Bolsonaro reúne apoiadores e diz que críticos estão 'esticando a corda'

Política
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No momento em que o Brasil passa pelo pior momento da pandemia e por um pico de mortes causadas pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (Sem partido) aproveitou seu aniversário para reagir às críticas sobre sua atuação no enfrentamento da doença. "Estão esticando a corda e faço qualquer coisa pelo meu povo. Qualquer coisa que está na Constituição, é o direito de ir e vir. Podem confiar na gente", afirmou a cerca de 100 apoiadores que se aglomeraram em frente ao Palácio da Alvorada para cumprimentá-lo pelos 66 anos completados neste domingo, 21. O Brasil já registra mais de 292 mil mortes e quase 12 milhões de casos confirmados de covid-19.

Mesmo diante do colapso no sistema de saúde e das filas de espera por leitos em diversos Estados do País, Bolsonaro mantém postura contrária a medidas de fechamento de atividade econômica determinadas por governadores. Durante a semana, o chefe do Executivo chegou a insinuar a possibilidade de decretar estado de sítio, mas depois negou que usaria a medida extrema, quando questionado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. Na quinta-feira, 18, Bolsonaro assinou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) da Advocacia-Geral da União (AGU) apresentada ao Supremo para derrubar decretos estaduais de três governadores contendo medidas restritivas, como toque de recolher.

No Legislativo, menos de um mês da vitória dos candidatos governistas nas eleições internas, a parceria com o Centrão se alterou de um estado de "lua de mel" para cobranças públicas e ameaças veladas de abertura de impeachment e CPI para investigar o Planalto.

"Pode ter certeza de uma coisa: minha força vem de Deus e de vocês. Se alguém acha que algum dia abriremos mão da nossa liberdade estão enganados (sic)", declarou. O presidente chegou ao local acompanhado da primeira-dama, Michelle. Os dois usavam máscara, mas ele a retirou para falar com os apoiadores.

Aos presentes, Bolsonaro disse que contava com dois exércitos: o verde-oliva e a população. O presidente também declarou que as Forças Armadas devem atuar pela democracia e pela liberdade. "Vocês me deram um voto de confiança na eleição de 2018. Enquanto eu for presidente, só Deus me tira daqui. Eu estarei com vocês", garantiu. Em êxtase, apoiadores gritaram a favor da reeleição de Bolsonaro.

Diante da queda de sua popularidade devido ao ritmo lento da vacinação, Bolsonaro tomou atitude oposta à do ano passado. Há um ano, apenas dez dias depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarar que a covid-19 havia se transformado em uma pandemia, Bolsonaro evitou comemorações públicas e reuniu apenas os filhos e as netas. Ele se limitou a gravar um vídeo com mensagem de esperança sobre o tratamento da doença.Na ocasião, a informação era a de que a covid-19 havia contaminado 904 pessoas e matado dez pessoas no Brasil.

A maioria das pessoas presentes neste domingo em frente à residência oficial estava vestida de verde e amarelo. Algumas portavam bandeiras do Brasil. Grande parte dos apoiadores não estava de máscara.

Bolsonaro e Michele chegaram ao ponto de encontro com máscara - ela com um vestido cáqui - e acenaram para os populares. Um alambrado de metal separava o presidente das pessoas. Do lado de dentro, havia um bolo com a foto de Bolsonaro em uma mesa com balões e enfeites nas cores verde e amarela.

Às 14h20, os apoiadores cantaram o tradicional "Parabéns a você". Muitas das pessoas gritavam "parabéns" e diziam seu Estado de origem.

Bolsonaro também defendeu as ações do governo na área econômica. Enfatizou em sua fala que o auxílio emergencial concedido no ano passado - e que voltará a ser pago a partir do mês que vem - para as pessoas que estão passando por necessidade "é o maior projeto social do mundo", mesmo com a redução expressiva dos valores, de R$ 600 para R$ 250, e do público que será beneficiado neste ano.

"O povo precisou e atendemos. O que o povo mais pede para mim agora é : 'quero trabalhar'", disse. Na sequência, os apoiadores entoaram em conjunto: "queremos trabalhar".

O presidente manteve o tom do pronunciamento e disse que o trabalho dignifica o homem e a mulher. "Ninguém quer viver de favor do Estado porque, quem vive de favor, abre mão de sua liberdade", afirmou. "Vamos vencer essa batalha. Podem ter a certeza de que estamos no lado do bem. Não queremos que o Brasil mergulhe no socialismo. Não trilharemos esse caminho", garantiu. Em resposta, populares começaram a gritar "mito", "a nossa bandeira jamais será vermelha" e um trecho do Hino da Independência: "Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil".

Depois do discurso, Bolsonaro cortou o bolo e deu o primeiro pedaço a uma criança que estava do outro lado do alambrado. Um menino também pulou o cercado para abraçar o presidente. Michelle também falou rapidamente. Agradeceu os presentes e, em especial o "carinho com a vida do Jair e com a minha vida".

O presidente ainda pegou uma criança que estava com a camisa do Palmeiras - mesmo time de Bolsonaro - e a colocou em seus ombros. Os presentes passaram, então, a rezar o Pai Nosso. Na sequência, pediram ao casal que se beijasse e, mais uma vez, Michelle e Bolsonaro tiram as máscaras para atender ao povo. Antes de sair do local, o presidente ainda colocou outra menina em seus ombros, tirou selfies, ouviu pedidos dos presentes e recebeu uma oração.

Mais cedo, em mais uma tentativa de ajustar o discurso contrário à vacinação que manteve durante todo o ano de 2020, Bolsonaro usou as redes sociais para exaltar a chegada das primeiras vacinas oriundas do Consórcio Covax Facility, da AstraZeneca, produzidas na Coreia do Sul, e a distribuição de novas doses de imunizantes produzidos pela Fiocruz e pelo Instituto Butantan.

No exterior, o Brasil gera preocupações. A nova cepa brasileira já foi identificada além da fronteira e é motivo de preocupação entre autoridades da região. Peru e Colômbia proibiram voos do Brasil. O Uruguai mandou mais doses de vacinas para a fronteira com o Rio Grande do Sul. Quem vai do Brasil para o Chile precisa ficar em quarentena. Os argentinos impuseram restrições à entrada de brasileiros e a Venezuela tem medo da nova variante surgida no País.

No sábado, 20, o governo brasileiro informou, por meio do Itamaraty, que começou tratativas com os Estados Unidos sobre eventual importação de doses de vacinas contra covid-19 no dia 13 de março. A movimentação do Brasil, no entanto, aconteceu depois de requisição semelhante feita por outros países e também após a Casa Branca ser pressionada pela comunidade internacional para compartilhar doses paradas.

No dia 11 de março, o jornal The New York Times revelou que países haviam requisitado o excedente de vacinas de Oxford/AstraZeneca que não estão em uso. Segundo o jornal, autoridades do governo Biden já discutiam a possibilidade de enviar doses ao Brasil, que é considerado o novo epicentro do coronavírus e um celeiro mundial de novas cepas, antes mesmo do pedido do governo brasileiro.

Neste domingo, 21, o Ministério da Saúde admitiu que o cumprimento dos prazos previstos no cronograma de entrega de vacinas depende dos laboratórios fabricantes. A informação do ministério foi divulgada após notícia do jornal O Globo, com base em informações da Agência Reuters, apontar um provável atraso na entrega de vacinas AstraZeneca/Oxford com produção pelo laboratório Serum, da Índia.

A nota do Ministério da Saúde ressalta que o contrato firmado com o laboratório Serum prevê a entrega de 2 milhões de doses da vacina AstraZeneca/Oxford importadas por mês, em abril, maio, junho e julho, totalizando 8 milhões ao fim de julho. A pasta, no entanto, admite que trabalha com a possibilidade de atraso pelo fornecedor, embora tenha dito que não havia sido informada pela fabricante na Índia a respeito do possível atraso na entrega das doses do Serum.

"É importante esclarecer que o cronograma de entregas de doses, enviado pelos laboratórios fabricantes para o Ministério, pode sofrer constantes alterações, de acordo com a produção dos insumos", disse

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De mãe brasileira e pai argentino, Kira Salim (Clara Ganapol Salim) é uma das vítimas do atropelamento que deixou 11 mortos durante um festival de rua em Vancouver, no Canadá.

A vítima tinha 34 anos e há quase três anos morava na Columbia Britânica. Kira era musicista, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em 2014, com mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e Educação na Universidad Europea del Atlántico Universidad Europea del Atlántico, concluído em 2021.

Desde 2024, atuava como conselheira escolar na Fraser River Middle School, na cidade de New Westminster. Anteriormente, trabalhou como professora infantil em outra escola secundária no Canadá e foi professora de música na Escola Americana do Rio de Janeiro. Kira era casada e se identificava como uma pessoa não-binária.

Nas suas redes profissionais, Kira afirmava que sua missão pessoal era "facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas e criar um ambiente diverso e equitativo".

A vítima também trabalhava com a adaptação de condições acadêmicas especiais, para estudantes neurodivergentes e estudantes com deficiências.

No Brasil, Kira fundou e cantou no bloco Marcha Nerd, com alguns amigos de faculdade da Unirio, em 2013. O bloco reúne pessoas fantasiadas de cosplay, com foliões fantasiados de personagens de animes, desenhos animados, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes.

"A ideia era tirar de casa as pessoas que frequentavam eventos de anime, cinema e levar elas para o carnaval. Juntar esses dois mundos tão distantes", afirmou Kira em uma entrevista no Youtube.

Em 2022, antes de ir para o Canadá, Kira se despediu com um vídeo publicado nas redes sociais do bloco, e compartilhou a ansiedade em morar no Canadá, principalmente pela forte presença da cultura asiática no país - uma das suas principais paixões.

Além de professora de música, Kira era compositora e pianista.

O governador de Illinois, JB Pritzker, discursou neste domingo, 27, em um evento tradicional do Partido Democrata de New Hampshire, reforçando sua projeção nacional em meio a especulações sobre uma possível candidatura presidencial em 2028. O jantar aconteceu no McIntyre-Shaheen 100 Club, onde Pritzker foi o orador principal. Trata-se de um dos principais eventos do calendário político no Estado, que realiza a primeira primária presidencial dos Estados Unidos.

De acordo com sua assessoria, Pritzker tratou da "ascensão do autoritarismo" e da necessidade de os democratas "lutarem contra isso". O bilionário herdeiro da rede Hyatt já havia chamado atenção nacional em fevereiro, ao comparar parte da retórica do presidente Donald Trump ao discurso da Alemanha nazista.

Pritzker tem feito uma série de discursos de perfil nacional, incluindo participação em um evento da Human Rights Campaign em Los Angeles e outro programado para junho em Minnesota. Ele ainda não confirmou se pretende buscar a reeleição para o governo de Illinois em 2026.

Entre os governadores democratas apontados como potenciais candidatos em 2028, Pritzker tem se posicionado de forma distinta. Gretchen Whitmer, de Michigan, buscou pontos de diálogo com Trump, enquanto Gavin Newsom, da Califórnia, lançou um podcast em que entrevista aliados do ex-presidente, como Steve Bannon.

Lou D'Allesandro, ex-senador estadual de New Hampshire e que conheceu Pritzker em Chicago anos atrás, afirmou que o governador de Illinois "tem todos os ingredientes para chegar ao topo", mas alertou que os democratas precisam reconectar-se com as bases eleitorais. Pritzker já havia sido orador em outro evento democrata em New Hampshire em 2022, o que já havia alimentado especulações sobre suas ambições nacionais.

Kira Salim (Clara Ganapol Salim), musicista brasileira de 34 anos, é uma das 11 vítimas mortas num atropelamento em um festival de rua em Vancouver, no Canadá, na madrugada deste domingo, 27 (pelo horário de Brasília). De identidade de gênero não-binária, Kira vivia no Canadá com o marido há quase três anos.

O Itamaraty confirmou ao Estadão o falecimento de uma cidadã brasileira no ataque e informou prestar todo atendimento consular aos familiares. No Brasil, parentes de Kira confirmaram sua morte à reportagem.

Natural do Rio de Janeiro e com família no Rio Grande do Sul, Kira formou-se em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), em 2014.

Segundo a família, o marido de Kira não estava presente no momento do incidente e aguarda o contato das autoridades locais para dar celeridade ao processo de sepultamento. A vítima trabalhava em uma escola na cidade de New Westminster, a cerca de 26 quilômetros do centro Vancouver.

A polícia de Vancouver informou que a identificação das vítimas do acidente passa por lentidão, mas deve se normalizar nas próximas horas

No Brasil, Kira organizou e cantou no bloco Marcha Nerd, que reúne pelas ruas do Rio de Janeiro diversas pessoas fantasiadas de personagens de animes, desenhos animados, videogames, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes das décadas de 80 e 90.

Kira se despediu do bloco em julho de 2022 e, em vídeo publicado nas redes sociais, compartilhou a ansiedade em morar no Canadá.

Nas redes sociais, Kira afirmava que sua missão pessoal como profissional da educação era facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas, criando um ambiente "diverso e equitativo que valoriza diferentes forças e personalidades, oferecendo soluções personalizadas e inovadoras para apoiar os pacientes".

A polícia de Vancouver confirmou que um homem de 30 anos foi dominado pela multidão e preso em seguida. Ele permanece sob custódia. Durante coletiva, o chefe interino da polícia local, Steve Rai, afirmou que o suspeito sofre com problemas de saúde mental e tinha um histórico significativo de interações com a polícia e profissionais de saúde.

Rai em coletiva também descartou, por enquanto, que o caso tenha algum tipo de motivação terrorista e chamou o ataque de o dia mais sombrio da história da cidade. "Em nome de todos no Departamento de Polícia de Vancouver, quero expressar minhas sinceras condolências às vítimas, suas famílias e entes queridos e a todos que foram afetados por este ato de violência sem sentido e doloroso", disse em nota.

Festival homenageia chefe indígena filipino que lutou contra colonizadores

O Dia de Lapu Lapu comemora Datu Lapu-Lapu, um chefe indígena que enfrentou os colonizadores espanhóis que chegaram às Filipinas no século 16.

Os organizadores do evento em Vancouver disseram que ele "representa a alma da resistência nativa, uma força poderosa que ajudou a moldar a identidade filipina frente à colonização".

Políticos canadenses expressam solidariedade

O primeiro-ministro, Mark Carney, e outros políticos canadenses importantes publicaram mensagens expressando choque pela violência, condolências às vítimas e apoio à comunidade que celebrava sua herança cultural no festival.

"Ofereço minhas mais profundas condolências aos entes queridos dos falecidos e feridos, à comunidade filipino-canadense e a todos em Vancouver. Estamos de luto com vocês. Estamos monitorando a situação de perto e agradecemos aos nossos socorristas pela rápida ação", escreveu Carney.

"Enquanto esperamos para saber mais, nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias, e com a comunidade filipina de Vancouver, que se reunia hoje para celebrar a resiliência", escreveu Jagmeet Singh, líder do Novo Partido Democrático, que havia estado no festival mais cedo naquele dia.

"Meus pensamentos estão com a comunidade filipina e todas as vítimas deste ataque sem sentido. Obrigado aos serviços de emergência que estão na cena enquanto esperamos para saber mais", escreveu Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador.

David Eby, o primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, a província onde Vancouver está localizada, disse que estava chocado e com o coração partido. "Estamos em contato com a cidade de Vancouver e forneceremos qualquer apoio necessário", escreveu Eby.