Doria defende candidatura de centro para 2026: 'O País precisa de um agente pacificador

Política
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O ex-governador de São Paulo João Doria afirmou que, se as eleições de 2026 fossem hoje, apoiaria um candidato de centro em vez do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou um ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao Correio Braziliense publicada nesta segunda-feira, 20, Doria defendeu que o Brasil precisa de um "agente pacificador".

"A minha posição sempre foi, e continua sendo, muito clara: uma opção de centro, de equilíbrio, de ponderação. Um candidato que seja capaz de dialogar com a esquerda e com a direita, de ser respeitado pela opinião pública e que seja também um pacificador. O candidato que compuser esse perfil, a meu ver, terá grandes chances de disputar de forma competitiva as eleições presidenciais", disse.

Segundo ele, os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); do Paraná, Ratinho Júnior (PSD); de Goiás, Ronaldo Caiado (União); e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), são "candidatos de centro-direita que podem compor esse perfil pacificador e unificador do país, sem desmerecer o presidente Lula".

Sem partido desde que deixou o PSDB, Doria disse não ter planos de retornar à política. Também elogiou a gestão de Tarcísio em São Paulo, destacando a continuidade de obras iniciadas em sua administração e uma "visão correta dos problemas e das soluções que o Estado exige". "Vem colhendo bons resultados no efeito e, também, na imagem", disse.

Ele considera natural que o governador paulista figure entre os possíveis candidatos à Presidência, em virtude da dimensão econômica e demográfica do estado.

Ainda sobre o cenário para 2026, o ex-tucano afirmou esperar que o País não viva mais quatro anos de polarização política. "É um País que tem resistido a muitas coisas. O preço disso será alto demais para o seu povo viver mais quatro anos de conflito e de confronto".

Perguntado sobre a condenação de Bolsonaro a 27 anos e três meses de prisão e a possibilidade de anistia, ele avalia que "simplesmente eliminar a pena" seria um "gesto afrontoso à Justiça" e ao Supremo Tribunal Federal (STF).

"O fato é que houve um julgamento com direito à plena defesa do ex-presidente. O tempo poderá, também, corrigir se houver alguma falha na interpretação da lei. Em relação aos demais, defendo a dosimetria", afirmou, referindo-se aos presos por envolvimento nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

"Muitos que estavam ali sequer sabiam exatamente o que estavam fazendo, ainda que estivessem no lugar errado, na hora errada, com o posicionamento errado", disse sobre os participantes.

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A polícia francesa localizou novos indícios materiais que podem ajudar a identificar os autores do roubo de joias do Museu do Louvre, em Paris. Os investigadores da Brigada de Repressão ao Banditismo (BRB) e do Escritório Central de Combate ao Tráfico de Bens Culturais (OCBC) encontraram um capacete de motocicleta e uma luva que teriam sido usados pelos criminosos durante a ação, ocorrida na manhã de domingo, 19. As informações são do jornal Le Parisien.

Segundo o veículo francês, o material foi encaminhado para análises da polícia científica. As autoridades também recuperaram as chaves e parte do equipamento do caminhão guindaste utilizado pelos ladrões para acessar as janelas da Galeria de Apolo, onde estavam expostas as joias da monarquia francesa.

O veículo, equipado com uma plataforma elevatória, havia sido roubado de um vendedor que o anunciava no site francês Leboncoin, equivalente da OLX.

O proprietário reconheceu o equipamento nas imagens exibidas pelas emissoras de TV após o roubo. Ele afirmou ter sido agredido pelos falsos compradores, que fugiram com o maquinário sem pagar o valor combinado. O anúncio estava associado a um vendedor da cidade de Louvres, no departamento de Val-d'Oise, região próxima ao aeroporto de Roissy, nos arredores da capital.

Além dos objetos abandonados, os investigadores seguem analisando depoimentos e imagens de câmeras de segurança para rastrear os quatro criminosos, que chegaram e fugiram em scooters. A ação durou cerca de sete minutos.

Pelo menos 60 investigadores estão mobilizados para localizar os suspeitos, enquanto o Louvre permanece fechado ao público nesta segunda-feira, 20.

O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, reconheceu falhas na segurança do museu e afirmou que o episódio "projeta uma imagem muito negativa do país". "O certo é que falhamos", declarou à rádio France Inter. Já o presidente Emmanuel Macron classificou o roubo como uma "violação do patrimônio francês".

A Galeria de Apolo abriga parte do que restou do tesouro da monarquia francesa, incluindo o diamante Régent, de 140 quilates, que não foi alvo do ataque, segundo a Procuradoria de Paris.

Entre as joias roubadas estão a tiara e o colar de safiras dos conjuntos pertencentes às rainhas Marie-Amélie e Hortense, além de um par de brincos das mesmas coleções. Também desapareceram o colar de esmeraldas e o par de brincos da imperatriz Maria Luísa, o broche relicário, a tiara e o grande laço de corpete da imperatriz Eugênia.

A comitiva brasileira liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Ásia contará com a presença de mais de 100 empresários locais, de acordo com o diretor do departamento de Índia, Sul e Sudeste da Ásia do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Embaixador Everton Frask Lucero. Ele disse que o Itamaraty ainda não tem informações sobre os ministros que acompanharão o presidente nessa viagem. A ideia do encontro, conforme o diplomata, é aproveitar para estreitar relações diplomáticas e comerciais, principalmente com Indonésia e Malásia, e ampliar oportunidades de negócio depois do cenário de "maior dificuldade de comércio" no mundo. Lucero não mencionou explicitamente o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a vários países desde abril.

O presidente parte do Brasil amanhã e começará a viagem pela Indonésia, onde será recebido em visita de Estado. "É uma retribuição à visita que o presidente da Indonésia fez ao Brasil, e também uma visita de Estado logo após a cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, um momento para reforçar a nossa parceria estratégica com a Indonésia, que nós mantemos desde 2008, quando o presidente Lula se visitou aquele país asiático", explicou Lucero.

Depois da Indonésia (dias 23 e 24), o presidente irá à Malásia, onde fará uma visita oficial, no dia 25, e terá uma bilateral a convite do primeiro-ministro Anwar Ibrahim. Nos dias 26 e 27, Lula participa da 47ª Cúpula do bloco econômico do Sudeste Asiático (Asean). "Esta é a primeira vez que um chefe de Estado brasileiro participa de uma reunião de Cúpula da Asean."

Como a viagem é longa, o presidente tem o interesse em aproveitar o deslocamento, então fará visitas bilaterais. De acordo com o MRE, a Indonésia é a terceira maior democracia do mundo, a quarta nação mais populosa, a principal economia da Asean. Os contatos de alto nível entre os países, conforme o embaixador, têm se intensificado nos últimos anos. Durante a visita do indonésio ao Brasil, houve um comunicado conjunto que identificava as áreas principais de interesse, como segurança alimentar, bioenergia e desenvolvimento sustentável. "Nós mantemos um superávit bastante significativo com a Indonésia e com os demais países da região", explicou o diplomata.

Em Kuala Lumpur, Lula receberá o título de doutor honoris causa pela Universidade Nacional da Malásia e participará da Asean. "É uma oportunidade de encontro e reunião com diversos líderes mundiais, já que os grandes países todos têm algum tipo de relação com a Asean e participam das cúpulas", enfatizou o embaixador. O Brasil, segundo ele, já tem uma parceria de diálogo setorial com o bloco.

Nesse encontro, a Asean passará a incorporar o Timor-Leste como o 11º membro do grupo, que o Brasil tem apoiado. "Se trata de um país com o qual temos heranças culturais, turísticas, uma proximidade bastante grande, apesar da distância geográfica. É um país que tem sido destino da cooperação técnica brasileira, desde a formação das estruturas do Estado Timorense, após a restauração da sua independência", detalhou Lucero. A Asean conta com mais de 680 milhões de habitantes, com um PIB agregado de US$ 10,4 trilhões e, considerados em conjunto, formariam o terceiro maior país em termos populacionais e a quarta maior economia do mundo.

O Brasil e a Asean superaram US$ 37 bilhões de corrente de comércio no ano passado. "Se somarmos esses países, teremos o grupo como o quinto principal parceiro comercial do Brasil, o quarto destino das nossas exportações e o bloco que respondeu por mais de 20% do nosso superávit de comércio exterior global, com um saldo favorável ao Brasil na ordem de US$ 15,5 bilhões", quantificou.

O que o governo brasileiro quer com essa viagem é levar as relações entre o Brasil e os países da Asean a um novo patamar. "A intenção é consolidar a presença brasileira no Sudeste Asiático e reafirmar o nosso compromisso em ampliar o diálogo e a cooperação com a Asean e com seus Estados."

Discurso - No dia seguinte, Lula participará ainda da Cúpula do Leste da Ásia, onde fará um discurso sobre a visão do governo brasileiro sobre a resiliência econômica por meio da cooperação entre a Asean e o Brics. O presidente participa da visita na qualidade de presidente rotativo do Brics este ano. "O que perpassa toda essa articulação e preparação da visita é, no fundo, o aumento da resiliência econômica do país diante de um cenário que nós conhecemos, que tem trazido alguns obstáculos e dificuldades para o meio de comércio, para a inserção internacional dos países de uma forma vital. E nós vemos naquela região do mundo, naquele grupo de países do Sudeste Asiático, uma oportunidade de buscarmos parcerias que fortaleçam não só a nossa presença política, mas também que fortaleçam a nossa economia, aumentem os nossos negócios e assegurem recursos e desenvolvimento ao país", argumentou.

Paralelamente aos eventos oficiais, os empresários brasileiros terão a oportunidade de dialogar com suas contrapartes indonésias e com suas áreas de interesse. Na Malásia, acontecerá dois fóruns: um ligado à Asean e outro especificamente sobre os dois países - este com a participação de pouco mais de 20 empresários "de alto perfil". Esse encontro deve ocorrer na quinta-feira (23), com empresários em Jacarta. Para o Itamaraty, trata-se de um movimento na direção de retomar negociações que já haviam sido autorizadas pelo Mercosul para um acordo econômico abrangente - que não deve ser confundido com um acordo de livre-comércio.

"A ida do presidente da República é uma oportunidade para trazer as demandas à consideração do lado indonésio com vistas à ampliação de mercados para a carne bovina, para a de frango e até mesmo para a carne suína. Apesar de a Indonésia ser um país de grande população muçulmana, tem também uma boa parcela da população que não é da mesma fé e, portanto, há mercado para exportação."

Programação - Lula parte nesta terça-feira, 21, pela manhã da base aérea de Brasília e chega em Jacarta na quarta-feira, 22, às 15h (horário local, 10 horas à frente). No dia 23, quinta-feira, participa às 10h da manhã da cerimônia oficial de chegada, no Palácio Presidencial, onde será recebido junto com Janja pelo presidente local e terão toda a sequência de uma visita de Estado. Está prevista uma reunião privada, que deve não deve ser longa, seguida de uma reunião ampliada e com duração maior. Em seguida, está prevista a cerimônia de assinatura de atos. Uma declaração à imprensa deve ser feita ao final da manhã. Depois, Lula terá almoço oferecido pelo presidente da Indonésia. À tarde, começam os encontros com empresários.

No dia 24, sexta-feira, há a previsão de uma visita do presidente ao secretário-geral da Asean, Carl Kimhorn, para identificar quais os caminhos que o Brasil deve priorizar no aprofundamento das relações com o grupo. Ainda na sexta, o presidente se desloca, na parte da tarde, para a Malásia. A abertura do evento da cúpula é no sábado, dia 25, às 9 horas da manhã. Lula será recebido no palácio do primeiro-ministro Anwar Ibrahim, que é na cidade administrativa de Portajaya, próxima de Kuala Lumpur. Lá, haverá uma cerimônia de boas-vindas e também reuniões seguidas: uma restrita e outra ampliada, que deverão ocorrer ao longo da manhã. Também haverá cerimônia de assinatura de atos, por volta de 10h30, e uma declaração conjunta à imprensa.

Na parte da tarde, está prevista a cerimônia de outorga ao presidente, quando deve fazer novo discurso. Uma recepção está prevista na universidade. No domingo, dia 26, é o dia da cúpula. Conforme Lucero, terminada a sessão de abertura, o restante do dia poderá ser utilizado para encontros bilaterais. É possível que haja uma bilateral com o americano Donald Trump. Lula embarca para o Brasil no dia 27, quando haverá o segundo dia da cúpula. A expectativa é a de que esteja em Brasília no dia 28.

A janela de oportunidade para um encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Luiz inácio Lula da Silva, às margens da Cúpula do bloco econômico do Sudeste Asiático (Asean), deve ser na tarde do dia 26, em Kuala Lumpur, capital da Malásia. Como o fuso horário de Brasília está 10 horas atrás, a reunião pode ocorrer durante a madrugada ou início da manhã aqui.

O diretor do departamento de Índia, Sul e Sudeste da Ásia, Embaixador Everton Frask Lucero, enfatizou a jornalistas que a conversa entre os líderes é possível, mas que ainda não está confirmada e que o Brasil está reservando espaço para o encontro com o americano e também para bilaterais com outros países - até o momento, está apenas agendada a com o primeiro-ministro da Índia, Modi Narendra.

Questionado pela Broadcast sobre o que significava reserva de espaço, o embaixador explicou que a grade de programação do presidente não está totalmente tomada no país. "Há janelas e é possível acomodar a programação. Há demandas de encontros bilaterais que já temos recebido e que estamos processando", afirmou.

Lula viaja de 24 a 28 de outubro para Indonésia e Malásia, onde fará visitas de Estado e será o primeiro presidente brasileiro convidado para participar da Asean.