Governo Lula faz troca de secretários executivos em 3 ministérios no início de 2024

Política
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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) trocou os secretários executivos de três ministérios neste início do segundo ano da gestão do petista. As exonerações foram feitas no Ministério das Cidades, no Ministério de Minas e Energia e na Secretaria-Geral da Presidência da República em um intervalo de três dias em janeiro. As mudanças ocorreram após discordâncias entre os ministros e os número 2 das pastas. Os ministérios afirmam que as exonerações foram a pedido dos secretários.

Ricardo Cappeli, o número 2 do Ministério da Justiça, deve ser o quarto secretário executivo da Esplanada a deixar o cargo em 2024. A mudança ocorrerá pela saída de Flávio Dino do comando da pasta. A Justiça será chefiada pelo ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. Na gestão dele, Manoel Carlos de Almeida Neto, seu antigo assessor na Corte, ocupará o cargo. A posse de Lewandowski está marcada para o dia 1º de fevereiro.

Secretária foi exonerada após servidores viajarem para 'carnaval' fora de época com dinheiro público

No último dia 9, Maria Fernanda Ramos Coelho foi demitida pelo ministro Márcio Macêdo da Secretaria-Geral da Presidência. Segundo o ministério, a número 2 da pasta pediu exoneração por "motivos pessoais". Mas, de acordo com o jornal O Globo, ela perdeu o cargo por não ter autorizado a destinação de recursos públicos para custear passagens e diárias de servidores que acompanharam o ministro em um carnaval fora de época no fim do ano passado.

A agenda particular ocorreu entre os dias 3 e 5 de novembro. Para justificar as viagens dos assessores, a Secretaria-Geral alegou que eles acompanhariam Macêdo em visita a uma ONG cuja sede, segundo dados da Receita Federal, fica em um município vizinho a Aracaju. No entanto, a agenda oficial do ministro não registrou nenhuma missão no período. Além disso, ele não postou sequer uma foto do encontro nas redes sociais - ao mesmo tempo em que publicou 28 imagens e um vídeo na folia, que foram registradas por um fotógrafo oficial da Presidência.

Após a repercussão do caso, a Secretaria-Geral abriu uma sindicância interna e os servidores tiveram que devolver o dinheiro público. O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (MPTCU) também pediu para o Tribunal de Contas da União (TCU) apurar se a destinação dos recursos ocorreu de forma irregular.

A substituta de Maria Fernanda foi nomeada por Macêdo nesta quarta-feira, 16. A nova número 2 da pasta é Kelli Cristine de Oliveira Mafort, que, no passado, foi uma liderança nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em 2016, ela participou de uma invasão do movimento em uma fazenda no interior de São Paulo, do empresário João Baptista Lima Filho, sócio da Argeplan e amigo do ex-presidente Michel Temer (MDB).

A invasão foi parar na Justiça, uma vez que as lideranças do MST foram acusadas de furtar bens que estavam na fazenda. No entanto, o processo foi arquivado em janeiro de 2022. Para Macêdo, a experiência política de Mafort na relação com os movimentos sociais e populares é fundamental para o cumprimento da missão da pasta.

Ao Estadão, a Secretaria-Geral da Presidência afirmou que "nunca houve tratativa sobre quaisquer passagens nem diárias de viagem entre a ex-secretária e o ministro Márcio Macêdo".

Lula exonerou secretário de Minas e Energia investigado por 'desvios éticos'

O número 2 do Ministério das Minas e Energia, Efrain Cruz, foi exonerado na última quinta-feira, 11, por Lula. Em outro decreto, publicado no mesmo dia, o ministro Alexandre Silveira nomeou Arthur Cerqueira Valerio, que ocupava o cargo de consultor jurídico na pasta, como o novo secretário executivo.

Em outubro do ano passado, o Broadcast/Estadão (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) revelou que a Comissão de Ética Pública da Presidência da República havia decidido instaurar uma investigação contra Efrain. O inquérito apura se ele cometeu "supostos desvios éticos decorrentes de eventual falta de transparência e imprecisões na agenda pública". O caso apura o período em que o ex-secretário-executivo foi diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), entre 2018 e 2022.

Efrain não era a primeira opção de Silveira para o cargo. Quando tomou posse, o ministro queria que o seu número 2 fosse Bruno Eustáquio, que trabalhou na pasta durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e foi um dos responsáveis por estruturar a privatização da Eletrobras. O nome de Eustáquio foi barrado pelo chefe da Casa Civil, Rui Costa, por conta da proximidade do cotado com a gestão do ex-chefe do Executivo.

De acordo com o portal G1, Efrain e Silveira não eram próximos e a relação dos dois se deteriorou nos últimos meses. Cerqueira Valerio, por sua vez, possui um contato mais direto com o chefe de Minas e Energia.

Interlocutores da pasta disseram ao Estadão que a repercussão do inquérito que apura a conduta de Efrain na Aneel teria sido malvista por Silveira e também motivou a troca na secretaria executiva do ministério. Oficialmente, o Ministério de Minas e Energia afirmou que o número 2 foi exonerado a pedido.

Divergências sobre a gestão de recursos públicos custou cargo de número 2 das Cidades

O secretário executivo do Ministério das Cidades, Hildo Rocha, foi exonerado do Ministério das Cidades no último dia 12. Hildo foi deputado federal pelo Maranhão entre 2015 e 2022 e não conseguiu se reeleger ao cargo nas últimas eleições. Ele ocupou o segundo posto mais alto no ministério após ser indicado pelo MDB, partido dele e do ministro Jader Filho.

Outras nove pessoas subordinadas a Rocha também foram demitidas no mesmo dia. Entre os nomes, está o de Caroline Paes Pereira, que era secretária parlamentar dele na Câmara dos Deputados. No ministério, ela ocupava a chefia do gabinete da Secretaria.

Fontes ouvidas pelo Estadão afirmaram que a demissão de Rocha ocorreu após atritos entre ele e Jader Filho pela gestão de recursos públicos controlados pela pasta. Entre as divergências, a negociação de emendas parlamentares e a destinação de verbas para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

O substituto de Rocha ainda não foi nomeado por Jader Filho e a Secretaria está sendo ocupada interinamente por Antonio Vladimir Moura Lima. O Estadão questionou a pasta sobre o motivo da demissão do número 2 e de Caroline Paes, mas não obteve retorno.

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Depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, discutiu ao vivo com o seu homólogo ucraniano, Volodymyr Zelensky, lideranças da União Europeia e o provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, foram às redes sociais para dizer que apoiam a Ucrânia.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, e o presidente do Conselho Europeu, António Costa, disseram que a dignidade de Zelensky "honra a bravura do povo ucraniano". A mesma mensagem foi publicada por ambos na plataforma X. "Seja forte, seja corajoso, seja destemido. Você nunca está só, caro presidente Zelensky. Continuaremos trabalhando com você por uma paz justa e duradoura", acrescentaram.

Friedrich Merz, por sua vez, disse que "nós apoiamos a Ucrânia tanto nos momentos bons quanto nos momentos difíceis". Ele prosseguiu: "Jamais devemos confundir o agressor e a vítima nesta terrível guerra."

Nesta tarde, Trump, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, e Zelensky estavam reunidos no Salão Oval da Casa Branca. Durante a transmissão ao vivo do encontro, eles começaram a discutir e o presidente americano chegou a acusar o líder ucraniano de estar "brincando com a terceira guerra mundial". Após isso, Zelensky deixou o local e um acordo para a exploração de recursos minerais da Ucrânia pelos EUA não foi assinado.

A planejada assinatura de um acordo entre os Estados Unidos e Ucrânia sobre minerais raros não aconteceu, segundo um assessor de imprensa da Casa Branca. O ucraniano Volodmir Zeleski viajou para Washington nesta sexta-feira, 28, justamente para assinar o acordo sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro com Donald Trump terminou com um bate-boca no Salão Oval da Casa Branca.

O acordo que seria assinado permitiria que os Estados Unidos tivessem acesso recursos do subsolo ucraniano, como exigiu Trump, em compensação pela ajuda militar e financeira desembolsada nos últimos três anos.

Mas, durante encontro entre os dois presidentes no Salão Oval, que também contou com a presença do vice JD Vance, Trump chamou Volodmir Zelenski de "desrespeitoso" e disse que ele deveria ser "mais grato" na frente da imprensa. Depois da discussão, a visita de Zelenski à Casa Branca foi encurtada e entrevista coletiva que estava prevista para esta tarde, cancelada. No local onde deveria ocorrer a assinatura do acordo havia apenas as cadeiras e os púlpitos vazios.

A discussão começou depois de Zelenski ter dito a Trump que não se pode confiar nas promessas de paz de Vladimir Putin, observando o histórico de promessas não cumpridas do líder russo. Trump se irritou e disse que Putin não quebrou acordos com ele.

Em meio à discussão Trump ameaçou Zelenski: "Ou você fecha o acordo ou estamos fora. O seu país está em apuros. Você não está vencendo", disse Trump ao que Zelenski respondeu: "Eu sei". "Você tem uma boa chance de sair bem por nossa causa", interrompeu Trump.

"Nós (os Estados Unidos) demos a você, através do presidente idiota, US$ 350 bilhões", disse referindo-se a Joe Biden e inflando o apoio dos Estados Unidos à Ucrânia que, na verdade, foi de US$ 114 bilhões. "Nós demos a você equipamento militar... Se você não tivesse nosso equipamento militar, essa guerra teria acabado em duas semanas."

Depois da discussão, Trump disse que Zelenski poderia voltar quando estivesse pronto para a paz. "É incrível o que se revela por meio da emoção, e determinei que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações. Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz", disse Trump em comunicado após o encontro

O presidente ucraniano viajou para Washington para assinar a resolução sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro com Trump terminou em bate-boca.

Após a reunião contenciosa, Zelenski e sua delegação foram para uma sala diferente e o líder ucraniano fez um esforço para tentar se recompor e colocar retomar a visita, de acordo com uma autoridade da Casa Branca. A fonte disse que o Conselheiro de Segurança Nacional Mike Waltz e o Secretário de Estado Marco Rubio comunicaram aos ucranianos que Trump queria que Zelenski deixasse a Casa Branca imediatamente.

Após a discussão, O ucraniano expressou gratidão ao povo americano, mas não abordou diretamente seu encontro com Trump e Vance em uma postagem no X. "Obrigado, América, obrigado pelo seu apoio, obrigado por esta visita. Obrigado presidente, Congresso e povo americano", escreveu Zelenski. "A Ucrânia precisa de uma paz justa e duradoura, e estamos trabalhando exatamente para isso."

O acordo que seria assinado hoje não previa garantias absolutas de segurança, como queria a Ucrânia, embora Trump tenha dito que a cooperação funcionaria como uma espécie de rede de segurança. "Não acredito que ninguém vá entrar em problemas se estivermos (na Ucrânia), com muitos trabalhadores para explorar minerais", disse o presidente americano.

A Ucrânia possui quase 5% dos recursos minerais do mundo, mas os que Trump cobiça não são explorados em sua maioria, são difíceis de extrair ou estão sob controle russo, em territórios ocupados.

O encontro ocorreu no momento em que Ucrânia e Europa acompanham com preocupação a aproximação entre Estados Unidos e Rússia, que deram início às conversas para encerrar a guerra sem que os ucranianos estivessem presentes.

Trump havia reiterado ontem que confia no presidente russo, apesar das repetidas advertências da Europa sobre a fragilidade de qualquer trégua que não esteja acompanhada por um sólido aparato de controle e segurança, garantido pelos Estados Unidos. Ele disse estar convencido de que Putin "cumprirá sua palavra" em caso de cessar-fogo.

Dmitri Medvedev, ex-presidente russo e atual vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, chamou o bate boca televisionado de "uma repreensão no Salão Oval". Em seu canal no Telegram, Medvedev, o primeiro alto funcionário russo a opinar sobre a reunião entre Trump e Zelenski, elogiou o presidente dos EUA por "dizer a verdade" na cara de Zelenski e pediu que ele suspendesse a ajuda militar à Ucrânia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Após se retirar da Casa Branca, depois de discussão com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, agradeceu ao republicano e aos EUA pelo "suporte e pela visita".

Em seu perfil no X, o ucraniano escreveu: "Obrigado, presidente Trump, Congresso e americanos. A Ucrânia precisa apenas de paz duradoura, e nós estamos trabalhando exatamente para isso."

O presidente da Ucrânia está em Washington para discutir um acordo de exploração de minerais em território ucraniano pelos EUA, mas que não chegou a ser assinado. Agora, ele deve seguir para o Reino Unido para um encontro com líderes europeus no domingo, que discutirão o conflito com a Rússia e o fortalecimento da defesa do continente.