Jorginho Mello viaja em jatinho de empresa com contrato de R$ 2,5 milhões com governo de SC

Política
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O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL), viajou de Chapecó a Blumenau na sexta-feira, 13, no avião de um empresário que tem um contrato de R$ 2,5 milhões com a gestão catarinense. Ele estava na companhia do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que atualmente não tem cargo público e foi ao Vale do Itajaí visitar áreas atingidas por fortes chuvas a convite do aliado.

Os políticos foram à região acompanhados do senador Jorge Seif e da deputada Júlia Zanatta, ambos do PL de Santa Catarina. A aeronave aterrissou com o grupo no aeroporto Quero-Quero, em Blumenau, às 10h32, segundo um portal especializado em aviação. Imagens publicadas em redes sociais mostram Mello e Bolsonaro descendo do jatinho no terminal regional.

O avião modelo Cessna 525 Citation M2, usado pelo grupo, não pode atuar como táxi aéreo. O jatinho é operado pela Oriente Gestão de Ativos SPE LTDA, aberta em fevereiro deste ano, segundo a Receita Federal. A empresa tem como sócios a Unifique Telecomunicações, seu diretor-presidente, Fabiano Busnardo, e a CLVR Participações LTDA, controlada por Clever Mannes. Ele é um dos acionistas da Unifique.

O governo catarinense confirmou ao Estadão que o avião pertence à Unifique. A gestão disse que houve um "empréstimo" da aeronave ao grupo. Uma viagem como esta, de cerca de 50 minutos, pode custar R$ 40 mil (ida e volta), segundo cotação de uma empresa de aviação da região ouvida pela reportagem.

A Unifique Telecomunicações tem um contrato de R$ 2,5 milhões em vigor com o Fundo para Melhoria da Segurança Pública de Santa Catarina, desde 1º de janeiro de 2022. A empresa presta serviços de telecomunicações para "implantação e manutenção de sistema de transporte de dados digitalizados, ponto-a-ponto, para transmissão das imagens geradas pelo sistema de videomonitoramento urbano".

Jorginho Mello começou seu primeiro mandato à frente do governo em 1º de janeiro de 2023. Nos últimos nove meses, o governo de Santa Catarina pagou R$ 2,3 milhões à empresa, segundo informações do Portal da Transparência do Estado.

Em setembro, a Secretaria de Segurança Pública do Estado, vinculada ao fundo, assinou um aditivo contratual para aumentar a velocidade da internet, de 20 megabits por segundo (Mbps) para 50 Mbps, em 51 pontos de conexão indicados pela pasta. O valor mensal do acordo, para esses acessos, aumentou em R$ 5,6 mil. Ou seja, passou de R$ 115,8 mil para R$ 121,4 mil.

Diretor-presidente da Unifique, o empresário Fabiano Busnardo foi um dos 50 homenageados pelo Ministério das Comunicações em dezembro do ano passado. A pasta organizou a cerimônia "5G Brasil - o legado de um País conectado" para celebrar pessoas e instituições que haviam contribuído com o avanço da tecnologia no Brasil.

A Unifique foi fundada em 1997 na cidade de Timbó, no interior de Santa Catarina. O capital social da empresa, registrado na Receita Federal, é de R$ 30 milhões.

Ex-presidente visita Vale do Itajaí

Bolsonaro, Mello e os parlamentares chegaram a Blumenau após participarem de um ato contra o aborto em Chapecó. Em entrevista ao SBT de Santa Catarina, o ex-presidente disse que o governador do Estado o convidou para sobrevoar as regiões afetadas pelas chuvas. Questionado pela emissora de TV se poderia ajudar na crise, o ex-presidente disse ser um "ex".

"Eu sou ex. Inclusive, me tiraram o direito de me candidatar. Uma coisa absurda, tá certo? Eu faço o possível, nos contatos que eu tenho, mas eu não posso falar nada neste momento, não", disse o ex-presidente, em referência à decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que o tornou inelegível.

O ex-presidente foi ao Vale do Itajaí dois dias após ministros do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobrevoarem a região. Na quarta-feira, 11, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e o ministro do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, assinaram um Pacto pela Governança da Água com o governo de Santa Catarina para melhorar a gestão de recursos hídricos.

O Estadão procurou a deputada Júlia Zanatta e perguntou a quem pertencia o avião que o grupo viajou e quem tinha oferecido o transporte. "Não sei", respondeu a parlamentar. "Não faço a mínima ideia. Não perguntei."

Em nota, a Unifique informou que "possui uma cota desta aeronave", e que não a utilizou na data indicada. "Os demais sócios têm a liberdade para utilizá-la consoante as suas respectivas cota-partes", registrou a empresa. "A Cia. reforça que mantém a mais alta governança em seus processos e atua de maneira ética nos seus negócios, e não guarda relação com o episódio relatado."

A reportagem tentou contato com as assessorias do ex-presidente Jair Bolsonaro e do senador Jorge Seif. Não houve retorno.o espaço permanece aberto.

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O presidente Donald Trump comparecerá a uma sessão conjunta do Congresso na noite desta terça-feira, 4, para prestar contas de suas turbulentas primeiras semanas no cargo. A Casa Branca disse que o tema do discurso será a "renovação do sonho americano", e se espera que ele apresente suas conquistas desde seu retorno ao governo, além de apelar ao Congresso para fornecer mais dinheiro para financiar sua agressiva repressão à imigração.

"É uma oportunidade para o presidente Trump, como só ele pode, expor o último mês de conquistas e realizações recordes, sem precedentes", disse o conselheiro sênior Stephen Miller.

Até o momento, a Câmara e o Senado liderados pelos republicanos fizeram pouco para conter o presidente enquanto ele e seus aliados trabalham para reduzir o tamanho do governo federal e "refazer o lugar da América no mundo". Com um controle rígido sobre seu partido, Trump foi encorajado a tomar ações radicais após superar impeachments e processos criminais.

Os democratas, muitos dos quais ficaram longe da posse de Trump em janeiro, ignoraram amplamente os pedidos de boicote enquanto lutam para criar uma resposta eficaz ao presidente. Eles escolheram destacar o impacto das ações de Trump chamando funcionários federais demitidos como convidados, incluindo um veterano deficiente do Arizona, um profissional de saúde de Maryland e um funcionário florestal que trabalhou na prevenção de incêndios florestais na Califórnia. Eles também convidaram pessoas prejudicadas por cortes acentuados no orçamento federal para saúde e outros programas.

Alguns democratas, incluindo a senadora Patty Murray de Washington, se recusaram a comparecer. "A situação é que o presidente está cuspindo na cara da lei e deixando um bilionário não eleito demitir pesquisadores de câncer e destruir agências federais como a Administração da Previdência Social", disse Murray. "Em vez disso, estou me reunindo com eleitores que foram prejudicados pelas demissões imprudentes desta administração e seu congelamento ilegal e contínuo de financiamento em todo o governo."

Trump planejou usar seu discurso para abordar suas propostas para promover a paz na Ucrânia e no Oriente Médio, onde ele derrubou sem cerimônia as políticas do governo Biden em questão de apenas algumas semanas.

Na segunda-feira, Trump ordenou o congelamento da assistência militar dos EUA à Ucrânia, encerrando anos de firme apoio americano ao país para se defender da invasão da Rússia. Isso após sua explosiva reunião no Salão Oval na sexta-feira com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy e enquanto tenta pressionar o antigo aliado americano a abraçar as negociações de paz com seu invasor.

Muitos legisladores democratas planejaram usar gravatas e cachecóis azuis e amarelos em uma demonstração de apoio à Ucrânia.

O pano de fundo do discurso de Trump também será uma nova incerteza econômica desencadeada depois que o presidente abriu o dia colocando tarifas rígidas sobre as importações dos vizinhos do país e parceiros comerciais mais próximos. Um imposto de 25% sobre produtos do Canadá e do México entrou em vigor hoje - para garantir maior cooperação para combater o tráfico ilícito de fentanil - desencadeando retaliação imediata e despertando temores de uma guerra comercial mais ampla. Trump também aumentou as tarifas sobre produtos da China para 20%.

Fora de Washington, protestos públicos contra Trump e sua administração também estão se desenrolando. Grupos vagamente coordenados planejam manifestações em todos os 50 estados e no Distrito de Columbia simultaneamente ao discurso.

O objetivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao tarifar os produtos do Canadá é prejudicar a economia canadense, e a decisão demonstra que qualquer país pode se tornar alvo de uma guerra comercial promovida pela Casa Branca, afirmou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau nesta terça-feira, 4.

"Todo país está muito consciente de que, se o governo dos EUA está disposto a fazer isso com seus aliados mais próximos e vizinhos, todos estão vulneráveis a uma guerra comercial", disse Trudeau, referindo-se à decisão de Trump de aplicar tarifas de 25% sobre os produtos do Canadá e do México.

O primeiro-ministro canadense disse durante uma entrevista coletiva que a justificativa usada pela Casa Branca para tarifar o Canadá - a permissividade com o tráfico de fentanil na fronteira - é "completamente falsa", e que está ficando mais evidente que o objetivo final de Trump é enfraquecer a economia canadense.

"Temos que voltar ao que ele disse repetidamente, que ele quer ver um colapso total da economia do Canadá, porque isso facilitaria nos anexar. Primeiro, isso nunca vai acontecer. Mas ele pode danificar a economia e começou nesta manhã (de terça-feira). Mas descobrirá rapidamente, assim como as famílias americanas vão descobrir, que isso vai prejudicar as famílias dos dois lados da fronteira", afirmou.

"Estamos abertos a negociar, mas não podemos nos enganar sobre o que ele parece estar querendo. Eu tinha esperança de que essas tarifas fossem um plano de negociação para ter o impacto que vemos agora sem elas terem sido adotadas - como vimos nas últimas semanas, com os pedidos de clientes americanos secando para empresas canadenses, planos de expansão sendo suspensos. Mas agora que ele avançou com as tarifas, veremos o verdadeiro impacto de uma guerra comercial", acrescentou.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que a Ucrânia está disposta a negociar um acordo de paz com a Rússia e que ele está pronto para atuar "sob a forte liderança" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração, feita na rede social X, foi publicada menos de uma semana depois de Trump ter acusado Zelenski publicamente de "brincar com a terceira guerra mundial" e de demonstrar ingratidão em relação ao apoio dado pelos Estados Unidos ao país.

"Nenhum de nós quer uma guerra sem fim. A Ucrânia está pronta para ir à mesa de negociação assim que possível para trazer uma paz duradoura mais perto. Ninguém quer a paz mais do que os ucranianos. Minha equipe e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Donald Trump para chegar a uma paz que dure", disse Zelenski.

Na publicação, ele afirma que está disposto a "trabalhar rápido" para encerrar a guerra com a Rússia, com as etapas iniciais para este processo sendo a libertação de prisioneiros de guerra e uma trégua nos céus e nos mares "se a Rússia fizer o mesmo", com proibição de ataques a míssil, com drones de longo alcance e bombardeios sobre infraestrutura de energia ou civil.

"Depois queremos nos mover rapidamente em todos os próximos estágios e trabalhar com os Estados Unidos para chegar a um acordo final forte. Nós realmente valorizamos o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter a soberania e independência. E nos lembramos do momento em que as coisas mudaram quando o presidente Trump forneceu Javelins à Ucrânia. Estamos gratos por isso", disse Zelenski, referindo-se a um míssil antitanque.

"Nossa reunião em Washington, na Casa Branca, na sexta-feira, não foi do jeito que deveria ter sido. É lamentável que tenha ocorrido desta forma. É hora de consertar as coisas. Gostaríamos que a cooperação e a comunicação futuras fossem construtivas", disse o presidente ucraniano, acrescentando que está disposto a assinar um acordo de exploração de minerais da Ucrânia com os Estados Unidos "a qualquer momento e em qualquer formato conveniente".