Concorrentes à sucessão de Aras cobram 'ação incisiva' da PGR na pandemia

Política
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Em meio à polêmica sobre o desempenho da Procuradoria-Geral da República na era Augusto Aras, criticado por muitos pares por seu 'alinhamento' com o governo Jair Bolsonaro, a Associação Nacional dos Procuradores da República põe novamente em discussão sua lista tríplice - modelo de indicação da categoria para o posto número 1 do Ministério Público Federal ignorado em 2019 pelo presidente.

Em debate promovido pela principal entidade da classe dos procuradores na manhã desta sexta, 11, os subprocuradores-gerais da República Luiza Frischeisen, Mario Bonsaglia e Nicolao Dino, candidatos à lista, teceram críticas à atuação da cúpula do Ministério Público Federal frente à pandemia da covid-19 e fizeram ponderações sobre a posição da PGR diante de investigações que miram aliados do presidente Jair Bolsonaro, como o inquérito dos atos antidemocráticos.

O principal ponto em comum entre os três subprocuradores é a defesa da lista tríplice, que segundo eles, é uma garantia de um processo mais democrático que acaba assegurando certa independência e autonomia ao PGR. A lista da ANPR é tradicionalmente levada ao presidente da República como forma de 'sugestão', sendo que o chefe do Executivo não tem obrigação de acatar nenhum nome indicado pela classe. Há, no entanto, uma tradição de acatar os nomes escolhidos pela classe, sendo que a mesma foi 'atropelada' por Bolsonaro ao colocar Augusto Aras no topo do MPF.

Atuação do MPF com relação à pandemia

Para Nicolao Dino, a atuação do Ministério Público Federal frente à pandemia da covid-19 poderia ser 'muito mais afinada com o que a sociedade espera', com relação à investigação de ações e omissões no controle da crise sanitária. O subprocurador-geral registrou o papel fundamental da instituição em situações do gênero, o que demanda uma 'atuação mais incisiva' em sua avaliação. Dino ponderou que tal tipo de atuação foi cobrada da PGR pelo Conselho Superior do Ministério Público Federal com relação à crise de falta de oxigênio no Amazonas, que deixou mortos por asfixia no Estado.

O subprocurador ainda diz que a cúpula do MPF foi questionada com relação ao ofício que Augusto Aras encaminhou ao então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, requisitando a abertura de inquérito epidemiológico e sanitário para apurar causas e responsabilidades pelo colapso no sistema de saúde de Manaus.

A subprocuradora Luiza Frischeisen também ressaltou que o inquérito sobre a responsabilidade de Pazuello sobre a crise em Manaus só foi solicitado pelo PGR após a cobrança do Conselho Superior do MPF. Segundo ela, há uma falta de conexão entre o Procurador-Geral da República e as atuações dos integrantes do MPF em primeiro grau. "O Ministério Público é um órgão de fiscalização e é isso que a sociedade espera", registrou.

O subprocurador Mario Bonsaglia também ressaltou a ausência de uma desejável sintonia entre a cúpula do MPF e os demais órgãos ministeriais. Ele chegou a citar episódio de gerou 'revolta' por parte dos integrantes do MP relacionado ao recolhimento de recomendações encaminhadas a ministros e integrantes do governo Bolsonaro pelos procuradores.

Arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos

Questionados sobre o polêmico pedido de arquivamento do inquérito dos atos antidemocráticos e a não consulta à PGR sobre a operação que fez buscas contra o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, os subprocuradores classificaram as dinâmicas como um sinal de que 'algo não vai bem'.

Nicolau Dino apontou a perda do protagonismo do Procurador-Geral da República em relação àquilo que é mais caro a seu cargo, o papel de acusador. Já Luiza ponderou que as situações são 'um sintoma grave' e ainda fez críticas à argumentação utilizada para arquivar o inquérito dos atos antidemocráticos - o de que a Polícia Federal não teria feito as diligências necessárias. Ela frisou que cabe ao Ministério Público o exercício do controle externo da atividade policial.

Já Bonsalia defendeu a possível criação de um mecanismo de revisão da manifestação do PGR, quando houver parecer de arquivamento, mas pelo próprio Ministério Público. Segundo ele, um projeto de lei poderia determinar algo do gênero, estabelecendo a possibilidade de revisão de um parecer pelo Conselho Superior do MPF, órgão colegiado.

Em outra categoria

Donald Trump disse nesta sexta-feira, 14, ter tido uma conversa "produtiva" com o presidente russo, Vladimir Putin, a quem fez um estranho pedido: poupar a vida dos soldados ucranianos cercados na região russa de Kursk. "Pedi que ele poupasse a vida deles", escreveu Trump nas redes sociais. Imediatamente, Putin acrescentou mais um item à sua lista de exigências para aceitar uma trégua: que as tropas da Ucrânia que ocupam parte da Rússia se rendessem.

O único problema dessa troca amistosa de gentilezas é que analistas independentes e militares ucranianos não sabem sobre o que eles estão falando, já que não há tropas cercadas em Kursk - embora as forças russas estejam avançando e retomando parte do território ocupado em uma ofensiva ucraniana, lançada no ano passado.

Michael Kofman, analista militar do centro de estudos Carnegie Endowment, descreveu as ameaças às tropas ucranianas como "ficção". Até mesmo os blogueiros militares russos lançaram dúvidas sobre a alegação, dizendo que "não há sinais de um cerco visível".

Putin, no entanto, insistiu na ideia. "Para que o pedido de Trump seja efetivamente implementado, os líderes da Ucrânia precisavam ordenar que suas unidades militares deponham as armas e se rendam em Kursk", disse Putin, em discurso televisionado.

Lista

Além da rendição dos ucranianos em Kursk, o Kremlin informou ontem que Putin entregou uma série de mensagens ao enviado especial de Trump, Steve Witkoff, para serem transmitidas ao presidente dos EUA. Witkoff se reuniu com Putin em Moscou, na quinta-feira, para apresentar oficialmente a proposta de cessar-fogo na Ucrânia.

O próximo passo, segundo o Kremlin, seria uma nova conversa entre Putin e Trump, o que europeus e ucranianos apontam como uma manobra da Rússia para prolongar a campanha militar e ganhar mais território da Ucrânia antes de negociar um acordo de paz.

"Putin transmitiu por meio de Witkoff informações e indicações complementares, dirigidas ao presidente Trump", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. "Quando ele entregar todas as informações a Trump, determinaremos o momento para uma conversa entre os dois presidentes."

Estratégia

A posição reticente de Moscou em aceitar o cessar-fogo de 30 dias mostra a falta de urgência de Moscou em interromper a guerra. Embora o Kremlin afirme que Putin "concorde" e seja "solidário" com a proposta de Trump, ele exige o cumprimento de certas precondições, incluindo a devolução de Kursk e a definição sobre quem supervisionará o cessar-fogo.

Tudo isso engrossa uma lista com outras exigências: o veto à entrada da Ucrânia na Otan, a desmilitarização e a neutralidade do país e o reconhecimento da soberania russa sobre as regiões ucranianas ocupadas durante o conflito.

A falta de um sinal verde imediato de Putin à proposta americana provocou reações. O chanceler da Ucrânia, Andrii Sybiha, afirmou que as declarações da Rússia sobre o plano de cessar-fogo mostram que o Kremlin "deseja continuar a guerra". O presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, afirmou ontem que as exigências russas apenas "complicam e arrastam o processo".

"A Rússia é a única parte que quer que a guerra continue e as negociações sejam interrompidas", disse Zelenski. "Putin não acabará com a guerra por conta própria. Mas a força dos EUA é suficiente para que isso aconteça."

Conquista

Outra explicação para a falta de interesse de Putin no cessar-fogo pode estar nos relatórios confidenciais da inteligência dos EUA analisados e divulgados ontem pelo Washington Post. Os documentos mostram que a Rússia não desistiu de seu objetivo maximalista de dominar totalmente a Ucrânia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre Rússia e Venezuela foi "totalmente acordado" e está pronto para ser assinado. A declaração foi feita durante uma videoconferência com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em comemoração aos 80 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

"Estou satisfeito em anunciar que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre nossos países foi totalmente acordado", afirmou Putin. Segundo o líder russo, o pacto "criará uma base sólida para a expansão de nossos laços multifacetados a longo prazo" e poderá ser formalizado durante uma visita de Maduro à Rússia, em data ainda a ser definida.

Putin também convidou Maduro para as celebrações do 80º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, em 9 de maio, em Moscou. O presidente russo destacou que a Venezuela apoiou a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, fornecendo combustíveis e outros materiais essenciais para o esforço de guerra.

Além disso, Putin ressaltou a convergência de posições entre os dois países em temas internacionais. "Juntos, nos opomos a qualquer manifestação de neonazismo e neocolonialismo. Agradecemos que a Venezuela apoie as iniciativas russas relevantes em fóruns multilaterais", afirmou. Ele acrescentou que ambos os países buscam "construir uma ordem mundial mais justa" e promover "a igualdade soberana dos Estados e a cooperação mutuamente benéfica sem interferência externa".

O presidente russo reafirmou ainda o compromisso de Moscou com Caracas. "A Rússia fará e continuará fazendo tudo o que for possível para tornar nossos esforços conjuntos nas esferas comercial, econômica, científica, técnica, cultural e humanitária ainda mais próximos e abrangentes", declarou.

Um grupo de democratas, liderado pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, ajudou os republicanos para que projeto de lei para financiar o governo até setembro avançasse, evitando uma paralisação, mas deixando os democratas desanimados e profundamente divididos sobre como resistir à agenda agressiva do presidente Trump.

O parlamentar de Nova York e outros nove membros da bancada democrata romperam com a maioria de seu partido em uma votação processual para uma medida de financiamento de US$ 1,7 trilhão, levando a um placar de 62 a 38, acima do limite necessário de 60 votos para que um projeto de lei passe pelo Senado. Um republicano, o senador Rand Paul de Kentucky, votou não. Uma votação final é esperada para o final do dia.

Na votação final subsequente que exigiu apenas uma maioria simples, o Senado aprovou o projeto de lei por 54-46, em grande parte de acordo com as linhas partidárias. Agora, ele segue para sanção do presidente Donald Trump.

O resultado no Senado, onde os republicanos têm uma maioria de 53-47, ressaltou o quão pouco poder os democratas têm para resistir aos planos de Trump e alimentou a crescente frustração nas fileiras do partido sobre sua diretriz e liderança. Em seus primeiros 50 dias de mandato, Trump se moveu para cortar drasticamente a força de trabalho federal e controlar a ajuda externa, ao mesmo tempo em que preparava o cenário para um pacote de cortes de impostos, reduções de gastos e gastos maiores com defesa da fronteira.

Schumer, que enfrentou duras críticas de seu próprio partido ao longo do dia, disse que o projeto de lei do Partido Republicano era a melhor de duas escolhas ruins. Ele argumentou que bloquear a medida e arriscar uma paralisação teria permitido que Trump e o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), comandado por Elon Musk, acelerassem a reestruturação de agências federais, citando o poder da administração durante um gap de financiamento para determinar quais funcionários e serviços são essenciais ou não essenciais.