MP conclui que Fernando Cury não descumpriu afastamento e arquiva inquérito

Política
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O Ministério Público de São Paulo promoveu o arquivamento do inquérito aberto para investigar se o deputado estadual Fernando Cury (Cidadania) continuava exercendo o mandato mesmo após ter sido afastado do cargo por 180 dias por importunação sexual contra a também deputada Isa Penna (PSOL). A medida foi comunicada ao Tribunal de Justiça do Estado.

O procurador Mario Antonio de Campos Tebet concluiu que o deputado afastado não cometeu infração. Em sua avaliação, a participação em eventos de cunho político-partidário não é suficiente para caracterizar ato inerente ao ofício de parlamentar.

"A análise dos fatos que constituem objeto da representação, em cotejo com o material probatório que a instruiu, nos leva à segura conclusão de que os mesmos não guardam correspondência com qualquer delito descrito como infração penal pelo ordenamento jurídico pátrio", diz um trecho do ofício encaminhado à Justiça.

A investigação foi aberta depois que deputadas do PSOL entraram com uma representação no Ministério Público. As parlamentares enviaram publicações nas redes sociais mostrando que Cury estaria se reunindo com autoridades públicas em uma iniciativa batizada de 'Caravana 2021'.

Ao instaurar o inquérito, o MP apontou que o deputado afastado participou, por exemplo, de atividades virtuais com lideranças locais e anunciou a entrega de recursos para obras de infraestrutura e serviços de recape. "Consta que outros perfis públicos nas redes sociais, de aliados políticos de Fernando Cury, também estão divulgando informações de que representando ainda está atuando como estivesse em pleno exercício do cargo", diz um trecho da portaria que formalizou a apuração.

Ao final das investigações, após ouvir a Assembleia Legislativa de São Paulo e o próprio Cury, a Procuradoria considerou que a atuação é regular. Desde que foi afastado temporariamente do cargo, em abril, ele está proibido de exercer atividades relacionadas à natureza legislativa, como participação em sessões plenárias, reuniões de comissões e apresentação de proposituras. "Não há notícia do descumprimento dessas determinações", escreveu o procurador ao promover o arquivamento.

COM A PALAVRA, FERNANDO CURY

"As caravanas são símbolo do trabalho e da história de Fernando Cury, antes mesmo dele ter mandato. Foi por meio delas que, nos anos anteriores, ele rodou mais de 400 cidades do estado de São Paulo, levando conquistas que transformaram a vida das pessoas de diversas regiões. Quanto às entregas da última caravana, tratam-se de demandas voluntárias que ele buscou (junto ao Governo do Estado de São Paulo) no final de 2020 e início de 2021, antes de seu afastamento.

Fernando trabalha há quase 10 anos como liderança de várias regiões no estado e tem inúmeras responsabilidades com a população. As entregas foram absolutamente legais, todos os movimentos de Cury, como cidadão e político, especialmente neste momento tão difícil para o Brasil, passam por averiguação jurídica.

Antes de seu afastamento, deixou emendas impositivas, ainda do orçamento 2020, que serão entregues pelo governo em um futuro próximo e serão conquistas importantes para as regiões nas áreas de saúde, infraestrutura, entre outras. Apesar de estar afastado, ele tem um trabalho sério e pretende honrar essa história.

Em nenhum momento o deputado afastado Fernando Cury exerceu o cargo de Deputado (o que é impossível por estar afastado, sem gabinete, sem salário e sem poder de fazer propostas legislativas ou votar projetos) nas caravanas, agindo exclusivamente como Cidadão engajado por mudanças que luta por todo estado de São Paulo.

Fernando aceita e respeita a decisão de seu afastamento do cargo público, permanecendo sem salário e sem gabinete. Como cidadão, segue com engajamento nas diversas regiões onde sempre procurou ajudar as pessoas. Esse assunto já está resolvido, inclusive com o pedido de arquivamento pelo Ministério Público.

A respeito do que foi dito no pedido de arquivamento do processo de atuação irregular do mandato de Fernando Cury pelo Ministério Público, reforçamos o reconhecimento de que a justiça foi feita. O MP entendeu que, a partir de 9 de abril de 2021, quando Fernando teve seu mandato suspenso, ele não exerceu qualquer atividade relacionada à natureza legislativa.

Sabemos que os danos são irreparáveis quando uma acusação é feita sem fundamento. Por isso, reiteramos que Cury continuou afastado durante o período determinado pela justiça, agindo de acordo com o que foi determinado judicialmente. Além disso, sabe-se que a participação ou, até mesmo, a realização de eventos de cunho políticos/ partidários não são suficientes para caracterizar um ato inerente ao ofício de parlamentar, e reforçada pela própria Alesp. Desse modo, Fernando Cury se manteve afastado de seu cargo público, agindo como cidadão engajado e que quer o bem da região de Botucatu e demais regiões em que atua.

E, por fim, em relação à perseguição online a Fernando, ela ocorre modo a parecer que há uma grande necessidade da exploração de uma pauta que já foi debatida e sanada, Cury acredita e luta pela sua inocência, mas sabe que a justiça da redes sociais serve pra acabar com reputações construídas durante uma vida."

COM A PALAVRA, ISA PENNA

"Acreditamos que o MP está trabalhando em todas as denúncias do caso e que ele é extenso e complicado, ninguém até então nunca foi punido por assédio sexual antes de Cury em nenhuma assembleia legislativa do País, entendemos as derrotas e também as vitórias, hoje o mesmo MP solicitou um impedimento para que Cury não assuma o CONDECA. A sociedade, o MP e todas nós mulheres estamos aprendendo com esse caso. Fato é que assediadores não ficarão mais impunes."

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O presidente dos EUA, Donald Trump, o vice-presidente americano, JD Vance, e o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, discutiram na tarde desta sexta-feira, 28, no Salão Oval da Casa Branca, ameaçando o acordo de minerais previsto para ser assinado entre os dois países nesta sexta-feira.

Trump acusou Zelensky de estar "jogando com a terceira guerra mundial" e de ser ingrato com os EUA. "Sem nós, você não tem carta nenhuma contra a Rússia. Ou você faz um acordo ou estamos fora", disse.

O republicano ainda afirmou que não está alinhando com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e que a Ucrânia precisa da ajuda americana, pois "estão ficando sem soldados e recursos, e diz que não quer cessar-fogo". "Americanos precisam ter seus bilhões de volta", acrescentou.

Enquanto isso, Zelensky disse aos repórteres que Putin "tem que pagar" pelo início da guerra e que o acordo sobre os minerais, por si só, não é suficiente para seu país.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seu vice, J.D. Vance, bateram boca com o ucraniano Volodmir Zelenski, chamado por eles de "desrespeitoso" durante encontro na Casa Branca.

Zelenski foi a Washington com a expectativa para assinatura do acordo para exploração de minerais na Ucrânia. Durante reunião no Salão Oval da Casa Branca, Zelenski disse a Trump que não se pode confiar nas promessas de paz de Vladimir Putin, observando o histórico de promessas não cumpridas do líder russo. Trump disse que Putin não quebrou acordos com ele.

"Você precisa ser mais grato", disse Trump a Zelenski. Ele disse que o líder ucraniano está "apostando com a Terceira Guerra Mundial".

Trump repreendeu Zelenski depois que o vice-presidente JD Vance, uma das vozes mais céticas do governo em relação à Ucrânia, disse que o presidente estava sendo desrespeitoso por debater com Trump no Salão Oval na frente da imprensa americana.

"Você já disse 'obrigado' uma vez?" perguntou Vance a Zelenski.

Rose Girone, considerada a mais velha sobrevivente do Holocausto e uma forte defensora do compartilhamento de histórias de sobreviventes, morreu aos 113 anos na última segunda-feira, 24, em Nova York (EUA), de acordo com a Claims Conference, uma conferência sediada em Nova York sobre reivindicações materiais judaicas contra a Alemanha.

"Rose foi um exemplo de coragem, mas agora somos obrigados a continuar em sua memória", disse Greg Schneider, vice-presidente executivo da Claims Conference, em um comunicado na quinta-feira, 27. "As lições do Holocausto não devem morrer com aqueles que suportaram o sofrimento."

Rose nasceu em 13 de janeiro de 1912, em Janow, na Polônia. Sua família se mudou para Hamburgo, Alemanha, quando ela tinha 6 anos, disse ela em uma entrevista filmada em 1996 com a USC Shoah Foundation. Quando questionada pelo entrevistador se ela tinha algum plano de carreira específico antes de Hitler, ela disse: "Hitler chegou em 1933 e então acabou para todos".

Rose Girone era um dos cerca de 245 mil sobreviventes que ainda vivem em mais de 90 países, de acordo com um estudo divulgado pela Claims Conference no ano passado. Seus números estão diminuindo rapidamente, pois a maioria é muito velha e frequentemente de saúde frágil, com uma idade média de 86 anos. Seis milhões de judeus europeus e pessoas de outras minorias foram mortos pelos nazistas e seus colaboradores durante o Holocausto.

"Essa morte nos lembra da urgência de compartilhar as lições do Holocausto enquanto ainda temos testemunhas em primeira mão conosco", disse Schneider. "O Holocausto está escorregando da memória para a história, e suas lições são importantes demais, especialmente no mundo de hoje, para serem esquecidas."

Rose se casou com Julius Mannheim em 1937 por meio de um casamento arranjado. Ela estava grávida de 9 meses e morava em Breslau, que agora é Wroclaw, Polônia, quando os nazistas chegaram para levar Mannheim para o campo de concentração de Buchenwald. A família deles tinha dois carros, então ela pediu ao marido que deixasse as chaves.

Ela disse que se lembra de um nazista dizendo: "Levem essa mulher também". O outro nazista respondeu: "Ela está grávida, deixem-na em paz". Na manhã seguinte, seu sogro também foi levado e ela foi deixada sozinha com a governanta.

Depois que sua filha Reha nasceu em 1938, Girone conseguiu vistos chineses de parentes em Londres e garantiu a libertação de seu marido. Em Gênova, Itália, quando Reha tinha apenas 6 meses de idade, eles embarcaram em um navio para Xangai ocupada pelo Japão com pouco mais do que roupas e alguns lençóis. Seu marido primeiro ganhou dinheiro comprando e vendendo produtos de segunda mão. Ele economizou para comprar um carro e começou um negócio de táxi, enquanto Rose tricotava e vendia suéteres.

Mas, em 1941, os refugiados judeus foram presos em um gueto. A família de três foi forçada a se amontoar em um banheiro em uma casa enquanto baratas e percevejos rastejavam em seus pertences.

O sogro dela veio pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial, mas ficou doente e morreu. Eles tiveram que esperar na fila para comer e viveram sob o governo de um japonês implacável que se autodenominava "Rei dos Judeus".

"Eles fizeram coisas realmente horríveis com as pessoas", disse Rose Girone sobre os caminhões militares japoneses que patrulhavam as ruas. "Um dos nossos amigos foi morto porque não se movia rápido o suficiente."

As informações sobre a guerra na Europa só circularam na forma de boatos, já que rádios britânicas não eram permitidas.

Quando a guerra acabou, eles começaram a receber correspondência da mãe, avó e outros parentes de Rose nos EUA. Com a ajuda deles, eles embarcaram em um navio para São Francisco (EUA) em 1947 com apenas US$ 80, que Rose escondeu dentro de botões. Eles chegaram à cidade de Nova York em 1947. Mais tarde, ela abriu uma loja de tricô com a ajuda de sua mãe.

Rose Girone também se reuniu com seu irmão, que foi para a França para estudar e acabou obtendo sua cidadania americana ao se juntar ao Exército. Quando ela foi ao aeroporto para buscá-lo em Nova York, foi a primeira vez que o viu em 17 anos.

Rose mais tarde se divorciou de Mannheim. Em 1968, ela conheceu Jack Girone, no mesmo dia em que sua neta nasceu. No ano seguinte, eles se casaram. Ele morreu em 1990.

Quando questionada em 1996 sobre a mensagem que gostaria de deixar para sua filha e neta, ela disse: "Nada é tão ruim que algo bom não deva sair disso. Não importa o que seja."

*Este conteúdo foi traduzido com o auxílio de ferramentas de Inteligência Artificial e revisado pela equipe editorial do Estadão. Saiba mais em nossa Política de IA.