Araújo quer 'cortina de fumaça' para esconder motivo real de demissão, diz Kátia

Política
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A presidente da Comissão das Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), reforçou nesta segunda-feira, 29, críticas ao ministro das Relações Exteriores e chanceler, Ernesto Araújo, a quem acusou de querer esconder os motivos de uma eventual demissão. Segundo a senadora, Araújo "quer uma cortina de fumaça para esconder o motivo real de sua demissão, que se ocorrer será por incompetência" e não descarta um processo de impeachment contra o ministro.

De acordo com o Estadão, Araújo se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira para entregar seu cargo. A informação foi repassada ao jornal por pessoas que acompanham a discussão sobre a saída do chanceler.

"Só posso imaginar o desespero deste senhor, deste cidadão que ainda hoje se chama chanceler", afirmou em entrevista à GloboNews. No domingo (28), Araújo compartilhou pelo Twitter relato de conversa que diz ter tido no início do mês (4) com a senadora sobre o edital do leilão 5G. De acordo com o ministro, Kátia havia lhe dito que se fizesse "um gesto" sobre a tecnologia, "seria o rei do Senado".

À emissora, a senadora, no entanto, ressaltou que tem preocupação pela retaliação que a China poderia ter sobre as exportações brasileiras caso a empresa Huawei fosse vetada de participar. Conforme disse, o chanceler "tentava influenciar o presidente Bolsonaro a publicar um decreto excluindo a China" do leilão para instalação do 5G no País.

Apesar das declarações, a senadora destacou que a discussão do 5G é um "assunto menor diante da gravidade da falta de vacina". De acordo com a avaliação da parlamentar, Araújo "envergonha" a diplomacia brasileira e fechou portas para a aquisição de vacinas pelo País. Segundo ela, é possível testemunhar, em reuniões com outros países, as críticas à ineficiência e inadequação do chanceler.

A senadora relatou ter ouvido críticas de outros países com "relação à diplomacia brasileira, à ineficiência, à inadequação" de Araújo ao cargo. "Esse homem vive à margem do leito da democracia, ele é um marginal, ele não serve para representar o Brasil, ele nos envergonha, ele fechou portas, ele dificultou a vida do Brasil", disse.

De acordo com Kátia Abreu, caso não seja possível harmonizar os interesses do Senado e do Executivo, "o Senado vai buscar fazer o seu trabalho independente". "O ideal era todo mundo junto, mas respeito se o governo federal não quiser atender as prerrogativas do Senado de 5G com custo baixo e qualidade", independentemente da empresa, ressaltou.

Sobre a troca no comando do Itamaraty, a senadora disse que não dá para trocar "Ernesto por Ernesto" e que o cargo deve ser ocupado por um diplomata com "estofo". Segundo ela, o Senado não vai exigir que o presidente Bolsonaro faça a troca.

"Nós não queremos nem vamos exigir, mas nós esperamos que não haja uma troca de Ernesto por Ernesto. Nós queremos que o Ernesto seja substituído por um chanceler que tenha estofo, que tenha respeitabilidade, que tenha credibilidade e experiência nas questões internacionais, principalmente em relação ao comércio e à diplomacia em si. Ernesto por Ernesto não dá", afirmou Kátia Abreu.

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O presidente Donald Trump comparecerá a uma sessão conjunta do Congresso na noite desta terça-feira, 4, para prestar contas de suas turbulentas primeiras semanas no cargo. A Casa Branca disse que o tema do discurso será a "renovação do sonho americano", e se espera que ele apresente suas conquistas desde seu retorno ao governo, além de apelar ao Congresso para fornecer mais dinheiro para financiar sua agressiva repressão à imigração.

"É uma oportunidade para o presidente Trump, como só ele pode, expor o último mês de conquistas e realizações recordes, sem precedentes", disse o conselheiro sênior Stephen Miller.

Até o momento, a Câmara e o Senado liderados pelos republicanos fizeram pouco para conter o presidente enquanto ele e seus aliados trabalham para reduzir o tamanho do governo federal e "refazer o lugar da América no mundo". Com um controle rígido sobre seu partido, Trump foi encorajado a tomar ações radicais após superar impeachments e processos criminais.

Os democratas, muitos dos quais ficaram longe da posse de Trump em janeiro, ignoraram amplamente os pedidos de boicote enquanto lutam para criar uma resposta eficaz ao presidente. Eles escolheram destacar o impacto das ações de Trump chamando funcionários federais demitidos como convidados, incluindo um veterano deficiente do Arizona, um profissional de saúde de Maryland e um funcionário florestal que trabalhou na prevenção de incêndios florestais na Califórnia. Eles também convidaram pessoas prejudicadas por cortes acentuados no orçamento federal para saúde e outros programas.

Alguns democratas, incluindo a senadora Patty Murray de Washington, se recusaram a comparecer. "A situação é que o presidente está cuspindo na cara da lei e deixando um bilionário não eleito demitir pesquisadores de câncer e destruir agências federais como a Administração da Previdência Social", disse Murray. "Em vez disso, estou me reunindo com eleitores que foram prejudicados pelas demissões imprudentes desta administração e seu congelamento ilegal e contínuo de financiamento em todo o governo."

Trump planejou usar seu discurso para abordar suas propostas para promover a paz na Ucrânia e no Oriente Médio, onde ele derrubou sem cerimônia as políticas do governo Biden em questão de apenas algumas semanas.

Na segunda-feira, Trump ordenou o congelamento da assistência militar dos EUA à Ucrânia, encerrando anos de firme apoio americano ao país para se defender da invasão da Rússia. Isso após sua explosiva reunião no Salão Oval na sexta-feira com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy e enquanto tenta pressionar o antigo aliado americano a abraçar as negociações de paz com seu invasor.

Muitos legisladores democratas planejaram usar gravatas e cachecóis azuis e amarelos em uma demonstração de apoio à Ucrânia.

O pano de fundo do discurso de Trump também será uma nova incerteza econômica desencadeada depois que o presidente abriu o dia colocando tarifas rígidas sobre as importações dos vizinhos do país e parceiros comerciais mais próximos. Um imposto de 25% sobre produtos do Canadá e do México entrou em vigor hoje - para garantir maior cooperação para combater o tráfico ilícito de fentanil - desencadeando retaliação imediata e despertando temores de uma guerra comercial mais ampla. Trump também aumentou as tarifas sobre produtos da China para 20%.

Fora de Washington, protestos públicos contra Trump e sua administração também estão se desenrolando. Grupos vagamente coordenados planejam manifestações em todos os 50 estados e no Distrito de Columbia simultaneamente ao discurso.

O objetivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao tarifar os produtos do Canadá é prejudicar a economia canadense, e a decisão demonstra que qualquer país pode se tornar alvo de uma guerra comercial promovida pela Casa Branca, afirmou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau nesta terça-feira, 4.

"Todo país está muito consciente de que, se o governo dos EUA está disposto a fazer isso com seus aliados mais próximos e vizinhos, todos estão vulneráveis a uma guerra comercial", disse Trudeau, referindo-se à decisão de Trump de aplicar tarifas de 25% sobre os produtos do Canadá e do México.

O primeiro-ministro canadense disse durante uma entrevista coletiva que a justificativa usada pela Casa Branca para tarifar o Canadá - a permissividade com o tráfico de fentanil na fronteira - é "completamente falsa", e que está ficando mais evidente que o objetivo final de Trump é enfraquecer a economia canadense.

"Temos que voltar ao que ele disse repetidamente, que ele quer ver um colapso total da economia do Canadá, porque isso facilitaria nos anexar. Primeiro, isso nunca vai acontecer. Mas ele pode danificar a economia e começou nesta manhã (de terça-feira). Mas descobrirá rapidamente, assim como as famílias americanas vão descobrir, que isso vai prejudicar as famílias dos dois lados da fronteira", afirmou.

"Estamos abertos a negociar, mas não podemos nos enganar sobre o que ele parece estar querendo. Eu tinha esperança de que essas tarifas fossem um plano de negociação para ter o impacto que vemos agora sem elas terem sido adotadas - como vimos nas últimas semanas, com os pedidos de clientes americanos secando para empresas canadenses, planos de expansão sendo suspensos. Mas agora que ele avançou com as tarifas, veremos o verdadeiro impacto de uma guerra comercial", acrescentou.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que a Ucrânia está disposta a negociar um acordo de paz com a Rússia e que ele está pronto para atuar "sob a forte liderança" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração, feita na rede social X, foi publicada menos de uma semana depois de Trump ter acusado Zelenski publicamente de "brincar com a terceira guerra mundial" e de demonstrar ingratidão em relação ao apoio dado pelos Estados Unidos ao país.

"Nenhum de nós quer uma guerra sem fim. A Ucrânia está pronta para ir à mesa de negociação assim que possível para trazer uma paz duradoura mais perto. Ninguém quer a paz mais do que os ucranianos. Minha equipe e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Donald Trump para chegar a uma paz que dure", disse Zelenski.

Na publicação, ele afirma que está disposto a "trabalhar rápido" para encerrar a guerra com a Rússia, com as etapas iniciais para este processo sendo a libertação de prisioneiros de guerra e uma trégua nos céus e nos mares "se a Rússia fizer o mesmo", com proibição de ataques a míssil, com drones de longo alcance e bombardeios sobre infraestrutura de energia ou civil.

"Depois queremos nos mover rapidamente em todos os próximos estágios e trabalhar com os Estados Unidos para chegar a um acordo final forte. Nós realmente valorizamos o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter a soberania e independência. E nos lembramos do momento em que as coisas mudaram quando o presidente Trump forneceu Javelins à Ucrânia. Estamos gratos por isso", disse Zelenski, referindo-se a um míssil antitanque.

"Nossa reunião em Washington, na Casa Branca, na sexta-feira, não foi do jeito que deveria ter sido. É lamentável que tenha ocorrido desta forma. É hora de consertar as coisas. Gostaríamos que a cooperação e a comunicação futuras fossem construtivas", disse o presidente ucraniano, acrescentando que está disposto a assinar um acordo de exploração de minerais da Ucrânia com os Estados Unidos "a qualquer momento e em qualquer formato conveniente".