Senador fabrica versões conflitantes sobre plano e tenta implicar ministro

Política
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Após revelar uma trama golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e contar versões divergentes sobre o caso, o senador Marcos Do Val (Podemos-ES) alegou que fez isso para chamar a atenção e tumultuar a narrativa. Em dois dias, o parlamentar fabricou ao menos cinco versões diferentes de um plano elaborado no Palácio da Alvorada para impedir a diplomação e posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e agora tenta levantar suspeitas sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Do Val soltou ontem a mais recente variação de sua "denúncia". Disse que tudo o que falou foi de caso pensado, e agiu para "ludibriar o inimigo". E explicou o motivo: quer pedir o afastamento de Moraes da função de relator de inquérito sobre atos antidemocráticos que tramita no do Supremo. Do Val disse que o ex-presidente está sendo comunicado de seus passos e agradeceu o apoio dos filhos parlamentares dele, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem chamou de "parceiraços".

Na madrugada de anteontem, o senador publicou sua primeira versão nas redes sociais. Disse que foi coagido por Bolsonaro a gravar Moraes para obter dele declaração comprometedora que servisse de argumento para anular as eleições e impedir a posse de Lula.

Procurado pelos filhos de Bolsonaro, Do Val deu a segunda versão. Disse a jornalistas que Bolsonaro não tinha bolado o tal plano, e que a ideia foi do então deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). Uma terceira versão foi apresentada em seguida, em entrevista à GloboNews, na qual ele diz que só foi se reunir com o então presidente depois de consultar Moraes. Segundo ele, o ministro o teria aconselhado a ir à reunião "porque todas as informações são importantes".

A quarta versão ele apresentou à Polícia Federal. Em depoimento na noite de anteontem, Do Val alegou que só tinha gravado vídeo relatando coação de Bolsonaro porque estava com raiva de ataques sofridos nas redes sociais de bolsonaristas.

INTENÇÃO

Ontem, o senador apresentou a quinta versão. Alegou que faz uso de técnicas de contrainteligência, dando declarações antagônicas, e disse que mentiu ao declarar que renunciaria ao cargo apenas para chamar atenção. Ele afirmou que sua intenção é tumultuar a narrativa.

"Quem trabalha no setor de inteligência sabe que a gente não faz um histórico de começo, meio e fim. Nós soltamos informações em cada emissora de uma forma exatamente para ludibriar o inimigo. Estou deixando todo mundo tonto, eu solto uma informação para um, uma informação para outra...", afirmou Do Val, que atua na área policial, a seus seguidores no Instagram. "Tudo isso é proposital", disse.

Na live, Do Val declarou que "daria start à segunda fase da nossa estratégia". Em seguida, em entrevista à CNN, anunciou que pediria o afastamento de Moraes da relatoria do inquérito que investiga os atos antidemocráticos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, lançou um esforço para impedir sua sentença por suborno marcada para o final desta semana, na sexta-feira, 10. O republicano argumenta que o agendamento dez dias antes da sua posse na Casa Branca, em 20 de janeiro, é errôneo.

Os advogados de Trump pediram ao juiz do Tribunal de Nova York Juan Merchan, que supervisionou o julgamento que levou à condenação de Trump por 34 crimes graves, para suspender todos os procedimentos do caso enquanto o presidente eleito busca apelações de decisões recentes. Os advogados de Trump também pediram que um tribunal estadual de apelações interviesse no assunto.

"Forçar o presidente a defender um caso criminal - especialmente em uma audiência de sentença dez dias antes de ele se tornar presidente novamente", viola a imunidade presidencial de Trump, escreveram seus advogados, em um processo tornado público na segunda-feira.

Os promotores de Manhattan disseram nesta segunda-feira, 6, que a sentença provavelmente levaria menos de uma hora, que Trump poderia comparecer virtualmente e que a sentença esperada era a mais baixa autorizada pela lei. "Não há risco aqui de um 'processo estendido' que prejudique o cumprimento dos deveres oficiais do réu - deveres que ele não possuí antes de 20 de janeiro de 2025, de qualquer forma", disseram eles, referindo-se à posse de Trump.

Na semana passada, Merchan disse que não pretende sentenciar Trump a uma pena de prisão, mas sim a uma dispensa incondicional - uma sentença sem punição. Tal sentença manteria o veredicto de culpado do júri nos registros judiciais.

O ministro de Assuntos da Diáspora e Combate ao Antissemitismo de Israel, Amichai Chikli, disse no domingo, 5, em carta enviada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) que é "uma desgraça para o governo brasileiro" a investigação contra um militar israelense que estava de férias no Brasil. No pronunciamento, Chikli acusa o Judiciário brasileiro de agir com o apoio do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, a favor de terroristas.

A manifestação de Chikli é uma reação à investigação aberta pela Polícia Federal, a pedido da Justiça brasileira, contra o militar Yuval Vagdani, denunciado pela entidade pró-Palestina Fundação Hind Rajab (HRF, na sigla em inglês) de cometer crimes de guerra na Faixa de Gaza.

Vagdani estava de férias na praia de Morro de São Paulo, na Bahia, e deixou o país com o apoio do governo israelense após a investigação ser aberta.

Chikli acusa a HRF, que se autodenomina em defesa dos direitos humanos, de ser uma organização que apoia o terrorismo. "Pesquisas do nosso ministério revelaram que os líderes da organização têm apoiado consistentemente o Hezbollah, o Hamas e outros grupos terroristas que buscam a destruição de Israel e o assassinato de israelenses", escreveu.

Em seguida, o ministro descreve que líderes da organização elogiaram membros das duas organizações e acusa a HRF de mentir sobre o militar. "O fato do Judiciário brasileiro, sob o apoio do presidente Lula, abraçar indivíduos com essas visões extremistas - especialmente no momento em que se aproxima o 80.º aniversário da libertação de Auschwitz - é uma desgraça para o governo brasileiro", disse.

Apesar das críticas e acusações de apoio, o presidente Lula não se pronunciou sobre o caso de Yuval Vagdani.

A investigação contra o militar no Brasil começou a partir da denúncia da HRF, que se baseou no princípio de "jurisdição universal", segundo o qual determinados crimes são tão graves que atentam contra a própria noção de humanidade - o que permite que eles sejam julgados em qualquer lugar.

A entidade reuniu um dossiê para acusá-lo de crimes de guerra, que inclui vídeos, dados de geolocalização e fotografias que mostram o soldado demolindo casas em uma área de ajuda humanitária.

O pedido da HRF foi apresentado à Justiça Federal, em Brasília, por dois advogados brasileiros contratados pela entidade.

Após as acusações se tornarem públicas, Israel ajudou o soldado a deixar o país e ir para a Argentina.

Ao Estadão, a Embaixada de Israel em Brasília afirmou que manteve contatos telefônicos com o soldado sobre o processo para ele retornar ao país, mas destacou que a decisão de deixar o Brasil foi dele.

Criada por dezenas de advogados e juristas no ano passado, a HRF tem o objetivo de denunciar soldados israelenses que estejam em outros países, para que eles sejam condenados e presos por crimes de guerra.

As ações correm em paralelo a dois processos maiores - e mais lentos - contra Israel: o da Corte Internacional de Justiça, que acusa o Estado de Israel de cometer genocídio em Gaza; e o do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra autoridades israelenses, incluindo o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu.

Segundo o jornal francês Le Figaro, ações semelhantes contra soldados israelenses foram realizadas na Europa, onde pelo menos três soldados israelenses que estavam de férias no Chipre, na Eslovênia e na Holanda, voltaram a Israel por recomendação dos serviços de inteligência israelenses.

O Congresso dos Estados Unidos certificou nesta segunda-feira, 6, a vitória eleitoral do presidente eleito Donald Trump, exatamente quatro anos após uma revolta pró-Trump interromper temporariamente os procedimentos que confirmavam a vitória do presidente Joe Biden.

O único drama de hoje veio de uma rara nevasca que cobriu Washington de neve. Embora as escolas locais e o governo federal estivessem fechados, a sessão conjunta do Congresso ocorreu sem demora no início da tarde, sob pesadas medidas de segurança.

Em uma declaração em letras maiúsculas no Truth Social, Trump disse: "O Congresso certifica nossa grande vitória eleitoral hoje - um grande momento na história. MAGA!"

A lei federal exige que o Congresso se reúna para uma sessão conjunta em 6 de janeiro para contar e ratificar os 538 votos eleitorais certificados pelos 50 estados e pelo Distrito de Columbia. O vice-presidente, atuando como presidente do Senado, tem o dever de contar os votos.

Pouco antes das 13h, a vice-presidente Kamala Harris, a candidata democrata à presidência, entrou no plenário da Câmara para presidir a certificação da eleição que perdeu, apertando as mãos enquanto caminhava pelo congresso. Os legisladores leram os resultados das eleições de cada estado, um por um, afirmando que eram precisos. Trump ganhou 312 votos do Colégio Eleitoral, contra 226 de Harris.