Bolsonaro recebe presidente do Patriota e promete dar resposta em 15 dias

Política
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Em busca de um partido para disputar novo mandato em 2022, o presidente Jair Bolsonaro recebeu nesta terça-feira, 1º, o presidente do Patriota, Adilson Barroso, no Palácio do Planalto. Barroso disse esperar "com muita honra" a filiação do chefe do Executivo e afirmou que ele se comprometeu a dar uma resposta sobre o convite em 15 dias. A conversa ocorreu um dia após o senador Flávio Bolsonaro (RJ) assinar a ficha no Patriota.

Embora nos bastidores a ida de Bolsonaro para o Patriota seja dada como praticamente certa, Barroso afirmou ao Estadão que as negociações não terminaram e o presidente ainda vai ouvir aliados. A conversa no Planalto durou cerca de 20 minutos. O dirigente disse que não entregará o comando da legenda para Bolsonaro, a quem definiu como "parceiro".

"Tenho certeza de que o presidente vai falar: 'Quero o Adilson. Ele sabe pilotar esse avião, que é o Patriota'", declarou Barroso. "Se ele pedir a presidência nacional do partido, vai pôr quem? Ele não vai querer ser. Além de tudo, ele é fiel, parceiro, não precisa tomar o partido, não. O partido é de nós todos."

Apesar das declarações de Barroso, Bolsonaro já tentou ter o controle da direção nacional do Patriota, em 2017. À época, essa condição foi justamente o motivo que emperrou a sua filiação e o fez migrar para o PSL, sigla pela qual se elegeu presidente, em 2018.

Barroso, porém, culpou o ex-ministro Gustavo Bebianno, morto em março do ano passado, pelo episódio. "Nunca foi ele (Bolsonaro) que quis me tirar da presidência nacional do partido, pois sempre confiou em mim. Foi o Bebianno que partiu para cima de tudo que é jeito porque ele queria ser presidente do partido, tanto que ele foi presidente do PSL."

Flávio se filiou nesta segunda-feira, 31, ao Patriota e indicou que seu pai, em campanha pela reeleição, seguirá o mesmo caminho. Essa possibilidade, no entanto, já provocou racha interno na sigla. Integrantes do partido entraram com ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) alegando que mudanças promovidas às pressas no estatuto da legenda tiveram como único objetivo beneficiar a família Bolsonaro.

A ação enviada ao TSE é assinada pelo vice-presidente do partido, Ovasco Resende, pelo secretário-geral, Jorcelino Braga, e outros seis integrantes da sigla. "Sabendo-se que o presidente da República Jair Bolsonaro busca acomodar diversos apoiadores e mandatários, compete à convenção nacional do Patriota decidir democraticamente se o partido terá candidatura presidencial própria em 2022 e, em caso positivo, se é vontade da maioria que o candidato seja o presidente da República e que seus apoiadores ocupem posições no Patriota", diz trecho da ação.

'Juntos'

Flávio Bolsonaro deixou, na semana passada, o Republicanos, partido ligado à Igreja Universal do Reino de Deus. O senador elogiou a legenda e disse ter certeza de que todos vão "caminhar juntos" para a campanha de 2022.

Já Bolsonaro saiu do PSL, em novembro de 2019, em meio a brigas internas. Após ter anunciado a criação do Aliança pelo Brasil, porém, o presidente não conseguiu reunir as 491.967 assinaturas necessárias para tirar a legenda do papel.

Após a briga no PSL, ele negociou a entrada em nove partidos, mas, até agora, nenhum aceitou lhe dar carta- branca. Para se filiar, o presidente exige ter influência sobre a executiva nacional e o controle dos diretórios e do caixa da legenda.

MBL reage e deve romper com sigla

Após assumir o comando do Patriota em São Paulo com "porteira fechada", em 2020, a cúpula do Movimento Brasil Livre (MBL) decidiu avaliar se era o caso de bater em retirada. Reunião que estava prevista para ontem à noite tinha como pauta definir o que fazer caso a legenda aceite abrigar a família Bolsonaro. "Não existe a possibilidade de estarmos juntos no mesmo projeto político. A entrada do Flávio (Bolsonaro) ao partido foi terrível", disse ao Estadão o deputado estadual Arthur do Val, o "Mamãe Falei", sobre a filiação do senador, anunciada anteontem.

Do Val teve 522.210 votos (9,79%) na disputa pela Prefeitura, no ano passado, e se credenciou para disputar o governo paulista no ano que vem. Por acordo firmado em fevereiro de 2020, ele e o vereador Fernando Holiday migraram do DEM para o Patriota e receberam carta-branca para montar o seu diretório municipal. O coordenador nacional do MBL, Renato Battista, assumiu a presidência do partido na capital paulista.

Tendo atuado na linha de frente do impeachment de Dilma Rousseff (PT), o MBL apoiou Bolsonaro no segundo turno em 2018, mas depois rompeu com ele. Holiday já deixou o Patriota e entrou no Novo. Segundo a Coluna do Estadão, o vereador Rubens Nunes (Patriota), que é um dos líderes do MBL, chamou de "golpe" o acerto entre o partido e Flávio.

"Eles dizem que são de direita, então por que sairiam do Patriota? Se depender de mim, eles (MBL) não sairão. Mas, se ficarem, terão de fazer campanha para o Bolsonaro", respondeu ao Estadão o presidente do Patriota, Adilson Barroso.

Novo cenário

A chega de Flávio ao partido agitou os diretórios. O senador postou mensagem no Twitter informando que foi feito o convite para que seu pai também se filiasse. Bolsonaro tem até abril para se abrigar em alguma sigla e disputar a reeleição.

A filiação de Flávio causou estranheza a Cabo Daciolo, que concorreu à Presidência pela legenda em 2018. "Bolsonaro não tem nada de patriota. Entregou a nação ao mercado estrangeiro", afirmou ele ao Estadão. E em Belo Horizonte, o vereador Gabriel Azevedo recebeu ontem comunicado dando conta de sua expulsão, por críticas feitas ao governo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, anunciou nesta segunda-feira, 28, que ofereceu apoio técnico à Espanha para lidar com a emergência de hoje no sistema energético do país. A Espanha e outros países europeus passam por um apagão desde o início do dia, e a energia elétrica ainda não foi totalmente restaurada. Em conversa com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, Zelensky destacou a experiência ucraniana em resistir a ataques à infraestrutura energética, embora as causas da interrupção ainda não tenham sido identificadas, segundo o governo espanhol.

"Ao longo dos anos de guerra e dos ataques russos contra o nosso sistema energético, a Ucrânia adquiriu uma experiência significativa em enfrentar qualquer desafio energético, incluindo os blecautes", disse Zelensky em comunicado.

O líder ucraniano ressaltou que especialistas do país estão disponíveis para colaborar com os esforços de recuperação na Espanha. "Nossos especialistas podem contribuir para os trabalhos de recuperação. Ofereci essa ajuda à Espanha", disse.

Zelensky também determinou ação imediata de seu governo: "Instruí o ministro de Energia da Ucrânia a agir com a máxima rapidez."

O Conselho de Estado da China aprovou no fim de semana o desenvolvimento de dez novos reatores nucleares no país, a um custo estimado combinado de 200 bilhões de yuans (US$ 27 bilhões). Este é o quarto ano consecutivo em que o Conselho de Estado da China aprova pelo menos dez novas unidades de reatores nucleares.

Atualmente, o país tem 30 reatores nucleares em construção, o que representa quase metade de todos os projetos nucleares em andamento no mundo.

Espera-se que a China ultrapasse os Estados Unidos como maior produtor de energia atômica até o fim desta década.

A meta do país é atingir 200 gigawatts de capacidade nuclear até 2035.

*Com informações da Dow Jones Newswires

Em resposta ao anúncio de um cessar-fogo de três dias feito pela Rússia para marcar o aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou nesta segunda-feira, 28, o Kremlin de manipulação e exigiu um fim imediato e duradouro à guerra Rússia-Ucrânia.

"Agora, mais uma vez, vemos uma nova tentativa de manipulação: por alguma razão, todos deveriam esperar até 8 de maio e apenas então cessar o fogo, para garantir silêncio para Putin durante o desfile de comemoração do fim da Segunda Guerra", afirmou Zelensky. "Nós valorizamos a vida das pessoas, não desfiles."

O líder ucraniano destacou que qualquer trégua deve ser incondicional e prolongada, não apenas simbólica. "O fogo deve ser interrompido não por alguns dias, para depois voltar a matar, mas sim de forma imediata, completa e incondicional. E por no mínimo 30 dias, para que seja garantido e confiável. Só assim será possível criar uma base para uma diplomacia real", disse.

Zelensky também denunciou novos ataques russos contra civis, mesmo diante dos apelos internacionais pelo fim da guerra. "Mais uma vez, a Rússia atacou um alvo que não tem relação com a guerra, mas com as pessoas. E isso aconteceu em meio às exigências do mundo para que a Rússia encerre esta guerra", afirmou. "Cada novo dia é uma nova e clara prova de que é necessário aumentar a pressão sobre a Rússia, pressionar de forma significativa, para que, em Moscou, sejam obrigados a pôr fim a esta guerra, uma guerra que apenas a própria Rússia quer."

O presidente ucraniano reiterou a disposição do país em buscar a paz, mas acusou a Rússia de sabotar os esforços diplomáticos. "Sempre deixamos claro que estamos prontos para trabalhar o mais rapidamente possível com todos os parceiros que possam ajudar a estabelecer a paz e garantir a segurança. A Rússia rejeita constantemente essas iniciativas, manipula o mundo e tenta enganar os Estados Unidos", afirmou.