Conselheira de Itaipu, tesoureira do PT chama Israel de 'assassino', que não merece ser Estado

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A secretária Nacional de Finanças e Planejamento do PT e conselheira de Itaipu, Gleide Andrade de Oliveira, afirmou pelas redes sociais que Israel "não merece ser um Estado", classificando-o como "assassino" e "vergonha para a humanidade". Após a repercussão negativa, apagou algumas das postagens sobre o assunto.

Ela foi nomeada para o Conselho de Administração de Itaipu pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho. O órgão tem 12 membros - metade da equipe é brasileira, metade é paraguaia - e atua ao lado da Diretoria-Executiva da usina na tomada de decisões.

As publicações sobre Israel foram feitas por Gleide Andrade entre os dias 8 e 22 de outubro. Uma delas, que ainda está disponível no perfil da conselheira, atribui aos Estados Unidos e a Israel a morte de crianças palestinas. "Mais de 3 mil crianças palestinas mortas identificadas, fora tantas outras mil apodrecendo debaixo dos escombros e da crueldade dos EUA e de Israel", escreveu.

Em outras publicações, a conselheira foi mais contundente nas críticas a Israel. "O Estado de Israel é uma vergonha para a humanidade, quem mata criança não merece respeito, não merece ser um Estado", disse Andrade no domingo, 22.

No sábado, 21, ela publicou: "basta deste genocídio. É um crime tantas crianças palestinas mortas e órfãs! Basta do Estado de Israel, assassino! Pelo direito à vida do povo palestino!". O texto foi apagado após o jornal Folha de S.Paulo publicar sobre as postagens da petista sobre o conflito.

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do Estado de São Paulo, entidades de representação da comunidade judaica brasileira, repudiaram as publicações da tesoureira do PT.

"Não é possível que, no Brasil, pessoas ainda usem do preconceito, ignorância e antissemitismo para 'lacrar' nas redes sociais, sem se importar e banalizando a onda de terrorismo e o grave conflito que acontece há mais de 15 dias", disse a federação. Respondendo à servidora, a entidade afirmou que "assassinos são os terroristas do Hamas".

Já a Conib disse que as manifestações da servidora foram "antissemitas". "Foi uma fala antissemita, que não deve ter lugar no Brasil. Não se pode tolerar esse tipo de discurso, ainda mais vindo de pessoa em tão alta posição oficial", disse a entidade. Leia a íntegra das duas notas no final deste texto.

Pedido de desculpas

Nesta terça-feira, 24, Gleide Andrade publicou um pedido público de desculpas nas suas redes sociais. Ela negou que seja antissemita e disse que as opiniões que deu são pessoais. "Venho me desculpar com a comunidade israelita, que merece respeito e solidariedade pelo ataque inaceitável do último dia 7", escreveu a conselheira depois das críticas.

Ela afirmou ainda que as manifestações proferidas não espelham o posicionamento do partido e do governo Lula. "Esclareço, por fim, que me expressei em caráter pessoal. As posições oficiais do PT e do governo brasileiro sobre o conflito e o direito de coexistência dos Estados de Israel e da Palestina são públicas e também contam com meu respeito e apoio."

O Partido dos Trabalhadores disse que "a secretária de Finanças e Planejamento, Gleide Andrade, já esclareceu suas manifestações pessoais". Procurada, a Usina de Itaipu afirmou que "não comenta declarações de conselheiros nomeados pela Presidência da República dos dois países sócios da usina".

Demissões no governo após críticas a Israel

Opiniões do mesmo teor que as de Gleide Andrade levaram à demissão do jornalista Hélio Doyle da presidência da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e do assessor parlamentar Sayid Marcos Tenório, que trabalhava há mais de três décadas na Câmara dos Deputados.

Os dois, em tons diferentes, publicaram nas suas redes sociais manifestações contundentes sobre o conflito entre Hamas e Israel. Doyle chamou de "idiota" quem defende os israelenses, como revelou o Estadão, enquanto Tenório zombou de uma mulher que teria sido vítima do grupo terrorista.

O governo Lula tem pedido "bom senso" a servidores em manifestações sobre a guerra. O Brasil tem adotado uma postura contrária ao conflito, porém com linguagem cautelosa. Como mostrou o Estadão, o governo e o PT relutam em classificar o Hamas como grupo terrorista e falham em alinhar o discurso sobre o tema. Lula classificou a ação do Hamas como "terrorista", mas não define grupo dessa forma.

Leia a íntegra das notas de repúdio

Federação Israelita do Estado de São Paulo lamenta e repudia a fala criminosa de Gleide Andrade

A Federação Israelita do Estado de São Paulo lamenta e repudia a fala criminosa da secretária Nacional de Planejamento e Finanças (tesoureira) do PT, Gleide Andrade, que chamou Israel de "assassino", "vergonha para a humanidade" e disse que o país "não merece ser um Estado" em postagens nas suas redes sociais.

Não é possível, que no Brasil, pessoas ainda usem do preconceito, ignorância e antissemitismo para 'lacrar' nas redes sociais, sem se importar e banalizando a onda de terrorismo e o grave conflito que acontece há mais de 15 dias, quando Israel foi atacado pelo grupo terrorista Hamas, em um ataque surpresa que feriu a soberania nacional israelense.

Em 75 anos de conquistas tecnológicas, educacionais, agrícolas e de saúde, Israel segue como a única democracia do Oriente Médio e o único país daquela região onde, registre-se, se respeita a liberdade religiosa de judeus, cristãos, muçulmanos, entre tantas outras religiões.

Assassinos são os terroristas do Hamas, que nos últimos dias mataram mais de 1.400 pessoas, realizaram estupros em massa de mulheres indefesas, decapitaram de dezenas de crianças e bebês, e sequestraram mais de 200 pessoas, de mais de 20 nacionalidades.

Que, ao menos em nosso país, todo sofrimento humano resultante de terrorismo, violência, intolerância, opressão ou preconceito não seja mais banalizado ou justificado.

Conib repudia declarações de Secretária Nacional de Planejamento e Finanças do PT

A Confederação Israelita do Brasil (Conib) manifesta seu profundo repúdio e desgosto pelas manifestações da senhora Gleide Andrade, Secretária Nacional de Planejamento e Finanças do PT e conselheira de Itaipu, que pregou o fim de Israel em suas redes sociais. Foi uma fala antissemita, que não deve ter lugar no Brasil. Não se pode tolerar esse tipo de discurso, ainda mais vindo de pessoa em tão alta posição oficial.

Causa espanto também não haver em sua fala menção alguma ao pior ataque contra os judeus desde o Holocausto, executado pelo grupo terrorista Hamas, que resultou na morte de 1.400 pessoas, estupros em massa de mulheres indefesas, morte de dezenas de crianças e bebês, e o sequestro de mais de 200 pessoas, de mais de 20 nacionalidades.

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A Casa Branca confirmou nesta quarta-feira, 5, que autoridades dos Estados Unidos estão envolvidas em "conversas e discussões contínuas" com o Hamas, rompendo com uma política de longa data da diplomacia americana de não manter negociações diretas com grupos que consideram terroristas.

Questionada sobre as conversas, que foram reveladas pelo site Axios, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, se recusou a fornecer detalhes sobre as negociações, mas disse que Donald Trump autorizou seus enviados a "falar com qualquer pessoa".

"Veja, dialogar e conversar com pessoas ao redor do mundo para fazer o que é do melhor interesse do povo americano é algo que o presidente... acredita ser um esforço de boa-fé para fazer o que é certo para o povo americano", disse.

De acordo com a porta-voz, Israel foi consultado sobre as tratativas. "Durante consultas com os Estados Unidos, Israel expressou sua opinião sobre negociações diretas com o Hamas ", disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu. Autoridades do Hamas também confirmaram as reuniões.

De acordo com a Axios, o enviado especial dos EUA, Adam Boehler, se encontrou com membros do Hamas nas últimas semanas em Doha, no Catar, para discutir a libertação dos cinco reféns americanos ainda mantidos pelo grupo terrorista na Faixa de Gaza, quatro dos quais estão mortos.

As negociações também incluíram discussões sobre a libertação de todos os reféns que permaneceram em Gaza, bem como a possibilidade de um cessar-fogo permanente, acrescentou o Axios, citando duas fontes anônimas familiarizadas com as negociações.

A confirmação das negociações na capital do Catar acontece enquanto o cessar-fogo Israel-Hamas permanece em jogo. Este é o primeiro envolvimento direto conhecido entre os EUA e o Hamas desde que o Departamento de Estado designou o grupo como uma organização terrorista estrangeira em 1997.

Trump sinalizou que não tem intenções de afastar Netanyahu de um retorno ao combate se o Hamas não concordar com os termos de uma nova proposta de cessar-fogo, que os israelenses anunciaram como sendo elaborada pelo enviado dos EUA Steve Witkoff.

O novo plano exigiria que o Hamas libertasse metade dos reféns restantes - a principal moeda de troca do grupo terrorista - em troca de uma extensão do cessar-fogo e uma promessa de negociar uma trégua duradoura. Israel não fez menção de libertar mais prisioneiros palestinos, um componente-chave da primeira fase.

Trump ameaça Gaza

Trump ameaçou nesta quarta-feira a população de Gaza se os reféns restantes não forem libertados, e alertou os dirigentes do grupo terrorista para que deixem o território enquanto podem.

"Para a população de Gaza: um lindo futuro os espera, mas não se retiverem os reféns. Se o fizerem, estão MORTOS! Tomem uma decisão INTELIGENTE. LIBERTEM OS REFÉNS AGORA, OU HAVERÁ UM INFERNO A PAGAR DEPOIS!", escreveu o republicano em sua rede Truth Social.

Na mesma publicação, Trump exigiu ao Hamas que "devolva imediatamente todos os corpos das pessoas que assassinou" durante o ataque desse grupo contra Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra.

"Este é seu último aviso! Para os dirigentes [do Hamas], agora é a hora de sair de Gaza, enquanto ainda têm oportunidade", acrescentou. "Estou enviando a Israel tudo o que se necessita para terminar o trabalho, nem um único membro do Hamas estará a salvo." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Um caça sul-coreano lançou acidentalmente oito bombas em uma área civil durante um treinamento nesta quinta-feira, 6, ferindo sete pessoas. As bombas MK-82 lançadas "anormalmente" pelo caça KF-16 caíram fora do alcance de tiro, causando danos civis não especificados, disse a força aérea em comunicado.

A nota informa ainda que a força aérea estabelecerá um comitê para investigar por que o acidente aconteceu e examinar a escala dos danos. O jato estava participando de exercícios de tiro real conjuntos junto ao Exército.

A Força Aérea pediu desculpas por causar danos civis e expressou esperanças por uma rápida recuperação dos feridos além de oferecer ativamente indenização e outras medidas necessárias para as vítimas.

O comunicado não detalhou onde o acidente aconteceu, mas a mídia sul-coreana relatou que as bombas foram lançadas em Pocheon, uma cidade perto da fronteira com a Coreia do Norte.

A agência de notícias Yonhap relatou que cinco civis e dois soldados ficaram feridos. A agência disse que as condições de dois dos feridos eram sérias, mas não fatais.

A afirmação de Donald Trump, em seu discurso ao Congresso, na terça-feira, 4, de que a Groenlândia será dos EUA "de uma forma ou de outra", foi criticada ontem pelos líderes políticos groenlandeses. Naaja Nathanielsen, ministra de Recursos Naturais e Justiça da ilha, que pertence à Dinamarca, disse que as falas mostram uma "falta de respeito" com as pessoas.

O premiê Mute Egede voltou a dizer que a ilha não está à venda. "Os americanos e seu presidente deveriam entender isso", disse. De acordo com uma pesquisa encomendada pelo jornal dinamarquês Berlingske, em janeiro, 85% dos groenlandeses não querem que a Groenlândia faça parte dos EUA.