Gestão Pazuello foi gravemente ineficiente, imoral e antiética, diz MPF

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Em ação de improbidade contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, a Procuradoria da República do Distrito Federal afirma que a gestão do militar no combate a pandemia de covid-19 foi "gravemente ineficiente e dolosamente desleal (imoral e antiética)". Segundo registra o Ministério Público Federal, a omissão e a negligência do ex-ministro na compra das vacinas da Pfizer retardou o começo da imunização no País.

A negociação dos imunizantes da Pfizer foi um dos pontos de partida da investigação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, no Senado. Criada em abril, a CPI tinha como alvo também a atuação de Pazuello na pandemia, o colapso do oxigênio em Manaus, em janeiro, e o tratamento precoce com cloroquina, ivermectina e azitromicina -- medicamentos com ineficácia comprovada contra a covid e que fazem parte do "kit covid".

Pazuello comandou o Ministério da Saúde por cerca de 10 meses, entre 16 de maio do ano passado e 23 de março deste ano. O general ocupa, desde 1 de junho, um novo cargo no governo Bolsonaro. Dois meses após a demissão, ele foi nomeado secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

O ex-ministro também é alvo de outra ação por improbidade, mas pelo colapso do oxigênio em Manaus. O Ministério Público Federal, no Amazonas, autor da ação, afirma que houve atraso e a lentidão de Pazuello, à frente do Ministério da Saúde, em enviar equipe para diagnosticar e reduzir a onda de casos de covid no Estado e que houve pressão para as autoridades locais adotarem o "tratamento precoce".

A nova ação por improbidade, da Procuradoria no Distrito Federal, foi proposta no dia 30 de junho junto à 20.ª Vara de Justiça Federal. Os procuradores apontaram um dano ao erário de quase R$122 milhões causado pela gestão de Pazuello. A Procuradoria da República pede ressarcimento integral do prejuízo, pagamento de multa de até duas vezes o valor, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos de Pazuello de cinco a oito anos e proibição de contratar com o poder público.

No documento, a Procuradoria detalhou omissão e negligência em atos de Pazuello: demora na compra de vacinas contra a covid-19; adoção "ilegal e indevida" do chamado "tratamento precoce" como principal ação de política pública contra a doença; omissão na ampliação de testes para a população e na distribuição de milhares de kits de testes PCR; ação deliberada para dificultar o acesso da sociedade às informações essenciais sobre a pandemia; omissão no papel de gestor nacional do SUS.

"A omissão e a negligência do ex-ministro da Saúde no trato das negociações das vacinas custou caro à sociedade (que sofre os efeitos sociais de uma economia em crise e sem perspectiva de reação), à saúde da população (que amarga índices descontrolados de morbidade e mortalidade por covid-19) e ao SUS (cujos leitos de UTIcovid adulto, só no primeiro semestre de 2020, custaram R$ 42 milhões/dia ou R$ 1,27 bilhão/mês)", apontaram os oito procuradores que assinam a ação.

Segundo a ação, Pazuello "permaneceu, ao longo do ano de 2020, durante largo tempo, omisso em relação à negociação e à aquisição de vacinas contra a Covid-19, como estratégia de combate à pandemia". O ex-ministro, afirma o MPF, contratou as vacinas da AstraZeneca "apenas dando seguimento à negociação iniciada por seu antecessor, Nelson Teich".

O Ministério Público Federal detalhou a atuação da Saúde para a aquisição das vacinas da Pfizer. E-mails entregues à CPI da Covid já haviam apontado que a empresa tentou negociar imunizantes com o País e não teve retorno. Em depoimento aos senadores, o presidente da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, falou que o governo Bolsonaro ignorou as propostas de vacina por três meses.

A Procuradoria aponta que a Pfizer "ofereceu, por pelo menos sete vezes, contratos de aquisição de vacinas ao Brasil, entre agosto de 2020 e março de 2021". A ação aponta que foram encaminhadas 81 cópias de e-mails pela empresa a representantes do Ministério da Saúde a partir de 20 de maio do ano passado para tratar da vacina contra covid-19.

Em uma das mensagens, de 24 de novembro, Murillo alertou a representantes da Saúde sobre "a alta demanda dos seus imunizantes no mercado internacional". De acordo com a ação, "o desinteresse pelo imunizante da Pfizer era tamanho" que Pazuello "não participou de nenhuma das reuniões com a empresa até o primeiro contato" em novembro de 2020 e, depois, em 22 de dezembro do ano passado.

"Resta claro, das informações prestadas pela Pfizer sobre os atos de negociação da vacina, que o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello foi omisso e negligente na consideração das propostas apresentadas pela empresa, postura que retardou o início da vacinação da população brasileira", aponta o MPF.

"A campanha de vacinação poderia ter-se iniciado ainda em dezembro de 2020 e o país poderia ter recebido, até o final do primeiro semestre de 2021, pelo menos 22 milhões de doses da vacina, tivesse sido aceita a proposta apresentada pela Pfizer em 26/08/2020."

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O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou nesta segunda-feira, 3, por pausar toda a ajuda militar à Ucrânia. A pausa ocorre dias depois de um bate-boca entre Trump e o presidente ucraniano na Casa Branca.

Um funcionário da Casa Branca afirmou à Associated Press que a pausa na ajuda deve continuar até que Zelenski esteja disposto a negociar um acordo de paz com o presidente da Rússia, Vladimir Putin. Segundo o funcionário, trata-se de uma "revisão" para entender se a ajuda a Kiev estava "contribuindo para que a solução seja encontrada".

De acordo com informações da Agência Bloomberg, todo o equipamento militar dos EUA que estiver a caminho de Kiev não seria entregue aos ucranianos, incluindo armas em trânsito.

Pausa foi decidida depois de reunião com gabinete

Segundo informações do jornal Washington Post, a decisão foi tomada em uma reunião na Casa Branca nesta segunda-feira, 3, que incluiu o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, o vice-presidente J.D. Vance, o secretário de Defesa Pete Hegseth, a diretora de Inteligência Nacional Tulsi Gabbard e o enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

A medida segue uma ordem dada na semana passada por Hegseth para que o Comando Cibernético dos EUA suspendesse as operações ofensivas de informação e cibernética contra a Rússia enquanto as negociações para encerrar a guerra estiverem em andamento.

A decisão sobre a ajuda militar ocorre no mesmo dia em que Trump afirmou durante uma entrevista coletiva que Zelenski deveria "apreciar mais" a ajuda econômica e militar que Washington forneceu a Kiev ao longo dos três anos da guerra da Ucrânia. O republicano também acusou Zelenski de não querer realizar um acordo para acabar com a guerra.

"Se uma pessoa não quer fazer um acordo, ela não vai ficar muito tempo em evidência. O povo ucraniano quer um acordo, eles sofreram mais do que qualquer um", apontou Trump.

Mais cedo, Trump voltou criticar Zelenski após o presidente ucraniano afirmar que a guerra entre Ucrânia e Rússia estava "muito longe de acabar".

Discussão

Este é mais um capitulo da polemica entre os dois líderes que começou na sexta-feira, 28, após uma discussão no Salão Oval da Casa Branca. O bate-boca foi iniciado por discordâncias envolvendo um possível acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. Durante o encontro, o presidente dos Estados Unidos pediu que a Ucrânia aceitasse "concessões".

Zelenski, por sua vez, exigiu que não houvesse condescendência com o presidente russo, a quem chamou de "assassino", e mostrou fotos da guerra iniciada há três anos, após a invasão de seu país. De repente, o tom mudou. O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, interveio, defendendo a "diplomacia" - o pontapé da discussão.

Após o diálogo tenso, Trump publicou um comunicado em suas redes sociais no qual disse que o ucraniano Volodmir Zelenski não está pronto para uma paz que envolva a participação americana. "Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. Aprendemos muito que jamais poderia ser entendido sem uma conversa sob tanto fogo e pressão", escreveu o presidente em sua plataforma de mídia social, o Truth Social.

O presidente ucraniano havia viajado a Washington para assinar um acordo que permitiria que os Estados Unidos explorassem terras raras da Ucrânia. Mas após a briga, o acordo foi cancelado e Zelenski foi expulso da Casa Branca.

Ajuda dos EUA a Ucrânia

Em diversas ocasiões, Trump reclamou que os EUA forneceram cerca de US$ 350 bilhões em ajuda econômica e militar à Ucrânia ao longo dos três anos de guerra, mas na realidade os números são bem mais baixos.

O valor da ajuda de Washington para a Ucrânia até agora foi de US$ 120 bilhões (cerca de R$ 693 bilhões na cotação atual), segundo dados do Instituto Kiel para a Economia Mundial (IfW Kiel).

A ajuda militar fornecida por Washington consistiu em mísseis Patriot, mísseis Atacms, HIMARS (Sistema de Foguetes de Artilharia de Alta Mobilidade), munições antidrones e minas terrestres antipessoal.(Com agências internacionais)

O governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, optou nesta segunda-feira, 3, por pausar toda a ajuda econômica e militar à Ucrânia. A pausa ocorre dias depois de um bate-boca entre Trump e o presidente ucraniano na Casa Branca.

Um funcionário da Casa Branca afirmou à Associated Press (AP) que a pausa na ajuda deve continuar até que Zelenski esteja disposto a negociar um acordo de paz com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.

O oficial apontou que todo o equipamento militar dos EUA que estiver a caminho de Kiev não seria entregue aos ucranianos, incluindo armas em trânsito. Segundo o funcionário, trata-se de uma "revisão" para entender se a ajuda a Kiev estava "contribuindo para que a solução seja encontrada".(Com AP)

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou no domingo, 2, que a guerra entre Rússia e Ucrânia "ainda está muito, muito longe de acabar". As declarações de Zelenski ocorreram depois de um bate-boca com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na sexta-feira, 28, sobre o futuro do conflito. O presidente ucraniano também afirmou que está confiante em uma manutenção do relacionamento entre Kiev e Washington.

"Acho que nosso relacionamento com os EUA continuará, porque é mais do que um relacionamento ocasional", disse Zelenski no domingo à noite, referindo-se ao apoio de Washington nos últimos três anos de guerra. "Acredito que a Ucrânia tem uma parceria forte o suficiente com os Estados Unidos para manter a ajuda militar e econômica", disse ele em um briefing em ucraniano.

O presidente ucraniano se mostrou otimista, apesar da briga diplomática entre países ocidentais que têm ajudado a Ucrânia com equipamentos militares e ajuda financeira. A reviravolta dos eventos é indesejável para a Ucrânia, cujo Exército está tendo dificuldade na luta contra os russos.

Zelenski participou de uma cúpula com líderes europeus em Londres no final de semana. O consenso é que a Europa terá que aumentar o seu financiamento militar e econômico a Ucrânia.

A Europa desconfia dos motivos e da estratégia de Trump para acabar o conflito. Friedrich Merz, o provável próximo chanceler da Alemanha, disse nesta segunda-feira, 3, que não acreditava que a discussão no Salão Oval fosse espontânea.

Merz apontou que assistiu à cena repetidamente. "Minha avaliação é que não foi uma reação espontânea às intervenções de Zelenski, mas aparentemente uma escalada induzida nesta reunião no Salão Oval", disse Merz. "Eu defenderia que nos preparássemos para ter que fazer muito, muito mais pela nossa própria segurança nos próximos anos e décadas", disse ele.

O político alemão afirmou que estava "surpreso" com o tom da discussão, mas que houve "uma certa continuidade no que estamos vendo de Washington no momento".

Trump rebate Zelenski

Após a declaração de Zelenski, Trump rebateu o presidente ucraniano. "Esta é a pior declaração que poderia ter sido feita por Zelenski e os EUA não vão tolerar isso por muito mais tempo!", disse o presidente americano em uma publicação em sua plataforma Truth Social.

"É o que eu estava dizendo, esse cara não quer que haja Paz enquanto ele tiver o apoio dos Estados Unidos", destacou Trump. O presidente americano também afirmou que a Europa não tem capacidade de fornecer ajuda militar suficiente para dar uma chance a Kiev em sua luta contra Moscou. "A Europa, na reunião que teve com Zelenski, declarou categoricamente que não pode fazer o trabalho sem os EUA. Está não é uma grande declaração para ser feita em termos de demonstração de força contra a Rússia".

Discussão

O bate-boca entre Trump e Zelenski começou durante uma reunião aberta para a imprensa no Salão Oval na sexta-feira. O republicano cumprimentou o presidente ucraniano com um aperto de mãos antes de fazer uma piada sobre seu traje de estilo militar. Durante o encontro, o presidente dos Estados Unidos pediu que a Ucrânia aceitasse "concessões".

Zelenski, por sua vez, exigiu que não houvesse condescendência com o presidente russo, a quem chamou de "assassino", e mostrou fotos da guerra iniciada há três anos, após a invasão de seu país. De repente, o tom mudou. O vice-presidente dos Estados Unidos, J.D. Vance, interveio, defendendo a "diplomacia" - o pontapé da discussão.

Após o diálogo tenso, Trump publicou um comunicado em suas redes sociais no qual disse que o ucraniano Volodmir Zelenski não está pronto para uma paz que envolva a participação americana. "Tivemos uma reunião muito significativa na Casa Branca hoje. Aprendemos muito que jamais poderia ser entendido sem uma conversa sob tanto fogo e pressão", escreveu o presidente em sua plataforma de mídia social, o Truth Social.

"É incrível o que se revela por meio da emoção, e determinei que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações. Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz."

Em meio à discussão, a planejada assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e Ucrânia sobre minerais raros não aconteceu, segundo um assessor de imprensa da Casa Branca. O acordo que seria assinado permitiria que os Estados Unidos tivessem acesso recursos do subsolo ucraniano, como exigiu Trump, em compensação pela ajuda militar e financeira desembolsada nos últimos três anos.(Com AP)