Dois trios na conta de Malafaia e 1h30 de discursos: como será o ato de Bolsonaro na Paulista

Política
Tipografia
  • Pequenina Pequena Media Grande Gigante
  • Padrão Helvetica Segoe Georgia Times
A primeira grande manifestação em favor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desde o 8 de janeiro, marcada para às 15h deste domingo, 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, em São Paulo, terá dois trios elétricos e custo estimado entre R$ 90 mil e R$ 100 mil. A expectativa dos organizadores é que de 10 a 15 autoridades discursem no evento, que será aberto com uma oração da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e não deverá ter mais de 1h30min de duração.

As informações foram repassadas ao Estadão pelo pastor evangélico Silas Malafaia, que anunciou que arcará do próprio bolso com as despesas do ato bolsonarista. O trio principal, conhecido como "Demolidor," e que costuma ser usado no Carnaval e outros eventos de rua da cidade, será estacionado na transversal da Paulista, na altura do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). Ao lado de Bolsonaro estarão cerca de 70 aliados políticos, entre eles os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).

Ao lado, formando um "L", ficará o trio de apoio, que não tem estrutura de som e pode abrigar até 100 convidados. Ele servirá para acomodar o restante dos deputados presentes, que ficaram de fora da lista VIP, além de fotógrafos e cinegrafistas. Segundo Malafaia, a prioridade para acesso ao trio principal com Bolsonaro foi dada aos políticos que mais se posicionam em defesa do ex-presidente. "Na hora da pancada, colocam a cara para fora. Na hora de estar junto, vai ser escondido? Tem que ser coerente nesse negócio."

Já o uso do microfone no trio principal deve ser ainda mais restrito. Além de Michelle, estão confirmados na lista os ex-youtubers e hoje deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e Gustavo Gayer (PL-GO), os senadores Magno Malta (PL-ES) e Rogério Marinho (PL-RN) e, por fim, Malafaia e Bolsonaro. Tarcísio e os demais governadores, além do prefeito Ricardo Nunes (MDB), terão direito à fala se assim quiserem. O tempo é de cinco minutos cada, com exceção de Bolsonaro, sem limite, e Malafaia, com dez.

O prefeito não é visto pelo bloco do PL mais fiel ao ex-presidente como alguém alinhado aos seus valores, mas tenta consolidar o apoio de Bolsonaro na disputa pela reeleição em outubro e, contrariando lideranças do MDB, confirmou presença no ato. Nunes dividirá o palco com desafetos públicos, como o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), que até poucas semanas atrás tentava se viabilizar como adversário no pleito.

A manifestação foi convocada por Bolsonaro em 12 de fevereiro, após ser alvo de uma operação da Polícia Federal que investiga uma suposta trama de golpe de Estado antes e depois das eleições presidenciais de 2022, vencidas pelo opositor Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro precisou entregar o passaporte às autoridades e teve depoimento agendado na última quinta-feira, 22. Assim como integrantes da cúpula das Forças Armadas e ex-ministros, decidiu ficar em silêncio.

Não há como controlar a todos, diz Malafaia

O ex-presidente alega que o ato na Paulista será "pacífico em defesa do Estado Democrático de Direito", e pediu aos apoiadores nas redes sociais que não levem faixas e cartazes "contra quem quer que seja". Outros eventos em defesa do ex-presidente tiveram materiais pedindo o fechamento do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF), prisão de ministros e intervenção militar, por exemplo.

Malafaia adiantou na conversa que os organizadores não têm como controlar as milhares de pessoas no evento. "O Bolsonaro já falou para não pensarem que é a gente que está promovendo isso", disse o líder evangélico. A ideia é pedir para baixar qualquer "faixa maldosa" que possa ser encontrada "até onde a visão alcança" em cima dos trios. No restante do fluxo, entende que não há garantia. "Vou contratar gente para ver quem, numa multidão, levanta uma faixa?", questiona.

O pastor também nega que o tom dos discursos tenha sido combinado previamente, apesar de encontros anteriores entre ele, Bolsonaro e outras lideranças. "A única coisa que eu te garanto é que não estaremos lá para atacar o STF. Mas vamos falar verdades, mostrar fatos, porque contra fatos não há argumentos. Essa coisa de ataque é uma besteira. Bolsonaro vai se defender", alega Malafaia. Afirma ainda que cada um é responsável pelas suas próprias falas no evento. "Não tenho como controlar a boca de Nikolas, de Magno."

Malafaia diz ter pago R$ 55 mil no aluguel do trio principal e R$ 19 mil no trio de apoio. As despesas envolvem ainda a montagem de grades, profissionais de segurança e apoio, fornecimento de água, ambulância e uma unidade móvel para transmitir o evento ao vivo na internet. O líder religioso chegou a anunciar que a Associação Vitória em Cristo financiaria a manifestação, mas recuou após críticas nas redes sociais de que o dízimo dos fiéis poderia ser usado com essa finalidade.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-SP) será responsável pelo policiamento na região e deve bloquear a via aproximadamente a partir do meio-dia, segundo os organizadores do ato. O Estadão procurou a pasta verificar os detalhes do plano de ação, mas ainda não houve retorno. A chegada de Bolsonaro a São Paulo está prevista para este sábado. O político ficará hospedado no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado, a convite de Tarcísio. De lá, desloca para a Paulista no domingo acompanhado de outras autoridades.

Em outra categoria

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, anunciou que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre Rússia e Venezuela foi "totalmente acordado" e está pronto para ser assinado. A declaração foi feita durante uma videoconferência com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em comemoração aos 80 anos de relações diplomáticas entre os dois países.

"Estou satisfeito em anunciar que o Acordo de Parceria Estratégica e Cooperação entre nossos países foi totalmente acordado", afirmou Putin. Segundo o líder russo, o pacto "criará uma base sólida para a expansão de nossos laços multifacetados a longo prazo" e poderá ser formalizado durante uma visita de Maduro à Rússia, em data ainda a ser definida.

Putin também convidou Maduro para as celebrações do 80º aniversário da Vitória na Grande Guerra Patriótica, em 9 de maio, em Moscou. O presidente russo destacou que a Venezuela apoiou a União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, fornecendo combustíveis e outros materiais essenciais para o esforço de guerra.

Além disso, Putin ressaltou a convergência de posições entre os dois países em temas internacionais. "Juntos, nos opomos a qualquer manifestação de neonazismo e neocolonialismo. Agradecemos que a Venezuela apoie as iniciativas russas relevantes em fóruns multilaterais", afirmou. Ele acrescentou que ambos os países buscam "construir uma ordem mundial mais justa" e promover "a igualdade soberana dos Estados e a cooperação mutuamente benéfica sem interferência externa".

O presidente russo reafirmou ainda o compromisso de Moscou com Caracas. "A Rússia fará e continuará fazendo tudo o que for possível para tornar nossos esforços conjuntos nas esferas comercial, econômica, científica, técnica, cultural e humanitária ainda mais próximos e abrangentes", declarou.

Um grupo de democratas, liderado pelo líder da minoria do Senado, Chuck Schumer, ajudou os republicanos para que projeto de lei para financiar o governo até setembro avançasse, evitando uma paralisação, mas deixando os democratas desanimados e profundamente divididos sobre como resistir à agenda agressiva do presidente Trump.

O parlamentar de Nova York e outros nove membros da bancada democrata romperam com a maioria de seu partido em uma votação processual para uma medida de financiamento de US$ 1,7 trilhão, levando a um placar de 62 a 38, acima do limite necessário de 60 votos para que um projeto de lei passe pelo Senado. Um republicano, o senador Rand Paul de Kentucky, votou não. Uma votação final é esperada para o final do dia.

Na votação final subsequente que exigiu apenas uma maioria simples, o Senado aprovou o projeto de lei por 54-46, em grande parte de acordo com as linhas partidárias. Agora, ele segue para sanção do presidente Donald Trump.

O resultado no Senado, onde os republicanos têm uma maioria de 53-47, ressaltou o quão pouco poder os democratas têm para resistir aos planos de Trump e alimentou a crescente frustração nas fileiras do partido sobre sua diretriz e liderança. Em seus primeiros 50 dias de mandato, Trump se moveu para cortar drasticamente a força de trabalho federal e controlar a ajuda externa, ao mesmo tempo em que preparava o cenário para um pacote de cortes de impostos, reduções de gastos e gastos maiores com defesa da fronteira.

Schumer, que enfrentou duras críticas de seu próprio partido ao longo do dia, disse que o projeto de lei do Partido Republicano era a melhor de duas escolhas ruins. Ele argumentou que bloquear a medida e arriscar uma paralisação teria permitido que Trump e o Departamento de Eficiência Governamental (Doge, na sigla em inglês), comandado por Elon Musk, acelerassem a reestruturação de agências federais, citando o poder da administração durante um gap de financiamento para determinar quais funcionários e serviços são essenciais ou não essenciais.

O Hamas disse nesta sexta-feira, 14, que aceitou uma proposta dos mediadores para libertar um refém americano-israelense vivo e os corpos de quatro pessoas de dupla nacionalidade que morreram em cativeiro. O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, lançou dúvidas sobre a oferta, acusando o Hamas de tentar manipular as negociações em andamento no Catar sobre a próxima etapa do cessar-fogo em Gaza.

O grupo não especificou imediatamente quando a libertação do soldado Edan Alexander e dos quatro corpos aconteceria - ou o que espera receber em troca. Também não é claro quais mediadores propuseram o que o Hamas estava discutindo. O Egito, Catar e EUA têm orientado as negociações, e nenhum deles confirmou ter feito a sugestão até a noite de sexta-feira.

Autoridades dos EUA, incluindo o enviado Steve Witkoff, disseram que apresentaram uma proposta na quarta-feira para estender o cessar-fogo por mais algumas semanas enquanto os lados negociam uma trégua permanente. O gabinete de Netanyahu declarou que Israel "aceitou o esboço de Witkoff e mostrou flexibilidade", mas que o Hamas se recusou a fazê-lo.