PSOL protocola notícia-crime contra Flávio Bolsonaro na PGR por incitação ao crime

Política
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Deputados federais do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) protocolaram neste sábado, 22, uma notícia-crime contra o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) por incitação ao crime e obstrução de Justiça, atos atentatórios ao Estado democrático de direito, promoção ou facilitação de fuga e colaboração com organização criminosa.

A reportagem buscou contato com a assessoria de Flávio a respeito do fato, mas não obteve retorno até a publicação desta notícia.

A representação criminal destaca "ilícitos penais cometidos no exercício do cargo" e "manifestações públicas diretamente vinculadas à atuação política" fazendo referência ao vídeo em que o filho de Jair Bolsonaro chama os cidadãos brasileiros a "lutar pelo seu País" em uma vigília com orações ao ex-presidente em frente ao condomínio em que seu pai residia, em Brasília.

"O teor da convocação indica notadamente tentativa de utilização de apoiadores ao réu Jair Bolsonaro com a potencial finalidade de facilitação de fuga" e tumulto "com potencial de obstruir ou dificultar a atuação da Polícia Federal", defende o PSOL, que prossegue sugerindo uma "repetição do modus operandi atribuído à organização criminosa investigada que, segundo decisões judiciais, historicamente mobiliza apoiadores para criar tumultos com objetivos pessoais e políticos".

O texto afirma, ainda, que o pedido "Não se trata, evidentemente, de qualquer impugnação ao direito fundamento à liberdade religiosa".

O texto é assinado pelos parlamentares Talíria Petrone, Chico Alencar, Glauber Braga, Henrique Vieira, Tarcísio Motta (Rio de Janeiro), Erika Hilton, Ivan Valente, Luiza Erundina, Luciene Cavalcante, Sâmia Bomfim (São Paulo), Célia Xakriabá (Minas Gerais) e Fernanda Melchionna (Rio Grande do Sul).

A reportagem buscou contato com a assessoria de Flávio Bolsonaro na noite deste sábado, mas não obteve retorno até a publicação desta notícia. Em seu perfil no X, o parlamentar publicou uma série de postagens afirmando que "oração não é crime", e também um vídeo e falou sobre a repercussão de sua postagem pela vigília e sobre a prisão preventiva de Jair Bolsonaro.

Mais cedo, Flávio negou a possibilidade de ter participado de um plano de fuga. "O que está escrito na sentença é que eu não posso orar pelo meu pai. Que eu não posso orar pelo meu país. Que eu não posso pedir ao padre para rezar um pai nosso em cima de um carro de som, porque isso seria um subterfúgio para uma fuga do Bolsonaro. Se Bolsonaro quisesse fugir, ele nem voltado para o Brasil tinha."

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Senadores americanos disseram neste sábado, 22, que conversaram com o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, sobre o plano proposto pelo país para cessar o conflito na Ucrânia. Segundo os parlamentares, que participaram de evento sobre segurança no Canadá hoje, Rubio afirmou que a proposta é uma "lista de desejos" dos russos e não o plano real dos EUA.

A proposição de paz de 28 pontos foi elaborada pela administração Trump e por Moscou sem a participação da Ucrânia. A proposta acata muitas demandas russas que o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, rejeitou categoricamente em várias ocasiões, incluindo ceder grandes porções de território.

Os senadores teceram críticas ao plano mais cedo hoje durante o evento, afirmando que o plano apenas recompensaria Moscou por sua agressão e enviaria uma mensagem a outros líderes que ameaçaram seus vizinhos.

O ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino, rechaçou neste sábado, 22, as manobras e exercícios militares realizados pelos Estados Unidos em Trinidad e Tobago, país que, de acordo com Padrino, "emprestou seu território" para ameaçar a Venezuela.

"Rechaçamos contundentemente manobras, exercícios e desdobramentos em nossa área próxima de interesse na Venezuela, basta de mentiras, de injúrias", disse Padrino, durante um evento público neste sábado.

Autoridades de Trinidad e Tobago, que fica a apenas 11 quilômetros da Venezuela em seu ponto mais próximo, anunciaram há alguns dias a realização de exercícios militares conjuntos com os EUA, pela segunda vez. As manobras ocorrem em meio às operações que Washington mantém no Caribe e que, segundo o presidente norte-americano Donald Trump, buscam combater o narcotráfico na região.

Segundo Padrino, as simulações representam uma ameaça à Venezuela, assim como a todo o continente. "Manobras inocentes, isso não existe", declarou o ministro.

"É triste que o governo de Trinidad e Tobago empreste seu território, degrade seu território, sua soberania para que ali se instalem instrumentos para a morte e destruição massiva de povos", criticou.

As forças militares americanas têm realizado desde setembro uma série de ataques contra embarcações suspeitas de traficar drogas em águas internacionais do Caribe e do Pacífico, incluindo vários botes que, de acordo com Washington, saíram da Venezuela. Pelo menos 80 pessoas morreram desde então.

Tensão no Caribe

Chamada de "Operação Lança do Sul", o grande aumento das forças navais americanas no Caribe é o maior desde a Crise dos Mísseis Cubanos e o bloqueio de Cuba em 1962.

O porta-aviões Gerald R. Ford chegou ao Caribe no último fim de semana, e agora há 15 mil tropas na região, incluindo fuzileiros navais em navios anfíbios e soldados em bases militares em Porto Rico.

Na última semana, o republicano também deu aval para que a CIA realizasse operações secretas dentro da Venezuela. Essas medidas podem preparar o campo de batalha para ações futuras.

Apesar das tensões persistentes, Trump não descartou iniciar um diálogo com Maduro. No entanto, seu governo indicou que se prepara para designar como organização terrorista um cartel que afirma ser liderado por Maduro e outros altos funcionários do governo venezuelano.

*Com informações de agências internacionais

Líderes europeus e de países como Canadá e Japão afirmaram neste sábado, 22, que o plano de paz do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, serve de base para negociações que visam ao fim da guerra da Rússia na Ucrânia, mas que necessita de "trabalho adicional".

A declaração é parte dos esforços para obter um acordo mais vantajoso para Kiev antes da espécie de prazo final dado por Trump, que espera uma resposta até a próxima quinta, 27, Dia de Ação de Graças nos EUA.

Reunidos à margem da cúpula do G20, representantes da União Europeia e de países como França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Canadá emitiram uma declaração em que afirmam que "a versão inicial do plano de 28 pontos dos EUA inclui elementos importantes que serão essenciais para uma paz justa e duradoura".

Ainda assim, eles afirmam haver preocupações "com as limitações propostas às Forças Armadas da Ucrânia". Na declaração, que inclui também Holanda, Espanha, Finlândia, Japão e Noruega, os países afirmam, por exemplo, que "fronteiras não devem ser alteradas pela força", em referência ao território do leste ucraniano, que, segundo o plano, deveria ser cedido à Rússia.

Os líderes parecem buscar um equilíbrio de elogios a Trump para tentar pôr fim aos combates, com o reconhecimento de que, para Kiev, alguns dos termos da proposta são inaceitáveis. O plano de 28 pontos foi rascunhado pelos EUA em conjunto com Moscou e é bastante favorável à Rússia, na visão de analistas.

Os representantes se reuniram depois que o presidente Volodmir Zelenski disse, na sexta, que seu país enfrentava a escolha entre perder sua dignidade e liberdade ou o apoio de Washington. Ele apelou aos ucranianos pela união, prometendo nunca trair a Ucrânia, e rejeitou o plano americano.

O primeiro-ministro da Alemanha, Friedrich Merz, afirmou ter deixado explicado a Trump, em uma longa conversa telefônica também na sexta, que a Europa precisa fazer parte de qualquer processo para pôr fim à guerra.

"Se a Ucrânia perder esta guerra e possivelmente entrar em colapso, isso terá um impacto na política europeia como um todo, em todo o continente europeu. E é por isso que estamos tão comprometidos com esta questão", disse Merz.

O presidente francês, Emmanuel Macron, corroborou a posição do alemão ao dizer que o plano "é positivo porque propõe a paz e reconhece elementos importantes em questões de soberania e garantias de segurança", porém "precisa ser revisto, porque, antes de mais nada, não foi negociado com os europeus". Segundo ele, há pontos que "exigem uma consulta mais ampla".

Presidente da Comissão Europeia cobra 'trabalho adicional' em rascunho

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, manifestou apoio neste sábado, ao plano apresentado pelos Estados Unidos para cessar a guerra na Ucrânia, mas observou que o texto é preliminar e demanda esforços complementares.

"Acolhemos os contínuos esforços dos EUA para trazer paz à Ucrânia. O rascunho inicial do plano de 28 pontos inclui elementos importantes", disse von der Leyen em post na sua rede social X. Ao mesmo tempo, ela afirmou que o trabalho "exigirá trabalho adicional".

Segundo a líder europeia, a comissão está pronta para trabalhar em um acordo que garanta uma paz sustentável, e tem certeza sobre "o princípio de que as fronteiras não devem ser alteradas pela força."

Von der Leyen também alertou que as limitações propostas às Forças Armadas ucranianas, que deixariam o país vulnerável a futuros ataques, causam preocupação. Outro ponto destacado pela líder foi a necessidade de autorização dos integrantes da União Europeia e da Otan para implementar pontos do acordo relacionados a estes dois organismos.

Enquanto os líderes se apressavam para elaborar uma resposta coordenada ao plano de paz de Trump, a Ucrânia antecipou que realizaria negociações com funcionários de alto escalão dos EUA, na Suíça.

"A Ucrânia jamais será um obstáculo à paz, e os representantes do Estado ucraniano defenderão os legítimos interesses do povo ucraniano e os fundamentos da segurança europeia", afirmou um comunicado de Kiev.

Zelenski acrescentou em discurso: "Trata-se de muito mais do que os pontos específicos deste ou daquele documento. Devemos garantir que em nenhum lugar da Europa ou do mundo prevaleça o princípio de que crimes contra pessoas e a humanidade, contra Estados e nações, possam ser recompensados e perdoados."

Conselheiros de segurança nacional da França, Alemanha, Reino Unido e Itália devem participar dessa reunião com representantes dos EUA e da Ucrânia neste domingo, 22, em Genebra, para discutir a proposta do plano, segundo autoridades que participam da cúpula do G20.

Trump deu prazo para retorno de Zelenski, mas depois moderou discurso

Na sexta, Trump desafiou a Ucrânia, ao dizer que Zelenski teria até quinta-feira para aprovar seu plano de 28 pontos, que exige que o país ceda território, aceite limites às suas Forças Armadas e renuncie às ambições de ingressar na Otan. "Em algum momento, ele terá que aceitar algo que ainda não aceitou", disse o americano.

Neste sábado, porém, ao ser questionado por jornalistas, o republicano afirmou que o plano não era a sua "oferta final à Ucrânia". "Estamos tentando acabar com isso. De uma forma ou de outra, temos que acabar com isso", disse Trump.

Em sua declaração, os líderes ocidentais afirmam estar "preocupados com as limitações propostas às Forças Armadas da Ucrânia, que deixariam o país vulnerável a futuros ataques". "Reiteramos que a implementação de elementos relacionados à União Europeia e à Otan exigiria o consentimento dos membros da UE e da Otan, respectivamente", diz o texto.

O presidente russo, Vladimir Putin, descreveu o plano como a base para uma resolução do conflito, mas Moscou pode se opor a algumas propostas do acordo, que exige que suas forças se retirem de algumas áreas que capturaram.

O perigo para Zelenski ficou evidente quando o presidente ucraniano fez um pronunciamento à nação para preparar a população para alguns dias difíceis. "Agora, a Ucrânia pode enfrentar uma escolha muito difícil: ou perder a dignidade ou correr o risco de perder um parceiro importante", disse o ucraniano. "Lutarei 24 horas por dia, 7 dias por semana, para garantir que pelo menos dois pontos do plano não sejam negligenciados: a dignidade e a liberdade dos ucranianos."