Cidades estão sem prefeito em plena pandemia

Política
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"Fui dormir vereador e acordei prefeito." Foi assim que Márcio Gley, conhecido como Chaveirinho (PT), resumiu a mudança repentina de cargo na cidade que hoje governa interinamente. Barreira (CE), com pouco mais de 20 mil habitantes, esperava começar o ano sob a gestão de Dra. Auxiliadora (PSD), mas as pendências da chapa eleita com a Justiça impediram a diplomação e a posse em 1º de janeiro. O que ninguém esperava era que o primeiro interino a assumir a Prefeitura renunciasse com apenas 30 dias à frente do cargo.

Levantamento do Estadão no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que, assim como Barreira, pelo menos outras 64 cidades do País ainda não sabem quem vai comandar a administração pelos próximos anos. Enquanto os eleitos em 2020 já cumpriram os emblemáticos primeiros 100 dias de gestão, esses municípios são comandados pelo presidente da Câmara Municipal, ou, em sua ausência ou renúncia, pelo vice, como aconteceu com Chaveirinho. Isso ocorre porque a chapa vencedora foi impugnada, e novas eleições serão realizadas, ou porque o eleito ainda não foi confirmado por pendências com a Justiça.

Ainda que o número de cidades governadas interinamente seja pequeno diante dos 5570 municípios do País, na prática a indefinição é uma enorme pedra no sapato na execução de qualquer programa ou política pública e no planejamento de ações de médio de longo prazo, sobretudo em meio à pandemia de covid-19.

Funcionários em falta. Em Petrópolis (RJ), a pendenga jurídica faz faltar mais do que um prefeito definitivo. A cidade precisa contratar servidores nas áreas de Saúde e Educação, mas o titular interino, Hingo Hammes (DEM), não pode.

Acontece que ele pretende disputar o novo pleito, ainda sem data marcada, e está sujeito às restrições típicas de quem disputa a eleição no cargo. "Temos uma dificuldade de contratação de funcionários da Saúde, principalmente médicos. Poderia fazer um concurso público, mas não posso por conta da questão eleitoral. Estaria me beneficiando, e a Justiça pode entender dessa maneira. O mesmo vale para a Educação."

Hammes assumiu o posto até que a Justiça Eleitoral decida sobre a candidatura de Rubens Bomtempo (PSB), eleito, mas condenado por improbidade administrativa em atos praticados quando dirigiu o município entre 2005 e 2008. "Tenho a mesma autonomia de um prefeito eleito. Mas o que peca muito é o planejamento. Não dá para planejar nada a longo prazo", afirmou Hammes.

O prefeito interino de Petrópolis optou por mudar praticamente toda a equipe de secretários do antigo titular, Bernardo Rossi (PL). As alterações no primeiro e segundo escalões do governo causam mais tensão quando o interino e o eleito são de grupos políticos diferentes, como ocorre em Petrópolis. "Pode se ter uma descontinuidade em vários projetos. Além disso, essa troca de secretários faz com que se perca recursos e também tempo, em função de toda a burocracia. E em um momento como o atual, o tempo é importante para salvar vidas e dar assistência à população", afirmou Ursula Peres, pesquisadora do Centro de Estudos da Metrópole da ECA-USP.

Para Bomtempo, o eleito sub judice, a condição atual é "bastante prejudicial" para a cidade. Ele diz ser inocente e confiar na Justiça. Esse prejuízo é consenso entre o prefeito interino, o eleito e a Câmara. Segundo o vereador Marcelo Lessa (Solidariedade), o que Petrópolis mais precisa, hoje, é de uma "definição política": "Todo mundo sai perdendo".

Ao contrário de Petrópolis, o prefeito e o interino de São Caetano do Sul (SP) são aliados, o que contribui para menos mudanças na administração. O interino Tite Campanella (Cidadania) assumiu o plano de governo do prefeito reeleito (mas não empossado, José Auricchio Jr., do PSDB ) e manteve quase toda a equipe. "Numa posição de interinidade, o mais inteligente é saber que aquele mandato não te pertence" , afirmou. Auricchio Jr. afirmou aguardar a decisão da Justiça "com serenidade". Ele foi condenado em segunda instância pela captação ilícita de recursos de campanha no pleito de 2016 e, por meio de nota, disse ser inocente.

Despreparo

No caso de Barreira, mais do que rivalidades ou alianças, o desafio foi o despreparo. O primeiro interino a assumir, João Carlos do Sindicato (PSD), renunciou após um mês. Na despedida, afirmou que "foi eleito para ser vereador". Procurado pelo Estadão, não foi localizado. A jornais locais, ele admitiu ter tido dificuldades para exercer a função.

Chaveirinho, então presidente da Câmara (no lugar de João Carlos), assumiu a cadeira. "Eu não estava preparado para assumir, principalmente na pandemia. Me preparei para ser vereador", afirmou. Passado o susto, ele tem buscado ajuda de especialista: "A grande dificuldade é gerir os recursos municipais". Para ele, a indefinição eleitoral afeta profundamente a cidade. "Hoje está faltando médico. Não consegui contratar porque os profissionais têm receio de vir e ter uma troca de gestão. Tentamos passar confiança para o servidor e a população, mas meu desejo é que a eleita volte para a cadeira dela e eu para o cargo de vereador", disse Chaveirinho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O nacionalista de extrema direita George Simion garantiu uma vitória decisiva neste domingo, 4, no primeiro turno das eleições presidenciais da Romênia, segundo dados eleitorais quase completos. A eleição ocorreu meses após uma votação anulada ter mergulhado o país-membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em sua pior crise política em décadas.

Simion, o líder de 38 anos da Aliança para a Unidade dos Romenos (AUR), superou de longe todos os outros candidatos nas pesquisas, com 40% dos votos, mostram dados eleitorais oficiais, após a apuração de 97% dos votos na votação.

Bem atrás, em segundo lugar, ficou o prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, com 20,67%, e em terceiro, o candidato da coalizão governista, Crin Antonescu, com 20,62% - uma diferença que deve aumentar à medida que os últimos votos das cidades maiores forem apurados.

Onze candidatos disputaram a presidência e um segundo turno será realizado em 18 de maio entre os dois candidatos mais votados. Até o fechamento das urnas, cerca de 9,57 milhões de pessoas - ou 53,2% dos eleitores elegíveis - haviam votado, de acordo com o Escritório Central Eleitoral, com 973.000 votos depositados em seções eleitorais instaladas em outros países.

Eleição foi anulada em 2024

A eleição na Romênia teve de ser repetida hoje depois que o cenário político do país foi abalado no ano passado, quando um tribunal superior anulou a eleição anterior, na qual o candidato de extrema direita Calin Georgescu liderou o primeiro turno, após alegações de violações eleitorais e interferência russa, que Moscou negou.

Georgescu, que compareceu ao lado de Simion em uma seção eleitoral em Bucareste, chamou a nova votação de "uma fraude orquestrada por aqueles que fizeram da mentira a única política de Estado", mas disse que estava lá para "reconhecer o poder da democracia, o poder do voto que assusta o sistema, que aterroriza o sistema".

O perfil oficial da Casa Branca nas redes sociais publicou neste domingo, 4, uma foto aparentemente gerada por inteligência artificial (IA) com o rosto do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em um corpo musculoso, com um sabre de luz vermelho e vestimentas que ficaram conhecidas na franquia de filmes Star Wars.

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"Feliz 4 de Maio a todos, incluindo os Lunáticos da Esquerda Radical que lutam arduamente para trazer Lordes Sith, Assassinos, Traficantes, Prisioneiros Perigosos e membros famosos da gangue MS-13 de volta à nossa Galáxia. Vocês não são a Rebelião - vocês são o Império. Que o 4 de Maio esteja com vocês.", apontou a mensagem do perfil oficial da Casa Branca na rede social X.

Trump vestido de papa

Essa não é a primeira foto gerada por inteligência artificial que foi publicada pelo governo Trump neste final de semana.

Na sexta-feira, 2, o perfil da Casa Branca e do próprio Trump publicaram uma foto do presidente americano vestido como papa, sentado em uma cadeira de estrutura dourada.

Na última terça-feira, Trump afirmou, em tom de brincadeira, que gostaria de ser o próximo papa. "Eu seria minha escolha número 1", disse Trump a repórteres.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) anunciou neste domingo, 4, a retirada da Nicarágua da agência especializada das Nações Unidas (ONU) por causa da concessão de um prêmio da organização que celebra a liberdade de imprensa a um jornal nicaraguense, o La Prensa.

A diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, anunciou que havia recebido uma carta na manhã de domingo do governo nicaraguense anunciando sua retirada devido à atribuição do Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa Unesco/Guillermo Cano.

"Lamento essa decisão, que privará o povo da Nicarágua dos benefícios da cooperação, especialmente nos campos da educação e da cultura. A Unesco está totalmente dentro de suas atribuições quando defende a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa em todo o mundo", disse Azoulay em comunicado.

A Nicarágua era um dos 194 estados membros da organização. Os membros da Unesco criaram o prêmio de liberdade de imprensa em 1997, e o prêmio de 2025 foi atribuído no sábado ao La Prensa por recomendação de um júri internacional de profissionais da mídia.