Na Economia, não é possível delegar tudo ao Posto Ipiranga, diz Leite

Política
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Em evento neste sábado com presidenciáveis, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que não é possível delegar todas as decisões ao "Posto Ipiranga". Este é o termo usado pelo presidente Jair Bolsonaro para se referir ao atual ministro da Economia, Paulo Guedes, desde a campanha presidencial de 2018.

Questionado sobre como lidaria com a agenda econômica estando na Presidência da República, ele respondeu: "É preciso ter noção de gestão, ter uma rotina de acompanhamento com os ministros. Toda a energia do governo Bolsonaro está concentrada em destruir o opositor, o passado. E é preciso colocar energia em construir o futuro".

Ele ressaltou que Bolsonaro não acredita na agenda de reformas econômicas, e por isso não se esforça politicamente para viabilizar a aprovação no Congresso. "Atualmente, Bolsonaro só faz política para se sustentar no governo".

Em comentário sobre a fala de Eduardo Leite, o governador de São Paulo, João Doria, foi incisivo nas críticas a Paulo Guedes. "O Posto Ipiranga está falido, o Posto Ipiranga fechou".

Sobre o cenário econômico, o ex-ministro e candidato à Presidência em 2018, Ciro Gomes (PDT), ressalta que o modelo de mercado de crédito no Brasil é "gravemente distorcido". "Por isso, nós temos muito pouco investimento em projetos empreendedores, como venture capital."

Ele ressaltou ainda a importância da participação do poder público nos investimentos, ao contrário do que é pregado pela maioria dos economistas. "Os investimentos do poder público estão em um patamar muito baixo, a 2% do PIB. E isso precisa aumentar".

O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), também defende a maior participação do Estado na agenda de investimentos. "É preciso investimento público. Não é inchar a máquina, mas fazer com que o Estado puxe uma agenda para aumentar a atratividade para o setor privado".

Para Gomes, um dos maiores problemas econômicos do Brasil é a desindustrialização. "O Brasil está no último lugar na fila não por causa do Bolsonaro apenas. Estamos dependentes de princípios ativos básicos, temos que importar um Tylenol", disse, citando um medicamento. Segundo ele, é preciso agir porque o mundo não vai conceder espaço para o Brasil.

O apresentador e empresário Luciano Huck também ressalta a importância do Estado como transformador da sociedade, especialmente para reduzir a desigualdade. E para ele, boa parte da solução passa pelo desenvolvimento tecnológico. Citou o exemplo da Índia. "Aqui, nós tivemos muitos problemas para pagar o Auxílio Emergencial. Filas enormes em meio a uma pandemia. Na Índia, foi feito um cadastro de 1,2 bilhão de pessoas, com biometria, e em duas semanas 300 milhões de pessoas receberam um auxílio de US$ 200, sem fila. Tudo por conta do investimento em tecnologia".

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A presidente do México, Claudia Sheinbaum, defendeu nesta segunda-feira, 5, seu bom relacionamento com o presidente americano, Donald Trump, e descartou um debate na mídia sobre suas declarações recorrentes.

Como tem sido sua estratégia desde que o republicano chegou ao poder em janeiro, Sheinbaum reagiu com moderação aos comentários provocativos de Trump no domingo, 4, quando ele disse que ela "teme os poderosos cartéis mexicanos".

"Eu não gostaria que a comunicação entre o presidente Trump e a minha pessoa, entre os Estados Unidos e o México, fosse feita através da mídia", enfatizou Sheinbaum em sua conferência matinal.

Ela destacou a comunicação "boa" e "fluida" que mantém com o presidente dos EUA, o que lhe permitiu chegar a uma série de acordos e evitar as tarifas que Washington impôs a vários países.

A líder mexicana também negou que ele tenha feito qualquer ameaça quando, em uma conversa telefônica anterior, ofereceu enviar tropas ao México para apoiar na luta contra organizações criminosas e reiterou que "podemos colaborar em muitas outras coisas dentro da estrutura de nossa soberania e territorialidade".

No domingo, Trump confirmou que havia proposto o envio de tropas americanas a Sheinbaum e criticou-a por ter rejeitado sua oferta.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta segunda-feira, 5, uma nova ofensiva militar na Faixa de Gaza, classificada por ele como uma operação "intensiva" com o objetivo de derrotar o Hamas. Apesar do tom firme, ele não especificou a extensão do território que poderá ser ocupado pelas forças israelenses.

Em um vídeo publicado na rede social X, Netanyahu afirmou que civis serão retirados da área durante a ofensiva. "A população será movida para sua própria proteção", disse. O premiê também ressaltou que a ação militar não se limitará a incursões pontuais. "Os soldados não vão entrar, lançar ataques e depois recuar. A intenção é o oposto disso", declarou.

O Gabinete de Segurança de Israel aprovou por unanimidade um plano para assumir o controle total da Faixa de Gaza, em uma operação descrita por Netanyahu como "poderosa" e voltada para a destruição do Hamas. A decisão seguiu a recomendação do chefe das Forças Armadas israelenses, general Eyal Zamir, segundo explicou o primeiro-ministro.

As declarações de Netanyahu ocorrem em meio à escalada de tensão na região. Ainda não há informações sobre quando a operação terá início nem quais áreas serão atingidas. O governo israelense também não informou para onde os civis seriam deslocados, nem como pretende garantir sua segurança durante o avanço militar.

Em mais um esforço de sua agenda de deportação em massa, o governo Donald Trump vai oferecer um auxílio em dinheiro e pagar as viagens de volta para casa aos imigrantes indocumentados que deixarem os Estados Unidos voluntariamente, disseram autoridades nesta segunda-feira, 5.

A política, que oferecerá US$ 1.000 (R$ 5.600) e uma passagem aérea de volta, faz parte da iniciativa do governo Trump para persuadir imigrantes a se deportarem como forma de ajudar o presidente a cumprir suas ambiciosas promessas de imigração. Autoridades disseram que um imigrante de Honduras já aceitou a oferta do governo e voou de Chicago de volta ao seu país de origem.

Nas últimas semanas, o governo americano tem aconselhado cada vez mais certos imigrantes a deixarem o país antes de serem alvos das autoridades. Também adotou políticas para tornar a vida desconfortável para aqueles que estão no país sem status legal, como impedir o acesso de certos migrantes a serviços financeiros.

O dinheiro oferecido aos imigrantes que partem por conta própria será pago após a confirmação da viagem de volta por meio de um aplicativo lançado pelo governo Trump no início deste ano, chamado CBP Home. Autoridades afirmam que o programa economizará recursos do governo, evitando os custos necessários para prender, deter e transportar pessoas para fora do país em aviões fretados pelo governo.

"Se você está aqui ilegalmente, a autodeportação é a melhor, mais segura e mais econômica maneira de deixar os Estados Unidos e evitar ser preso", disse Kristi Noem, secretária de segurança interna, em um comunicado.

O governo Trump anunciou na semana passada que havia deportado cerca de 140.000 imigrantes dos EUA desde janeiro. Os números, até o momento, estão muito longe da promessa central de campanha de Trump: remover milhões de pessoas que estão ilegalmente no país.

O número não é muito diferente da quantidade de deportações do governo Biden no mesmo período de tempo. Porém, as expulsões do republicano tem sido muito mais controvertidas, com uso de aviões militares, deportação sem o devido processo legal - em violação à Constituição americana - e com imigrantes legais sendo deportados erroneamente, como foi o caso do salvadorenho Kilmar Abrego Garcia.

As deportações podem ser custosas e demoradas, visto que as autoridades americanas frequentemente precisam deter migrantes por um longo período de tempo, coordenar documentos de viagem e preparar voos fretados para diversos países.

São frequentes também os problemas envolvendo migrantes de países que não aceitam seus cidadãos ou tornam o processo tão complexo que a remoção demora ainda mais.

O custo médio para o Departamento de Imigração e Alfândega dos EUA prender, deter e remover um imigrante ilegalmente nos Estados Unidos é de US$ 17.121 (R$ 96,7 mil), segundo o Departamento de Segurança Interna. A agência afirma que, mesmo com o custo do auxílio, uma "autodeportação" reduziria o encargo de uma deportação em cerca de 70%.

Trump sugeriu uma política de incentivo a viagens em uma entrevista recente à Fox News.

"Mas o que queremos fazer é ter um programa de autodeportação, que ainda nem anunciamos", disse ele à emissora em meados de abril. "A única coisa que ainda não decidi é: o que vamos fazer? Vamos dar a eles um estipêndio, algum dinheiro e uma passagem de avião, e então vamos trabalhar com eles, se forem bons, se os quisermos de volta, vamos trabalhar com eles para trazê-los de volta o mais rápido possível."

Trump prometeu deportar pelo menos 1 milhão de pessoas no primeiro ano de seu segundo mandato e tem usado agências federais, ordens executivas e até mesmo a centenária Lei de Inimigos Estrangeiros para facilitar sua promessa, muitas vezes com ramificações legais questionáveis.

"Fui eleito para tirá-los daqui", disse ele no domingo, 4, em uma entrevista no programa "Meet the Press" da NBC onde admitiu não saber se precisava obedecer à Constituição no caso dos direitos de não-cidadãos. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)