Vice de Nunes divide PL; 'Queria o Salles' como candidato, diz Bolsonaro

Política
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A preferência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela indicação do coronel da Polícia Militar Ricardo Mello Araújo para ser vice do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), na eleição deste ano, afastou concorrentes da disputa, mas a composição da chapa ainda divide o chamado "bolsonarismo raiz". O grupo se diz vencido com a ausência de uma candidatura própria na cidade.

"A disputa existe como tantas outras dentro do PL", afirmou o deputado estadual Lucas Bove, um dos representantes do bloco fiel ao ex-presidente. Para ele, o coronel Mello é, "sem sombra de dúvidas", o nome mais adequado e possui "todas as credenciais" para representar o bolsonarismo na chapa com o MDB.

O vereador Isac Félix, líder do PL na Câmara Municipal de São Paulo, por sua vez, disse ver potencial na delegada Raquel Gallinati como vice de Nunes. "A probabilidade da Raquel está muito forte", declarou Félix ao Estadão. O deputado federal Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP) também considera o assunto "abertíssimo", mesmo com a manifestação de Bolsonaro.

Nesta quinta-feira, 31, o ex-presidente confirmou a indicação do coronel Mello, ex-comandante da Rota - grupo de elite da PM de São Paulo -, para ser candidato a vice-prefeito na chapa de Nunes. "Escolhi o coronel Mello Araújo, que fez um excelente trabalho à frente da Ceagesp no meu governo, atuou quase como um miniprefeito", disse Bolsonaro, anteontem, em entrevista ao programa Oeste Sem Filtro, da Revista Oeste.

Salles

Bolsonaro também reforçou o apoio a Nunes, mas disse que, pessoalmente, queria como candidato o deputado federal Ricardo Salles (PL), seu ex-ministro do Meio Ambiente. "Minha preferência (para a Prefeitura de São Paulo) sempre foi o Ricardo Salles, não nego isso aí, gosto muito dele e tenho boa amizade com ele", afirmou o ex-presidente. "Lamento, repito, do coração, eu queria o Ricardo Salles, mas é página virada isso aí."

Salles desistiu oficialmente da pré-candidatura na quarta-feira passada, depois que o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, entregou a Nunes uma lista com quatro nomes para a vice. Além do coronel Mello e da delegada Raquel, a lista inclui também dois políticos filiados ao Republicanos, partido do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

Nos bastidores, o nome considerado menos viável é o do deputado estadual Tomé Abduch, que não pode trocar o partido pelo PL sem correr o risco de perder o mandato. Na prática, o PL precisaria abrir mão de indicar um candidato próprio. A vereadora licenciada Sonaira Fernandes, atual secretária estadual de Políticas para a Mulher, por outro lado, poderia aproveitar a janela partidária para se filiar à legenda de Bolsonaro antes da eleição.

Republicanos

Presidente do diretório municipal do Republicanos em São Paulo, o vereador André Santos disse que a inclusão de dois nomes do partido na lista de Valdemar "causou estranheza", mas a avaliação é de que não há risco de migração. Ele acrescentou que, para que sejam considerados opções viáveis, os nomes precisam ser apresentados pelo Republicanos, não pelo PL.

A definição da chapa não deve ocorrer tão cedo. A expectativa é de que o anúncio seja feito próximo ao prazo para as convenções partidárias, em julho. O próprio Nunes reclamou da antecipação do processo, em razão do acerto do seu principal adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com a ex-prefeita Marta Suplicy, de volta ao PT.

Nomes

Ricardo Nascimento de Mello Araújo é coronel da reserva da PM e ex-chefe das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota). Fiel seguidor de Bolsonaro, encampa o discurso bolsonarista nas redes sociais, com críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao ministro Alexandre de Moraes. O nome agrada à ala bolsonarista do PL por causa da proximidade com o ex-presidente e do seu trabalho como diretor da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), uma empresa pública federal.

Em live com os três filhos políticos no dia 28, Bolsonaro admitiu que "não dá" para lançar um candidato próprio em São Paulo e que o partido optaria por indicar "um vice que tem boa rota". Caso seja confirmado na chapa de Nunes, será a primeira vez que o PM disputa uma eleição.

Nome preferido de políticos mais antigos do PL ligados ao comando do partido, a delegada Raquel Gallinati concorreu a uma cadeira na Assembleia Legislativa há dois anos e teve agendas de campanha ao lado da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP). Suplente de deputado estadual pelo PL, ela é diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol). Entusiastas de sua entrada na campanha de Nunes destacam o fato de ser uma liderança feminina ligada à pauta de segurança pública.

Sonaira Fernandes, por sua vez, é próxima do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), de quem foi assessora no gabinete em Brasília, e entrou no governo Tarcísio como uma espécie de cota do PL bolsonarista na Assembleia Legislativa de São Paulo. A secretária agrada ao grupo mais fiel a Bolsonaro. Foi eleita vereadora em 2020. Como negra, nordestina e evangélica, aproxima esses grupos do bolsonarismo.

Considerado o nome menos provável da lista de Valdemar, o empresário bolsonarista Tomé Abduch é um dos precursores do movimento Nas Ruas, que ganhou notoriedade ao organizar atos a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2015. O deputado estadual ganhou o apreço da militância bolsonarista ao enaltecer o governo Bolsonaro como comentarista político na TV.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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