Trinta e cinco presos em atos golpistas disputaram eleições

Política
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Trinta e cinco presos pelos atos golpistas em Brasília se candidataram a um cargo público nas eleições municipais de 2020 ou no pleito do ano passado. Cruzamento de dados do Estadão na lista de detidos divulgada pela Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal com informações do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) encontrou suplentes de vereadores, de deputados federais e uma parlamentar em exercício, além de políticos que disputaram prefeituras em 11 Estados do país.

Cinco detidos no ataque dos bolsonaristas radicais concorreram ao menos a mais de uma eleição. Foram 27 candidatos a vereador, dois a prefeito, dois a deputado federal, seis a estadual e um na disputa para deputado distrital.

O partido que mais aparece na lista dos políticos presos é o PL, sigla do ex-presidente Jair Bolsonaro, com seis nomes. Outros ex-candidatos detidos são filiados a partidos da base do ex-presidente. São legendas como Patriota (5), PSL (5), PRTB (3) e PTB (3). Entre os nomes que não foram eleitos e que foram presos nos atos golpistas estão Paulo da Caçamba (Jaru-RO), Loirão da Taboca (São Félix do Xingu-PA), Marcão Bola de Fogo (Pintangueiras-SP), Sargento Fernandes (Nuporanga-SP), Roger Galetos (Teixeira de Freitas-BA).

Eleita nas últimas eleições municipais, a vereadora Odete Correa de Oliveira Paliano (PL), a Odete Enfermeira, de 55 anos, é uma das mulheres detidas na Penitenciária Feminina do Distrito Federal (PFDF). Apoiadora de Bolsonaro, Odete é parlamentar em Bom Jesus, município de Santa Catarina.

No ano passado, Odete se candidatou à Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc), mas não foi eleita. A parlamentar apareceu em fotos e em campanha ao lado do candidato bolsonarista ao governo de Santa Catarina Jorginho Mello (PL), que doou R$ 13.898,14 à colega de partido, e R$35 mil da deputada federal Daniela Reinehr (PL), ex-vice-governadora do Estado e uma das mais fiéis apoiadores da família Bolsonaro no Estado.

Com R$ 382 mil em bens declarados no pleito do ano passado, Odete registrou um aumento patrimonial de 816% desde o pleito municipal em que foi eleita.

Em nota, o presidente da Câmara de Bom Jesus, vereador Jorge Brinker, diz que repudia os atos de vandalismos na sede dos Três Poderes em Brasília, que o legislativo bonjesuense está em recesso até 15 de fevereiro e que os membros da mesa diretora da Câmara "desconhecem o envolvimento de qualquer representante do legislativo municipal em atos antidemocráticos".

Advogado entre os detidos

O PL teve seis filiados presos após os atos de depredação nos prédios dos Três Poderes. Um deles, o advogado Thiago Queiroz, de 45 anos, é presidente municipal do partido em Patos de Minas, em Minas Gerais, e foi candidato a deputado estadual no ano passado. Não foi eleito, mas é suplente na ALMG.

O advogado transmitiu ao vivo a invasão aos prédios públicos nas redes sociais. Em vídeos publicados no Facebook, Queiroz registra a invasão e questiona a ausência de militares das Forças Armadas no local.

"Tomamos o Congresso. Agora é nosso. Nós é que mandamos aqui. Quero ver esse mané, agora. Aqui não tem mané, não. Cadê o Exército? O Exército sumiu. O Exército somos nós, o Exército de Cristo", diz nos vídeos, referindo-ser ao ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A 45ª Subseção da OAB de Patos de Minas iniciou o procedimento ético-disciplinar contra o advogado. A seccional repudiou os ataques e disse que "as liberdades de expressão e manifestação, protegidas pela Constituição Federal, não incluem permissão para ações violentas nem para atentados contra o Estado Democrático de Direito".

"O advogado terá o devido processo legal (contraditório e ampla defesa) respeitado. A Comissão de Prerrogativas ainda não foi acionada, certamente por não estar o advogado no exercício da advocacia", conclui a nota.

Médico tentou ser prefeito

O médico Ezio Guilherme da Silva foi candidato a prefeito de Coronel Fabriciano, em Minas Gerais. Ele disputou a prefeitura do município mineiro em 2020, quando recebeu 392 votos (0,71%). Outro mineiro, o bolsonarista Adrian Paz concorreu à Prefeitura de Patos de Minas, mas também não conseguiu se eleger. Ele foi um dos organizadores do acampamento contra a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Apoiadores de Bolsonaro, os dois têm publicações e vídeos em apoio ao ex-presidente. O Estadão não localizou as defesas dos presos citados.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quinta-feira, 1, que nomeará o secretário de Estado, Marco Rubio, como conselheiro interino de Segurança Nacional para substituir Mike Waltz, que foi indicado para ser embaixador dos EUA na ONU.

Trump anunciou as medidas logo após a divulgação da notícia de que Waltz e seu vice, Alex Wong, deixariam o governo.

"Tenho o prazer de anunciar que nomearei Mike Waltz como o próximo Embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas. Desde seu tempo de uniforme no campo de batalha, no Congresso e como meu Conselheiro de Segurança Nacional, Mike Waltz tem se dedicado a colocar os interesses da nossa nação em primeiro lugar", escreveu Trump nas redes sociais.

"Enquanto isso, o Secretário de Estado Marco Rubio atuará como Conselheiro de Segurança Nacional, mantendo sua forte liderança no Departamento de Estado. Juntos, continuaremos a lutar incansavelmente para Tornar a América, e o mundo, seguros novamente."

Existe um precedente para o Secretário de Estado servir simultaneamente como Conselheiro de Segurança Nacional. Henry Kissinger ocupou ambos os cargos de 1973 a 1975.

Signalgate

Ex-deputado republicano da Flórida, Waltz ganhou atenção internacional em março após incluir por engano o editor-chefe da revista The Atlantic, Jeffrey Goldberg, em um grupo na plataforma Signal que reunia várias autoridades do país e onde foram discutidos ataques militares de Washington contra os Houthis, no Iêmen.

Depois do papel no 'Signalgate', o conselheiro agora é acusado de deixar a conta no aplicativo Venmo aberta.

O aplicativo tem função de pagamento online, semelhante ao Paywall, mas com funções de redes sociais que permitem que os usuários curtam e compartilhem postagens. Ele está disponível somente nos Estados Unidos.

Decisão

Aliados do núcleo mais extremista de Trump, como Laura Loomer, já criticavam Waltz desde antes do Signalgate. Segundo Loomer, Waltz faz parte de uma ala do Partido Republicano que não está em sintonia com a agenda do presidente americano.

Trump tentou evitar a demissão de Waltz e apoiou o seu conselheiro depois do Signalgate, mas a pressão do núcleo duro do presidente fez a diferença.

Em seu primeiro mandato, Trump teve quatro conselheiros de Segurança Nacional, quatro chefes de gabinete da Casa Branca e dois secretários de Estado.

A mudança de Waltz de conselheiro de Segurança Nacional para indicado a embaixador na ONU significa que ele agora terá que enfrentar o processo de confirmação do Senado, que conseguiu evitar em janeiro.

O processo, que se mostrou difícil para várias das escolhas de Trump para o gabinete, dará aos congressistas, especialmente os democratas, a primeira chance de questionar Waltz sobre sua decisão de compartilhar informações sobre um iminente ataque aéreo americano no Signal./Com Associated Press

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ, na sigla em inglês) apresentou nesta quinta-feira uma ação com base na Lei de Falsas Alegações contra três das maiores seguradoras de saúde do país - Aetna Inc. e afiliadas, Elevance Health Inc. (anteriormente conhecida como Anthem) e Humana Inc. - e contra três corretoras de seguros - eHealth, Inc. e uma afiliada, GoHealth, Inc., e SelectQuote Inc. Em nota, o DoJ alega que as seguradoras pagaram milhões de dólares em propinas ilegais às corretoras em troca da inscrição de beneficiários em seus planos do Medicare Advantage, de 2016 até pelo menos 2021.

Após o anúncio, as ações das seguradoras de saúde mencionadas operavam em forte queda em Nova York.

No programa, os beneficiários do Medicare podem optar por se inscrever em planos de saúde oferecidos por seguradoras privadas, como Aetna, Anthem e Humana. "Em vez de atuarem como consultores imparciais, os corretores réus teriam direcionado os beneficiários para os planos das seguradoras que pagavam os maiores subornos, independentemente da adequação desses planos aos beneficiários", explicou o DoJ no comunicado.

Além disso, o Departamento alega que a Aetna e a Humana conspiraram com os corretores para discriminar beneficiários do Medicare com deficiência, vistos como menos lucrativos. "Supostamente, essas seguradoras ameaçaram reter pagamentos para pressionar os corretores a inscrever menos beneficiários com deficiência em seus planos", segundo o DoJ. Em resposta a esses incentivos financeiros, os corretores ou seus agentes teriam rejeitado encaminhamentos de pessoas com deficiência e as direcionado estrategicamente para fora dos planos da Aetna e da Humana, acrescentou.

"É, no mínimo, preocupante que beneficiários do Medicare tenham sido supostamente levados a escolher planos que não eram necessariamente os melhores para eles - mas sim para as seguradoras", disse no comunicado a procuradora federal Leah B. Foley, do Distrito de Massachusetts. "As alegações de que beneficiários foram afastados intencionalmente devido às suas deficiências, por serem considerados menos lucrativos, são ainda mais repulsivas", afirmou.