Advogado diz que Bolsonaro solicitou minuta do golpe para 'tomar conhecimento' do conteúdo

Política
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Em nota enviada à imprensa, o advogado Paulo Amador da Cunha Bueno, que faz parte da equipe de defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro, buscou explicar o rascunho da minuta do golpe encontrado na quinta-feira, 8, na sala do ex-presidente na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília. Segundo ele, esse é o mesmo documento que se encontrava armazenado no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, que foi apreendido pela PF depois de sua prisão em maio de 2023.

"Referidos arquivos rapidamente repercutiram na imprensa nacional e foram disponibilizados aos advogados constituídos naqueles autos", diz o advogado em vídeo, e acrescenta que Bolsonaro não saberia qual era o conteúdo de tais arquivos e que procurou-o para descobrir. "O ex-presidente Bolsonaro, a fim de tomar pé de todos os elementos constantes na investigação que se encontra em andamento, solicitou a mim, na condição de seu advogado, que encaminhasse ao seu telefone celular, ao seu aplicativo de mensagens, o referido documento. O que foi feito na data de 18 de outubro de 2023", afirma.

Ainda segundo o advogado, o próprio presidente, que não gosta de ler arquivos na "tela diminuta" do celular, pediu que o documento fosse impresso. "Resta evidente portanto que o documento apreendido na data de hoje é exatamente aquele que foi encaminhado por mim", diz Bueno em vídeo. Em nota à imprensa, acrescentou que "a impressão provavelmente permaneceu no local da diligência de busca e apreensão havida na data de hoje, que alcançou inclusive o gabinete do ex-presidente, razão por que lá foi apreendido".

O defensor diz que apresentará, nos autos da investigação, a ata notarial das mensagens trocadas, e alega que isso comprova que o ex-presidente não tinha qualquer envolvimento com a confecção de documentos golpistas, e tampouco tinha conhecimento deles.

Ainda na quinta-feira, o advogado Fábio Wajngarten, ex-chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo Bolsonaro, que agora também defende o ex-presidente, disse que o documento é "apócrifo" e que o padrão "não condiz com tradicionais e reconhecidas falas e frases" de Bolsonaro.

Antes da apreensão desta quinta-feira, a PF já tinha indicativos de que Bolsonaro editou o texto de uma minuta de decreto de golpe para anular o resultado das eleições e prender o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que conduz as investigações. Segundo mensagens do celular de Mauro Cid, o ex-presidente "redigiu e ajustou" o documento depois de reunião com comandantes das Forças Armadas.

A investigação indica, ainda, que a minuta originalmente pedia a prisão de "diversas autoridades, entre as quais os ministros do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, além do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco". Bolsonaro, contudo, teria pedido alterações para "liberar" Pacheco e Gilmar.

A Polícia Federal também encontrou, em um computador apreendido com o tenente-coronel Mauro Cid, a gravação de uma reunião entre Bolsonaro, seus ministros e assessores, em julho de 2022, em que o presidente cobra dos auxiliares iniciativas para desacreditar as urnas eletrônicas. "Eu vou entrar em campo usando o meu exército, meus 23 ministros", afirma Bolsonaro.

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Pelo menos 68 pessoas morreram e outras 47 ficaram feridas após um bombardeio dos EUA à província de Saada, no Iêmen, segundo os rebeldes Houthis afirmaram nesta segunda-feira, 28. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos não comentou o caso.

Imagens transmitidas pelo canal de notícias por satélite al-Masirah, controlado pelos rebeldes, mostram corpos e feridos no local, atingido no domingo, 27. O Ministério do Interior do país afirmou que havia cerca de 115 migrantes detidos no local, uma prisão de migrantes africanos.

Na mesma noite, ataques aéreos dos EUA dirigidos à capital do Iêmen, Sanaã, mataram ao menos outras oito pessoas, segundo os Houthis.

Em comunicado divulgado também na noite do domingo, o Departamento de Defesa dos EUA afirmou que a "Operação Roughrider" havia "eliminado centenas de combatentes Houthis e diversos líderes", inclusive associados a programas de mísseis e drones. Nenhum nome foi revelado.

O Exército americano reconheceu ter realizado mais de 800 ataques individuais durante a campanha de um mês.

Este é o mais recente episódio em uma guerra que já dura uma década e continua fazendo vítimas entre migrantes da Etiópia e de outras nações africanas que atravessam o país em busca de uma oportunidade de trabalho na vizinha Arábia Saudita.

Investida norte-americana

Os Estados Unidos têm atacado os Houthis em resposta aos ataques do grupo contra a navegação no Mar Vermelho - uma rota comercial crucial - e também contra Israel. Eles são o último grupo militante do chamado "Eixo da Resistência" do Irã que consegue atacar regularmente Israel.

Os ataques norte-americanos estão sendo conduzidos a partir de dois porta-aviões na região: o USS Harry S. Truman, no Mar Vermelho, e o USS Carl Vinson, no Mar Arábico. Em 18 de abril, um ataque americano ao porto de combustível de Ras Isa matou pelo menos 74 pessoas e feriu outras 171, sendo o ataque mais letal já conhecido da campanha americana.

A investida ao porto foi justificada pelos EUA como forma de "destruir a capacidade do porto de Ras Isa de receber combustível, o que começará a afetar a capacidade dos Houthis não apenas de realizar operações, mas também de gerar milhões de dólares para suas atividades terroristas", informou.

Enquanto isso, os rebeldes têm intensificado o controle da informação nos territórios sob seu domínio. No domingo, 27, emitiram um aviso determinando que todos os que possuírem receptores de internet via satélite Starlink "entreguem imediatamente" os dispositivos às autoridades.

"Uma campanha de campo será implementada em coordenação com as autoridades de segurança para prender qualquer pessoa que venda, negocie, use, opere, instale ou possua esses terminais proibidos", alertaram.

Os terminais Starlink têm sido fundamentais para a Ucrânia na luta contra a invasão russa em larga escala e também foram contrabandeados para o Irã durante protestos no país. (Com agências internacionais).

O provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, demonstrou nesta segunda-feira, 28, dúvidas sobre o futuro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Não sabemos se a Otan continuará existindo nas próximas décadas", disse. Ao discursar no Comitê Federal da União Democrata Cristã (CDU), ele acrescentou que "teremos que passar muitos anos construindo as capacidades de defesa práticas e mentais da Alemanha".

"Estamos diante do maior desafio que as sociedades livres enfrentaram nos últimos 75 anos. Não sabemos se a aliança permanecerá como é nas próximas décadas. Por isso, precisamos priorizar corretamente: a segurança externa é condição essencial para tudo o mais - política interna, economia, meio ambiente, política social. Mas os desafios internos também são imensos", afirmou.

Para Merz, o maior desafio é a guerra na Ucrânia. "Essa guerra não é apenas contra a Ucrânia, mas contra toda a ordem política da Europa. O combate da Ucrânia contra a agressão russa é, também, a defesa da paz e da liberdade em nosso país", declarou.

O líder da CDU também ressaltou que o apoio à Ucrânia é um esforço conjunto da Europa e dos EUA. "Não somos parte do conflito, mas também não somos neutros: estamos ao lado da Ucrânia." Merz ainda afirmou que não aceitará o que chamou de "paz ditada", nem a "legitimação de conquistas territoriais militares contra a vontade da Ucrânia". "Esperamos que a Europa e os EUA mantenham essa postura no futuro."

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, destacou que "não há indícios de qualquer ciberataque" sobre o apagão que afeta países da Europa nesta segunda-feira, 28, em especial Espanha e Portugal.

Em publicação no X, Costa afirmou que está em contato com o premiê espanhol, Pedro Sánchez, e com o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, "sobre as interrupções de energia generalizadas na Espanha e em Portugal hoje". Ele informou que as operadoras de rede dos dois países estão trabalhando para encontrar a causa do problema e restaurar o fornecimento de eletricidade.

A operadora de energia da Espanha disse que o restabelecimento do fornecimento de eletricidade pode levar de 6 a 10 horas. Enquanto isso, a distribuidora de Portugal fala em "até uma semana".