Às vésperas da filiação de Bolsonaro, Patriota afasta presidente do partido

Política
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Uma convenção nacional do Patriota decidiu nesta quinta-feira, 24, afastar por 90 dias Adilson Barroso da presidência do partido. A convenção foi convocada pelo vice-presidente da sigla, Ovasco Resende, que agora assume o comando de forma interina. A mudança ocorre no momento em que o presidente Jair Bolsonaro negocia a filiação à legenda.

Barroso é a favor da entrada de Bolsonaro no partido e Resende, contra. Antes do novo conflito, aliados do presidente haviam dito que ele planejava se filiar no Patriota até o fim deste mês. "Adilson Barroso foi afastado por 90 dias, podendo haver prorrogação justificada de mais 90 dias. Nosso quórum (participação mínima para reunião ter validade) é legítimo", disse o presidente interino do Patriota ao Estadão.

Barroso afirmou, porém, que a convenção não tem efeito. Disse que, como presidente do partido, já determinara a nulidade da reunião logo que foi publicado o edital de convocação no Diário Oficial da União, na semana passada. "Não tem fundamento. Então, não necessita nem mesmo a gente entrar na Justiça", reagiu Barroso. "A reunião deles, além de não ter fundamento jurídico e estatutário nenhum, ainda faz um ato de expulsão. É como se um funcionário de uma empresa juntasse cinco ou seis e fizesse uma expulsão de outro funcionário, sem o patrão querer, nem nada".

A articulação de Bolsonaro para se filiar ao Patriota e controlar diretórios estratégicos deflagrou uma guerra entre correligionários. Barroso, por exemplo, já promoveu duas convenções com o objetivo de abrir caminho para a filiação de Bolsonaro, mas uma ala contesta a validade dos encontros.

A convenção desta quinta-feira é a terceira em menos de um mês. Resende disse ao Estadão que Bolsonaro está exigindo o comando dos diretórios do Patriota em São Paulo, Rio e Minas Gerais, os três maiores colégios eleitorais do País.

Desde que deixou o PSL, em novembro de 2019, o presidente procura uma sigla para abrigar sua candidatura a um novo mandato, em 2022. Tentou montar o Aliança pelo Brasil, mas a empreitada não deu certo.

Meio caminho

Apesar da disputa no Patriota, Bolsonaro ainda parece disposto a se filiar ao partido. Recentemente, ele disse a apoiadores, recentemente, que está "quase tudo certo". No último dia 16, o presidente se reuniu no Palácio da Alvorada com deputados do seu grupo no PSL e afirmou que estava "a meio caminho andado" da filiação.

Filho mais velho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (RJ) foi o primeiro a se filiar ao Patriota, que vive uma briga interna sem fim. Egresso do antigo PRP, o presidente interino do partido classificou o processo para filiar Bolsonaro à legenda como desrespeitoso.

"Sou dirigente partidário e hoje estou sendo tratado como um convidado. É falta de respeito e de verdade", disse Resende ao Estadão.

Na última convenção do Patriota, realizada no dia 14 sob a presidência de Barroso, Flávio externou a preocupação do presidente sobre a disputa no partido. Disse que Bolsonaro não iria "cortar a cabeça de ninguém", mas precisava de "segurança jurídica" para se filiar.

Barroso nega irregularidades apontadas pelo grupo de Resende, como mudanças no estatuto sem quórum qualificado e desligamento compulsório de dirigentes. Na prática, Barroso pretendia fazer uma intervenção para mudar o comando de diretórios estaduais, com o objetivo de abrigar o grupo político de Bolsonaro. "É uma benção, um grande milagre termos o presidente no partido, mas eles não entendem isso", insistiu.

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O Exército dos EUA confirmou nesta sexta-feira, 2, que haverá um desfile militar no aniversário do presidente Donald Trump em junho, como parte das comemorações do 250º aniversário do serviço.

Os planos para o desfile, conforme detalhado pela primeira vez pela The Associated Press na quinta-feira, preveem que cerca de 6.600 soldados marchem de Arlington, Virgínia, até o National Mall, juntamente com 150 veículos e 50 helicópteros. Até recentemente, os planos do festival de aniversário do Exército não incluíam um desfile maciço, que, segundo as autoridades, custará dezenas de milhões de dólares.

Trump há muito tempo deseja um desfile militar, e as discussões com o Pentágono sobre sua realização - em conjunto com o aniversário presidencial - começaram há menos de dois meses.

O desfile ocorre no momento em que o republicano e seu Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), dirigido por Elon Musk, cortaram departamentos, pessoal e programas do governo federal para economizar custos.

Na tarde de hoje, as autoridades do Exército comentaram que prosseguirão com o desfile, mas que ainda não há uma estimativa de custo.

Os habitantes de Cingapura irão às urnas neste sábado, 3, em uma eleição geral que deve manter no poder o Partido de Ação Popular (PAP), que governa a cidade-estado há décadas, e que é observada de perto como um termômetro da confiança pública na liderança do primeiro-ministro, Lawrence Wong, que assumiu o cargo no ano passado. Ele espera obter um mandato mais forte.

"Se o PAP tiver um mandato enfraquecido, é certo que haverá quem tente nos pressionar. Será mais difícil defender os interesses de Cingapura. Mas, com um mandato claro de vocês, minha equipe e eu poderemos representar o país com confiança", disse Wong nesta semana.

Esta é a primeira eleição sob a liderança de Wong desde que ele sucedeu Lee Hsien Loong, que deixou o cargo no ano passado após duas décadas no comando da cidade-Estado.

Conhecido por seu governo limpo e eficaz, o PAP é visto como símbolo de estabilidade e prosperidade. Embora uma vitória esteja praticamente garantida, o apoio ao partido tem diminuído devido ao descontentamento com o controle estatal e o alto custo de vida. A crescente desigualdade de renda, a dificuldade de acesso a moradias, a superlotação causada pela imigração e as restrições à liberdade de expressão também desgastaram a popularidade do partido.

A oposição admite que não pode derrotar o PAP, mas pede aos eleitores uma representação mais forte no Parlamento.

O Escritório Federal para a Proteção da Constituição, serviço de inteligência nacional alemão, informou nesta sexta-feira, 2, que classificou o partido Alternativa para a Alemanha (AfD), o segundo mais votado nas eleições nacionais de fevereiro, como uma organização "extremista de direita", o que coloca suas atividades sob uma vigilância mais ampla e rigorosa.

Segundo a agência, o partido é como uma ameaça à ordem democrática do país e "desrespeita a dignidade humana" - em particular pelo que chamou de "agitação contínua" contra refugiados e migrantes. A decisão da Alemanha, porém, corre o risco de alimentar as alegações de perseguição política do partido.

Os líderes do partido, Alice Weidel e Tino Chrupalla, classificaram a medida como "um duro golpe para a democracia alemã" e disseram que a classificação teve motivação política, o que o governo nega. "A AfD continuará a se defender legalmente contra essas difamações que colocam a democracia em risco", afirmaram Weidel e Chrupalla.