PT vai ao Supremo para liberar uso de 'linguagem neutra' em Santa Catarina

Política
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O uso da linguagem neutra virou uma questão judicial no sul do País depois que o Partido dos Trabalhadores (PT) ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), no Supremo Tribunal Federal (STF), contra um decreto estadual de Santa Catarina que proíbe o uso de termos "sem gênero" em escolas e órgão públicos locais. O ministro Kassio Nunes Marques será o relator do processo.

Na ação impetrada na Suprema Corte, o diretório nacional do PT alega que o decreto catarinense atentaria contra os princípios constitucionais da igualdade, da não discriminação, da dignidade humana e do direito à educação ao proibir o uso de termos não-binários.

De acordo com o Decreto 1.329/2021 de Santa Catarina, escolas públicas, ou privadas e os órgãos da administração estadual ficam proibidos de utilizar em documentos oficiais termos que façam alusão à linguagem neutra, como flexões de gênero e número da língua portuguesa que não sigam as regras gramaticais estabelecidas. "Veda expressamente a instituições de ensino e bancas examinadoras de seleção e concursos públicos a utilização, em documentos escolares oficiais e editais, de novas formas de flexão de gênero e de número das palavras da língua portuguesa, em contrariedade às regras gramaticais consolidadas", determinou a entidade federativa.

O ato institucional diz respeito à estratégia linguística que tenta evitar o uso de terminações no masculino ou feminino. Neste caso, ao escrever os verbetes, as flexões de palavras cujos sufixos seriam a, o, as e os, são trocados por letras como e, ou x, em uma tentativa de sinalizar a neutralidade do gênero.

Na ADI 6925, a legenda questiona o decreto catarinense afirmando que a determinação ignora as mudanças sociais e traz prejuízos à luta por direitos da comunidade LGBTQIA+ e sua representatividade. "A língua portuguesa não previu a mudança de paradigma que está ocorrendo no mundo e no país há alguns anos, que surgiu, principalmente, a partir dos estudos feministas e da teoria queer, frutos da evolução social e da necessidade de transformação daí sobrevinda", afirma o partido, que continua. "E é exatamente por este motivo que existe o anseio pela adoção da linguagem neutra, para que pessoas que não se sentem representadas possam enfim assim se sentir. Transcreve-se, abaixo, trecho do "Manifesto Ile Para uma Comunicação Radicalmente Inclusiva".

Além dos argumentos relativos à diversidade, o Partido dos Trabalhadores ainda acusa o governo estadual de ferir o direito à educação, uma vez que a norma catarinense impediria o "pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas". "A proibição da linguagem não-binária, então, representa um verdadeiro retrocesso neste caminho de evolução dos direitos sociais, pois a proibição presente no texto do decreto confere ar de que a utilização da linguagem neutra de gênero nas escolas seria algo errado, de modo a intensificar a discriminação a quem não se encaixa no formato binário nas escolas", declara a legenda na petição.

Além de pedir pela análise da inconstitucionalidade da lei catarinense, a ação ajuizada pelo PT ainda pede a concessão da medida cautelar de urgência sobre o caso, suspendendo os efeitos do decreto até que ação seja analisada pelo STF.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou neste domingo, 2, em entrevista coletiva, que a nação insular ajudará a Ucrânia com 1,6 bilhão de libras (cerca de US$ 2 bilhões) para a compra de mais de 5 mil mísseis aéreos. Segundo ele, o apoio criará empregos na defesa britânica, além de ser "vital" para proteger infraestruturas críticas da Ucrânia. A declaração ocorreu após a cúpula organizada por Starmer com líderes globais para discutir a guerra na Ucrânia.

Entre os pontos discutidos na reunião, o líder britânico disse que os líderes concordaram em manter a ajuda militar à Ucrânia e aumentar a pressão econômica sobre a Rússia, além de garantir que a Ucrânia participe das decisões. Starmer acrescentou, ainda, que as capacidades de defesa ucranianas continuariam tendo apoio, mesmo em caso de um acordo de paz, a fim de deter "qualquer invasão futura".

Starmer também destacou que, para dar suporte à paz no continente de forma efetiva, os esforços precisam do apoio dos Estados Unidos, reforçando que conversou com o presidente norte-americano, Donald Trump, no dia anterior, antes da cúpula. Em resposta aos jornalistas, o primeiro-ministro disse que "ninguém quer ver o que aconteceu na sexta-feira", se referindo ao bate-boca entre os presidentes da Ucrânia e dos Estados Unidos, mas ele rejeitou que os EUA não sejam um aliado. Starmer afirmou que os EUA têm sido, nas últimas décadas, um aliado de confiança do Reino Unido.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou neste domingo (2) que apresentará na próxima semana um plano para "rearmamento da Europa", para reforçar a segurança do bloco.

Ao fim da cúpula sobre defesa e segurança da Ucrânia, realizada neste domingo em Londres, a chefe do poder executivo da União Europeia (UE) disse que revelará o plano aos chefes de Estado e governo europeus durante uma cúpula da UE em Bruxelas.

"Todos nós entendemos que, após um longo período de subinvestimento, agora é de extrema importância aumentar o investimento em defesa por um período prolongado. É para a segurança da União Europeia", disse.

Von der Leyen acrescentou que o plano poderia, por exemplo, ajudar a desenvolver escudos aéreos avançados.

Quanto ao futuro da Ucrânia, ela afirmou que as garantias de segurança são de extrema importância para o país devastado pela guerra. "Temos que colocar a Ucrânia em uma posição de força, para que ela tenha os meios para se fortalecer e se proteger", disse. "É transformar a Ucrânia em um porco-espinho de aço que é indigesto para invasores em potencial."

A jornalistas, no fim da Cúpula de Londres, Von der Leyen também disse que eles querem que os EUA vejam que estão preparados para defender a democracia.

A cúpula deste domingo, organizada pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, incluiu mais de 19 líderes, em sua maioria europeus, mas também incluiu o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte. Fonte: Associated Press.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse neste domingo (2) aos líderes europeus que eles precisam intensificar o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia e agir diante de um "momento único em uma geração" para a segurança da Europa. Starmer afirmou na cúpula, sediada em Londres, que alcançar um bom resultado para a Ucrânia era "vital para a segurança de cada nação aqui e muitas outras também".

Na chegada à Lancaster House, local do encontro, Starmer recebeu o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, com um abraço, assim como ocorreu no dia anterior, quando o ucraniano chegou em Londres.

Já no começo da reunião, Starmer e Zelenski se sentaram lado a lado, acompanhados pelo presidente francês Emmanuel Macron. Starmer disse aos líderes que os três concordaram em trabalhar em um plano para encerrar os combates e apresentá-lo aos Estados Unidos, que discutem intermediar um acordo de paz. "Precisamos concordar com os passos a serem dados a partir dessa reunião para entregar paz por meio da força para o benefício de todos", afirmou.

Nos bastidores, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, se encontrou com Zelenski neste domingo, reafirmando o apoio da Itália à Ucrânia. O escritório de Meloni disse que ela expressou apoio, junto aos parceiros europeus e ocidentais e aos Estados Unidos, "para construir uma paz justa e duradoura, que garanta um futuro de soberania, segurança e liberdade para a Ucrânia". Na véspera da reunião, Meloni conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas o conteúdo da ligação não foi divulgado.

Também presente no encontro, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, declarou aos jornalistas na manhã deste domingo, antes de embarcar para Londres, que iria para a cúpula com uma mensagem de que a Europa deve acreditar que pode ser uma grande potência militar. No aeroporto, ele destacou que a Europa tem 2,6 milhões de soldados, mais do que os EUA, China ou Rússia. "A Europa tem uma vantagem sobre todos aqui", afirmou.

Participam da cúpula, ainda, o chanceler alemão Olaf Scholz, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, também estão presentes. Fonte: Associated Press.