Vinte e seis dos 81 senadores citam apoio a Mendonça no STF

Política
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Levantamento feito pelo Estadão mostra que o apoio declarado à indicação do advogado-geral da União, André Mendonça, para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) é de 26 dos 81 senadores. Esse pode ser considerado o núcleo duro a favor da candidatura de Mendonça. O índice (32%) significa o apoio prévio de três em cada 10 senadores. O segundo indicado ao STF pelo presidente Jair Bolsonaro tem de obter ao menos 41 votos para ser aprovado em votação secreta.

O placar Estadão mostra ainda que 54 senadores se disseram indecisos (36) ou não responderam como devem votar (18). A reportagem apurou que, entre os que se disseram indecisos ou que não responderam, pelos menos três pretendem votar a favor do "terrivelmente evangélico" Mendonça e outros três estão dispostos a rejeitar a indicação. Por fim, um único parlamentar - Jorge Kajuru (Podemos-GO) - afirmou previamente que votará contra o advogado-geral.

Ao indicar Mendonça, Bolsonaro cumpriu a promessa feita a aliados de nomear para o STF um ministro evangélico com o objetivo de agradar a um eleitorado considerado fundamental para seu projeto de reeleição em 2022. Pastor da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília, Mendonça tem 48 anos. Se aprovado pelo Senado, ocupará a cadeira do ministro Marco Aurélio Mello, que atingiu a idade-limite de 75 anos.

O partido que concentra o maior número de senadores com voto declarado a favor de Mendonça é o MDB. Ele é também o mais dividido. Cinco senadores apoiam o advogado-geral, outros cinco não responderam à enquete (entre eles o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros, e a senadora Simone Tebet) e os cinco restantes se disseram indecisos, como o ex-governador do Pará Jader Barbalho e Eduardo Braga.

O silêncio de caciques do partido contrasta com o entusiasmo dos governistas da legenda. "Eu já o conhecia e sabia de seu potencial. Minha impressão desde o princípio é de que é uma escolha feliz por se tratar de um rapaz muito preparado e vai fazer muito bem tê-lo no STF", afirmou o senador Marcio Bittar (MDB-AC). O emedebista afirmou que "será "uma alegria" votar em Mendonça.

O apoio ao advogado-geral é unânime na bancada do PL, com quatro senadores. Ela é a única da Casa que, neste momento, declara 100% de apoio à indicação. Outras bancadas em que numericamente o apoio ao advogado-geral é importante são a do PSD e do PP, com quatro votos cada uma. Logo em seguida vêm os tucanos, que entregam três de seus sete votos - outros três se disseram indecisos e um não quis responder.

Sabatina

As duas bancadas que mais relutam em apoiar abertamente o indicado de Bolsonaro são a do PSD e do Podemos, cada uma delas tem sete integrantes que se dizem indecisos ou que devem se decidir somente depois da sabatina do candidato ao Supremo. A sabatina vai ocorrer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa. Mesmo que seja reprovado na comissão, a indicação de Mendonça irá ao plenário, que terá a última palavra.

Um dos senadores que disseram considerar a sabatina decisiva para a definição do voto é Esperidião Amim (PP-SC). "É fundamental para conhecer pontos de vista do indicado. E a curiosidade é maior quanto menos explícita for a carreira do indicado", afirmou o senador, que se declarou indeciso. Amim já foi procurado pelo postulante. É o caso também do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). "A sabatina é uma oportunidade para conhecer as opiniões do ministro André Mendonça, em particular sobre questões que envolvem interesse do governo ao qual ele serve como ministro", disse Vieira.

O senador conversou com Mendonça e afirmou lhe ter dito sobre suas "restrições em relação à postura que ele teve como ministro de Estado". "Ele apresentou justificativas. Deixei claro que ele terá uma sabatina dura, onde terá como principal desafio mostrar que terá independência como magistrado." Mendonça foi ministro da Justiça de abril de 2020 a março deste ano. Em sua passagem pela pasta requisitou repetidas vezes à Polícia Federal a abertura de inquérito contra opositores de Bolsonaro e jornalistas com base na Lei de Segurança Nacional.

Resistências

A indicação de Mendonça encontra resistências entre figuras importantes na Casa, como Davi Alcolumbre (DEM-AP). O ex-presidente do Senado preside a CCJ, onde o indicado por Bolsonaro será sabatinado. Ao Estadão, ele se declarou indeciso. Tanto Alcolumbre quanto o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), preferiam a indicação do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins. Flávio foi um dos 18 senadores que não responderam como votarão.

Mendonça também terá dificuldade para obter apoio na bancada petista, que tem seis indecisos. Todos os integrantes disseram que só devem ter uma posição depois da reunião do grupo, o que deve acontecer amanhã. A tendência da maioria é negar o apoio à indicação.

Mesmo assim, o senador Álvaro Dias (Podemos-PR) acredita que Mendonça deve ter o nome aprovado pelo Senado. "Eu acho que passará tranquilamente, não terá dificuldade, não". Para ele, a sabatina terá pouca importância para seus pares. "A maioria é voto favorável mesmo. Sempre. Porque sempre o governo tem maioria, especialmente quando adota o toma lá, dá cá."

Dias disse que um grupo de senadores espera respostas sobre questões fundamentais, como posição sobre prisão em segunda instância, foro privilegiado e Lava Jato. "Por isso declaramos que vamos esperar a sabatina para definir o voto." Essa foi a posição de seis dos nove senadores do partido.

Recuperação de prerrogativa

A indicação de André Mendonça ao Supremo Tribunal Federal é mais uma oportunidade para o Senado recuperar a prerrogativa de julgar o postulante em vez de só homologar o nome indicado pelo presidente. A avaliação é do professor Floriano de Azevedo Marques, diretor da Faculdade de Direito do Largo São Francisco da USP. "O Senado, ao longo do tempo, foi renunciando da sua prerrogativa de fazer esse julgamento e virou um órgão de mera carimbagem e ratificação do presidente. O que vai contra o sistema constitucional, porque, se fosse só homologar a indicação do presidente, não faria sentido ter sabatina."

Para Azevedo Marques, Mendonça tem conhecimento jurídico incontroverso. "E não me parece que tenha reputação discutível." Preenche, segundo ele, portanto, os requisitos constitucionais para a indicação. "Mas teve no seu histórico jurídico, principalmente no último período como autoridade pública, posturas e aderiu a teses que podem não corresponder àquelas que o Senado entenda como mais adequadas para estarem representadas no Supremo."

Azevedo Marques disse que o STF é a instância dos poderes que decide "para a guarda e tutela da Constituição". "O Supremo, e mais ainda neste momento, é o fiador da estabilidade do regime do estado democrático de direito. E é um arranjo interessante porque o STF não tem armas, mas, sem estar armado, ele dá a última palavra."

Para o professor de Direito Constitucional Joaquim Falcão, nenhum processo, em nenhum país, garante a atuação futura do ministro. "Sobretudo como no nosso atual Supremo conflituado. O STF precisa antes se apaziguar." De acordo com ele, hoje, o Supremo precisa ser independente não só do Legislativo e do Executivo. "Mas de suas próprias ambições que retiram progressivamente sua legitimidade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Ministério das relações Exteriores (MRE) se prepara para receber nesta quarta-feira, 26, às 11h30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião de sherpas do Brics iniciada nesta terça, 25, no Palácio do Itamaraty. Os sherpas são os negociadores-chefes de cada um dos 11 membros do bloco.

A presença do chefe do Executivo, porém, ainda não foi confirmada, o que deve ocorrer apenas no fim do dia, quando a agenda do mandatário é divulgada pelo Palácio do Planalto. Há a expectativa de que Lula faça um discurso, caso o petista participe do evento de quarta.

Chefes de Estado e de governo não costumam participar das reuniões de sherpas. Geralmente, estão presentes apenas na cúpula de líderes, que este ano está marcada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. Como o Brasil está com a presidência rotativa do grupo e o encontro ocorre em Brasília, avaliou-se que poderia ser um gesto de cortesia do anfitrião.

Na manhã desta terça, estão reunidos os 11 sherpas do Brics no Itamaraty. Havia a previsão de que, como convidado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fizesse um discurso de abertura aos convidados. O texto deve ser divulgado à imprensa. O sherpa brasileiro é o embaixador Mauricio Lyrio, que teve a mesma função durante as reuniões do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), que também ocorreu no Brasil no ano passado.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 24, que as tarifas sobre importações do México e do Canadá "irão adiante" quando um adiamento de 30 dias expirar na semana que vem. A notícia, que veio nos últimos 40 minutos de negociação na segunda-feira, arrastou o S&P 500 para baixo.

Esse é o primeiro dos quatro prazos tarifários iminentes de Trump nas próximas seis semanas. Trump voltou a dizer que os EUA "foram aproveitados" por parceiros comerciais, mas que pretende "ganhar muito território".

Se confirmadas, as tarifas devem entrar em vigor a partir do dia 4 de março, quando expira o prolongamento do prazo anunciado pelo presidente americano. As tarifas incluem taxas de 25% sobre todas as importações mexicanas e canadenses, com uma exceção apenas da tarifa de 10% das importações de energia do Canadá. Fonte: Dow Jones Newswires.

O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira, 24, uma nova rodada de sanções contra dezenas de pessoas e petroleiros na China, Emirados Árabes Unidos e na Índia por supostamente ajudarem a financiar o Irã.

O Tesouro dos EUA e os departamentos de Estado dos EUA sancionaram 22 indivíduos ou empresas e 13 navios petroleiros, incluindo os chefes da National Iranian Oil Co. e da Iranian Oil Terminals Co., por seu papel na intermediação da venda e transporte de petróleo iraniano.

Entre os sancionados, ainda estão o CEO da empresa petrolífera nacional do Irã, Hamid Bovard, assim como intermediários com sede nos Emirados Árabes Unidos e Hong Kong e empresas que fretam navios da Índia e da Malásia, de acordo com o Departamento do Tesouro.

Segundo o Departamento de Estado americano, essa "rede" permitiu que o petróleo iraniano fosse transportado ilegalmente para "compradores na Ásia". "Possibilitou o envio de dezenas de milhões de barris de petróleo no valor de centenas de milhões de dólares", disse o governo americano.

No início de fevereiro, Washington já havia anunciado sanções financeiras contra uma "rede internacional" acusada de fornecer petróleo iraniano à China para financiar as atividades militares de Teerã.

As sanções envolvem o congelamento de ativos que as empresas sancionadas detêm direta ou indiretamente nos Estados Unidos e a proibição de empresas sediadas nos EUA ou cidadãos americanos de negociar com as empresas sancionadas, correndo o risco de também serem sancionados.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, disse em uma declaração que "enquanto o Irã dedicar suas receitas de energia ao financiamento de ataques contra nossos aliados, apoiando o terrorismo ao redor do mundo ou buscando outras ações desestabilizadoras, usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar o regime".

Elas também dificultam a negociação das empresas sancionadas, limitando sua capacidade de usar o dólar em suas transações, devido ao risco de ficarem sob a jurisdição americana.

Um relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA de outubro de 2024 estima que o Irã arrecadou US$ 253 bilhões em receitas de petróleo durante as presidências de Joe Biden e Trump, entre 2018 e 2024. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)