Debate sobre apoio a Ricardo Nunes agrava crise no PSDB

Política
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A decisão de apoiar ou não o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), na eleição municipal de outubro agravou a crise no PSDB paulistano. A maior parte do Diretório Municipal defende embarcar no projeto de reeleição de Nunes. O Diretório Nacional, por outro lado, quer lançar candidato próprio. Entre as duas alternativas, há ainda a possibilidade de apoiar Tabata Amaral, pré-candidata pelo PSB.

Ações de dois tucanos neste fim semana reforçaram a divisão da sigla. Orlando Faria, então presidente do Diretório Municipal, renunciou ao mandato. Crítico de Nunes, ele estava insatisfeito com as movimentações do partido em São Paulo para apoiar a reeleição do mandatário.

Já o vereador João Jorge, vice-presidente da Câmara Municipal, por outro lado, é entusiasta da campanha de Nunes. Insatisfeito com as indefinição dos tucanos sobre a eleição na capital em 2024, ele afirmou que vai deixar a sigla em que esteve nos últimos 32 anos.

Ao Estadão, Orlando Faria afirma que a saída do Diretório Municipal foi de natureza pessoal e profissional. Diz ainda que era adepto de um candidato tucano à Prefeitura por "questão de sobrevivência". "Tem que ter uma candidatura para pautar o debate", disse Faria. No entanto, sem candidato próprio, por questões programáticas, tinha na pré-candidatura do PSB uma via para o partido. "Para mim, era uma possibilidade", diz Orlando Faria sobre as tratativas com Tabata Amaral, com quem se encontrou em novembro do ano passado.

Faria chegou ao comando do PSDB paulistano em meio ao "fogo amigo" entre as alas do partido ligadas a Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e presidente nacional da legenda, e a João Doria, ex-governador de São Paulo. Leite determinou a troca de comando no diretório da capital paulista em outubro de 2023, substituindo o dirigente eleito Fernando Alfredo, aliado de Bruno Covas e Doria. Orlando Faria, Leite e o deputado federal Aécio Neves (MG), ligado à Executiva nacional, eram adeptos de uma candidatura própria.

Em meio ao impasse entre candidato próprio, apoio a Nunes ou a Tabata Amaral, surgiu até sondagem a um egresso do partido. A Coluna do Estadão mostrou que Andrea Matarazzo informou ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, sobre uma sondagem dos tucanos para disputar a Prefeitura de São Paulo por sua antiga sigla. Ele saiu dos quadros tucanos em 2016.

Debandada na janela partidária

"Eu saio com o coração partido", diz João Jorge ao Estadão sobre a desfiliação da sigla que o abrigou por mais de três décadas. O anúncio antecede a janela partidária, período em que os políticos podem mudar de agremiação sem perderem os mandatos eletivos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) delimitou o período de 7 de março a 5 de abril para essas movimentações.

Há o risco que João Jorge, tucano histórico, seja o primeiro de uma leva a deixar a sigla na janela - ele mesmo, aliás, fala em estar "puxando a fila" numa bancada que é, por enquanto, a maior da Câmara Municipal de São Paulo. "Eu converso com os oito (vereadores) e estamos muito preocupados. Pode levar mesmo a uma debandada grande da bancada. O PSDB deixou de ser uma legenda atraente, mais repele do que atrai o eleitor", afirma João Jorge.

Segundo Jorge, os vereadores tucanos querem honrar os acordos selados por uma gestão iniciada pelo próprio PSDB "A bancada toda, de maneira unânime, quer apoiar o Ricardo Nunes, muito por conta do projeto iniciado com Bruno Covas. Temos um compromisso com essa administração", diz o vereador.

Ricardo Nunes era o vice de Covas, mas, em busca da reeleição, é esperado que os tucanos não angariem nem mesmo a composição de chapa. "O PSDB tem manifestado, desde o começo, que quer fazer a indicação do vice, mas temos que entender o partido perdeu força", diz João Jorge. "Me parece muito que caminha para o governador Tarcísio e o ex-presidente Jair Bolsonaro fazerem a indicação. Todos os partidos gostariam de indicar o vice, mas vamos apoiar o que mais agregar eleitoralmente", completa o vereador.

A esse imbróglio quanto, soma-se o impasse que, por enquanto, deixa os correligionários sem direção. "Acho que o pior cenário é a indefinição", diz Orlando Faria sobre a possível debandada. A falta de uma diretriz definida, para o ex-dirigente na capital, causa instabilidade em eventual acordo com os vereadores.

Crise no Estado assola o partido

O partido também está próximo de uma convenção que irá definir o comando da sigla no Estado de São Paulo, a principal base tucana. A Coluna do Estadão teve acesso a um documento que escancara a "lavação de roupa suja" entre os dirigentes. Paulo Serra, prefeito de Santo André e presidente da Comissão Provisória Estadual, argumenta que o partido não tem estrutura administrativa para realizar o pleito.

Além da questão burocrática, Paulo Serra alegou que a indefinição na eleição paulistana deveria ser pavimentada antes da convenção. "Não é possível estabelecer representação estadual sem antes definir o que será feito politicamente na capital", analisou o prefeito no documento.

Os impasses na capital e no Estado assolam as principais bases do PSDB e tornam ainda mais delicada a situação do partido, que já foi o principal grupo de oposição aos governos do PT. Em 2022, numa composição inédita desde a redemocratização, os tucanos não tiveram candidato à Presidência da República - a senadora Mara Gabrilli compôs chapa com Simone Tebet. Além disso, num golpe sobretudo simbólico, o PSDB perdeu a eleição para o governo do Estado de São Paulo, que estava há 28 anos sob o comando do grupo, sem sequer levar Rodrigo Garcia ao segundo turno do pleito.

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