Bancada cristã terá prioridade apoio a projeto que susta resolução sobre aborto legal

Política
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A bancada cristã, que deverá ser formada na Câmara do Deputados nos próximos dias, definiu uma de suas prioridades: anular uma resolução que trata, entre outras coisas, sobre aborto legal.

Segundo Luiz Gastão (PSD-CE), presidente da Frente Parlamentar Católica, a bancada terá atuação ampla e na discussão de temas como saúde e educação, mas também adotará posição na pauta de costumes.

O projeto escolhido pela nova bancada susta resolução do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) de 2024. Essa resolução do atendimento de crianças e adolescentes vítimas de violência sexual e a garantia de seus direitos.

A resolução diz que a criança deve ter garantido o seu direito de acesso a informação da possibilidade de aborto caso a gestação seja resultado de episódio de violência sexual.

Essa resolução ainda permite que o aborto seja feito sem a necessidade de lavrar boletim de ocorrência ou supervisão judicial relatando o caso de violência sexual. Além disso, outro trecho diz que configura conduta discriminatória, mesmo em caso de objeção de consciência, a recusa de um profissional em fazer um aborto apenas com base na descrença "em relação à palavra da vítima de violência sexual".

Parlamentares conservadores são contra todos esses trechos mencionados. Nesse último caso mencionado, membros da bancada ainda mencionam que hospitais católicos seriam obrigados a realizar a interrupção da gestação, ainda que sejam contra o aborto.

A autora do projeto para sustar a resolução, deputada Chris Tonietto (PL-RJ), alega que o ato normativo do Conanda fala do direito ao aborto - algo que, para ela, não constitui direito. Por isso, para ela, "não há que se falar em aborto legal".

Gastão é o relator do projeto. Ele afirma que a resolução do Conanda "protege o estuprador" ao permitir o procedimento mesmo sem a necessidade de abrir boletim de ocorrência.

"A dispensa de autorização judicial, a meu ver, constitui afronta ao direito de acesso do nascituro ao Poder Judiciário", diz Gastão. "A resolução extrapola os limites legais, a vida, a literatura médica e o próprio bom senso."

Esse projeto para sustar resolução do Conanda já entrou na pauta do plenário da Câmara em dois diferentes dias neste mês de outubro.

A bancada cristã - que reúne as frentes parlamentares católica e evangélica - teve o requerimento de urgência (aceleração da tramitação) aprovado nesta quarta-feira, 22.

O requerimento de urgência tem 346 assinaturas, o equivalente a 67,4% da Câmara. Somadas, as frentes católica e evangélica têm 306 integrantes. A Câmara tem outras grandes bancadas: a da bala (247 deputados) e as frentes parlamentares da educação (200 deputados) e saúde (179 deputados).

Esse grupo teria participação e voto no Colégio de Líderes.

É no Colégio de Líderes, por exemplo, que maior parte da pauta do plenário, onde ocorrem as principais votações na Câmara, é definida. "A gente está criando um monstrengo no Colégio de Líderes", afirmou Lindbergh Farias (RJ), líder do PT na Câmara.

Alguns partidos de esquerda na Câmara manifestaram objeção à criação da bancada e a possibilidade de participar no Colégio de Líderes, por entenderem que poderia haver discriminação de outras religiões e a banalização do próprio colégio.

Parlamentares das frentes católica e evangélica refutam o argumento e dizem que a fé cristã representa 80% da população brasileira. Por isso, seria justificável a defesa de questões relativas à fé cristã no Colégio de Líderes.

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Uma reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da Rússia, Vladimir Putin, ainda é possível, mas deverá ser "produtiva e um bom uso do tempo" do republicano, afirmou a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, em coletiva nesta quinta-feira, 23.

Segundo ela, Trump quer ver "mais ações" russas em busca de alcançar um cessar-fogo na guerra da Ucrânia, e não apenas "promessas de paz".

"Trump está motivado depois de conseguir o cessar-fogo no Oriente Médio, mas tem ficado cada vez mais frustrado depois de meses sem avanço entre Rússia e Ucrânia", disse, ao afirmar que a ligação entre o secretário de Estado, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, não foi o "único motivo para novas sanções".

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou na quarta-feira, 22, sanções contra duas das maiores empresas petrolíferas russas, Rosneft e Lukoil, com o argumento de que Putin se recusa "a pôr fim" à guerra. O anúncio das sanções ocorreu depois que Trump adiou uma reunião com Putin em Budapeste devido à falta de progresso nas negociações.

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Sobre as sanções, ela reconheceu que o governo pode aplicar ainda mais restrições contra a Rússia, se necessário. "Mas a decisão cabe a Trump", frisou.

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Segundo o comunicado, o secretário do Tesouro participará da 47ª cúpula da Associação de Países do Sudeste Asiático (Asean, em inglês), em Kuala Lumpur. Depois, Bessent acompanhará a visita de Estado do presidente Trump ao Japão e participará da cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec, em inglês) na Coreia do Sul.

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Em evento na Casa Branca, Trump disse acreditar que o próximo encontro entre os dois líderes, marcado para quinta-feira, "vai terminar muito bem", sinalizando disposição para o diálogo, mas mantendo o tom duro em relação ao tráfico de drogas e ao papel de Pequim.

Sobre a Venezuela, o presidente afirmou que os Estados Unidos "não estão nada felizes" com o governo de Nicolás Maduro e que indicou que os americanos farão uma ação terrestre no país sul-americano "em breve". Ele negou, porém, reportagens sobre voos com bombardeiros B1 e caças americanos perto do país, dizendo que "as informações não são precisas".

Trump acrescentou que seu governo pode levar ao Congresso uma proposta voltada ao combate às chamadas "drogas terrestres", mas negou que pedirá uma "declaração de guerra" contra os cartéis. Em outro momento, comentou brevemente a situação de frágil cessar-fogo no Oriente Médio, afirmando que "Israel não fará nada sobre a Cisjordânia".