Não há 'nenhum risco' de que não ocorram eleições em 2022, afirma Doria

Política
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O governador de São Paulo (PSDB), João Doria, viajou neste sábado, 10, para Campo Grande e a Goiânia para começar sua campanha por votos nas prévias do PSDB. O partido vai definir em novembro o candidato para disputar as eleições presidenciais de 2022. Aos colegas de legenda, criticou os ataques do presidente Jair Bolsonaro ao processo eleitoral e ao presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso.

O tucano disse que não há "nenhum risco" de não ocorrer eleições no ano que vem. "Num país democrático, que respeita a Constituição, e com um povo mobilizado em defesa à democracia e respeito aos Poderes, não vejo nenhum campo para não termos eleições", disse. "Esse espírito autoritário do atual presidente não tem amparo na população brasileira. E a maioria dos governadores querem eleições no ano que vem, pelo voto eletrônico".

Dividindo o palanque com o governador do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, Doria procurou se colocar como uma alternativa ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a Bolsonaro. De acordo com a pesquisa Ipec mais recente, o petista tem 49% das intenções de voto e venceria no primeiro turno. O atual presidente tem 23%. Doria aparece empatado tecnicamente com o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). O pedetista tem a preferência de 7% dos entrevistados, ante 5% do tucano.

Pesquisa Datafolha divulgada esta semana indicou cenário semelhante. Doria comentou que o levantamento é "um retrato do momento". "Nos estimula, nos motiva, mas nos mantém num campo de humildade e na certeza de que precisamos trabalhar muito", declarou. "E, principalmente, é preciso respeitar o processo eleitoral interno do PSDB".

Durante o evento do partido em Campo Grande, o governador Azambuja chamou Doria de "pai da vacina". Ele criticou ainda a atuação do governo federal diante da pandemia. "Poderíamos ter um resultado muito melhor se tivéssemos um País unido. E não esses ataques (de Bolsonaro aos governadores)", completou.

À tarde, Doria seguiu para Goiânia, onde participou de um segundo encontro com correligionários. Lá, discursou ao lado do ex-governador e aliado Marconi Perillo e buscou novamente se contrapor a Lula e a Bolsonaro. O diretório estadual paulista do partido pagou R$ 25 mil pelo aluguel de uma aeronave para fazer as viagens. O governador retornou a São Paulo ainda na noite de sábado.

Além de Doria, são cotados para concorrer às prévias tucanas o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, o senador cearense Tasso Jereissati e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. O paulista deve fazer uma campanha mais intensa que os adversários, e planeja visitar duas capitais por fim de semana.

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O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".

A comitiva de autoridades que acompanhará o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na viagem à Rússia contará com a participação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e do vice-presidente da Câmara Elmar Nascimento (União-BA). Além disso, também contará com os ministros das Relações Exteriores, Mauro Vieira, de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, e o assessor-chefe da Assessoria Especial, embaixador Mauro Vieira, de acordo com lista divulgada pelo Palácio do Planalto.

Esta será a terceira viagem feita por Lula da qual Alcolumbre participará. Os dois já estiveram juntos na comitiva que viajou ao Japão, em março, e à Itália para o velório do papa Francisco, em abril.

O início da viagem está previsto para esta terça-feira, 6, à noite, quando Lula partirá de Brasília às 22h rumo a Casablanca. A chegada do chefe do Executivo brasileiro à Rússia é esperada para quarta-feira, 7.

No país, o petista participará da celebração dos 80 anos do "Dia da Vitória", quando os russos celebram a vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na segunda guerra mundial. Ainda, terá encontros bilaterais com o presidente Vladimir Putin e com o primeiro-ministro da Eslováquia, Robert Fico.

Na reunião com Putin, Lula deve fazer uma menção à questão da necessidade de reequilibrar a balança comercial entre Brasil e Rússia. "Nós importamos dois produtos que são fundamentais, fertilizantes são fundamentais até para o nosso setor exportador, e diesel também, mas nós queremos ampliar as nossas exportações para a Rússia", disse o secretário de Ásia e Pacífico, embaixador Eduardo Paes Saboia.

O ministro da Defesa do Paquistão, Khawaja Asif, alertou nesta terça-feira, 6, para um possível conflito "inevitável" com a Índia, motivado pela disputa por recursos hídricos e por um ataque que matou sete soldados paquistaneses e foi atribuído por autoridades paquistanesas aos indianos. As informações são da imprensa local.

Segundo um canal de TV do país, Asif afirmou que um confronto com a Índia está próximo. "Foi dito no briefing de hoje que a agressão da Índia é esperada", declarou. Ele também teria ameaçado retaliar caso o governo indiano bloqueie o fluxo de água destinado ao Paquistão.

"Se os governantes indianos tentarem bloquear a água do Paquistão, eles vão se afogar nela", disse Asif, segundo a mídia local. O ministro ainda teria afirmado que o país está pronto para destruir qualquer estrutura construída pela Índia no rio Indo.

As declarações vieram poucas horas após um atentado no sudoeste do Paquistão. Uma bomba caseira atingiu um veículo militar no distrito de Kachhi, matando sete soldados. O Exército paquistanês responsabilizou o grupo armado Baloch Liberation Army (BLA), que, segundo o Paquistão, teria ligações com a Índia, que nega. A Al Jazeera observou que não há evidências públicas dessa conexão, e nem o BLA nem o governo indiano comentaram as acusações.

O presidente Asif Ali Zardari e o primeiro-ministro Shehbaz Sharif condenaram o ataque e elogiaram o sacrifício das forças de segurança. A tensão aumentou ainda mais depois que o premiê indiano, Narendra Modi, anunciou que a Índia passará a reter águas antes compartilhadas com o Paquistão. "Antes, a água da Índia também ia para fora. Agora, a água da Índia fluirá para sua parte... e será utilizada pela própria Índia", disse Modi, segundo a Reuters.

O Paquistão já havia advertido que qualquer interferência em seus rios seria vista como um "ato de guerra", conforme reportou a France 24. O tratado de 1960, que garantia ao Paquistão o uso de 80% da água para fins agrícolas, foi suspenso por Nova Délhi após um ataque terrorista na Caxemira indiana, atribuído a militantes ligados ao Paquistão.

*Com informações da Associated Press