Livro de Carlos Bolsonaro ignora 'gabinete do ódio' e mira ataques à imprensa

Política
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A fotografia analógica de três crianças se divertindo no mar de Araruama em março de 1989, no Rio de Janeiro, é o pontapé da narrativa do vereador Carlos Bolsonaro nas 52 páginas do livro "Redes Sociais e Jair Bolsonaro, o começo de tudo", lançado há pouco mais de uma semana em formato digital. A obra conta a versão do filho "zero dois" do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre como o clã da zona oeste da capital fluminense deixou de lado a pecha de políticos locais - representantes das causas militares - para arrebatar milhões de seguidores ao expor, segundo ele, uma "perspectiva mais verdadeira, sem vícios tendenciosos" dos fatos.

Construído sob generalidades de uma suposta "visão positiva" do País, em contraponto à "grande mídia", o livro de R$ 54,90 tece críticas à imprensa do início ao fim e ignora as acusações que envolvem o chamado "gabinete do ódio", grupo que atuou no Palácio do Planalto para atacar adversários e instituições do Estado. O caso foi revelado pelo Estadão no início do governo Bolsonaro.

São seis capítulos. "O começo de tudo", a introdução dos Bolsonaro no digital, se dá com a criação do blog "famíliabolsonaro.blogspot.com", em meados de 2010, pouco após o então deputado do baixo clero Jair Bolsonaro se eleger, pela sexta vez, deputado federal pelo Rio, com 120 mil votos. Na publicação de estreia, três garotos louros de 7, 6 e 4 anos posam para uma câmara analógica em uma das praias da Região dos Lagos do Estado. Na prática, a plataforma era utilizada como um álbum de fotos dos Bolsonaro, com destaques, posteriormente, aos mandatos dos três irmãos e de Jair na política.

"Em 2009, com cerca de 26 anos, a minha mente estava cheia de inquietação. O mundo ao meu redor inundado por notícias sombrias e negativas colocadas de forma proposital pelos veículos de informação, e eu sentia que precisava fazer algo para contrapor essa maré de covardia que assolava os meios de comunicação. Foi nesse contexto que a semente da ideia de criar um blog de fotos com um propósito diferente começou a brotar. A partir dessa crença, surgiu o blog "Família Bolsonaro" - um nome que carregava em si a promessa de uma perspectiva mais verdadeira, sem vícios tendenciosos jornalísticos, expondo fotos e posteriormente fatos que contrapusessem a narrativa da grande mídia", relata Carlos no livro.

A cada capítulo, Carlos aumenta o tom contra a imprensa: "na maior parte das vezes (a imprensa) enfatizava as notícias negativas, perpetuando uma visa~o distorcida da realidade". A contraofensiva do clã, segundo ele, era baseado em abordar os mesmo temas dos veículos tradicionais sob "uma perspectiva positiva". O mesmo argumento é repetido outras 15 vezes ao longo do texto.

"A abordagem positiva para os temas não era apenas uma estratégia, mas uma filosofia que simplesmente transbordava o coração a ponto de transmitir energia e força para capilarização do movimento", diz em um dos trechos, repetido posteriormente: "Ao abordar os mesmos to´picos e temas sob uma perspectiva positiva, estava criando uma abordagem alternativa e autêntica para entender o mundo ao nosso redor, fazendo com que cada indivíduo tirasse suas próprias conclusões sem intermediários, somente mediante apresentação de informações", sustenta.

Um levantamento da Escola de Comunicação Digital da FGV Rio, à pedido do Estadão, mostra que, entre janeiro de 2018 e setembro de 2023, o filho do ex-presidente fez mais de 17 mil postagens no X (Twitter). Destas, ao menos 1,6 mil criticam a imprensa.

O estudo mostra ainda um aumento expressivo no volume de críticas aos veículos de comunicação e aos jornalistas em 2022, ano em que Bolsonaro perdeu a reeleição para Luiz Inácio Lula da Silva. No ano anterior, em 2021, foram 240 conteúdos sobre a imprensa, enquanto em 2022 as críticas somaram 516 postagens. Entre os nomes que Carlos se refere negativamente a imprensa estão "gabinete do ódio", "milícia digital" , "imprensa militante" e "assessoria do Lula".

Livro ignora gabinete do ódio

O livro ignora as acusações de envolvimento da família Bolsonaro no esquema de milícias digitais, grupo conhecido como "gabinete do ódio" que promoveu desinformação e ataques contra adversários e instituições com objetivo de "obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros". Segundo conclusões da delegada federal Denise Dias Rosa Ribeiro, responsável por um dos inquéritos da Polícia Federal (PF) que apura o grupo promove desinformação e ataques contra adversários e instituições com objetivo de "obter vantagens para o próprio grupo ideológico e auferir lucros".

Em um dos trechos do livro, Carlos expõe o principal método de atuação do bolsonarismo nas redes: a comunicação baseada "não só em fatos em informações precisas". Segundo o filho do ex-presidente, a abordagem tinha como objetivo "contribuir para um debate público mais saudável e produtivo".

De acordo com o pesquisador Victor Rabello Piaia, professor da FGV, o clã Bolsonaro usou de opiniões polêmicas e posicionamentos questionáveis para deixar a posição de "políticos de nicho": "É aí que ele começa a falar para um público maior".

"A ação da família Bolsonaro teve muito a participação do Carlos na construção digital. Apesar do livro não trazer dados, nomes ou pouco falar sobre a estratégia da campanha, é fato a importância do blog da "Família Bolsonaro" para o clã se estruturar e ganhar força no digital. Bolsonaro sempre foi um parlamentar de pouca expressão e que ali, por volta de 2010, ele começa a aparecer sobretudo na base da polêmica. Usam de opiniões polêmicas, de posicionamentos questionáveis, para deixar a posição de deputado de nicho. É aí que ele começa a falar para um público maior", conta.

O gabinete do ódio está no centro da criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, a "CPMI das Fake News", e motivou a abertura do "inquérito das Fake News" no Supremo Tribunal Federal (STF). As investigações culminaram em operações contra assessores palacianos, deputados, blogueiros e empresários próximos à família Bolsonaro.

Considerado o responsável pela campanha de Bolsonaro nas redes sociais na campanha presidencial de 2018, e curador dos perfis do pai, Carlos criou uma espécie de núcleo de comunicação paralelo à equipe oficial de comunicação do comitê de reeleição do pai. O "zero dois" entrou em atritos com o irmão, o senador Flávio Bolsonaro, durante a campanha por defender uma estratégia mais bélica do que a adotada pelo PL.

No livro, Carlos explica que o foco da comunicação deveria ser o uso das redes sociais.

"Plataformas como Twitter e Facebook ganharam destaque, oferecendo novas maneiras de alcançar um público diversificado e interagir com pessoas de todos os cantos", diz.

Limites da lei

O ex-presidente e seus filhos já receberam punições das principais plataformas de redes sociais por disseminação de desinformação. Bolsonaro chegou a ter publicações excluídas, por exemplo. Carlos e Eduardo Bolsonaro, deputado estadual por São Paulo, tiveram contas no Twitter e no Facebook suspensas temporariamente.

Sem citar qualquer punição ou investigação em andamento, Carlos diz em um dos capítulos do livro que a atuação digital do clã "jamais deve ultrapassar os limites da lei".

"Lembrando sempre que qualquer inocente sabe que jamais devemos ultrapassar os limites da lei, pois o Código Penal existente há décadas pune infratores caso alguém se sinta lesado por injúria, calúnia ou difamação", escreve Carlos.

Victor Piaia explica que a ascensão de Bolsonaro no digital se dá em três pilares: o blog, aparições em programas de TV e inserção no WhatsApp.

"A ascenção de Bolsonaro se estrutura em três pilares. O primeira é o blog. O segundo são as aparições em programas de entretenimento na TV. Mapeamos 34 participações de Bolsonaro em programas de entretenimento na TV nesse período. De certa forma, começamos a observar uma confluência de conteúdo. Uma entrada no digital que consegue pautar novos temas e descobrir novos públicos e a TV aberta. Outra linha importante foi a inserção de Bolsonaro no WhatsApp. Foi algo que na campanha de 2018 importante para a construção comunicativa. Tem uma fala dele em 2014 em que ele fala que elegeu o filho deputado federal em São Paulo no WhatsApp e no Facebook. Nessa época ele já tinha clareza da importância das redes", explica.

Carlos deixa redes do pai

O livro lançou o livro após afirmar que deixaria de administrar as redes sociais do pai. Carlos foi o responsável por criar e comandar as redes de Bolsonaro por mais de dez anos. O vereador ainda desabafou, afirmando que "pessoas ruins" estariam ganhando com seu trabalho e que ele teria sido "tratado de modo que nem um rato mereceria". "Não acredito mais no que me trouxe até aqui", acrescentou Carlos.

"Após mais de uma década à frente e ter criado as redes sociais de @jairbolsonaro, informo que muito em breve chegará o fim deste ciclo de vida voluntariado", postou então no X.

De acordo com o pesquisador da FGV, o livro é "quase uma defesa pessoal do Carlos" após o período do pai na Presidência.

"O livro é quase uma defesa pessoal do Carlos. Ele tenta se colocar como uma figura disruptiva. Ele não menciona os vários casos porque, como figura central na comunicação digital do governo, faz sentido que ele defenda o papel dele e da família", afirma Victor Piaia.

O livro de Carlos chegou a ficar indisponível para venda na plataforma digital Ebuzz pouco após o lançamento. A plataforma diz que houve um erro de processamento, que já foi resolvido, e negou qualquer "interferência política ou ideológica no processo".

"Em 23 de agosto, o cliente cadastrou o livro "Redes Sociais e Jair Bolsonaro: O Começo de Tudo" para ser vendido em nossa plataforma. Conforme nosso procedimento padrão, todos os conteúdos submetidos passam por um processo de moderação, que leva 3 dias úteis para ser concluído. Esse processo tem o objetivo de verificar os conteúdos e evitar a divulgação de materiais impróprios, ofensivos ou ilegais. Apesar de termos ultrapassado o prazo inicialmente previsto, gostaríamos de enfatizar que não houve qualquer interferência política ou ideológica no processo. Estamos à disposição para fornecer esclarecimentos adicionais", explica a plataforma.

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Sem passageiros e sem aviões, o mais novo e mais caro aeroporto do Paquistão é um tanto misterioso. Totalmente financiado pela China, com um custo de US$ 240 milhões, ninguém sabe ao certo quando o Aeroporto Internacional de Gwadar será inaugurado. Localizado na cidade costeira de Gwadar e concluído em outubro de 2024, o aeroporto é um contraste gritante com a empobrecida e instável província de Balochistão ao seu redor.

Ao longo da última década, a China investiu pesado em Balochistão e Gwadar como parte de um projeto multibilionário que conecta sua província ocidental de Xinjiang ao Mar Arábico, chamado Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC). As autoridades o consideram transformador, mas há poucas evidências de mudanças em Gwadar.

A cidade não está conectada à rede elétrica nacional - a energia vem do vizinho Irã ou de painéis solares - e não há água potável suficiente. Um aeroporto com capacidade para 400.000 passageiros não é uma prioridade para a cidade, com seus 90.000 habitantes. "Este aeroporto não é para o Paquistão ou Gwadar", disse Azeem Khalid, especialista em relações internacionais que se especializa nas relações Paquistão-China. "Ele é para a China, para que eles possam ter acesso seguro para seus cidadãos a Gwadar e Balochistão."

Presos entre militantes e o exército

O CPEC catalisou uma insurgência de décadas em Balochistão, uma região rica em recursos e estrategicamente localizada. Separatistas, indignados com o que afirmam ser a exploração do Estado às custas dos locais, lutam pela independência - visando tanto tropas paquistanesas quanto trabalhadores chineses na província e em outros lugares.

Membros da minoria étnica balúchi no Paquistão afirmam enfrentar discriminação do governo e ser negados oportunidades disponíveis em outras partes do país, acusações que o governo nega. O Paquistão, interessado em proteger os investimentos chineses, aumentou sua presença militar em Gwadar para combater a dissidência.

A cidade é um emaranhado de pontos de controle, arame farpado, tropas, barricadas e torres de vigilância. As estradas são fechadas a qualquer momento, vários dias por semana, para permitir a passagem segura de trabalhadores chineses e VIPs paquistaneses. Oficiais de inteligência monitoram jornalistas que visitam Gwadar. O mercado de peixe da cidade é considerado sensível demais para cobertura. Muitos moradores locais estão exaustos.

"Ninguém costumava perguntar para onde estávamos indo, o que estávamos fazendo, e qual é o seu nome", disse Khuda Bakhsh Hashim, um nativo de Gwadar de 76 anos. "Costumávamos aproveitar piqueniques até a noite nas montanhas ou nas áreas rurais." "Agora nos pedem para provar nossa identidade, quem somos, de onde viemos", acrescentou. "Somos moradores. Aqueles que perguntam devem se identificar."

Hashim recorda com carinho quando Gwadar era parte de Omã, e não do Paquistão, e era uma parada para navios de passageiros indo para Mumbai. As pessoas não iam para a cama com fome e os homens encontravam trabalho facilmente, disse ele. Sempre havia algo para comer e nunca faltava água potável. Mas a água de Gwadar secou devido à seca e à exploração descontrolada. O trabalho também secou. O governo afirma que o CPEC criou cerca de 2.000 empregos locais, mas não está claro a quem se referem como "local" - residentes de Balochistão ou paquistaneses de outras partes do país. As autoridades não deram mais detalhes.

Moradores de Gwadar veem poucos benefícios da presença chinesa

Gwadar é simples, mas charmosa, com uma comida excelente e habitantes locais conversadores e acolhedores com os estrangeiros. Fica movimentada durante os feriados públicos, especialmente nas praias. Ainda assim, há uma percepção de que é perigoso ou difícil visitar - apenas uma rota comercial opera no aeroporto doméstico de Gwadar, três vezes por semana para Karachi, a maior cidade do Paquistão, localizada na outra extremidade da costa do Mar Arábico do Paquistão.

Não há voos diretos para a capital provincial de Balochistão, Quetta, centenas de milhas para o interior, ou para a capital nacional Islamabad, ainda mais ao norte. Uma rodovia costeira cênica tem poucas instalações. Desde que a insurgência balúchi eclodiu pela primeira vez há cinco décadas, milhares desapareceram na província - qualquer um que se manifeste contra a exploração ou opressão pode ser detido, suspeito de conexões com grupos armados, dizem os moradores locais.

As pessoas estão tensas; ativistas afirmam que há desaparecimentos forçados e tortura, o que o governo nega. Hashim quer que o CPEC tenha sucesso para que os moradores, especialmente os jovens, encontrem empregos, esperança e propósito. Mas isso ainda não aconteceu. "Quando alguém tem algo para comer, por que ele escolheria ir pelo caminho errado?", disse ele. "Não é uma coisa boa irritar as pessoas." A violência militante diminuiu em Balochistão após uma contra-insurgência do governo em 2014 e se estabilizou no final daquela década, segundo o Instituto Paquistanês de Estudos de Conflito e Segurança.

Os ataques aumentaram após 2021 e subiram de forma constante desde então. Grupos militantes, especialmente o proscrito Exército de Libertação Balochi, foram encorajados pela ruptura do cessar-fogo com o governo do Talibã paquistanês em novembro de 2022.

Inauguração adiada

Preocupações de segurança adiaram a inauguração do aeroporto internacional. Havia temores de que as montanhas da área - e sua proximidade com o aeroporto - poderiam ser o ponto de partida ideal para um ataque. Em vez disso, o primeiro-ministro paquistanês Shehbaz Sharif e seu homólogo chinês Li Qiang realizaram uma cerimônia virtual. O voo inaugural foi restrito à mídia e ao público.

Abdul Ghafoor Hoth, presidente distrital do Partido Awami de Balochistão, disse que nenhum residente de Gwadar foi contratado para trabalhar no aeroporto, "nem mesmo como vigia." "Esqueçam os outros empregos, quantos balúchis há neste porto que foi construído para o CPEC?", perguntou ele.

Em dezembro, Hoth organizou protestos diários sobre as condições de vida em Gwadar. Os protestos pararam 47 dias depois, quando as autoridades prometeram atender às demandas dos moradores, incluindo melhor acesso à eletricidade e à água. Nenhum progresso foi feito na implementação dessas demandas desde então.

Sem trabalho local, bens ou serviços, não pode haver benefício de baixo para cima do CPEC, disse o especialista em relações internacionais Khalid. À medida que o dinheiro chinês chegou a Gwadar, também chegou um aparato de segurança severo que criou barreiras e aprofundou a desconfiança. "O governo paquistanês não está disposto a dar nada ao povo balúchi, e os balúchis não estão dispostos a receber nada do governo", disse Khalid.

A Rússia lançou mais drones de ataque contra a Ucrânia durante a noite de sábado do que em qualquer outro ataque isolado da guerra, disse o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, neste domingo, um dia antes do aniversário de três anos da invasão em grande escala de Moscou.

Escrevendo nas redes sociais, Zelenski disse que 267 drones de ataque foram enviados no que ele chamou de "o maior ataque desde que os drones iranianos começaram a atingir cidades e vilarejos ucranianos". A força aérea da Ucrânia disse que 138 drones foram abatidos em 13 regiões ucranianas, e outros 119 foram perdidos a caminho de seus alvos.

Três mísseis balísticos também foram disparados, informou a força aérea. Uma pessoa foi morta em um ataque com mísseis na cidade de Kryvyi Rih, de acordo com o chefe da administração militar de Kryvyi Rih.

O ataque ocorreu no momento em que os líderes em Kiev e em toda a Europa estão tentando lidar com as rápidas mudanças na política externa dos EUA sob o comando do presidente americano, Donald Trump, que, em questão de dias, derrubou anos de apoio firme à Ucrânia, levando a temores de que ele se uniria a Moscou para forçar um acordo para a guerra sem envolver a Ucrânia e seus apoiadores europeus.

Ucrânia teme a mudança de política de Trump em relação a Putin

O envolvimento de Trump com as autoridades russas e seu acordo para reabrir os laços diplomáticos e a cooperação econômica com Moscou marcaram uma reviravolta dramática na política dos EUA, que antes buscava isolar a Rússia e seu presidente, Vladimir Putin, por causa da guerra.

Zelenski expressou seu temor de que a pressão de Trump por uma resolução rápida resultaria em perda de território da Ucrânia e vulnerabilidade a futuras agressões russas, embora as autoridades dos EUA tenham afirmado que o líder ucraniano estaria envolvido se e quando as negociações de paz realmente começassem.

Trump, no entanto, provocou alarme e raiva na Ucrânia quando, nesta semana, sugeriu que Kiev havia começado a guerra e que Zelenski estava agindo como um "ditador", já que o país não realizou eleições de acordo com a legislação ucraniana que as proíbe durante a lei marcial.

No sábado, o vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia disse que os preparativos para uma reunião entre Trump e Putin estavam em andamento, em mais um sinal de que o isolamento do líder russo, pelo menos para o governo Trump, estava começando a diminuir.

Reagindo aos últimos ataques russos, no entanto, Andrii Sybiha, Ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, disse que os ataques noturnos contra alvos civis e militares "demonstram que evitar chamar a Rússia de agressor não muda o fato de que ela é um".

"Ninguém deve confiar nas palavras de Putin. Em vez disso, olhe para suas ações", disse Sybiha em uma declaração nas mídias sociais.

Putin elogia soldados que lutam na Ucrânia

Zelenski e outras autoridades participarão de um fórum em Kiev no domingo, onde discutirão a situação do país um dia antes de a guerra atingir sua marca de três anos. Zelenski encerrará o fórum com uma coletiva de imprensa.

O fórum acontece em um momento delicado para Kiev, já que o governo de Trump pressiona os líderes ucranianos a concordar com um acordo que permitiria aos EUA acessar os minerais de terras raras ucranianos, uma proposta que Zelenski se recusou a aceitar anteriormente por não ter garantias de segurança específicas.

"Devemos fazer o máximo para trazer uma paz duradoura e justa para a Ucrânia", escreveu Zelenski nas mídias sociais no domingo. "Isso é possível com a unidade de todos os parceiros - precisamos da força de toda a Europa, da força da América, da força de todos que desejam uma paz confiável."

Enquanto isso, Putin, em uma mensagem especial televisionada no domingo, elogiou os soldados russos que lutam na Ucrânia por defenderem "sua terra natal, os interesses nacionais e o futuro da Rússia".

O discurso de Putin marcou o Dia do Defensor da Pátria da Rússia, que cai um dia antes do aniversário da invasão da Ucrânia. Ele usou a saudação do feriado para prometer maior apoio social aos militares e novas armas e equipamentos para as forças russas.

"Hoje, como o mundo está mudando impetuosamente, nosso curso estratégico para fortalecer e desenvolver as Forças Armadas permanece inalterado", disse ele, acrescentando que a Rússia continuaria a desenvolver suas forças armadas "como a parte essencial da segurança da Rússia que garante seu presente e futuro soberanos".

Líderes europeus se preparam para conversas com Trump

No domingo, o Reino Unido disse que anunciaria novas sanções contra a Rússia, enquanto tenta endurecer o apoio ocidental à Ucrânia.

O pacote de sanções que será lançado na segunda-feira será o maior imposto pela Grã-Bretanha desde os primeiros dias da guerra, disse o ministro das Relações Exteriores, David Lammy, acrescentando que elas teriam como objetivo "erodir a máquina militar (da Rússia) e reduzir as receitas que alimentam os incêndios de destruição na Ucrânia".

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e o presidente francês, Emmanuel Macron, visitarão Washington nesta semana, enquanto a Europa tenta persuadir Trump de abandonar a Ucrânia em busca de um acordo de paz.

Starmer disse em uma reunião do Partido Trabalhista na Escócia no domingo: "Não pode haver discussão sobre a Ucrânia sem a Ucrânia e o povo da Ucrânia deve ter um futuro seguro a longo prazo." /AP

O chefe do Departamento de Eficiência Governamental dos EUA (Doge, na sigla em inglês), Elon Musk, publicou em sua conta no X uma enquete perguntando: "Todos os funcionários federais deveriam ser obrigados a enviar um e-mail curto com alguns pontos básicos sobre o que realizaram na semana passada?".

A enquete é uma referência ao e-mail enviado por Musk para os funcionários federais pedindo esclarecimentos sobre suas rotinas de trabalho na última semana.

Há pouco, a resposta sim tinha 84% dos votos, já o não tinha 16%. Ao todo, em 20 minutos a postagem recebeu mais 128 mil votos.