Boulos fecha acordo com Marta para eleição municipal e avisa que agora 'depende do PT'

Política
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A ex-secretária de Relações Internacionais do município de São Paulo Marta Suplicy e o pré-candidato à prefeitura Guilherme Boulos (PSOL) se reuniram neste sábado, 13, e selaram acordo para uma aliança nas eleições deste ano à Prefeitura. Ao sair da casa de Marta, o deputado do PSOL disse que a formação da chapa depende, no entanto, do aval do PT.

Os dois se encontraram pela primeira vez e passaram cerca de três horas reunidos no apartamento de Marta no bairro Jardim Paulista. Boulos classificou o encontro como "excelente" e disse que o principal desafio de ambos é reeditar uma frente democrática para derrotar o bolsonarismo em São Paulo, em alusão ao prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca o apoio de Jair Bolsonaro (PL) para a eleição municipal.

Marta era secretária de Nunes, mas deixou o cargo para se filiar ao PT e ser vice de Boulos.

"Essa é uma aliança que não vai olhar para o passado. Ela se constrói a partir de um compromisso de presente e de futuro. Agora, a confirmação da chapa depende do Partido dos Trabalhadores", disse Boulos na saída do encontro.

No passado, o marido de Marta já chamou o deputado do PSOL de "picareta" e Luiza Erundina, então vice de Boulos em 2020, disse que Marta era "traidora" pela forma como deixou o PT em 2015. Agora, Boulos disse que, após a confirmação da volta de Marta ao PT, quer levar a ex-prefeita para um encontro com os movimentos sociais para ela se reconectar com este segmento.

Segundo Boulos, as críticas trocadas no passado e as diferenças políticas mostram que a aliança de fato amplia o alcance político e eleitoral da chapa. "Já tivemos divergências no passado", disse.

Boulos disse que Marta agrega experiência administrativa e amplitude para a frente democrática que ele está construindo. O pré-candidato pontuou que diversos partidos que não estiveram com ele em 2020, seja porque tinham candidato ou apoiavam outros nomes, agora estão com ele. Se encaixam no critério PT, PDT, Rede e PCdoB.

O deputado do PSOL chegou à casa de Marta em seu Celta. A união dos dois numa chapa foi apadrinhada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Marta pediu demissão da Prefeitura de São Paulo na terça-feira, 9.

Segundo assessores, após a conversa com a ex-prefeita de São Paulo, o deputado do PSOL pretende se reunir ainda neste sábado com Eduardo Suplicy, ex-marido de Marta e vereador pelo PT e o mais votado na última eleição municipal.

Marta Suplicy não deixou o apartamento para falar com os jornalistas. Por meio da assessoria, ela se disse "muito honrada" em receber Boulos e a esposa, Natalia Szermeta, coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

A ex-prefeita reproduziu um manifesto defendendo a formação de uma frente ampla, que foi lançada em setembro de 2019 durante o governo Bolsonaro. A aproximação de Nunes com Bolsonaro foi um dos motivos apontados por aliados de Marta para ela deixar a prefeitura nesta semana. As negociações do prefeito com o ex-presidente, porém, se arrastaram ao longo de 2023.

Questionado sobre o assunto, Boulos disse que Marta poderá responder melhor os "tempos em que ela tomou a decisão". "Agora, uma coisa é haver negociação. Outra é haver uma consolidação, o que, no caso de Nunes e de Bolsonaro, foi feita nos últimos dias de dezembro. Então, ela reagiu à consolidação", disse o pré-candidato do PSOL.

"Marta teve a postura de sair do governo Nunes", disse.

Boulos tem uma viagem internacional programada para os próximos dias. A previsão é que siga para Paris neste domingo. O embarque estava previsto para este sábado, mas foi adiado para o dia seguinte.

Ele deve se reunir com a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. A conversa seria sobre projetos que deram certo na capital francesa, principalmente na área de transporte. Depois, o parlamentar viaja à China, onde deverá se encontrar com dirigentes locais em diferentes municípios do país asiático. No dia 23, ele já estará de volta ao Brasil.

Marta pode ajudar Boulos com votos na periferia, onde é lembrada por programas de sua gestão como os Centros Educacionais Unificados (CEU) e a implantação dos corredores de ônibus e do Bilhete Único. Em eleições passadas, a ex-prefeita teve bom desempenho em zonas eleitorais que são redutos do atual mandatário, Ricardo Nunes (MDB), nas quais o PT e Boulos não avançaram tanto.

Segundo Boulos, Marta está "muito animada para organizar e fazer campanha". Ele disse ter convidado Marta para um encontro com movimentos sociais para que ela tenha uma "reconexão".

Por outro lado, a ex-prefeita é criticada pela criação de taxas durante sua administração, que lhe rendeu o apelido de "Martaxa" e contribuiu para ela não ser reeleita em 2004.

Marta também sofre resistência de uma ala minoritária do PT, que ainda se ressente da forma como ela deixou o partido em 2015. À época, ela criticou a sigla por protagonizar "um dos maiores escândalos de corrupção que a nação brasileira já experimentou". No ano seguinte, votou favoravelmente ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), de quem foi ministra.

Responsável por aproximar Marta e Boulos, o deputado federal Rui Falcão (PT-SP) disse que é "provável" que a volta da ex-prefeita ao PT seja oficializada em um grande evento no dia 3 de fevereiro, com a presença de Lula e da presidente do partido, Gleisi Hoffmann (PT-PR). Ele ressaltou, no entanto, que é preciso checar a agenda do presidente e que não faz parte da direção do PT municipal, que vai definir os detalhes da filiação.

O calendário para a filiação de Marta ao partido e a oficialização da chapa com Boulos será discutido em uma reunião do PT paulistano na terça-feira, 16.

Falcão também minimizou a movimentação do deputado estadual Eduardo Suplicy (PT-SP) que quer prévias no partido para definir o vice de Boulos. Ele chegou a sugerir o nome da vereadora Luna Zarattini (PT-SP) em declaração à Folha de S.Paulo.

Rui Falcão afirmou que não há histórico de prévias para vice no PT e que nem há candidatos para isso, já que a própria Luna descartou a possibilidade. Em uma publicação no X (antigo Twitter), a vereadora agradeceu Suplicy, mas se disse surpresa com a indicação feita por ele.

A tendência é que Luna dispute a reeleição à Câmara Municipal. "Entendo, assim, que cabe a mim ajudar Guilherme Boulos e o movimento democrático e popular que se forma para que a esquerda volte a governar essa cidade, a maior e mais desigual do país", escreveu a vereadora.

Após o almoço com Marta, Boulos seguiu para a casa de Suplicy para encontrá-lo. O deputado do PSOL disse que o petista é uma referência política e que quer discutir a incorporação da renda básica da cidadania, proposta histórica de Suplicy, em seu programa de governo.

"Queremos ter o Suplicy não só como amigo, mas como parlamentar e militante envolvido na campanha", disse Boulos.

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O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não se desculpou pela discussão acalorada com o presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval, mas disse à Fox News em uma entrevista exclusiva que está confiante de que o relacionamento entre eles pode ser recuperado.

"São relações que vão além de dois presidentes. São relações históricas, relações fortes entre nossos povos. E é por isso que eu sempre comecei... a agradecer ao seu povo pelo nosso povo", disse Zelensky.

O líder ucraniano ainda afirmou que respeita Trump e o povo americano. "Acho que temos que ser muito abertos e honestos e não tenho certeza de que fizemos algo ruim. Acho que algumas coisas devem ser discutidas fora da mídia, com todo o respeito à democracia e à mídia livre".

Um bate-boca protagonizado na Casa Branca nesta sexta-feira, 28, entre o presidente americano Donald Trump e o ucraniano Volodmir Zelenski simbolizou o ápice de uma relação já estremecida há meses entre os dois mandatários. O desentendimento aconteceu durante um encontro que deveria formalizar um acordo para a exploração de terras raras na Ucrânia por Washington, mas que acabou com uma nota assinada pela presidência americana afirmando que Zelenski desrespeitou os Estados Unidos.

Desde a campanha eleitoral, Trump já deixava claro seu ceticismo em relação ao apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Ele frequentemente questionava os valores enviados pelo governo de Joe Biden em comparação com os da Europa e prometia resolver a guerra em "24 horas", embora nunca tenha detalhado como.

Mas ao assumir a presidência em 20 de janeiro, Trump endureceu ainda mais o discurso contra Zelenski. Em diferentes ocasiões, acusou o líder ucraniano de iniciar a guerra contra a Rússia, chamou-o de "ditador" e afirmou que Kiev deveria ser mais grata aos Estados Unidos. Veja abaixo o que Trump já falou sobre a guerra na Ucrânia desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos.

Pressa pelo fim da guerra

Trump mencionou em diversas ocasiões que a guerra não teria começado sob sua presidência e que não permitiria que o conflito se arrastasse por mais tempo, enfatizando a necessidade de encerrar rapidamente a guerra.

Na época de campanha, Trump declarou: "Posso terminar essa guerra em 24 horas, basta que todos os envolvidos queiram negociar e eu estarei lá, oferecendo uma solução", embora nunca tenha detalhado exatamente como resolveria a situação em tão pouco tempo.

No encontro com o presidente francês Emmanuel Macron nesta semana, o republicano afirmou que o conflito poderia ser resolvido "em questão de semanas". Já durante a visita do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, disse que a "guerra precisa acabar agora ou nunca."

Desejo por minerais críticos

Como parte da crença de que os EUA gastaram demais com a Ucrânia, o governo republicano criou uma proposta de acordo para explorar os minerais críticos e de terras raras do país europeu, como uma espécie de "compensação". Trump disse que estava tentando recuperar os bilhões de dólares enviados para apoiar a guerra.

"Estou tentando obter o dinheiro de volta, ou garantias", declarou Trump na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), perto da capital americana. "Quero que eles nos deem algo por todo o dinheiro que colocamos. Estamos pedindo terras raras e petróleo, qualquer coisa que possamos conseguir", afirmou o republicano.

Uma primeira versão da proposta foi apresentada à Zelenski pelo vice-presidente J.D. Vance na Conferência de Segurança de Munique. O presidente ucraniano rejeitou a proposta com a justificativa de que ela era muito favorável a Washington e não dava garantias suficientes à Ucrânia. Ajustes foram feitos, com concessões à Ucrânia, e o texto seria assinado nesta sexta-feira, 28. Mas a discussão entre os líderes provocou o cancelamento do acordo.

Zelenski, o ditador

Um dos pontos de maior tensão até aqui foi uma postagem publicada por Trump em sua rede Truth Social, na qual chamou Zelenski de "ditador que usou o dinheiro dos Estados Unidos para ir à guerra". O motivo do post foi a Ucrânia ter negado a primeira versão do acordo sobre minerais.

"Zelenski é um ditador sem eleições, é melhor ele agir rápido ou ele não terá mais um país", disse Trump. "Um comediante de sucesso modesto, Zelenski convenceu os Estados Unidos a gastar US$ 350 bilhões de dólares para entrar em uma guerra que não poderia ser vencida", escreveu Trump, ignorando que as eleições ucranianas não foram realizadas ainda porque o país decretou lei marcial após o início da guerra.

Além disso, os Estados Unidos destinaram US$ 119 bilhões para ajudar a Ucrânia, de acordo com o Instituto Kiel, e não US$ 350 bilhões.

Trump ainda sugeriu que a segurança futura da Ucrânia não seria problema dos Estados Unidos. "Essa guerra é muito mais importante para a Europa do que para nós", escreveu Trump. "Temos um grande e belo oceano como separação."

Nesta semana, no Salão Oval, Trump negou ter chamado Zelenski de "ditador".

Abandono do 'sonho Otan'

Pelo fim da guerra, os ucranianos pedem garantias de segurança e a entrada do país Otan. Zelenski chegou a dizer que poderia deixar seu cargo em troca da entrada da Ucrânia na aliança militar. Mas Trump rechaçou os dois pedido na última quarta-feira, 26, afirmando cabe à Europa fornecer garantias de segurança à Ucrânia, e não aos EUA, e descartou a Otan.

"Não vou oferecer garantias de segurança que vão além do estritamente necessário", disse Trump em uma reunião de gabinete. "Vamos deixar que a Europa faça isso porque (...) a Europa é sua vizinha, mas vamos garantir que tudo saia bem."

"Podem esquecer a Otan", acrescentou Trump. "Acho que essa é provavelmente a razão pela qual tudo começou", acrescentou o presidente americano, repetindo mais uma vez a postura da Rússia sobre o que motivou o início da guerra.

Aposta na 3.ª Guerra

O magnata republicano prometeu no ano passado acabar com a guerra e afirmou que evitaria uma "Terceira Guerra Mundial", argumentando que a possibilidade de uma guerra mais ampla seria ainda maior sob um novo governo democrata.

Essa afirmação foi repetida diversas vezes. Na semana passada, em uma coletiva de imprensa na qual comentava a guerra na Ucrânia, Trump disse que a "Terceira Guerra Mundial não está tão longe", mas disse que sua presidência impediria tal desenvolvimento. Na discussão desta sexta-feira, Trump disse que Zelenski estava "apostando na terceira guerra mundial".

O presidente ucraniano viajou para Washington para assinar a resolução sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro com Trump terminou em bate-boca.

Depois da discussão, Trump divulgou uma nota na qual disse que Zelenski desrespeitou os EUA e por isso deixou a Casa Branca. "É incrível o que se revela por meio da emoção. Concluí que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações". diz o comunicado. "Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz."

O presidente dos EUA, Donald Trump, deve assinar uma ordem executiva nesta sexta-feira, 28, designando o inglês como o idioma oficial do país, de acordo com a Casa Branca.

A ordem permitirá que as agências e organizações governamentais que recebem financiamento federal escolham se querem continuar a oferecer documentos e serviços em outro idioma que não o inglês, de acordo com um informativo sobre a ordem iminente.

A ordem executiva rescindirá um mandato do ex-presidente Bill Clinton que exigia que o governo e as organizações que recebiam financiamento federal fornecessem assistência linguística a pessoas que não falavam inglês.

Designar o inglês como idioma nacional "promove a unidade, estabelece eficiência nas operações do governo e cria um caminho para o engajamento cívico", disse a Casa Branca.