Prefeito suspeito de desvios da merenda reassume após magistrada ver 'equívoco' em prisão

Política
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O prefeito de Borba, no Amazonas, Simão Alves Peixoto (MDB), reassumiu o cargo após conseguir uma liminar do Tribunal Regional Federal da 1.ª Região (TRF1). Ele havia sido afastado e preso em uma investigação da Polícia Federal (PF) sobre a compra de merenda escolar na pandemia.

Com a decisão, assinada no dia 12 pela desembargadora Solange Salgado da Silva, a prisão preventiva do prefeito foi revogada. Ela também derrubou a restrição de primeira instância que o impedia de exercer as funções e de frequentar a prefeitura. "Houve equívoco inadmissível", escreveu.

A prisão preventiva é uma modalidade de prisão processual, ou seja, decretada antes de uma eventual condenação. Por isso, só pode ser determinada em casos excepcionais, como quando há risco de destruição de provas ou de ataques a testemunhas.

O prefeito foi preso justamente porque teria tentado influenciar o depoimento de servidores municipais intimados na investigação. Ele convocou uma reunião por videoconferência para oferecer assistência jurídica aos funcionários, custeada pela prefeitura.

"Embora possa ser interpretada como um gesto de auxílio, esta ação cria um ambiente propício para que os servidores se sintam pressionados a adaptar seus depoimentos aos interesses do investigado, comprometendo potencialmente a integridade e a credibilidade das investigações em curso", informou a PF ao pedir a prisão do emedebista.

Ao analisar um recurso da defesa, a desembargadora do TRF1 concluiu que não havia fundamento para justificar a prisão. Ela argumentou que a decisão de primeira instância levou em consideração o depoimento de uma ex-servidora recém-exonerada, que teria demonstrado "revanchismo" pela demissão, mas "ignorou" as declarações dos demais funcionários da prefeitura.

"Houve verdadeiro desvirtuamento de toda a lógica processual penal, cuja pedra de toque, indubitavelmente, é a presunção de inocência, cuja incidência ao sistema das medidas cautelares é inquestionável", diz um trecho da decisão.

A magistrada também não viu irregularidade na reunião do prefeito com os servidores intimados pela PF. Segundo a desembargadora, não há provas de os funcionários foram pressionados.

"Não há, como se vê, sequer menção a tom de ameaça ou de intimidação. Pelo contrário, pelo que se extrai do depoimento, o agravante se disponibilizou a auxiliar os servidores intimados", escreveu.

O inquérito da Polícia Federal apura indícios de desvios em licitações para a compra de merenda escolar. Os investigadores afirmam que, embora os contratos previssem kits com carne, as marmitas chegavam às escolas sem proteína animal, o que reduz o custo. A suspeita é que diferença fosse embolsada no esquema.

Simão Peixoto ganhou notoriedade em 2021, quando protagonizou uma luta de MMA com um desafeto político, o ex-vereador Erineu Alves da Silva. O prefeito venceu o embate no ringue. Na ocasião, o prefeito virou alvo de uma ação de improbidade administrativa movida pelo Ministério Público do Amazonas.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sinalizou que não pretende aliviar as sanções que o país impõe sobre a Rússia antes da obtenção de um acordo de paz.

"Temos sanções sobre a Rússia", disse o presidente norte-americano, durante a primeira reunião de membros do gabinete de seu segundo mandato nesta quarta-feira, 26. "Primeiro preciso ver um acordo com a Rússia antes de falar sobre afrouxamento das sanções."

Os pilotos de um voo da Southwest Airlines que tentavam pousar no Aeroporto Midway, em Chicago nos Estados Unidos, foram forçados a subir de volta ao céu para evitar outra aeronave que cruzava a pista na manhã de terça-feira, 25.

Um vídeo da câmera do aeroporto postado no X mostra o avião da Southwest se aproximando da pista pouco antes das 9h, horário local, antes de arremeter abruptamente. Um jato menor é visto cruzando a pista que a aeronave de passageiros deveria usar.

O voo Southwest 2504 pousou com segurança "depois que a tripulação realizou uma arremetida preventiva para evitar um possível conflito com outra aeronave que entrou na pista", disse um porta-voz da companhia aérea em um e-mail. "A tripulação seguiu os procedimentos de segurança, e o voo pousou sem incidentes."

"Suas instruções foram para aguardar"

Uma gravação de áudio da comunicação entre o jato menor e a torre de controle registrou o piloto errando as instruções de um funcionário da torre de solo, que repetiu que o piloto deveria "aguardar antes" da pista. Cerca de 30 segundos depois, a torre ordenou que o piloto "mantivesse sua posição." Em seguida, o controlador disse: "FlexJet560, suas instruções foram para aguardar antes da pista 31 central".

Separadamente, uma gravação da comunicação entre a tripulação da Southwest e outro funcionário da torre de controle capturou o piloto relatando: "Southwest 2504 arremetendo" e seguindo as instruções para subir de volta a 3.000 pés. Segundos depois, o piloto perguntou à torre: "Southwest 2504, como isso aconteceu?"

O segundo avião, descrito como um jato executivo, entrou na pista sem autorização, segundo a Administração Federal de Aviação (FAA). A Flexjet, dona da aeronave, afirmou estar ciente do ocorrido em Chicago.

"Flexjet segue os mais altos padrões de segurança e estamos conduzindo uma investigação minuciosa", disse um porta-voz em comunicado. "Qualquer ação necessária para garantir os mais altos padrões de segurança será tomada." Tanto a FAA quanto o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes (NTSB) afirmaram estar investigando o incidente.

"A tripulação estava distraída?"

O voo da Southwest partiu de Omaha, Nebraska, com destino ao Aeroporto Midway, segundo o site FlightAware. O áudio do controle de tráfego aéreo deixa claro que o jato executivo não seguiu a instrução clara de não cruzar a pista, afirmou Jeff Guzzetti, ex-membro do NTSB e ex-investigador da FAA.

Guzzetti classificou o caso como uma "incursão de pista muito grave", mas acrescentou: "no entanto, o céu não está caindo, pois o ano passado registrou o menor número de incursões graves em uma década". Em 2023, ocorreram 22 desses eventos, mas apenas sete em 2024, segundo dados da FAA. Diversos fatores podem contribuir para esses incidentes, disse Guzzetti: "A tripulação estava distraída? O controlador estava sobrecarregado?"

O Secretário de Transportes dos EUA, Sean Duffy, afirmou na tarde de terça-feira no X que, enquanto NTSB e FAA investigam, uma coisa está clara: "É imperativo que os pilotos sigam as instruções dos controladores de tráfego aéreo. Se não o fizerem, suas licenças serão revogadas".

John Goglia, ex-membro do NTSB, disse que o quase acidente mostrou que "o sistema funcionou exatamente como foi projetado". Isso porque o piloto da Southwest percebeu que o outro avião não pararia a tempo, afirmou.

Os investigadores provavelmente examinarão fatores como a equipe presente na torre de controle e se as instruções foram claras. "Essas coisas acontecem", disse ele, mencionando possíveis falhas de comunicação, como um piloto ouvindo errado as instruções.

Nas últimas semanas, quatro grandes desastres aéreos ocorreram na América do Norte, incluindo:

- 6 de fevereiro: Queda de um avião comercial no Alasca, matando todas as 10 pessoas a bordo.

- 26 de janeiro: Colisão aérea entre um helicóptero do Exército e um voo da American Airlines no Aeroporto Nacional Ronald Reagan, em Washington, matando todas as 67 pessoas a bordo.

- 31 de janeiro: Queda de um jato de transporte médico em um bairro da Filadélfia, matando sete pessoas, incluindo uma criança paciente, sua mãe e quatro tripulantes.

- 17 de fevereiro: Um voo da Delta tombou e pousou de cabeça para baixo no Aeroporto Pearson, em Toronto, deixando 21 feridos.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou a visita do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, à Casa Branca na sexta-feira.

O republicano fez os comentários durante abertura de seu primeiro encontro de gabinete do seu segundo mandato, que conta com a presença do empresário Elon Musk, que lidera o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês) em meio a polêmicas e críticas sobre métodos para reduzir as despesas do governo federal.

Trump afirmou ainda que a Europa está disposta a ampliar a ajuda à Ucrânia.

Mais cedo, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que o acordo de extração de minerais entre EUA e Ucrânia deve ser assinado até sexta-feira e que o evento será um grande passo para o acordo de paz.