Quem é Weverton Rocha, antigo desafeto de Flávio Dino e relator da indicação ao STF no Senado

Política
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A relatoria da indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF) ficou sob responsabilidade de um antigo desafeto do ministro da Justiça. Escolhido para a função pelo presidente da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o senador Weverton Rocha (PDT-MA) se afastou de Dino após ter sido preterido na sucessão ao governo do Maranhão em 2022.

A relação dos dois, porém, é descrita como de idas e vindas por interlocutores do ministro da Justiça, como mostrou a Coluna do Estadão. Assim que foi divulgada a decisão de Lula sobre a vaga no Supremo, o senador classificou a indicação como "muito bem-vinda" e o nome de Dino como de "inquestionável capacidade". "Para nós maranhenses é uma honra ver Dino, um conterrâneo, sendo indicado para compor a corte suprema", afirmou Weverton no X (antigo Twitter), na segunda-feira, 27, antes de ser formalizado como relator na CCJ.

Weverton era aliado de Dino quando o ministro ocupava o cargo de governador do Maranhão, entre 2015 e 2022. Em 2018, quando disputou a reeleição, Dino apoiou Weverton e Eliziane Gama (PSD-MA) para as duas vagas do Estado no Senado. Os três participavam juntos de propagandas televisivas na campanha.

Naquele ano, Weverton ficou em primeiro lugar nas eleições para o Senado no Maranhão, com 1.997.443 votos (35% dos votos válidos). Já Eliziane ficou com a segunda vaga, ao receber 1.539.916 votos (27%). Eles assumiram em 2019 para um mandato até 2027.

Pela proximidade com o então governador, ele esperava ser o candidato para a sucessão no Executivo estadual. O escolhido, entretanto, foi Carlos Brandão (PSB) - do mesmo partido de Dino e vice dele nos dois mandatos em que esteve à frente do governo maranhense.

No mesmo dia em que Dino comunicou, em uma reunião, que apoiaria Brandão, Weverton postou em rede social que participaria de uma frente de oposição, encabeçada por sua candidatura ao governo estadual. A coligação reuniu PDT, PROS, Agir, PL, de Jair Bolsonaro, e outros partidos que apoiaram o então presidente, como PTB e Republicanos.

Enquanto Brandão tinha ao seu lado o então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Flávio Dino, Weverton afirmava fazer parte de uma frente ampla que ia "bater na porta" do presidente eleito no pleito de 2022, independentemente de quem fosse.

O rompimento entre os dois ficou mais evidente quando Weverton declarou apoio ao ex-senador Roberto Rocha (PTB), aliado de Bolsonaro e que disputava uma vaga com Dino ao Senado. Nas eleições, Brandão venceu Weverton, que ficou em terceiro lugar para o cargo de governador. Dino, por sua vez, ficou com a vaga no Legislativo federal, com 62,41% dos votos válidos. Roberto Rocha teve 35,56%.

Assim que Flávio Dino foi escolhido por Lula para comandar o Ministério da Justiça, Weverton Rocha parabenizou o antigo desafeto em rede social. "Ganha o Maranhão, que terá uma representação importante no novo governo", afirmou em dezembro de 2022. Os dois seriam colegas no Senado, caso Dino não tivesse assumido a função na Esplanada.

Ao longo deste ano, os dois tiveram uma reaproximação. No dia 15 de agosto, Weverton se reuniu, no Palácio da Justiça, sede do ministério, com Flávio Dino e o ministro da Previdência e presidente do PDT, Carlos Lupi. O encontro de uma hora está registrado na agenda do chefe da Justiça.

Nesta segunda-feira, logo após ser anunciado que seria o relator no Senado da indicação de Dino ao STF, Weverton afirmou que vai trabalhar para que a escolha passe por uma aprovação majoritária na CCJ e no plenário. A sabatina do ministro da Justiça no colegiado está marcada para 13 de dezembro.

O parlamentar esteve em jantar com governistas, com a presença de Dino, na noite desta terça-feira, 28, em Brasília. A reunião foi para traçar estratégias para a busca de votos dos senadores.

O Estadão procurou o senador Weverton Rocha e o ministro da Justiça, Flávio Dino, mas não obteve retorno.

Weverton é afilhado político de ex-governador cassado

Weverton Rocha, de 44 anos, é natural de Imperatriz (MA) e filho de uma professora e de um técnico agrícola. De acordo com biografia oficial no site do Senado, ele começou na política quando ingressou no movimento estudantil e se filiou, aos 16 anos, ao PDT, partido em que está até hoje.

O senador é formado em administração pela Faculdade São Luís e foi secretário estadual de Esporte e Juventude do ex-governador do Maranhão Jackson Lago (PDT). Contando com o apoio de Lago, que foi cassado em 2009 por abuso de poder político, ele foi eleito suplente de deputado federal em 2010, assumindo definitivamente uma cadeira na Câmara em 2012, onde permaneceu até ser eleito senador.

Na Câmara, foi líder de uma bancada formada por partidos de oposição ao governo de Michel Temer (MDB). Weverton votou contra o impeachment de Dilma Rousseff (PT) e a reforma trabalhista.

No Senado, Weverton é vice-líder do governo Lula e votou a favor do arcabouço fiscal e da reforma tributária, pautas de interesse do Executivo. O maranhense, no entanto, votou a favor do marco temporal da demarcação das terras indígenas no fim de setembro.

"Sou vice-líder do governo Lula, mas não concordo com a insegurança jurídica que anúncios de possíveis novas demarcações geram. É preciso encontrar soluções que protejam os povos indígenas, sem prejudicar pequenos produtores", afirmou Weverton em rede social.

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Pelo menos 68 pessoas morreram e outras 47 ficaram feridas após um bombardeio dos EUA à província de Saada, no Iêmen, segundo os rebeldes Houthis afirmaram nesta segunda-feira, 28. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos não comentou o caso.

Imagens transmitidas pelo canal de notícias por satélite al-Masirah, controlado pelos rebeldes, mostram corpos e feridos no local, atingido no domingo, 27. O Ministério do Interior do país afirmou que havia cerca de 115 migrantes detidos no local, uma prisão de migrantes africanos.

Na mesma noite, ataques aéreos dos EUA dirigidos à capital do Iêmen, Sanaã, mataram ao menos outras oito pessoas, segundo os Houthis.

Em comunicado divulgado também na noite do domingo, o Departamento de Defesa dos EUA afirmou que a "Operação Roughrider" havia "eliminado centenas de combatentes Houthis e diversos líderes", inclusive associados a programas de mísseis e drones. Nenhum nome foi revelado.

O Exército americano reconheceu ter realizado mais de 800 ataques individuais durante a campanha de um mês.

Este é o mais recente episódio em uma guerra que já dura uma década e continua fazendo vítimas entre migrantes da Etiópia e de outras nações africanas que atravessam o país em busca de uma oportunidade de trabalho na vizinha Arábia Saudita.

Investida norte-americana

Os Estados Unidos têm atacado os Houthis em resposta aos ataques do grupo contra a navegação no Mar Vermelho - uma rota comercial crucial - e também contra Israel. Eles são o último grupo militante do chamado "Eixo da Resistência" do Irã que consegue atacar regularmente Israel.

Os ataques norte-americanos estão sendo conduzidos a partir de dois porta-aviões na região: o USS Harry S. Truman, no Mar Vermelho, e o USS Carl Vinson, no Mar Arábico. Em 18 de abril, um ataque americano ao porto de combustível de Ras Isa matou pelo menos 74 pessoas e feriu outras 171, sendo o ataque mais letal já conhecido da campanha americana.

A investida ao porto foi justificada pelos EUA como forma de "destruir a capacidade do porto de Ras Isa de receber combustível, o que começará a afetar a capacidade dos Houthis não apenas de realizar operações, mas também de gerar milhões de dólares para suas atividades terroristas", informou.

Enquanto isso, os rebeldes têm intensificado o controle da informação nos territórios sob seu domínio. No domingo, 27, emitiram um aviso determinando que todos os que possuírem receptores de internet via satélite Starlink "entreguem imediatamente" os dispositivos às autoridades.

"Uma campanha de campo será implementada em coordenação com as autoridades de segurança para prender qualquer pessoa que venda, negocie, use, opere, instale ou possua esses terminais proibidos", alertaram.

Os terminais Starlink têm sido fundamentais para a Ucrânia na luta contra a invasão russa em larga escala e também foram contrabandeados para o Irã durante protestos no país. (Com agências internacionais).

O provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, demonstrou nesta segunda-feira, 28, dúvidas sobre o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Não sabemos se a Otan continuará existindo nas próximas décadas", disse. Ao discursar no Comitê Federal da União Democrata Cristã (CDU), ele acrescentou que "teremos que passar muitos anos construindo as capacidades de defesa práticas e mentais da Alemanha".

"Estamos diante do maior desafio que as sociedades livres enfrentaram nos últimos 75 anos. Não sabemos se a aliança permanecerá como é nas próximas décadas. Por isso, precisamos priorizar corretamente: a segurança externa é condição essencial para tudo o mais - política interna, economia, meio ambiente, política social. Mas os desafios internos também são imensos", afirmou.

Para Merz, o maior desafio é a guerra na Ucrânia. "Essa guerra não é apenas contra a Ucrânia, mas contra toda a ordem política da Europa. O combate da Ucrânia contra a agressão russa é, também, a defesa da paz e da liberdade em nosso país", declarou.

O líder da CDU também ressaltou que o apoio à Ucrânia é um esforço conjunto da Europa e dos EUA. "Não somos parte do conflito, mas também não somos neutros: estamos ao lado da Ucrânia." Merz ainda afirmou que não aceitará o que chamou de "paz ditada", nem a "legitimação de conquistas territoriais militares contra a vontade da Ucrânia". "Esperamos que a Europa e os EUA mantenham essa postura no futuro."

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, destacou que "não há indícios de qualquer ciberataque" sobre o apagão que afeta países da Europa nesta segunda-feira, 28, em especial Espanha e Portugal.

Em publicação no X, Costa afirmou que está em contato com o premiê espanhol, Pedro Sánchez, e com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, "sobre as interrupções de energia generalizadas na Espanha e em Portugal hoje". Ele informou que as operadoras de rede dos dois países estão trabalhando para encontrar a causa do problema e restaurar o fornecimento de eletricidade.

A operadora de energia da Espanha disse que o restabelecimento do fornecimento de eletricidade pode levar de 6 a 10 horas. Enquanto isso, a distribuidora de Portugal fala em "até uma semana".