Bolsonaro volta a questionar derrota e diz que 'governo Lula não vai durar'

Política
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Em seu primeiro discurso como ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL) voltou a incentivar apoiadores a questionarem o resultado das urnas. Em palestra nos Estados Unidos, onde mora desde 30 de dezembro do ano passado, Bolsonaro ainda pôs dúvida sobre a continuidade da gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Vamos mudar o destino do Brasil, podem ter certeza. Em pouco tempo, teremos notícias, ou, por si só, se esse governo continuar na linha que demonstrou nesses primeiros 30 dias, não vai durar muito tempo", disse.

Ao longo do discurso feito em palestra a uma pequena plateia na cidade de Orlando, Bolsonaro exaltou o que considera feitos de seu passagem pelo Planalto, principalmente no âmbito da economia, e voltou a insinuar que o resultado da eleição presidencial foi fraudulento. "Nunca fui tão popular como no ano passado. Muito superior a 2018. No fim das contas, a gente fica com uma interrogação na cabeça", disse. Nesse momento, o público começou a gritar: "foi roubado!".

A declaração seguiu a mesma estratégia adotada por sua campanha antes e depois da eleição, quando Bolsonaro entrou em diversos embates com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) buscando desacreditar as urnas eletrônicas. Sua base aliada chegou a tentar aprovar no Congresso a votação por meio de cédulas impressas, supostamente para combater fraudes que nunca foram comprovadas.

Eleição no Senado

Apesar de estar fora do País, Bolsonaro procurou defender seu candidato à Presidência do Senado, Rogério Marinho (PL-RN), e afirmou que a eleição desta quarta-feira, 1º, "é muito importante". Segundo ele, a vitória de seu ex-ministro seria uma esperança para a garantia da "liberdade" no País.

"Amanhã (hoje) é um dia importantíssimo para todos nós, brasileiros. A eleição da mesa do Senado Federal representa para nós, de acordo com a chapa vencedora, a volta à normalidade, uma certa pacificação. A nossa liberdade passa a ganhar fôlego novamente", afirmou. "Temos esperança na eleição de Rogério Marinho para o Senado", disse.

Bolsonaro admitiu que tem ligado a aliados para pedir votos a Marinho, como mostrou o Estadão. A ala do ex-presidente no Congresso e militantes bolsonaristas fazem campanha nas redes sociais pressionando parlamentares a votarem no candidato do PL. "Conversei com alguns (senadores), alguns ligaram para mim também. Temos conseguido trazer gente para o nosso lado", afirmou.

O ex-presidente também relembrou o fato de estar nos Estados Unidos desde o fim do ano passado. Como mostrou o Estadão, ele solicitou visto de turista para permanecer no país por mais seis meses. Segundo Bolsonaro, o Brasil vive um momento "delicado". Se referindo à plateia, composta por brasileiros, o ex-chefe do Executivo afirmou que muitos gostariam de retornar ao País, mas têm medo. "Acredito que eu tenho colaborado para unir as pessoas de bem do Brasil", disse.

Trump

Bolsonaro já tem novo compromisso político marcado nos Estados Unidos. Nesta sexta-feira, 3, o ex-presidente irá palestrar em um evento, em Miami, realizado por uma organização associada ao ataque ao Capitólio, promovido por apoiadores de Donald Trump em 6 de janeiro de 2021 para tentar impedir a certificação da eleição de Joe Biden.

A Turning Point USA, que promoverá o evento, foi fundada pelo americano Charlie Kirk, apontado nos EUA como parte da engrenagem que ajudou a financiar o comício de Trump que precedeu a invasão do Congresso americano. Aos 29 anos, Kirk é um dos agitadores políticos da extrema direita americana mais bem-sucedidos. Além de aparecer em listas dos perfis com maior capacidade de influência na disseminação de desinformação, ele arrecada dinheiro de doadores para manter as operações de suas organizações, a Turning Point USA e a Turning Point Action - a segunda é um braço político da primeira.

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Mais 135 brasileiros repatriados dos Estados Unidos chegaram neste sábado, 15, ao País. Em avião da Força Aérea Brasileira (FAB), o quarto voo com imigrantes deportados desde o começo do ano pousou em Fortaleza e depois desembarcou no aeroporto de Confins, em Belo Horizonte.

Minas Gerais costumava ser o destino dos voos com deportados dos Estados Unidos, mas o governo decidiu mudar a rota para reduzir o tempo que os brasileiros passam algemados depois que o tratamento dado aos imigrantes abriu uma crise diplomática entre Brasília e Washington. As algemas foram retiradas já na parada em Fortaleza.

De volta à Casa Branca, Donald Trump fechou o certo contra os 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos Estados Unidos e intensificou as prisões como parte da operação para deportação em massa. Estima-se que 230 mil brasileiros estão em situação irregular nos Estados Unidos. Desses, 38 mil estão sob ordem de deportação, sem possibilidade de recurso.

No primeiro voo de deportação da era Trump, as imagens de brasileiros algemados em território nacional e as denúncias de maus tratos por parte das autoridades americanas levaram o governo a pedir explicações sobre o tratamento considerado degradante.

Depois do episódio, o chefe da embaixada americana, Gabriel Escobar, pediu desculpas em reunião a portas fechadas. E autoridades dos dois países se reuniram para discutir os próximos voos com deportados.

José Maria Ferreira da Costa, um dos deportados, afirmou que a tentativa de imigrar para os Estados Unidos não valeu a pena. Ele ficou detido por quatro meses após cruzar a fronteira. "A gente nos Estados Unidos é tratado muito mal dentro da prisão. Passa muita fome, é muito maltratado. É uma situação muito desagradável para um pai de família, uma mãe de família, com suas crianças. Não desejo para ninguém", relatou no desembarque em Minas Gerais.

Em Fortaleza, os deportados receberam os primeiros atendimentos antes de seguir para Minas Gerais, origem de boa parte dos imigrantes. A operação envolve os ministérios de Direitos Humanos e Cidadania, Relações Exteriores, Justiça e Segurança Pública e Defesa, além da Polícia Federal.

De acordo com o governo brasileiro, os repatriados recebem alimentação, água, orientações para regularizar os documentos e apoio logístico para retornar a suas cidades de origem. No aeroporto de Confins, uma equipe multidisciplinar com assistentes sociais e psicólogos estava à disposição dos deportados.

Com o voo deste sábado, o total de repatriados dos Estados Unidos desde o começo do ano chega a 498, segundo informações do governo. O País tem recebido deportados com frequência desde 2018, em acordo com os EUA para reduzir o tempo que os brasileiros ficam detidos por imigração ilegal.

Dentre os deportados, dois foram presos pela Polícia Federal já na parada em Fortaleza por estarem com mandado de prisão em aberto no Brasil: um, de Rondonópolis (MT), foi condenado por homicídio e porte ilegal de arma; outro, de Contagem (MG), cometeu um roubo e havia fugido da prisão.

Uma forte tempestade atingiu várias regiões dos Estados Unidos neste fim de semana, provocando tornados, incêndios e ventos extremos. Pelo menos 17 pessoas morreram e centenas de casas foram destruídas. O Estado mais afetado foi o Missouri, onde 11 mortes foram confirmadas após tornados durante a madrugada deste sábado, 15. Em Arkansas, três pessoas morreram e 29 ficaram feridas em oito condados. No Texas, três pessoas morreram em colisões causadas por uma tempestade de poeira.

Os ventos chegaram a 130 quilômetros por hora, causando incêndios em Oklahoma, Texas, Kansas, Missouri e Novo México. Mais de 130 focos de fogo foram registrados apenas em Oklahoma, onde 300 casas foram danificadas ou destruídas. O governador Kevin Stitt afirmou que 266 mil hectares já foram queimados. Em Texas e Oklahoma, milhares de pessoas ficaram sem energia após os ventos derrubarem linhas de transmissão e tombarem caminhões em rodovias.

O Serviço Nacional de Meteorologia emitiu alertas para tornados, incêndios e nevascas. Em Estados do norte, como Minnesota e Dakota do Sul, a previsão é de nevascas com ventos de 100 quilômetros por hora e acúmulo de até 30 centímetros de neve. Fonte: Associated Press.

Os bombardeios americanos contra alvos dos rebeldes houthis no Iêmen mataram pelo menos nove civis e feriram outros nove em Sanaa, capital do país, segundo informou neste sábado, 15, Anees al-Asbahi, porta-voz do ministério da saúde controlado pelo grupo.

Imagens que circulam na internet mostram colunas de fumaça preta sobre a área do complexo do aeroporto de Sanaa, que inclui uma extensa instalação militar. Moradores relataram que pelo menos quatro ataques aéreos atingiram o bairro Eastern Geraf, no distrito de Shouab, ao norte da capital. "As explosões foram muito fortes", disse Abdallah al-Alffi, morador da região. "Foi como um terremoto."

Nasruddin Amer, vice-chefe do escritório de mídia dos houthis, afirmou que os bombardeios não vão dissuadir o grupo, que promete retaliar contra os Estados Unidos. "Sanaa continuará sendo o escudo e o apoio de Gaza e não a abandonará, não importam os desafios", acrescentou em mensagem nas redes sociais.

O presidente Donald Trump anunciou a operação enquanto passava o dia no Trump International Golf Club em West Palm Beach, Flórida. O ataque foi realizado exclusivamente pelos EUA, segundo uma autoridade americana, sem participação de Israel ou do Reino Unido, países que também já bombardearam alvos houthis no passado.

A operação ocorre poucos dias depois de os houthis anunciarem que retomariam ataques contra embarcações israelenses em águas próximas ao Iêmen, em resposta ao bloqueio de Israel a Gaza. Segundo o grupo, as ameaças valem para o Mar Vermelho, o Golfo de Áden, o Estreito de Bab el-Mandeb e o Mar Arábico.

O escritório de mídia dos houthis afirmou que os ataques americanos atingiram "um bairro residencial" no distrito de Shouab. Para os houthis, as agressões elevam seu perfil em um momento em que enfrentam problemas econômicos e intensificam a repressão aos dissidentes e trabalhadores humanitários em meio à guerra civil que há uma década desestrutura o país mais pobre do mundo árabe.

Os bombardeios acontecem duas semanas após Trump enviar uma carta aos líderes iranianos oferecendo um caminho para retomar conversas bilaterais sobre o programa nuclear do Irã. Ao mesmo tempo, o presidente americano adotou uma postura mais dura ao reinstituir a designação de "organização terrorista estrangeira" para os houthis e prometeu responsabilizar Teerã pelas ações do grupo rebelde, como parte de sua estratégia de "pressão máxima" contra o regime iraniano. Fonte: Associated Press.