Quase 16% dos servidores da Presidência da República já contraíram covid-19

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

Ao menos 504 dos 3.205 servidores da Presidência da República já contraíram o novo coronavírus até agora - 43 deles só em março. O dado é o último disponível e foi encaminhado pela Secretaria-Geral da Presidência da República ao Estadão. O número indica que 15,7% dos servidores já enfrentaram a covid-19.

Segundo infectologistas, eventos em ambientes fechados são a principal forma de espalhamento do vírus, e devem ser evitados. Mas, desde o começo da pandemia, esta recomendação tem sido ignorada pelo presidente Jair Bolsonaro - o mandatário promoveu e participou de pelo menos 41 cerimônias com aglomeração de pessoas no Palácio do Planalto do início da pandemia até o fim de março deste ano.

Enquanto o número de mortes no País crescia, centenas de pessoas participaram de eventos como posses de ministros, cerimônias de sanção de leis e até lançamento de selo postal comemorativo. Em várias ocasiões, Bolsonaro estava sem máscara.

A demografia dos servidores do Planalto também contribui para aumentar a gravidade do problema. Dos 3.205 mil servidores da Presidência, quase um terço (1.031) têm mais de 50 anos. No fim de março, um estudo com dados de mais de 70 mil pacientes publicados pela revista médica britânica The Lancet mostrou que a doença fica mais grave em pacientes a partir desta idade.

Estão neste grupo o próprio presidente Jair Bolsonaro, que completou 66 anos em março; e três dos quatro ministros que despacham no Palácio. Já passaram dos 50 os ministros Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil (64 anos); Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência (66); e Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (73). A exceção é a titular da Secretaria de Governo, Flávia Arruda (41).

A contaminação de servidores da Presidência atingiu o pico em julho de 2020, quando foram registrados 116 novos casos de servidores com a doença. Nos meses seguintes, o volume de novos casos declinou. Em março de 2021 voltou a acelerar, com 43 novas contaminações. No mês anterior, fevereiro, foram registrados apenas 17 novos casos. Ao menos um servidor morreu em decorrência da covid-19: o segundo sargento do Exército Silvio Kammers, que trabalhava no gabinete pessoal do presidente.

Se o Palácio do Planalto fosse um país à parte, estaria em segundo lugar no ranking mundial de infecções pela covid-19. Com uma taxa de contaminação de 15,7 por 100 mil, a Presidência da República brasileira só perderia para o principado de Andorra, uma pequena nação com 77 mil moradores na Europa. A taxa de casos em Andorra era de 16,2 casos por 100 mil nesta terça-feira, dia 13, segundo informações do site Our World in Data, desenvolvido pela Universidade de Oxford.

A taxa de infecção na Presidência da República - 15,7 por 100 mil -superaria com folga o segundo colocado no mundo real, Montenegro (15,0). Também seria quase três vezes maior que a taxa da população brasileira como um todo, que hoje é de 6,3 por 100 mil habitantes.

O infectologista Rivaldo Venâncio relativiza o número de infectados no Palácio do Planalto. Segundo ele, é possível que a taxa entre os servidores da Presidência seja mais alta que na população em geral por causa do maior acesso dos servidores à testagem para a covid-19, em comparação com os demais.

"Essas pessoas de uma forma ou de outra foram infectadas, por um infortúnio, o que não necessariamente se deu no ambiente de trabalho. Agora, eu não diria que é um número espantoso. Temos visto inquéritos epidemiológicos em outros locais (no Brasil) mostrando a presença de anticorpos em patamares inclusive superiores", diz ele, que é o atual coordenador de Vigilância em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Outros Poderes também foram atingidos pela doença. Até fevereiro deste ano, por exemplo, a Câmara dos Deputados registrava 103 casos de infecção pelo novo coronavírus entre os deputados e 541 entre servidores ativos (concursados e comissionados). Os dados foram obtidos pelo Estadão por meio da Lei de Acesso à Informação.

A força de trabalho na Câmara é muito maior que a da Presidência da República, somando 14,5 mil pessoas. Ou seja, só 3,7% dos servidores contraíram a doença. Nesta semana, morreu o primeiro deputado por complicações da covid, José Carlos Schiavinato (Progressistas-PR).

Prevenção

Em resposta à reportagem do Estadão, a Presidência da República detalhou medidas que estão sendo tomadas para tentar reduzir a transmissão do vírus. De julho de 2020 a março de 2021, foram 174 "sanitizações" nos palácios do Planalto, da Alvorada e do Jaburu e da Residência Oficial da Granja do Torto, além da aquisição de totens com álcool em gel e tapetes sanitizantes para os pés. Servidores com mais de 60 anos e em grupos de risco passaram a trabalhar remotamente, e o acesso do público aos prédios foi reduzido.

"A Coordenação de Saúde da Presidência da República mantém a orientação para que os servidores procurem a assistência médica quando apresentarem quaisquer sintomas relacionados à Covid-19, a fim de avaliar necessidade de testagem. Nos casos considerados suspeitos, os servidores são orientados a ficar em casa até o resultado do exame", afirmou a Presidência, em nota.

"A Presidência da República também tem promovido, desde março, orientações sobre cuidados pessoais aos servidores e colaboradores, seja por meio de painéis, e-mails ou textos informativos na intranet. Nessas orientações, tem-se destacado os cuidados com a higienização das mãos, uso correto de máscaras, distanciamento social e, inclusive, os cuidados necessários ao chegar em casa, após o trabalho", diz o texto.

"Com cerca de um terço dos servidores em trabalho remoto (teletrabalho) ou em escala de revezamento, a Presidência da República busca continuamente manter o ambiente de trabalho o mais seguro possível e não hesitará em adotar procedimentos complementares, caso necessário", continua o órgão.

Em outra categoria

O presidente Donald Trump disse que está instruindo o seu governo a reabrir e expandir Alcatraz, a notória antiga prisão em uma ilha da Califórnia. A prisão foi fechada em 1963. A Ilha de Alcatraz atualmente é operada como um ponto turístico.

"Estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu Trump em mensagem no site Truth Social na noite deste domingo.

Ainda segundo ele, a reabertura de Alcatraz servirá como um "símbolo de Lei, Ordem e Justiça". A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem entrando em conflito com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também falou sobre o desejo de enviar cidadãos americanos para lá e para outras prisões estrangeiras.

O nacionalista de extrema direita George Simion garantiu uma vitória decisiva neste domingo, 4, no primeiro turno das eleições presidenciais da Romênia, segundo dados eleitorais quase completos. A eleição ocorreu meses após uma votação anulada ter mergulhado o país-membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em sua pior crise política em décadas.

Simion, o líder de 38 anos da Aliança para a Unidade dos Romenos (AUR), superou de longe todos os outros candidatos nas pesquisas, com 40% dos votos, mostram dados eleitorais oficiais, após a apuração de 97% dos votos na votação.

Bem atrás, em segundo lugar, ficou o prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, com 20,67%, e em terceiro, o candidato da coalizão governista, Crin Antonescu, com 20,62% - uma diferença que deve aumentar à medida que os últimos votos das cidades maiores forem apurados.

Onze candidatos disputaram a presidência e um segundo turno será realizado em 18 de maio entre os dois candidatos mais votados. Até o fechamento das urnas, cerca de 9,57 milhões de pessoas - ou 53,2% dos eleitores elegíveis - haviam votado, de acordo com o Escritório Central Eleitoral, com 973.000 votos depositados em seções eleitorais instaladas em outros países.

Eleição foi anulada em 2024

A eleição na Romênia teve de ser repetida hoje depois que o cenário político do país foi abalado no ano passado, quando um tribunal superior anulou a eleição anterior, na qual o candidato de extrema direita Calin Georgescu liderou o primeiro turno, após alegações de violações eleitorais e interferência russa, que Moscou negou.

Georgescu, que compareceu ao lado de Simion em uma seção eleitoral em Bucareste, chamou a nova votação de "uma fraude orquestrada por aqueles que fizeram da mentira a única política de Estado", mas disse que estava lá para "reconhecer o poder da democracia, o poder do voto que assusta o sistema, que aterroriza o sistema".

O perfil oficial da Casa Branca nas redes sociais publicou neste domingo, 4, uma foto aparentemente gerada por inteligência artificial (IA) com o rosto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um corpo musculoso, com um sabre de luz vermelho e vestimentas que ficaram conhecidas na franquia de filmes Star Wars.

O dia 4 de maio é considerado o Dia do Star Wars pelos fãs da franquia. A data foi escolhida por conta das semelhanças entre uma frase icônica dos filmes: "May the force be with you" ("Que a força esteja com você") e a frase "May the fourth" ("4 de maio").

"Feliz 4 de Maio a todos, incluindo os Lunáticos da Esquerda Radical que lutam arduamente para trazer Lordes Sith, Assassinos, Traficantes, Prisioneiros Perigosos e membros famosos da gangue MS-13 de volta à nossa Galáxia. Vocês não são a Rebelião - vocês são o Império. Que o 4 de Maio esteja com vocês.", apontou a mensagem do perfil oficial da Casa Branca na rede social X.

Trump vestido de papa

Essa não é a primeira foto gerada por inteligência artificial que foi publicada pelo governo Trump neste final de semana.

Na sexta-feira, 2, o perfil da Casa Branca e do próprio Trump publicaram uma foto do presidente americano vestido como papa, sentado em uma cadeira de estrutura dourada.

Na última terça-feira, Trump afirmou, em tom de brincadeira, que gostaria de ser o próximo papa. "Eu seria minha escolha número 1", disse Trump a repórteres.