Bolsonaro condena tentativa de atentado, mas volta a falar em falta de liberdade

Política
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Em sua quarta fala pública após não conseguir se reeleger, o presidente da República, Jair Bolsonaro, disse nesta sexta-feira, 30, que "nada justifica aqui em Brasília a tentativa de ato terrorista no aeroporto", que aconteceu no sábado, 24, nas imediações do Aeroporto Internacional de Brasília. A manifestação do chefe do Executivo ocorre seis dias após o episódio em uma live nas redes sociais durante a qual ele voltou a falar em "falta de liberdade".

"O elemento que foi pego, com ideias que não coadunam com nenhum cidadão, mas massificam em cima do cara como bolsonarista. A imprensa que fala tanto em liberdade de expressão e hoje aplaude alguém por ter duvidado de algo, essa falta de liberdade prejudica a democracia", disse Bolsonaro, que afirmou ainda que, durante seu mandato "sempre lutou por democracia, liberdade, respeito às leis e à Constituição". "Oxigênio da democracia é liberdade em sua plenitude. Nossas liberdades estão sendo tolhidas, temos que lutar contra isso. Infelizmente alguns não entendem o que é isso liberdade. Eu vejo hoje uma nação que está com medo de discutir algum assunto."

Ainda demonstrando insatisfação com a vitória do presidente eleito e diplomado da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e sem reconhecer abertamente sua derrota, Bolsonaro mais uma vez disse que "venceu" nos quatro anos de seu mandato apesar de ter sofrido medidas judiciais. Também afirmou que ousava "dizer que manifestações do corrente ano foram superiores àquelas de 2018" e, mesmo indiretamente, atacou o processo eletrônico de votação. "Hoje em dia se você falar em urna, tem problema sério."

Live

Quebrando a tradição que construiu em seu mandato, durante o qual fez lives semanais e se acostumou a falar rotineiramente com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, bem como em passeios de moto por Brasília, Bolsonaro ficou recluso na residência oficial após a eleição deste ano e se afastou das redes sociais. Sem conseguir a reeleição, o presidente apareceu em público poucas vezes. Discursos como o desta sexta foram feitos apenas outras três vezes desde o segundo turno, sob pressão.

Na primeira manifestação pública após a derrota, em 1º de novembro, 45 horas depois da proclamação da vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente convocou a imprensa no salão principal do Alvorada para um pronunciamento de poucas palavras em que evitou reconhecer diretamente sua derrota.

Bolsonaro falou em "injustiça de como se deu o processo eleitoral", se colocou como líder da direita e comparou as manifestações de seus apoiadores, que àquela altura fechavam rodovias do País, com "atos da esquerda". O presidente mencionou o cerceamento do direito de ir e vir, sem pedir, no entanto, que as pessoas deixassem as ruas.

No dia seguinte, Bolsonaro foi novamente pressionado, dessa vez pelo setor produtivo a fazer justamente o apelo que faltou em sua aparição inicial. Em um vídeo gravado e publicado nas suas redes sociais em 2 de novembro, o presidente clamou pela desobstrução das estradas. Depois disso, os bolsonaristas começaram a montar acampamentos em frente aos quartéis para fazer apelos golpistas contra a posse de Lula e por intervenção militar.

Em sua fala mais recente, no Alvorada, em 9 de dezembro, Bolsonaro fez um discurso dúbio a apoiadores e mencionou os militares. "Nada está perdido. O final, somente com a morte. Quem decide meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês", declarou, na ocasião, o chefe do Executivo.

Desde então, o chefe do Executivo pouco tem sido visto, inclusive no Palácio do Planalto. Aliados relatam que ele tem tratado uma infecção na perna - erisipela - desde a última semana da campanha eleitoral.

Viagem aos EUA

A expectativa é que Bolsonaro viaje ainda nesta sexta-feira aos Estados Unidos para não passar a faixa presidencial a Lula e se proteger de eventuais processos no Judiciário. Cinco assessores vão acompanhá-lo no exterior para dar apoio e fazer sua segurança, segundo despacho publicado no Diário Oficial da União (DOU) desta sexta.

O documento prevê que a atuação dos assessores em Miami se dará em "agenda internacional" do futuro ex-presidente em do dia 1º de janeiro, próximo domingo e dia da posse, até o dia 30 de janeiro.

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O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, anunciou neste domingo, 2, em entrevista coletiva, que a nação insular ajudará a Ucrânia com 1,6 bilhão de libras (cerca de US$ 2 bilhões) para a compra de mais de 5 mil mísseis aéreos. Segundo ele, o apoio criará empregos na defesa britânica, além de ser "vital" para proteger infraestruturas críticas da Ucrânia. A declaração ocorreu após a cúpula organizada por Starmer com líderes globais para discutir a guerra na Ucrânia.

Entre os pontos discutidos na reunião, o líder britânico disse que os líderes concordaram em manter a ajuda militar à Ucrânia e aumentar a pressão econômica sobre a Rússia, além de garantir que a Ucrânia participe das decisões. Starmer acrescentou, ainda, que as capacidades de defesa ucranianas continuariam tendo apoio, mesmo em caso de um acordo de paz, a fim de deter "qualquer invasão futura".

Starmer também destacou que, para dar suporte à paz no continente de forma efetiva, os esforços precisam do apoio dos Estados Unidos, reforçando que conversou com o presidente norte-americano, Donald Trump, no dia anterior, antes da cúpula. Em resposta aos jornalistas, o primeiro-ministro disse que "ninguém quer ver o que aconteceu na sexta-feira", se referindo ao bate-boca entre os presidentes da Ucrânia e dos Estados Unidos, mas ele rejeitou que os EUA não sejam um aliado. Starmer afirmou que os EUA têm sido, nas últimas décadas, um aliado de confiança do Reino Unido.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, afirmou neste domingo (2) que apresentará na próxima semana um plano para "rearmamento da Europa", para reforçar a segurança do bloco.

Ao fim da cúpula sobre defesa e segurança da Ucrânia, realizada neste domingo em Londres, a chefe do poder executivo da União Europeia (UE) disse que revelará o plano aos chefes de Estado e governo europeus durante uma cúpula da UE em Bruxelas.

"Todos nós entendemos que, após um longo período de subinvestimento, agora é de extrema importância aumentar o investimento em defesa por um período prolongado. É para a segurança da União Europeia", disse.

Von der Leyen acrescentou que o plano poderia, por exemplo, ajudar a desenvolver escudos aéreos avançados.

Quanto ao futuro da Ucrânia, ela afirmou que as garantias de segurança são de extrema importância para o país devastado pela guerra. "Temos que colocar a Ucrânia em uma posição de força, para que ela tenha os meios para se fortalecer e se proteger", disse. "É transformar a Ucrânia em um porco-espinho de aço que é indigesto para invasores em potencial."

A jornalistas, no fim da Cúpula de Londres, Von der Leyen também disse que eles querem que os EUA vejam que estão preparados para defender a democracia.

A cúpula deste domingo, organizada pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, incluiu mais de 19 líderes, em sua maioria europeus, mas também incluiu o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau e o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Mark Rutte. Fonte: Associated Press.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse neste domingo (2) aos líderes europeus que eles precisam intensificar o apoio à Ucrânia na guerra contra a Rússia e agir diante de um "momento único em uma geração" para a segurança da Europa. Starmer afirmou na cúpula, sediada em Londres, que alcançar um bom resultado para a Ucrânia era "vital para a segurança de cada nação aqui e muitas outras também".

Na chegada à Lancaster House, local do encontro, Starmer recebeu o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, com um abraço, assim como ocorreu no dia anterior, quando o ucraniano chegou em Londres.

Já no começo da reunião, Starmer e Zelenski se sentaram lado a lado, acompanhados pelo presidente francês Emmanuel Macron. Starmer disse aos líderes que os três concordaram em trabalhar em um plano para encerrar os combates e apresentá-lo aos Estados Unidos, que discutem intermediar um acordo de paz. "Precisamos concordar com os passos a serem dados a partir dessa reunião para entregar paz por meio da força para o benefício de todos", afirmou.

Nos bastidores, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, se encontrou com Zelenski neste domingo, reafirmando o apoio da Itália à Ucrânia. O escritório de Meloni disse que ela expressou apoio, junto aos parceiros europeus e ocidentais e aos Estados Unidos, "para construir uma paz justa e duradoura, que garanta um futuro de soberania, segurança e liberdade para a Ucrânia". Na véspera da reunião, Meloni conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mas o conteúdo da ligação não foi divulgado.

Também presente no encontro, o primeiro-ministro da Polônia, Donald Tusk, declarou aos jornalistas na manhã deste domingo, antes de embarcar para Londres, que iria para a cúpula com uma mensagem de que a Europa deve acreditar que pode ser uma grande potência militar. No aeroporto, ele destacou que a Europa tem 2,6 milhões de soldados, mais do que os EUA, China ou Rússia. "A Europa tem uma vantagem sobre todos aqui", afirmou.

Participam da cúpula, ainda, o chanceler alemão Olaf Scholz, o primeiro-ministro canadense Justin Trudeau e a primeira-ministra dinamarquesa Mette Frederiksen. Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, também estão presentes. Fonte: Associated Press.