Motocadas e viagens de Bolsonaro custaram R$ 1,67 mi só em diárias de seguranças

Política
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Atenção: matéria exclusiva publicada no portal do Estadão em 28/5/2021

As viagens do presidente Jair Bolsonaro já consumiram R$ 1,67 milhão neste ano até o dia 28 de maio, somente em diárias da equipe de segurança que o acompanha. Candidato à reeleição, Bolsonaro usou muitos compromissos agendados fora de Brasília para fazer política, como no último dia 23 de maio, um domingo, quando participou de um passeio com motociclistas, no Rio.

Do total consumido com diárias dos homens do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) - R$ 1,67 milhão -, a maior parte (R$ 1,54 milhão) foi para militares. O Estadão apurou o valor usando a ferramenta Siga Brasil, do Senado, a partir de informações do próprio GSI, órgão ligado à Presidência da República.

No Rio, o passeio de Bolsonaro com os motociclistas foi de aproximadamente 60 quilômetros, da Barra da Tijuca, na Zona Oeste da capital, até o Aterro do Flamengo, na Zona Sul. Ao final, o presidente subiu em um carro de som para discursar, acompanhado do ex-ministro da Saúde e general da ativa do Exército Eduardo Pazuello. Ambos estavam sem máscara de proteção contra coronavírus.

Antes do Rio, Bolsonaro já havia circulado de moto com apoiadores, em Brasília, no dia 9 de maio. Militares do Gabinete de Segurança Institucional ouvidos pelo Estadão disseram, sob a condição de anonimato, que os passeios de moto de Bolsonaro foram um sucesso do ponto de vista logístico e de segurança, e devem se repetir.

A próxima "motocada" de Bolsonaro poderá ser em São Paulo (SP), no dia 12 de junho. Um evento chamado "Acelera Para Cristo em Apoio ao Presidente Bolsonaro e ao Voto Impresso" foi convocado por uma associação comercial e por um grupo de pastores evangélicos. Os organizadores do ato afirmaram que Bolsonaro participará. A Secretaria de Comunicação da Presidência disse não haver confirmação da presença dele.

Em transmissão ao vivo pelas redes sociais no dia 27 de maio, Bolsonaro observou que "tem gente pedindo" novos passeios de moto. "Não marcamos nenhum ainda. Isso depende de conversar com o respectivo governador ou prefeito. Há um movimento muito forte. No próximo fim de semana, poderá ser Porto Alegre ou Belo Horizonte", destacou ele na "live".

Para o presidente, o passeio no Rio foi "uma coisa excepcional", "sem viés político", embora ele esteja em campanha pelo segundo mandato. "Não tinha nenhuma bandeira vermelha, nenhuma foice ou martelo", disse Bolsonaro sobre a manifestação daquele domingo.

Bolsonaro faz uma viagem a cada 6,7 dias

Somente neste ano Bolsonaro já fez ao menos 22 viagens para fora de Brasília, a maioria delas para compromissos oficiais, como inaugurações de obras. Nem todas, porém, constam da agenda oficial do presidente. É o caso, por exemplo, do passeio motociclístico no Rio e da viagem a Santa Catarina para o recesso de carnaval, em fevereiro.

Até agora, quase todos os deslocamentos foram dentro do Brasil: a única exceção foi a viagem à capital do Equador, Quito, na semana passada. Bolsonaro esteve no país andino para a posse do novo presidente, Guillermo Lasso. Na média, ele fez uma viagem a cada 6,7 dias.

Ao sair de Brasília o presidente é sempre acompanhado por uma extensa comitiva de segurança, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional, que é comandado pelo general da reserva do Exército Augusto Heleno Ribeiro.

Militares que trabalham com Bolsonaro avaliam que o aparato de segurança precisa ser reforçado por causa do atentado sofrido por ele quando era candidato, em 6 de setembro de 2018. Na ocasião, Bolsonaro foi atingido por uma facada desferida por Adélio Bispo de Oliveira, enquanto participava de um comício em Juiz de Fora (MG).

Em resposta ao Estadão, o GSI informou que "os gastos com a segurança presidencial estão previstos na Ação orçamentária 4693 - 'Segurança Institucional do Presidente da República e do Vice-Presidente da República, Respectivos Familiares, e Outras Autoridades'". Ao longo deste ano, a rubrica consumiu até o dia 28 R$ 4,64 milhões.

Embora pareça elevada, a despesa com diárias é apenas uma pequena parte do custo das viagens presidenciais. Entram na conta, ainda, os gastos com hospedagem da comitiva, com os voos dos aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) e com alimentação dos viajantes. Como parte destes valores é mantida sob sigilo, é impossível saber a quantia total despendida com as viagens presidenciais.

É o caso dos gastos com voos. "O GSI não dispõe dos custos operacionais das missões realizadas pelas aeronaves da FAB em apoio à Presidência da República. Tais custos encontram-se classificados no grau de sigilo RESERVADO pelo Comando da Aeronáutica (Comaer), posto que se trata de tema de acesso restrito para os planos e operações estratégicos das Forças Armadas", destacou a pasta na resposta ao Estadão.

Recentemente, os deputados federais Rubens Bueno (Cidadania-PR) e Elias Vaz (PSB-GO) levantaram informações que ajudam a ter uma ideia dos reais gastos da Presidência com viagens. Os quatro dias de recesso de Bolsonaro e convidados no carnaval deste ano, em Santa Catarina, por exemplo, custaram R$ 1,79 milhão aos cofres públicos, quando somados todos os custos.

A informação foi obtida pelos deputados por meio de um requerimento de informações direcionado ao GSI. Só com o transporte aéreo em aviões da FAB o valor consumido foi de R$ 1,01 milhão.

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O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, ordenou nesta segunda-feira, 5, a redução de 20% no número oficiais de quatro estrelas - o mais alto escalão das Forças Armadas. O corte, anunciado em memorando, dá continuidade a uma série de demissões que marcaram seus primeiros meses como chefe do Pentágono.

De acordo com o documento, Hegseth também mandou reduzir em 20% o número de generais da Guarda Nacional e em 10% o de generais e oficiais de alta patente de outras forças.

Hegseth afirma que os cortes tem como objetivo "otimizar e racionalizar a liderança por meio da redução do excesso de cargos de generais e oficiais de alta patente". E explica que será realizado em duas fases: primeiro, os oficiais de quatro estrelas e os generais da Guarda Nacional. Depois, os 10% das outras forças.

"Com essas medidas, manteremos nossa posição como a força de combate mais letal do mundo, alcançando a paz por meio da força e garantindo maior eficiência, inovação e prontidão para enfrentar qualquer desafio que esteja por vir", afirmou o chefe do Pentágono.

Atualmente, há cerca de 800 oficiais-generais nas Forças Armadas. No nível mais alto, de quatro estrelas, existem 44.

Desde o início do governo, Pete Hegseth fez uma série de demissões no alto escalão da Defesa - muitos eram mulheres e negros. A lista inclui o general Charles Brown, chefe do Estado-Maior Conjunto; a almirante Lisa Franchetti, primeira mulher a comandar a Marinha; e a vice-almirante Shoshana Chatfield, representante das Forças Armadas dos EUA no comitê militar da Otan.

Ele fez do combate ao que chama de uma agenda woke no Pentágono uma das marcas de sua gestão. Na semana passada, disse ter "orgulhosamente" cancelado um programa que incentivava mais mulheres a atuarem na área de segurança nacional.

Os democratas, por outro lado, tem expressado preocupação com a possível politização das forças armadas.

O secretário da Defesa também enfrenta críticas e pedidos de demissão após ter divulgado planos militares para o ataque ao Iêmen em grupos no aplicativo de mensagens Signal. O primeiro incluiu por engano o editor da revista The Atlantic. O segundo tinha a mulher, o irmão e o advogado pessoal de Hegseth.

O presidente Donald Trump, no entanto, tem reafirmado o seu apoio a Pete Hegseth e nega demitir o chefe do Pentágono. (Com agências internacionais).

Em mais um esforço de sua agenda de deportação em massa, o governo de Donald Trump vai oferecer um auxílio em dinheiro e pagar a viagem de volta para os imigrantes ilegais que deixarem os EUA voluntariamente.

A política, que oferece US$ 1 mil (R$ 5,6 mil) e uma passagem aérea de volta, faz parte da iniciativa do governo para persuadir imigrantes a se deportarem para ajudar o presidente a cumprir suas ambiciosas promessas de imigração.

Autoridades disseram que um imigrante de Honduras já aceitou a oferta e voou de Chicago para seu país de origem. Nas últimas semanas, o governo tem aconselhado cada vez mais imigrantes a deixarem o país antes de serem alvos das autoridades. Também adotou políticas para tornar a vida desconfortável para aqueles sem status legal, como impedir o acesso a serviços financeiros.

O dinheiro oferecido aos imigrantes que partem por conta própria será pago após a confirmação da viagem de volta por meio de um aplicativo lançado pelo governo, chamado CBP Home. Autoridades afirmam que o programa economizará recursos, evitando os gastos de prender, deter e transportar pessoas para fora do país em aviões fretados.

Promessa

"Se você está aqui ilegalmente, a deportação voluntária é a melhor, mais segura e mais econômica maneira de deixar os EUA e evitar ser preso", disse Kristi Noem, secretária de Segurança Interna, em comunicado.

O governo Trump anunciou na semana passada que havia deportado cerca de 140 mil imigrantes desde janeiro. Os números, até o momento, estão muito longe da promessa central de campanha : remover milhões de pessoas que estão ilegalmente nos EUA.

As deportações podem ser custosas e demoradas, visto que as autoridades americanas frequentemente precisam deter migrantes por um longo período, coordenar documentos de viagem e preparar voos fretados para diversos países.

Os retornos voluntários também não exigem negociações extensas entre governos para que um país aceite de volta seus cidadãos, o que pode ser um grande benefício. Há vários países que não aceitam de volta seus próprios cidadãos.

Mais barato

O custo médio para prender, deter e remover um imigrante é de US$ 17.121 (cerca de R$ 96,7 mil), segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA. A agência afirma que a "autodeportação" reduziria os encargos de uma deportação em cerca de 70%.

O governo retrata a deportação voluntária como uma forma de os migrantes preservarem sua capacidade de retornar aos EUA algum dia. No entanto, Aaron Reichlen-Melnick, membro do Conselho Americano de Imigração, que defende os imigrantes, disse que há muitos aspectos com os quais os estrangeiros devem ser cautelosos. Ele explicou que deixar o país sem defender o caso na Justiça significa desistir de pedidos de auxílio e até o de asilo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O gabinete de segurança de Israel aprovou nesta segunda-feira, 5, um plano para expandir as operações militares em Gaza, incluindo a conquista do território palestino e o deslocamento da população do norte para o sul dele. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que "chegou a hora de lançar as ações finais" contra o Hamas.

No domingo, 4, as forças armadas de Israel já haviam convocado dezenas de milhares de reservistas para ampliar a ofensiva. "A operação será intensificada para derrotar o Hamas e nos ajudar a resgatar os reféns. Não vamos desistir desse esforço, e não vamos abandonar ninguém", afirmou Netanyahu.

O plano de reocupação de Gaza foi aprovado por unanimidade no gabinete de segurança, uma estrutura que inclui Netanyahu e vários ministros. Uma fonte do governo israelense ouvida pela France-Presse confirmou que o plano inclui a ocupação do território palestino.

O plano prevê a ocupação contínua da Faixa de Gaza - até então os soldados de Israel realizavam operações militares e retornavam. Netanyahu não deu prazo para desocupar o território, o que deixa a porta aberta para uma ocupação permanente, um desejo da extrema direita israelense que sustenta a coalizão do primeiro-ministro.

Retomada

Israel vem intensificando os bombardeios aéreos e ampliando as operações terrestres na Faixa de Gaza desde que retomou a ofensiva, em 18 de março, após uma trégua que levou à troca de reféns israelenses por presos palestinos.

O governo aponta a campanha militar como o caminho para forçar o Hamas a libertar os reféns remanescentes, embora quase todos os resgatados com vida já tenham sido recuperados por meio de acordos políticos que provocaram divisão no gabinete.

Em comunicado, o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos, organização que defende o retorno dos israelenses presos no cativeiro, afirmou que o anúncio do plano significa o "sacrifício" dos reféns". "O governo reconheceu que escolhe o território em vez dos reféns, ao contrário do desejado por mais de 70% da população", diz o texto.

Comemoração

A extrema direita israelense comemorou a decisão. O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, líder do partido Sionismo Religioso, afirmou que os israelenses deveriam aceitar a palavra "ocupação" de Gaza como algo positivo. "Finalmente vamos ocupar a Faixa de Gaza. Deixaremos de ter medo da palavra 'ocupação'", disse Smotrich ao Canal 12.

David Mencer, porta-voz do governo, descreveu o plano como um esforço para aumentar a pressão sobre o Hamas, libertar os reféns e destruir toda a infraestrutura do grupo. Ele afirmou que a campanha exige a manutenção do território por tempo indeterminado. A intenção, de acordo com ele, não é uma ocupação permanente, um cenário que provocaria protestos internacionais, nem a realocação forçada de palestinos para fora do território, o que poderia ser enquadrado como limpeza étnica.

Autoridades israelenses disseram que a ofensiva começaria lentamente, esperando algum resultado da viagem do presidente dos EUA, Donald Trump, ao Oriente Médio, na semana que vem. Mas, se um acordo não for alcançado, segundo membros do governo de Israel, a operação será intensificada.

Migração

Netanyahu continua apoiando a ideia de retirar a população palestina de Gaza, segundo fontes do governo de Israel, o mesmo plano anunciado por Trump no começou do ano - de transformar o território em uma "Riviera" no Oriente Médio e enviar os civis para países vizinhos, como Egito e Jordânia. Acusado de planejar uma limpeza étnica, o governo tem adotado o termo "migração voluntária".

O gabinete de segurança também determinou que haja distribuição de ajuda humanitária em Gaza, onde os relatos sobre fome generalizada ganham força desde o início do bloqueio israelense, em 2 de março. Apesar da previsão, o governo de Israel afirma que "há comida suficiente" no território, contrariando informações de organizações humanitárias e agências da ONU.

A retenção de ajuda humanitária também poderia ser enquadrada como punição coletiva, o que seria um crime de guerra previsto nas convenções de Genebra. Em caso de ocupação formal do território, o governo israelense poderia ser responsabilizado mais facilmente, por isso a relutância em adotar o termo "ocupação".

O general Eyal Zamir, chefe do Exército, vem resistindo à pressão para assumir a distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Ontem, Trump disse que Israel e os EUA estão prontos para distribuir comida e remédio no território palestino, mas que o Hamas tem tornado a tarefa impossível.

Alertas

Nenhum carregamento de ajuda humanitária entra em Gaza há mais de 60 dias. Mesmo insumos considerados essenciais, como água, comida, medicamentos e combustível foram vetados, sob argumento de que o Hamas desvia os carregamentos e os usa em benefício próprio.

À medida que o fornecimento de água, alimentos e medicamentos diminui, doenças evitáveis aumentam. Grupos de ajuda humanitária alertam que Gaza está "à beira do colapso total". Nos últimos dias, jornalistas e autoridades de saúde palestinas publicaram fotos e vídeos de crianças doentes e esqueléticas.

A ONU afirma que 91% da população já enfrenta "insegurança alimentar", com a maioria permanecendo em níveis de "emergência" ou "catastróficos". Israel garante que o relatório contém "falhas factuais e metodológicas", algumas delas graves. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.