'Preço do apoio político subiu', diz economista Marcos Mendes

Política
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A emenda de relator, oficializada agora como instrumento para parlamentares direcionarem recursos a suas bases eleitorais, é um sintoma da deterioração do sistema político-eleitoral, afirmou o economista Marcos Mendes, pesquisador do Insper e ex-chefe da Assessoria Especial do Ministério da Fazenda.

Para ele, a definição da destinação dos recursos neste formato é uma forma de o Congresso demarcar território no Orçamento, por causa da "incompetência" do Planalto na articulação política. "Vai ser difícil o governo se desvencilhar da emenda de relator", disse Mendes ao Estadão/Broadcast. "O preço subiu."

Como o sr. vê as emendas de relator no Orçamento? O governo vai conseguir se desvencilhar em algum momento?

Vai ser difícil se desvencilhar da emenda de relator. Ela é um sintoma de uma deterioração do nosso sistema político-eleitoral. Uma das formas para ter maioria no Congresso foi formar o governo de coalizão, trazer uma quantidade de partidos que garanta a maioria do Congresso para dentro do governo. Isso significa distribuir ministérios, cargos. Outra é usar emendas parlamentares como instrumento de trazer apoio adicional de parlamentares para agendas do governo. Quando você não faz um governo de coalizão, fica mais difícil ter maioria. O Congresso resiste mais, e passa a usar o Orçamento como um instrumento para ganhar poder, já que não tem acesso aos cargos, a ministérios, a influenciar na política. Ele vai tentar via Orçamento, e isso está acontecendo por meio da emenda de relator.

Por quê?

Ao longo dos anos, foi havendo uma fragmentação partidária. Hoje tem que juntar quase uma dezena de partidos para ter maioria. Então, cada vez mais essas emendas parlamentares vão substituindo, de forma imperfeita, a formação de coalizão. O Congresso vai ganhando espaço, e os interesses pulverizados vão ganhando espaço. Então, cada vez menos o Orçamento representa uma decisão coletiva, de determinar obras com impacto estrutural relevante, as prioridades do País, e vai sendo fragmentado, pulverizado naqueles interesses particulares. Aí a gente sabe que o espaço para corrupção aumenta, o espaço para ineficiência aumenta. É isso que está acontecendo.

Qual é o risco disso?

Em primeiro lugar, a qualidade do gasto público cai tremendamente, diminui a produtividade da economia e o potencial de crescimento. Se você distribui tratores comprados a um custo mais alto, você desperdiçou recurso que poderia estar sendo usado na formação de uma criança na escola, ou para ampliar a vacinação. Outro problema é que esse sistema vai crescendo. Cada vez você precisa de mais dinheiro para formar maioria. Dado que o governo Dilma e o governo Bolsonaro optaram por não fazer um governo de coalizão, o Congresso foi mudando as regras do jogo, para se apropriar do Orçamento. Foi tornando emendas obrigatórias, diminuindo o potencial de fiscalização, e agora recriou a emenda de relator, que já existia na época dos Anões do Orçamento. Antes, bastava executar as emendas individuais e você já tinha uma moeda de troca para formar maioria no Congresso. Agora essa moeda de troca não existe mais. Vai ficando cada vez mais caro.

Na PEC Emergencial, houve acordo de R$ 16,5 bi em novas emendas, além das obrigatórias, para que fosse aprovada. Outros governos operavam com antecipação de emendas que já existiam. Chamou a atenção o valor?

O preço subiu. O que me chama atenção é que foi um preço altíssimo para aprovar uma PEC de baixíssima eficácia. A PEC Emergencial não trouxe nenhuma grande novidade em termos de fortalecimento das regras fiscais.

O presidente se aproximou do Centrão e passou a ceder cargos. Isso alivia a pressão por domínio sobre o Orçamento?

Não, porque um governo de coalizão requer, em primeiro lugar, uma articulação política hábil. A equipe de negociação política do presidente mostrou uma incapacidade de articulação, é uma atuação descoordenada, sem prioridades. O segundo quesito é dividir o poder, ter nos cargos ministeriais pessoas que representem os partidos. Quando os partidos não têm claramente o poder de indicar as pessoas aos cargos, aí eles passam a atuar de outra forma, que é influenciando no Orçamento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Em mais um esforço de sua agenda de deportação em massa, o governo de Donald Trump vai oferecer um auxílio em dinheiro e pagar a viagem de volta para os imigrantes ilegais que deixarem os EUA voluntariamente.

A política, que oferece US$ 1 mil (R$ 5,6 mil) e uma passagem aérea de volta, faz parte da iniciativa do governo para persuadir imigrantes a se deportarem para ajudar o presidente a cumprir suas ambiciosas promessas de imigração.

Autoridades disseram que um imigrante de Honduras já aceitou a oferta e voou de Chicago para seu país de origem. Nas últimas semanas, o governo tem aconselhado cada vez mais imigrantes a deixarem o país antes de serem alvos das autoridades. Também adotou políticas para tornar a vida desconfortável para aqueles sem status legal, como impedir o acesso a serviços financeiros.

O dinheiro oferecido aos imigrantes que partem por conta própria será pago após a confirmação da viagem de volta por meio de um aplicativo lançado pelo governo, chamado CBP Home. Autoridades afirmam que o programa economizará recursos, evitando os gastos de prender, deter e transportar pessoas para fora do país em aviões fretados.

Promessa

"Se você está aqui ilegalmente, a deportação voluntária é a melhor, mais segura e mais econômica maneira de deixar os EUA e evitar ser preso", disse Kristi Noem, secretária de Segurança Interna, em comunicado.

O governo Trump anunciou na semana passada que havia deportado cerca de 140 mil imigrantes desde janeiro. Os números, até o momento, estão muito longe da promessa central de campanha : remover milhões de pessoas que estão ilegalmente nos EUA.

As deportações podem ser custosas e demoradas, visto que as autoridades americanas frequentemente precisam deter migrantes por um longo período, coordenar documentos de viagem e preparar voos fretados para diversos países.

Os retornos voluntários também não exigem negociações extensas entre governos para que um país aceite de volta seus cidadãos, o que pode ser um grande benefício. Há vários países que não aceitam de volta seus próprios cidadãos.

Mais barato

O custo médio para prender, deter e remover um imigrante é de US$ 17.121 (cerca de R$ 96,7 mil), segundo o Departamento de Segurança Interna dos EUA. A agência afirma que a "autodeportação" reduziria os encargos de uma deportação em cerca de 70%.

O governo retrata a deportação voluntária como uma forma de os migrantes preservarem sua capacidade de retornar aos EUA algum dia. No entanto, Aaron Reichlen-Melnick, membro do Conselho Americano de Imigração, que defende os imigrantes, disse que há muitos aspectos com os quais os estrangeiros devem ser cautelosos. Ele explicou que deixar o país sem defender o caso na Justiça significa desistir de pedidos de auxílio e até o de asilo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O gabinete de segurança de Israel aprovou nesta segunda-feira, 5, um plano para expandir as operações militares em Gaza, incluindo a conquista do território palestino e o deslocamento da população do norte para o sul dele. O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, disse que "chegou a hora de lançar as ações finais" contra o Hamas.

No domingo, 4, as forças armadas de Israel já haviam convocado dezenas de milhares de reservistas para ampliar a ofensiva. "A operação será intensificada para derrotar o Hamas e nos ajudar a resgatar os reféns. Não vamos desistir desse esforço, e não vamos abandonar ninguém", afirmou Netanyahu.

O plano de reocupação de Gaza foi aprovado por unanimidade no gabinete de segurança, uma estrutura que inclui Netanyahu e vários ministros. Uma fonte do governo israelense ouvida pela France-Presse confirmou que o plano inclui a ocupação do território palestino.

O plano prevê a ocupação contínua da Faixa de Gaza - até então os soldados de Israel realizavam operações militares e retornavam. Netanyahu não deu prazo para desocupar o território, o que deixa a porta aberta para uma ocupação permanente, um desejo da extrema direita israelense que sustenta a coalizão do primeiro-ministro.

Retomada

Israel vem intensificando os bombardeios aéreos e ampliando as operações terrestres na Faixa de Gaza desde que retomou a ofensiva, em 18 de março, após uma trégua que levou à troca de reféns israelenses por presos palestinos.

O governo aponta a campanha militar como o caminho para forçar o Hamas a libertar os reféns remanescentes, embora quase todos os resgatados com vida já tenham sido recuperados por meio de acordos políticos que provocaram divisão no gabinete.

Em comunicado, o Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos, organização que defende o retorno dos israelenses presos no cativeiro, afirmou que o anúncio do plano significa o "sacrifício" dos reféns". "O governo reconheceu que escolhe o território em vez dos reféns, ao contrário do desejado por mais de 70% da população", diz o texto.

Comemoração

A extrema direita israelense comemorou a decisão. O ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, líder do partido Sionismo Religioso, afirmou que os israelenses deveriam aceitar a palavra "ocupação" de Gaza como algo positivo. "Finalmente vamos ocupar a Faixa de Gaza. Deixaremos de ter medo da palavra 'ocupação'", disse Smotrich ao Canal 12.

David Mencer, porta-voz do governo, descreveu o plano como um esforço para aumentar a pressão sobre o Hamas, libertar os reféns e destruir toda a infraestrutura do grupo. Ele afirmou que a campanha exige a manutenção do território por tempo indeterminado. A intenção, de acordo com ele, não é uma ocupação permanente, um cenário que provocaria protestos internacionais, nem a realocação forçada de palestinos para fora do território, o que poderia ser enquadrado como limpeza étnica.

Autoridades israelenses disseram que a ofensiva começaria lentamente, esperando algum resultado da viagem do presidente dos EUA, Donald Trump, ao Oriente Médio, na semana que vem. Mas, se um acordo não for alcançado, segundo membros do governo de Israel, a operação será intensificada.

Migração

Netanyahu continua apoiando a ideia de retirar a população palestina de Gaza, segundo fontes do governo de Israel, o mesmo plano anunciado por Trump no começou do ano - de transformar o território em uma "Riviera" no Oriente Médio e enviar os civis para países vizinhos, como Egito e Jordânia. Acusado de planejar uma limpeza étnica, o governo tem adotado o termo "migração voluntária".

O gabinete de segurança também determinou que haja distribuição de ajuda humanitária em Gaza, onde os relatos sobre fome generalizada ganham força desde o início do bloqueio israelense, em 2 de março. Apesar da previsão, o governo de Israel afirma que "há comida suficiente" no território, contrariando informações de organizações humanitárias e agências da ONU.

A retenção de ajuda humanitária também poderia ser enquadrada como punição coletiva, o que seria um crime de guerra previsto nas convenções de Genebra. Em caso de ocupação formal do território, o governo israelense poderia ser responsabilizado mais facilmente, por isso a relutância em adotar o termo "ocupação".

O general Eyal Zamir, chefe do Exército, vem resistindo à pressão para assumir a distribuição de ajuda humanitária em Gaza. Ontem, Trump disse que Israel e os EUA estão prontos para distribuir comida e remédio no território palestino, mas que o Hamas tem tornado a tarefa impossível.

Alertas

Nenhum carregamento de ajuda humanitária entra em Gaza há mais de 60 dias. Mesmo insumos considerados essenciais, como água, comida, medicamentos e combustível foram vetados, sob argumento de que o Hamas desvia os carregamentos e os usa em benefício próprio.

À medida que o fornecimento de água, alimentos e medicamentos diminui, doenças evitáveis aumentam. Grupos de ajuda humanitária alertam que Gaza está "à beira do colapso total". Nos últimos dias, jornalistas e autoridades de saúde palestinas publicaram fotos e vídeos de crianças doentes e esqueléticas.

A ONU afirma que 91% da população já enfrenta "insegurança alimentar", com a maioria permanecendo em níveis de "emergência" ou "catastróficos". Israel garante que o relatório contém "falhas factuais e metodológicas", algumas delas graves. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O líder conservador Friedrich Merz não conseguiu ser eleito o 10º chanceler da Alemanha desde a Segunda Guerra Mundial na primeira rodada de votação realizada no Parlamento alemão nesta terça-feira, 6. Merz, do partido União Democrata-Cristã (CDU, pela sigla em alemão), recebeu seis votos a menos que o mínimo necessário para se tornar o novo chanceler do país, frustrando expectativas de uma votação bem-sucedida.

Merz precisava de 316 de um total de 630 votos. Ele recebeu apenas 310 votos. Os partidos alemães deverão agora se reagrupar para discutir o próximo passo, mas ainda não há clareza de quanto tempo o processo poderá levar.

A câmara baixa do Parlamento, conhecida como Bundestag, tem 14 dias para eleger um candidato por maioria absoluta. Em caso de novo fracasso, a Constituição permite que o presidente alemão nomeie o candidato que obtiver mais votos para chanceler ou dissolva o Bundestag e convoque uma nova eleição nacional. Fonte: Associated Press.