Secretário de Lewandowski indica livro de jornalista que comparou Israel a 'ratos'

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O secretário nacional do consumidor, Wadih Damous, indicou um livro de um jornalista que comparou Israel a "ratos" neste sábado, 2. Damous, que integra a equipe de Ricardo Lewandowski no Ministério da Justiça, recomendou pelas redes sociais a obra "Contra o Sionismo: Retrato de uma doutrina colonial e racista" do jornalista Breno Altman, que comparou o país a roedores dias após o ataque terrorista do Hamas em outubro.

Ao Estadão, Damous disse que não recomendou o livro por causa da comparação feita pelo jornalista, e que concorda com as análises de Altman sobre o sionismo e a afirmação de que Israel pratica um genocídio na Faixa de Gaza.

No dia 12 de outubro do ano passado, cinco dias após o ataque do grupo terrorista Hamas no território israelense, Altman, que possui ascendência judaica, comparou no X (antigo Twitter) o Estado de Israel a "ratos" e disse que a ação contra o país, que deixou 1.200 israelenses mortos, foi uma "parte decisiva da resistência palestina".

"Podemos não gostar do Hamas, discordando das suas políticas e métodos. Mas essa organização é parte decisiva da resistência palestina contra o Estado colonial de Israel. Relembrando o ditado chinês, nesse momento não importa a cor dos gatos, desde que cacem ratos", afirmou Altman.

Em novembro do ano passado, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) determinou a retirada da postagem de Altman. O juiz Paulo Bernardi Baccarat da 16º Vara Cível, considerou que o termo "ratos" é "possivelmente ofensivo" à população judaica. O jornalista disse que a decisão foi uma "censura"

O secretário do Ministério da Justiça indicou o livro do jornalista afirmando que ele traz "discussões que todos deveríamos fazer nesse momento histórico que estamos vivendo". A obra foi lançada no mês passado e custa entre R$ 55 e R$ 70 na internet.

Procurado pela reportagem, Damous afirmou que a comparação de Altman foi contra o Estado de Israel e não contra os judeus e negou ter indicado o livro por conta da comparação feita pelo jornalista em outubro. O secretário disse também que tanto o autor quanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) consideram a incursão israelense na Faixa de Gaza um "genocídio". No último dia 18, Lula assimilou as ações militares contra os palestinos com o Holocausto praticado pela Alemanha nazista.

"A Constituição me assegura esse direito (de indicar a obra). Ele se referiu ao Estado de Israel e não aos judeus. E não recomendei o livro por causa dessa comparação. Concordo com as opiniões dele sobre o sionismo e concordo com a afirmação de que Israel pratica genocídio, como disse o presidente Lula várias vezes", disse Damous.

O secretário também citou uma frase dita pelo ministro da Defesa israelense, Yoav Galant, dois dias após o ataque terrorista feito pelo Hamas. Quando Israel preparava um cerco sobre a Faixa de Gaza, Galant afirmou que estavam lutando contra "animais humanos". "Estamos lutando contra animais humanos e agindo de acordo com isso", disse.

"Aliás, se não me engano, quem comparou o povo palestino a animais foi o Ministro da Defesa israelense", afirmou Damous.

Neste domingo, 3, a pesquisadora da Universidade de São Paulo (USP) Michelle Prado, que realiza estudos sobre extremismos políticos, disse que a recomendação do livro do jornalista por parte de Wadih Damous é um "absurdo". "Inadmissível ver membro do governo federal indicando livro de um extremista de extrema esquerda que vem promovendo apologia à organizações terroristas, reincindindo em discursos antissemitas, que comparou judeus a ratos e promove campanhas de assédios e difamação direcionados contra as pessoas", disse.

Postagem de Altman foi criticada por organização judaica de esquerda

A postagem de Altman sobre Israel também foi criticada pela organização de esquerda Judeus pela Democracia. Segundo o coletivo judaico, o jornalista teve um discurso de intolerância ao defender o ataque perpetrado pelo Hamas e "teorias conspiratórias antissemitas".

"Estica a corda, até chamar judeus de ratos. Entre eles, crianças e idosos decapitados, queimados vivos, violados. A guerra traz à tona a desumanização do outro como justificativa à crueldade para os extremos. Um ser abjeto, que deveria responder por crime de ódio", afirmou o perfil no X (antigo Twitter) no dia 14 de outubro.

Em resposta ao perfil, Altman negou a comparação. "Os 'ratos' do ditado em meu post, por óbvio, referem-se ao Estado de Israel, ao racismo sionista, jamais aos judeus, pois judeu sou e de uma família massacrada no Holocausto. Mas a malta sionista quer sempre fazer crer que antissionismo equivale a anti-semitismo", respondeu Altman.

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou nesta quinta-feira, 1, impor sanções a qualquer pessoa que compre petróleo iraniano, um alerta feito após o adiamento das negociações planejadas sobre o programa nuclear de Teerã.

Trump fez a ameaça de sanções secundárias em uma postagem nas redes sociais. "Todas as compras de petróleo iraniano ou produtos petroquímicos devem parar agora!". Ele disse que qualquer país ou pessoa que compre esses produtos do Irã não poderá fazer negócios com os EUA "de nenhuma forma".

Não ficou claro como Trump implementaria tal proibição. Mas sua declaração corre o risco de agravar ainda mais as tensões com a China - principal cliente do Irã - em um momento em que o relacionamento está tenso devido às tarifas do presidente americano.

Com base em dados de rastreamento de petroleiros, a Administração de Informação de Energia dos EUA concluiu em um relatório publicado em outubro que "a China absorveu quase 90% das exportações de petróleo bruto e condensado do Irã em 2023". Trump, separadamente, impôs tarifas de 145% à China dentro de sua guerra comercial ao país.

Negociações adiadas

A ameaça de Trump nas redes sociais ocorreu após Omã anunciar que as negociações nucleares planejadas para o próximo fim de semana haviam sido adiadas.

O ministro das Relações Exteriores de Omã, Badr al-Busaidi, fez o anúncio em uma publicação na plataforma social X. "Por razões logísticas, estamos remarcando a reunião EUA-Irã, provisoriamente planejada para sábado, 3 de maio", escreveu ele. "Novas datas serão anunciadas quando mutuamente acordadas."

Al-Busaidi, que mediou as negociações em três rodadas até o momento, não deu mais detalhes.

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Esmail Baghaei, emitiu um comunicado descrevendo as negociações como "adiadas a pedido do ministro das Relações Exteriores de Omã". Ele disse que o Irã continua comprometido em chegar a "um acordo justo e duradouro".

Acordo nuclear

As negociações entre EUA e Irã buscam limitar o programa nuclear iraniano em troca do relaxamento de algumas das sanções econômicas que Washington impôs a Teerã. As negociações foram lideradas pelo Ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araghchi, e pelo enviado dos EUA para o Oriente Médio, Steve Witkoff.

Trump ameaçou repetidamente lançar ataques aéreos contra o programa iraniano se um acordo não for alcançado. Autoridades iranianas alertam cada vez mais que poderiam buscar uma arma nuclear com seu estoque de urânio enriquecido a níveis próximos aos de armas nucleares.

O acordo nuclear do Irã com potências mundiais, firmado em 2015, limitou o programa iraniano. No entanto, Trump retirou-se unilateralmente do acordo em 2018, desencadeando um maior enriquecimento de urânio por parte do Irã./Com Associated Press

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, afirmou nesta quinta-feira que o então conselheiro de Segurança Nacional americano, Mike Waltz, não foi demitido, mas sim realocado para ser o próximo embaixador do país na Organização das Nações Unidas (ONU).

"Waltz fez o trabalho que ele precisava fazer e o presidente Donald Trump achou melhor um novo cargo pra ele", disse Vance em entrevista à Fox News.

Segundo o vice, a saída de Waltz do cargo não teve a ver com escândalo do Signal. Em março, o conselheiro passou a ser investigado pela criação de um grupo de mensagens no software e incluir, por engano, o jornalista Jeffrey Goldberg. "Waltz tem minha completa confiança", acrescentou Vance.

Sobre a contração do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA na quarta-feira, ele reiterou que "isso é a economia de Joe Biden".

Vance ainda comentou que a Índia tirou proveito do país por muito tempo, mas que o governo Trump irá rebalancear o comércio e que

a Rússia e a Ucrânia têm que dar o último passo para acordo de paz. "Chega um momento que não depende mais dos EUA".

Itália, Croácia, Espanha, França, Ucrânia e Romênia enviaram, nesta quinta-feira, aviões para ajudar a combater um incêndio florestal que fechou uma importante rodovia que liga Tel-Aviv a Jerusalém, em Israel. As chamas, iniciadas por volta do meio-dia (horário local) da quarta-feira, são alimentadas pelo calor, seca e ventos fortes no local e já queimaram cerca de 20 quilômetros quadrados.

A Macedônia do Norte e o Chipre também enviaram aeronaves de lançamento de água. Autoridades israelenses informaram que 10 aviões de combate a incêndios estavam operando durante a manhã, com outras oito aeronaves chegando ao longo do dia. Fonte: Associated Press.