ordens de Adriano, atuaram na "concessão de empréstimos a juros exorbitantes a terceiros (até de 22%), utilizando-se de empresas de fachada. O dinheiro investido para esses empréstimos era oriundo dos lucros auferidos pelo miliciano com as práticas criminosas da organização paramilitar em atuação na comunidade de Rio das Pedras e adjacências, além de seu envolvimento na contravenção", explicou a Promotoria em nota.

O Ministério Público do Rio detalhou o esquema sob suspeita, indicando que uma das empresas utilizadas na lavagem de dinheiro de Capitão Adriano era a Cred Tech Negócios Financeiros Ltda. A companhia tinha como sócios o PM Rodrigo Bittencourt e Carolina Mandin. Segundo as investigações, a suposta empresa de fachada movimentou R$ 3.624.531,00 entre 1º de agosto de 2019 e 28 de abril de 2020.

Já Jefferson da Conceição e Daniel Haddad Leal teriam atuado como "laranjas" no esquema de lavagem de dinheiro, indica a Promotoria do Rio. Os bens dos devedores da Cred Tech eram confiscados por eles e passados para seus nomes, apontam os investigadores.

Daniel foi alvo de busca e apreensão em fevereiro de 2020 quando foi apreendido em seu poder R$ 124.600,00 pertencentes à organização criminosa. A Cred Tech foi mantida após a morte de Adriano, mas não foram identificadas operações financeiras suspeitas após o dia 9 de fevereiro de 2020.

O homem de confiança e a viúva

Luiz Carlos Felipe Martins, morto no último sábado, é descrito na denúncia como "homem de confiança" de Adriano. Segundo os investigadores, ele auxiliava o miliciano na administração dos valores que seriam disponibilizados a título de empréstimos. Ele também era responsável por levar valores a familiares e prestadores de serviços de Adriano e pelo pagamento das despesas pessoais do miliciano com aluguel, carros e cartões de crédito. A ação penal será extinta em relação a ele, informou o MP.

Já Julia Lotufo, mulher de Adriano, é apontada pela Promotoria como responsável pela contabilidade e gestão financeira do miliciano. O MP-RJ diz ainda que Rodrigo, Daniel e Luiz Felipe se reportavam a ela para prestar contas sobre os valores pertencentes a Adriano - que eram investidos a título de empréstimos ou para a constituição de outra empresa usada na lavagem, a Lucho Comércio de bebidas, cujos sócios eram Rodrigo Bittencourt e Carla Fontan.

Ainda segundo a Promotoria, alguns meses depois da morte de Adriano, Rodrigo e Carla transferiram todo o capital social da Lucho Comércio de bebidas a Lucas Lotufo e David Lotufo, irmãos de Julia. "A alteração contratual evidencia, segundo os investigadores, que a denunciada Julia permaneceu agindo com o intuito de ocultar e administrar o patrimônio de Adriano, beneficiando-se diretamente do proveito dos crimes por ele praticados", avalia a Promotoria.

A investigação identificou ainda que Julia, assim como Luiz Carlos Felipe, supostamente atuaram na dilapidação do patrimônio de Adriano com a venda imediata de ativos de alta liquidez.

Em outra categoria

De mãe brasileira e pai argentino, Kira Salim (Clara Ganapol Salim) é uma das vítimas do atropelamento que deixou 11 mortos durante um festival de rua em Vancouver, no Canadá.

A vítima tinha 34 anos e há quase três anos morava na Columbia Britânica. Kira era musicista, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em 2014, com mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e Educação na Universidad Europea del Atlántico Universidad Europea del Atlántico, concluído em 2021.

Desde 2024, atuava como conselheira escolar na Fraser River Middle School, na cidade de New Westminster. Anteriormente, trabalhou como professora infantil em outra escola secundária no Canadá e foi professora de música na Escola Americana do Rio de Janeiro. Kira era casada e se identificava como uma pessoa não-binária.

Nas suas redes profissionais, Kira afirmava que sua missão pessoal era "facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas e criar um ambiente diverso e equitativo".

A vítima também trabalhava com a adaptação de condições acadêmicas especiais, para estudantes neurodivergentes e estudantes com deficiências.

No Brasil, Kira fundou e cantou no bloco Marcha Nerd, com alguns amigos de faculdade da Unirio, em 2013. O bloco reúne pessoas fantasiadas de cosplay, com foliões fantasiados de personagens de animes, desenhos animados, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes.

"A ideia era tirar de casa as pessoas que frequentavam eventos de anime, cinema e levar elas para o carnaval. Juntar esses dois mundos tão distantes", afirmou Kira em uma entrevista no Youtube.

Em 2022, antes de ir para o Canadá, Kira se despediu com um vídeo publicado nas redes sociais do bloco, e compartilhou a ansiedade em morar no Canadá, principalmente pela forte presença da cultura asiática no país - uma das suas principais paixões.

Além de professora de música, Kira era compositora e pianista.

O governador de Illinois, JB Pritzker, discursou neste domingo, 27, em um evento tradicional do Partido Democrata de New Hampshire, reforçando sua projeção nacional em meio a especulações sobre uma possível candidatura presidencial em 2028. O jantar aconteceu no McIntyre-Shaheen 100 Club, onde Pritzker foi o orador principal. Trata-se de um dos principais eventos do calendário político no Estado, que realiza a primeira primária presidencial dos Estados Unidos.

De acordo com sua assessoria, Pritzker tratou da "ascensão do autoritarismo" e da necessidade de os democratas "lutarem contra isso". O bilionário herdeiro da rede Hyatt já havia chamado atenção nacional em fevereiro, ao comparar parte da retórica do presidente Donald Trump ao discurso da Alemanha nazista.

Pritzker tem feito uma série de discursos de perfil nacional, incluindo participação em um evento da Human Rights Campaign em Los Angeles e outro programado para junho em Minnesota. Ele ainda não confirmou se pretende buscar a reeleição para o governo de Illinois em 2026.

Entre os governadores democratas apontados como potenciais candidatos em 2028, Pritzker tem se posicionado de forma distinta. Gretchen Whitmer, de Michigan, buscou pontos de diálogo com Trump, enquanto Gavin Newsom, da Califórnia, lançou um podcast em que entrevista aliados do ex-presidente, como Steve Bannon.

Lou D'Allesandro, ex-senador estadual de New Hampshire e que conheceu Pritzker em Chicago anos atrás, afirmou que o governador de Illinois "tem todos os ingredientes para chegar ao topo", mas alertou que os democratas precisam reconectar-se com as bases eleitorais. Pritzker já havia sido orador em outro evento democrata em New Hampshire em 2022, o que já havia alimentado especulações sobre suas ambições nacionais.

Kira Salim (Clara Ganapol Salim), musicista brasileira de 34 anos, é uma das 11 vítimas mortas num atropelamento em um festival de rua em Vancouver, no Canadá, na madrugada deste domingo, 27 (pelo horário de Brasília). De identidade de gênero não-binária, Kira vivia no Canadá com o marido há quase três anos.

O Itamaraty confirmou ao Estadão o falecimento de uma cidadã brasileira no ataque e informou prestar todo atendimento consular aos familiares. No Brasil, parentes de Kira confirmaram sua morte à reportagem.

Natural do Rio de Janeiro e com família no Rio Grande do Sul, Kira formou-se em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), em 2014.

Segundo a família, o marido de Kira não estava presente no momento do incidente e aguarda o contato das autoridades locais para dar celeridade ao processo de sepultamento. A vítima trabalhava em uma escola na cidade de New Westminster, a cerca de 26 quilômetros do centro Vancouver.

A polícia de Vancouver informou que a identificação das vítimas do acidente passa por lentidão, mas deve se normalizar nas próximas horas

No Brasil, Kira organizou e cantou no bloco Marcha Nerd, que reúne pelas ruas do Rio de Janeiro diversas pessoas fantasiadas de personagens de animes, desenhos animados, videogames, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes das décadas de 80 e 90.

Kira se despediu do bloco em julho de 2022 e, em vídeo publicado nas redes sociais, compartilhou a ansiedade em morar no Canadá.

Nas redes sociais, Kira afirmava que sua missão pessoal como profissional da educação era facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas, criando um ambiente "diverso e equitativo que valoriza diferentes forças e personalidades, oferecendo soluções personalizadas e inovadoras para apoiar os pacientes".

A polícia de Vancouver confirmou que um homem de 30 anos foi dominado pela multidão e preso em seguida. Ele permanece sob custódia. Durante coletiva, o chefe interino da polícia local, Steve Rai, afirmou que o suspeito sofre com problemas de saúde mental e tinha um histórico significativo de interações com a polícia e profissionais de saúde.

Rai em coletiva também descartou, por enquanto, que o caso tenha algum tipo de motivação terrorista e chamou o ataque de o dia mais sombrio da história da cidade. "Em nome de todos no Departamento de Polícia de Vancouver, quero expressar minhas sinceras condolências às vítimas, suas famílias e entes queridos e a todos que foram afetados por este ato de violência sem sentido e doloroso", disse em nota.

Festival homenageia chefe indígena filipino que lutou contra colonizadores

O Dia de Lapu Lapu comemora Datu Lapu-Lapu, um chefe indígena que enfrentou os colonizadores espanhóis que chegaram às Filipinas no século 16.

Os organizadores do evento em Vancouver disseram que ele "representa a alma da resistência nativa, uma força poderosa que ajudou a moldar a identidade filipina frente à colonização".

Políticos canadenses expressam solidariedade

O primeiro-ministro, Mark Carney, e outros políticos canadenses importantes publicaram mensagens expressando choque pela violência, condolências às vítimas e apoio à comunidade que celebrava sua herança cultural no festival.

"Ofereço minhas mais profundas condolências aos entes queridos dos falecidos e feridos, à comunidade filipino-canadense e a todos em Vancouver. Estamos de luto com vocês. Estamos monitorando a situação de perto e agradecemos aos nossos socorristas pela rápida ação", escreveu Carney.

"Enquanto esperamos para saber mais, nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias, e com a comunidade filipina de Vancouver, que se reunia hoje para celebrar a resiliência", escreveu Jagmeet Singh, líder do Novo Partido Democrático, que havia estado no festival mais cedo naquele dia.

"Meus pensamentos estão com a comunidade filipina e todas as vítimas deste ataque sem sentido. Obrigado aos serviços de emergência que estão na cena enquanto esperamos para saber mais", escreveu Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador.

David Eby, o primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, a província onde Vancouver está localizada, disse que estava chocado e com o coração partido. "Estamos em contato com a cidade de Vancouver e forneceremos qualquer apoio necessário", escreveu Eby.