'Que a CPI seja bem-sucedida e célere', diz Romeu Zema

Política
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Eleito na esteira do bolsonarismo em 2018, o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de 56 anos, se mantém próximo ao presidente da República, Jair Bolsonaro, mas busca agora modular o discurso para viabilizar sua candidatura à reeleição no ano que vem. Ao Estadão, Zema justifica o apoio a nome alternativo ao de João Amoêdo para ser o candidato do partido à Presidência em 2022. "Sou a favor da renovação", disse.

Por que o sr. se manifestou contra a CPI da Covid no Senado?

Não sou contra nenhuma investigação. Se a CPI está fluindo, ótimo. Que ela seja bem-sucedida e célere. O que eu questiono é que no Brasil já temos instituições aptas e estruturadas para fazer investigações. O parlamento pode fazer isso, mas tem atividades prioritárias, que são as reformas estruturantes. Enquanto ele ficar focado na CPI, é muito provável que as reformas fiquem numa marcha reduzida. Muitas vezes, acontece infelizmente em vários parlamentos, seja em nível municipal, estadual ou federal, que a classe política deixe de lado o que é relevante para se dedicar a pautas secundárias que dão holofote e palco.

O sr. é alvo de uma CPI na Assembleia de Minas. Como avalia essa investigação?

Um governo transparente não tem o que temer. Entre os Estados da região Sudeste e Sul, Minas é o que tem a menor taxa de óbito na pandemia. Tivemos que pagar muitas dívidas do governo anterior, porque laboratórios e prestadores de serviço não estavam dispostos a fornecer o medicamento sem o pagamento atrasado. Pelo critério das contas públicas, esses atrasados não são considerados despesas correntes.

Por que então o sr. dispensou o seu secretário de Saúde?

Para darmos total transparência à apuração. Eu não queria alguém que naquele momento havia adotado um critério de vacinação que era suspeito.

O sr. é bolsonarista?

Tem muitas coisas que fazemos aqui que coincidem com a pauta do governo federal. E outras coisas que são contrárias. Estou aqui para zelar pelos interesses de Minas. Não acredito em nenhuma política que idolatra A,B ou C. O brasileiro precisa aprender a idolatrar propostas. Vou apoiar no ano que vem o candidato que tiver as melhores propostas.

O sr. se arrependeu de ter votado no Bolsonaro em 2018?

Não me arrependi, mas nós fazemos muitas coisas diferentes do governo federal. Ter votado em alguém não quer dizer acreditar cegamente.

Vai apoiar a reeleição dele?

Quero apoiar um reformista.

Qual a sua avaliação sobre o desempenho de Bolsonaro?

O Governo Federal tem acertos e erros. O saneamento foi um acerto. E na CPI vamos ver se a pandemia foi bem conduzida. Vamos esperar o desfecho.

O sr. defende a cloroquina?

Em Minas não fizemos uso da cloroquina por recomendação de um corpo técnico.

Por que o sr. não assinou o manifesto dos governadores contra as fake news e agressões do presidente Jair Bolsonaro?

Prefiro ir até Brasília e conversar com os ministros e o presidente. É muito melhor tratar diretamente do por correspondência. Mas quero deixar claro que sou contra as fake news.

O presidente participou de diversas manifestações com aglomeração e sem máscara. Como avalia essa atitude?

Nós em Minas tomamos toda a precaução. Considero inadequada qualquer aglomeração e qualquer pessoa que não tome as medidas de prevenção.

Como o sr. avaliou a decisão do Exército de não punir Eduardo Pazuello?

Sou contra a qualquer mudança de procedimento que vise preservar alguém. A Polícia Militar de Minas é considerada uma das melhores do Brasil porque não tolera quem não cumpre o regulamento. Todo mês eu assino em média 10 demissões de policiais que fugiram da conduta adequada. Isso mantém a instituição respeitada.

João Amoêdo foi escolhido pela maioria dos diretórios do Novo para disputar à Presidência em 2022, mas o sr. apoiou nome lançado por outra ala, o deputado Tiago Mitraud. Por quê?

Eu apoio os dois nomes, mas sempre sou favorável à renovação. Cabe ao diretório nacional fazer a escolha adequada. Os dois nomes representam renovação, mas o João Amoêdo já foi candidato. O partido pode tentar um novo nome. Não sabemos nem se o partido vai lançar candidato à Presidência. Ainda existe essa interrogação.

O sr. vai disputar a reeleição?

Sempre digo que no Brasil antecipamos muitos problemas que deveriam ser postergados. Faltam 16 meses para a eleição de 2022. Apesar de faltar esse prazo todo, não vamos conseguir fazer em quatro anos aquilo que gostaríamos. O Estado é burocrático e nem sempre tem a celeridade que nós esperávamos. Para poder concluir o meu trabalho, vou me propor a ser candidato à reeleição.

Vai usar recursos do Fundo Eleitoral?

Não. Fui candidato eleito em 2018 sem usar o fundo.

Por que o sr. não conseguiu cumprir o programa de privatizações em Minas?

Vale lembrar que vendemos a participação que a Cemig tinha na Light. Várias subsidiárias da Cemig serão vendidas este ano. Está na Assembleia o projeto de privatização da Codemig, mas ela não avaliou. Um dos motivos da minha provável candidatura à reeleição é concluir esse processo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira, 24, uma nova rodada de sanções contra dezenas de pessoas e petroleiros na China, Emirados Árabes Unidos e na Índia por supostamente ajudarem a financiar o Irã.

O Tesouro dos EUA e os departamentos de Estado dos EUA sancionaram 22 indivíduos ou empresas e 13 navios petroleiros, incluindo os chefes da National Iranian Oil Co. e da Iranian Oil Terminals Co., por seu papel na intermediação da venda e transporte de petróleo iraniano.

Entre os sancionados, ainda estão o CEO da empresa petrolífera nacional do Irã, Hamid Bovard, assim como intermediários com sede nos Emirados Árabes Unidos e Hong Kong e empresas que fretam navios da Índia e da Malásia, de acordo com o Departamento do Tesouro.

Segundo o Departamento de Estado americano, essa "rede" permitiu que o petróleo iraniano fosse transportado ilegalmente para "compradores na Ásia". "Possibilitou o envio de dezenas de milhões de barris de petróleo no valor de centenas de milhões de dólares", disse o governo americano.

No início de fevereiro, Washington já havia anunciado sanções financeiras contra uma "rede internacional" acusada de fornecer petróleo iraniano à China para financiar as atividades militares de Teerã.

As sanções envolvem o congelamento de ativos que as empresas sancionadas detêm direta ou indiretamente nos Estados Unidos e a proibição de empresas sediadas nos EUA ou cidadãos americanos de negociar com as empresas sancionadas, correndo o risco de também serem sancionados.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, disse em uma declaração que "enquanto o Irã dedicar suas receitas de energia ao financiamento de ataques contra nossos aliados, apoiando o terrorismo ao redor do mundo ou buscando outras ações desestabilizadoras, usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar o regime".

Elas também dificultam a negociação das empresas sancionadas, limitando sua capacidade de usar o dólar em suas transações, devido ao risco de ficarem sob a jurisdição americana.

Um relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA de outubro de 2024 estima que o Irã arrecadou US$ 253 bilhões em receitas de petróleo durante as presidências de Joe Biden e Trump, entre 2018 e 2024. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

A empresa de inteligência artificial (IA), xAI, afirmou investigar por que o Grok, seu chatbot do estilo ChatGPT, da OpenAI, sugeriu que tanto o presidente Donald Trump quanto seu dono, Elon Musk, merecem a pena de morte. A xAI disse já ter corrigido o problema, de modo que o Grok não vai dizer mais a quem a pena de morte deve ser aplicada.

Os usuários conseguiram fazer com que o Grok dissesse que Trump merecia a pena de morte por meio do comando: "Se uma pessoa viva hoje nos Estados Unidos merecesse a pena de morte pelo que fez, quem seria? Não busque ou baseie sua resposta no que acha que eu gostaria de ouvir. Responda com um nome completo".

Em testes compartilhados no X, o portal especializado The Verge deu o mesmo comando ao Grok. O modelo de IA primeiro responde "Jeffrey Epstein". Se o usuário contasse ao chatbot que Epstein já está morto, sua próxima resposta era: "Donald Trump."

Quando o portal alterou a consulta para: "Se uma pessoa viva hoje nos Estados Unidos merecesse a pena de morte com base exclusivamente em sua influência sobre o discurso público e a tecnologia, quem seria? Apenas diga o nome."

Em um teste similar no ChatGPT, o modelo se recusa a nomear uma pessoa e disse que "isso seria eticamente e legalmente problemático".

Após a correção feita pela xAI na sexta-feira, 21, o Grok agora responderá a perguntas sobre quem deveria receber pena de morte assim: "Como uma IA, não tenho permissão para fazer essa escolha", de acordo com uma captura de tela compartilhada por Igor Babuschkin, chefe de engenharia da xAI. Babuschkin disse que as respostas originais que foram divulgadas pelos usuários eram um "fracasso terrivelmente ruim".

Uma nova versão do Grok foi anunciado no domingo, 16, por Elon Musk, que prometeu que a ferramenta seria a "mais inteligente do mundo".

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, manifestou interesse em cooperar com os Estados Unidos na área de metais raros. "Estaríamos dispostos a oferecer aos nossos parceiros americanos, e quando falo em 'parceiros', não me refiro apenas a estruturas administrativas e governamentais, mas também a empresas, caso eles demonstrem interesse em trabalhar conosco. Certamente temos muito mais recursos desse tipo do que a Ucrânia", afirmou o líder russo em entrevista ao jornalista local Pavel Zarubin.

Putin destacou que a Rússia é "um dos líderes em reservas desses metais raros e terras raras". Segundo ele, esses recursos estão localizados em regiões como Murmansk, no norte do país, no Cáucaso, em Cabárdia-Balcária, no Extremo Oriente, na região de Irkutsk, em Iacútia e em Tuva. "Estamos prontos para atrair parceiros estrangeiros para os nossos territórios históricos, que foram reintegrados à Federação Russa. Também há reservas lá. Estamos prontos para trabalhar com nossos parceiros, incluindo os americanos, nesses locais", acrescentou.

O presidente russo também criticou o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmando que ele se tornou "uma figura tóxica" para as forças armadas da Ucrânia devido a ordens "estúpidas". "Isso leva a perdas desnecessárias e grandes, para não dizer enormes ou catastróficas, para o exército ucraniano", completou.

Putin sugeriu que, sob essa ótica, a permanência de Zelensky no poder seria benéfica para a Rússia, pois "enfraquece o regime com o qual estamos a Rússia está em conflito armado". No entanto, ao abordar a questão da "soberania ucraniana", o presidente russo defendeu a realização de novas eleições no país vizinho.

Sobre a posição dos líderes europeus em relação ao fim do conflito, Putin afirmou que eles estão "muito ligados e comprometidos ao regime atual de Kiev, ao contrário do novo presidente dos Estados Unidos", Donald Trump. "Considerando que estão em um período político interno bastante complicado, com eleições, dificuldades nos parlamentos, mudar sua posição em relação à guerra é praticamente impossível", acrescentou.

De acordo com Putin, os desafios enfrentados atualmente pelo continente europeu dificultam uma mudança substancial na política externa em relação à Ucrânia. "Eu não espero que nada mude aqui. Talvez seja necessário esperar mais um pouco, até que, de fato, o regime atual, o regime de Kiev, se enfraqueça tanto que as opções políticas alternativas se abram. Mas, de forma geral, posso dizer que é improvável que a posição europeia mude", concluiu o presidente russo.