Governo quer esvaziar militares no GSI e pode vincular Abin à Presidência

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu uma reformulação profunda no modelo de funcionamento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), único ministério comandado por um militar no Palácio do Planalto. O GSI passou a ser o órgão mais questionado no primeiro escalão do governo, após o fracasso na proteção da Presidência durante os atos golpistas do dia 8. No alvo das críticas, a pasta tende a ficar ainda mais desidratada e perder a Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A Abin funciona vinculada à estrutura do GSI desde o governo Michel Temer (MDB), quando o atual desenho da segurança institucional foi estabelecido. Uma das propostas é que fique agora ligada ao gabinete de Lula.

O presidente ainda não se decidiu sobre a nova estrutura. Na disputa pelo controle da agência, Lula foi aconselhado a não optar por esse caminho, de vinculá-la ao gabinete presidencial. Um ministro ponderou que "qualquer operação que dê errado cairá no colo do presidente".

Lula encarregou o ministro Rui Costa, da Casa Civil, de planejar o novo papel da Abin. Os estudos estão em andamento, inclusive em discussões reservadas apenas entre ele e oficiais de inteligência. Costa se reuniu na semana passada com o atual diretor interino da Abin para discutir a transferência. O governo estuda uma "saída institucional" para uma decisão que na prática esvaziará ainda mais o GSI. O ministro-chefe, general Gonçalves Dias, não participou do encontro.

O petista despachou com G. Dias no último dia 12, no gabinete presidencial. Na conversa, avisou ao ministro que precisavam "conversar" sobre o futuro da agência, mas não comunicou uma decisão. O destino pode ser encaminhado nesta semana.

'Proteção'

Lula está convencido de que uma ala da Abin "protege" o ex-presidente Jair Bolsonaro e conspira contra ele. A ideia é promover um processo de "desmilitarização", tirando militares da cadeia superior entre si e os oficiais de inteligência.

Logo após a posse, todos os diretores da Abin foram exonerados. O ministro G. Dias pediu, então, que as dispensas fossem suspensas e revertidas para evitar a paralisação da máquina pública. O presidente avaliou que revogar as demissões foi um erro e tem cobrado explicações do ministro, que foi chefe de sua segurança na campanha e em seus dois mandatos anteriores.

O ministro indicou para a chefia interina da agência o oficial de inteligência Saulo Moura da Cunha. Saulo é pessoa de confiança de G. Dias e, no que depender do ministro, sairá do cargo de diretor adjunto em breve para assumir efetivamente a direção-geral, o que depende de Lula. O Senado precisa ainda sabatinar e aprovar o chefe da Abin.

Na semana passada, Lula reclamou da inoperância do sistema de inteligência federal, no 8 de janeiro. Disse que houve um "erro elementar". "A minha inteligência não existiu", disse. A Abin coordena 48 órgãos do sistema brasileiro de inteligência.

Pente-fino

O presidente demandou um pente-fino no GSI nos próximos dias. Lula exigiu que G. Dias faça avaliações individuais de todos que ali trabalham e demita os fardados com vínculos bolsonaristas. Ele já exonerou, de início, os que assessoravam diretamente o antecessor, general Augusto Heleno, visto como bolsonarista radical.

As trocas continuam. O general de Brigada Marcius Cardoso Netto foi nomeado para exercer o cargo de secretário de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI. O decreto com a nomeação está publicado em edição extra do Diário Oficial da União que circulou nesta segunda-feira, dia 23.

Também foi nomeado, a partir de 25 de janeiro, o general de Divisão Ricardo José Nigri para exercer o cargo de secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Nigri assume o lugar do general de Divisão Carlos Penteado que está sendo exonerado do cargo e passando à situação de adido ao Gabinete do Comandante do Exército.

O general de Divisão Carlos Feitosa, que ocupava o cargo de secretário de Segurança e Coordenação Presidencial do GSI, foi exonerado do posto e nomeado para exercer o cargo de Chefe da Assessoria de Planejamento e Gestão do Departamento-Geral de Pessoal.

Até hoje Lula não entende por que o GSI não se preparou para impedir a entrada de vândalos no Planalto. O contingente convocado era insuficiente para conter o quebra-quebra. O Batalhão da Guarda Presidencial (BGP) praticamente não atuou. Na avaliação de Lula, alguém deixou a porta do Planalto aberta para a invasão, uma suspeita de sabotagem.

Atuação técnica

G. Dias já avisou que vai exonerar todos os servidores, civis ou militares, que estavam diretamente ligados a Heleno. A maior parte deles já saiu. Outras posições, no entanto, foram mantidas, como os secretários do segundo escalão do GSI. A avaliação inicial era de que o núcleo de assessores diretos de Heleno estava mais politizado, enquanto outros fardados na estrutura da pasta atuavam de forma técnica.

O ministro evita ao máximo declarações públicas. Sob pressão, G. Dias tem dito a interlocutores que, como general reformado, com 44 anos de Exército, está preparado para se defender de "fogo amigo ou fogo inimigo". Apesar do desgaste, Lula ainda não avançou a discussão para o ponto de substituí-lo, de acordo com ministros petistas. Em duro recado, Lula disse a G. Dias que ele precisa "assumir o controle" e "tomar conta" da pasta o quanto antes, segundo ministros.

Em outra categoria

Ministros do governo de Israel aprovaram planos para intensificar as operações militares na Faixa de Gaza, disse uma autoridade israelense nesta segunda-feira, 5, sob condição de anonimato.

De acordo com a fonte, os planos envolvem a reivindicação de mais áreas no enclave palestino, onde metade do território já está sob controle israelense.

A aprovação ocorreu um dia depois de o país anunciar a convocação de dezenas de milhares de soldados da reserva para as operações em Gaza, que teriam como objetivo aumentar a pressão sobre o Hamas pela negociação de um cessar-fogo. Fonte: Associated Press.

O presidente Donald Trump disse que está instruindo o seu governo a reabrir e expandir Alcatraz, a notória antiga prisão em uma ilha da Califórnia. A prisão foi fechada em 1963. A Ilha de Alcatraz atualmente é operada como um ponto turístico.

"Estou instruindo o Departamento de Prisões, juntamente com o Departamento de Justiça, o FBI e a Segurança Interna, a reabrir uma Alcatraz substancialmente ampliada e reconstruída, para abrigar os criminosos mais cruéis e violentos dos Estados Unidos", escreveu Trump em mensagem no site Truth Social na noite deste domingo.

Ainda segundo ele, a reabertura de Alcatraz servirá como um "símbolo de Lei, Ordem e Justiça". A ordem foi emitida em um momento em que Trump vem entrando em conflito com os tribunais ao tentar enviar membros de gangues acusados para uma prisão notória em El Salvador, sem o devido processo legal. Trump também falou sobre o desejo de enviar cidadãos americanos para lá e para outras prisões estrangeiras.

O nacionalista de extrema direita George Simion garantiu uma vitória decisiva neste domingo, 4, no primeiro turno das eleições presidenciais da Romênia, segundo dados eleitorais quase completos. A eleição ocorreu meses após uma votação anulada ter mergulhado o país-membro da União Europeia e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em sua pior crise política em décadas.

Simion, o líder de 38 anos da Aliança para a Unidade dos Romenos (AUR), superou de longe todos os outros candidatos nas pesquisas, com 40% dos votos, mostram dados eleitorais oficiais, após a apuração de 97% dos votos na votação.

Bem atrás, em segundo lugar, ficou o prefeito de Bucareste, Nicusor Dan, com 20,67%, e em terceiro, o candidato da coalizão governista, Crin Antonescu, com 20,62% - uma diferença que deve aumentar à medida que os últimos votos das cidades maiores forem apurados.

Onze candidatos disputaram a presidência e um segundo turno será realizado em 18 de maio entre os dois candidatos mais votados. Até o fechamento das urnas, cerca de 9,57 milhões de pessoas - ou 53,2% dos eleitores elegíveis - haviam votado, de acordo com o Escritório Central Eleitoral, com 973.000 votos depositados em seções eleitorais instaladas em outros países.

Eleição foi anulada em 2024

A eleição na Romênia teve de ser repetida hoje depois que o cenário político do país foi abalado no ano passado, quando um tribunal superior anulou a eleição anterior, na qual o candidato de extrema direita Calin Georgescu liderou o primeiro turno, após alegações de violações eleitorais e interferência russa, que Moscou negou.

Georgescu, que compareceu ao lado de Simion em uma seção eleitoral em Bucareste, chamou a nova votação de "uma fraude orquestrada por aqueles que fizeram da mentira a única política de Estado", mas disse que estava lá para "reconhecer o poder da democracia, o poder do voto que assusta o sistema, que aterroriza o sistema".