Eleição na OAB busca reduzir desigualdade de gênero e raça

Política
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Uma resolução que estabeleceu paridade de gênero e política de cotas raciais nas eleições da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) já movimenta as chapas que disputarão as eleições do Conselho Federal e as seccionais da entidade. A ideia é que a nova regra diminua a sub-representação de mulheres e negros no alto escalão da ordem. Pré-candidatos criaram estratégias para poder cumprir as cotas e disputar o pleito. Só estarão aptas a participar das eleições chapas com 50% de mulheres e 30% de negros - a norma, que foi aprovada em dezembro, entrou em vigor em abril.

Conselheiro federal da OAB do Ceará e único negro no colegiado, o advogado André Costa foi o autor da proposta. "As mulheres já são mais da metade de todos os advogados inscritos na OAB", disse Costa ao Estadão. "Apesar disso, elas são a minoria em todos colegiados de direção das seccionais e do Conselho Federal".

Atualmente, a entidade tem mais de 1,2 milhão de advogados inscritos. De acordo com dados divulgados em abril pelo Conselho Federal, as mulheres pela primeira vez passaram a ser maioria. Ainda não se sabe a quantidade de negros - a OAB nacional já aprovou a realização de um censo entre advogados para levantar a porcentagem de profissionais negros em cada seccional.

Em 90 anos de história, a OAB nunca teve uma mulher ou um negro como presidentes. A atual composição do Conselho Federal da entidade conta com 18 advogadas brancas, um único negro e nenhuma advogada negra entre seus 81 conselheiros federais.

"A OAB é uma das entidades mais respeitadas do País. Espero que, no pleito da OAB, teremos a utopia concretizada", afirmou ao Estadão a advogada Simone Henrique, mestre doutora em Direitos Humanos pela USP e conselheira licenciada da OAB-SP. Ela afirma que advogadas negras já questionavam há tempos a disparidade de gênero e raça na entidade. Em 6 de março de 2020, advogados lançaram a Carta de Juristas Negras na 3ª Conferência Nacional da Mulher Advogada.

O advogado criminalista Leonardo Sica pretende disputar eleição da OAB de São Paulo. Para o pleito, ele montou dois núcleos: um de negros e outro de mulheres, para escolher os nomes que disputarão a seccional com ele. "Há mulheres na advocacia, mas a tradição é de poucas na direção. Isso é reflexo do machismo. O mundo do direito é conservador e tem tradições e hábitos antigos. É menos permeável à mudanças", afirmou Sica.

Já a chapa do atual presidente, Caio Augusto Silva Santos, diz que pretende usar contatos firmados em sua atual direção, que já incluiu, segundo ele, 38% de mulheres na composição inicial, há três anos, e abriu espaços de representatividade para negros ao longo da gestão. "Nossa chapa tem o maior número de mulheres e negros da história da OAB-SP. Já estamos praticando isso. Não tivemos dificuldade", disse.

A norma da cota vale apenas para os candidatos inscritos nas eleições, mas necessariamente levará à paridade nas direções das seccionais e nos conselhos, já que os pleitos da OAB elegem as chapas em bloco. Ou seja, quando uma chapa é eleita, todos os seus integrantes são alçados aos cargos que disputavam na seccional.

Cada conjunto de candidatos já indica quem será - em caso de vitória - presidente, vice, secretário-geral, secretário adjunto e tesoureiro. Há necessidade de citar ainda dezenas de conselheiros seccionais, conselheiros suplentes, e seis conselheiros federais (três titulares e três suplentes), além de dez integrantes da Caixa de Assistência dos Advogados.

Somando todos os postos, cada chapa de seccional em cada Estado apresenta mais de 100 nomes. A eleição para a presidência nacional é indireta: os 81 conselheiros federais que serão eleitos em novembro votarão no pleito, marcado para o início do ano que vem.

Para a conselheira seccional Ana Carolina Moreira Santos, vice-presidente da Comissão de Prerrogativas, defende uma entidade mais plural. "Nos preocupamos não só com a representatividade feminina, mas também com a presença de advogados a LGBT e também com a pluralidade étnica", afirmou.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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De mãe brasileira e pai argentino, Kira Salim (Clara Ganapol Salim) é uma das vítimas do atropelamento que deixou 11 mortos durante um festival de rua em Vancouver, no Canadá.

A vítima tinha 34 anos e há quase três anos morava na Columbia Britânica. Kira era musicista, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) em 2014, com mestrado em Intervenção Psicológica no Desenvolvimento e Educação na Universidad Europea del Atlántico Universidad Europea del Atlántico, concluído em 2021.

Desde 2024, atuava como conselheira escolar na Fraser River Middle School, na cidade de New Westminster. Anteriormente, trabalhou como professora infantil em outra escola secundária no Canadá e foi professora de música na Escola Americana do Rio de Janeiro. Kira era casada e se identificava como uma pessoa não-binária.

Nas suas redes profissionais, Kira afirmava que sua missão pessoal era "facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas e criar um ambiente diverso e equitativo".

A vítima também trabalhava com a adaptação de condições acadêmicas especiais, para estudantes neurodivergentes e estudantes com deficiências.

No Brasil, Kira fundou e cantou no bloco Marcha Nerd, com alguns amigos de faculdade da Unirio, em 2013. O bloco reúne pessoas fantasiadas de cosplay, com foliões fantasiados de personagens de animes, desenhos animados, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes.

"A ideia era tirar de casa as pessoas que frequentavam eventos de anime, cinema e levar elas para o carnaval. Juntar esses dois mundos tão distantes", afirmou Kira em uma entrevista no Youtube.

Em 2022, antes de ir para o Canadá, Kira se despediu com um vídeo publicado nas redes sociais do bloco, e compartilhou a ansiedade em morar no Canadá, principalmente pela forte presença da cultura asiática no país - uma das suas principais paixões.

Além de professora de música, Kira era compositora e pianista.

O governador de Illinois, JB Pritzker, discursou neste domingo, 27, em um evento tradicional do Partido Democrata de New Hampshire, reforçando sua projeção nacional em meio a especulações sobre uma possível candidatura presidencial em 2028. O jantar aconteceu no McIntyre-Shaheen 100 Club, onde Pritzker foi o orador principal. Trata-se de um dos principais eventos do calendário político no Estado, que realiza a primeira primária presidencial dos Estados Unidos.

De acordo com sua assessoria, Pritzker tratou da "ascensão do autoritarismo" e da necessidade de os democratas "lutarem contra isso". O bilionário herdeiro da rede Hyatt já havia chamado atenção nacional em fevereiro, ao comparar parte da retórica do presidente Donald Trump ao discurso da Alemanha nazista.

Pritzker tem feito uma série de discursos de perfil nacional, incluindo participação em um evento da Human Rights Campaign em Los Angeles e outro programado para junho em Minnesota. Ele ainda não confirmou se pretende buscar a reeleição para o governo de Illinois em 2026.

Entre os governadores democratas apontados como potenciais candidatos em 2028, Pritzker tem se posicionado de forma distinta. Gretchen Whitmer, de Michigan, buscou pontos de diálogo com Trump, enquanto Gavin Newsom, da Califórnia, lançou um podcast em que entrevista aliados do ex-presidente, como Steve Bannon.

Lou D'Allesandro, ex-senador estadual de New Hampshire e que conheceu Pritzker em Chicago anos atrás, afirmou que o governador de Illinois "tem todos os ingredientes para chegar ao topo", mas alertou que os democratas precisam reconectar-se com as bases eleitorais. Pritzker já havia sido orador em outro evento democrata em New Hampshire em 2022, o que já havia alimentado especulações sobre suas ambições nacionais.

Kira Salim (Clara Ganapol Salim), musicista brasileira de 34 anos, é uma das 11 vítimas mortas num atropelamento em um festival de rua em Vancouver, no Canadá, na madrugada deste domingo, 27 (pelo horário de Brasília). De identidade de gênero não-binária, Kira vivia no Canadá com o marido há quase três anos.

O Itamaraty confirmou ao Estadão o falecimento de uma cidadã brasileira no ataque e informou prestar todo atendimento consular aos familiares. No Brasil, parentes de Kira confirmaram sua morte à reportagem.

Natural do Rio de Janeiro e com família no Rio Grande do Sul, Kira formou-se em Licenciatura em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), em 2014.

Segundo a família, o marido de Kira não estava presente no momento do incidente e aguarda o contato das autoridades locais para dar celeridade ao processo de sepultamento. A vítima trabalhava em uma escola na cidade de New Westminster, a cerca de 26 quilômetros do centro Vancouver.

A polícia de Vancouver informou que a identificação das vítimas do acidente passa por lentidão, mas deve se normalizar nas próximas horas

No Brasil, Kira organizou e cantou no bloco Marcha Nerd, que reúne pelas ruas do Rio de Janeiro diversas pessoas fantasiadas de personagens de animes, desenhos animados, videogames, filmes e histórias em quadrinhos, ao som de aberturas e trilhas de séries, filmes e animes das décadas de 80 e 90.

Kira se despediu do bloco em julho de 2022 e, em vídeo publicado nas redes sociais, compartilhou a ansiedade em morar no Canadá.

Nas redes sociais, Kira afirmava que sua missão pessoal como profissional da educação era facilitar o desenvolvimento de jovens e comunidades marginalizadas, criando um ambiente "diverso e equitativo que valoriza diferentes forças e personalidades, oferecendo soluções personalizadas e inovadoras para apoiar os pacientes".

A polícia de Vancouver confirmou que um homem de 30 anos foi dominado pela multidão e preso em seguida. Ele permanece sob custódia. Durante coletiva, o chefe interino da polícia local, Steve Rai, afirmou que o suspeito sofre com problemas de saúde mental e tinha um histórico significativo de interações com a polícia e profissionais de saúde.

Rai em coletiva também descartou, por enquanto, que o caso tenha algum tipo de motivação terrorista e chamou o ataque de o dia mais sombrio da história da cidade. "Em nome de todos no Departamento de Polícia de Vancouver, quero expressar minhas sinceras condolências às vítimas, suas famílias e entes queridos e a todos que foram afetados por este ato de violência sem sentido e doloroso", disse em nota.

Festival homenageia chefe indígena filipino que lutou contra colonizadores

O Dia de Lapu Lapu comemora Datu Lapu-Lapu, um chefe indígena que enfrentou os colonizadores espanhóis que chegaram às Filipinas no século 16.

Os organizadores do evento em Vancouver disseram que ele "representa a alma da resistência nativa, uma força poderosa que ajudou a moldar a identidade filipina frente à colonização".

Políticos canadenses expressam solidariedade

O primeiro-ministro, Mark Carney, e outros políticos canadenses importantes publicaram mensagens expressando choque pela violência, condolências às vítimas e apoio à comunidade que celebrava sua herança cultural no festival.

"Ofereço minhas mais profundas condolências aos entes queridos dos falecidos e feridos, à comunidade filipino-canadense e a todos em Vancouver. Estamos de luto com vocês. Estamos monitorando a situação de perto e agradecemos aos nossos socorristas pela rápida ação", escreveu Carney.

"Enquanto esperamos para saber mais, nossos pensamentos estão com as vítimas e suas famílias, e com a comunidade filipina de Vancouver, que se reunia hoje para celebrar a resiliência", escreveu Jagmeet Singh, líder do Novo Partido Democrático, que havia estado no festival mais cedo naquele dia.

"Meus pensamentos estão com a comunidade filipina e todas as vítimas deste ataque sem sentido. Obrigado aos serviços de emergência que estão na cena enquanto esperamos para saber mais", escreveu Pierre Poilievre, líder do Partido Conservador.

David Eby, o primeiro-ministro da Colúmbia Britânica, a província onde Vancouver está localizada, disse que estava chocado e com o coração partido. "Estamos em contato com a cidade de Vancouver e forneceremos qualquer apoio necessário", escreveu Eby.