Aldo Rebelo vira opção para vice de Ricardo Nunes em São Paulo

Política
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O secretário de Relações Internacionais da prefeitura de São Paulo, Aldo Rebelo, teve o nome cogitado para vice na chapa do prefeito Ricardo Nunes (MDB) nas eleições de 2024. A possibilidade foi levantada no dia 26 de fevereiro, em um almoço na sede da prefeitura que contou com a presença do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), da senadora Tereza Cristina (Progressistas) e do próprio Rebelo.

A informação foi publicada inicialmente pelo colunista Igor Gadelha no site Metrópoles e confirmada pelo Estadão. O assunto teria surgido inicialmente em tom de brincadeira, em meio a uma conversa sobre as opções de Nunes para o posto, mas depois ganhou contornos sérios. Apesar de a sugestão ter sido bem recebida pelo prefeito, segundo uma fonte ouvida pela reportagem, não há "nada de concreto" até agora.

Procurado, Aldo Rebelo disse que tudo não passa de especulação. Já a campanha de Nunes não deu detalhes sobre a reunião e vem declarando que a decisão será tomada em uma data próxima das convenções partidárias, em julho. Rebelo também não atendeu a reportagem para esclarecer se tenta viabilizar a candidatura ou pretende entrar em algum partido. A legislação eleitoral exige filiação até 6 de abril.

Ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-ministro nos governos petistas, Rebelo é visto como alguém com mais peso político do que o coronel Ricardo Mello Araújo e a delegada Raquel Gallinati, os dois principais nomes no páreo. A escolha esbarra, no entanto, na prioridade de indicação do PL. Nunes tenta consolidar o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para evitar concorrer contra um adversário desse campo político. A escolha de um vice de fora do partido poderia implodir a aliança.

Mello Araújo é o preferido de Bolsonaro. A ala ligada ao presidente nacional do partido, Valdemar Costa Neto, por sua vez, defende a escolha da delegada Raquel para agradar o eleitorado feminino e mais de centro. Outros dois políticos do Republicanos - o deputado estadual Tomé Abduch e a secretária estadual de Políticas para a Mulher, Sonaira Fernandes - correm por fora, segundo lista entregue por Valdemar a Nunes em reunião no mês passado.

Aldo Rebelo passou mais de 40 anos em partidos de esquerda (PCdoB, Solidariedade e PDT) e foi ministro do Esporte, da Defesa e de Ciência e Tecnologia no governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), além de ministro-chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais no segundo mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele se licenciou do PDT para assumir a vaga na prefeitura deixada por Marta Suplicy, que trocou de lado e hoje é pré-candidata a vice-prefeita pelo PT na chapa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).

Na época, a entrada de Rebelo no governo de Ricardo Nunes agradou o bolsonarismo. O secretário tem bom diálogo com militares, por ter sido ministro da Defesa, e também com o agronegócio. Rebelo também costuma aparecer nas redes bolsonaristas por conta de posições a respeito da soberania da Amazônia e críticas à esquerda e ao presidente Lula. Ele também viralizou recentemente com um trecho de uma entrevista em que nega a existência de uma tentativa de golpe nos ataques de 8 de janeiro, em Brasília.

Salles reclama de sabotagem ao coronel Mello e pede voto nulo

Entre aliados bolsonaristas, existe a percepção de que o coronel Mello estaria sendo "fritado" pelo PL e outros no entorno do prefeito. No domingo, 3 de março, o deputado federal Ricardo Salles (PL), desafeto público de Ricardo Nunes, publicou um vídeo nas redes sociais defendendo o voto nulo na ausência de candidatos "compatíveis" nas eleições de 2024. Ele não cita diretamente a cidade de São Paulo.

"Nós temos que ter vergonha na cara, assumir a nossa posição, aquilo que acreditamos, e dizer: se não tem candidato bom, compatível com aquilo que a gente quer, é para isso que existe o voto nulo. Você anula o voto e se livra dessa gente", declarou Salles. Ele teve a pré-candidatura frustrada duas vezes por conta da aproximação do PL com Nunes, costurada por Valdemar desde o ano passado.

Pelo Twitter, porém, deixou claro que se referia à disputa na capital paulista e atribuiu o seu posicionamento a uma espécie de sabotagem ao vice preferido de Bolsonaro. "A consolidação ou não do nosso querido Cel. Mello Araújo como vice vai mostrar se eu tenho razão ou não no meu vídeo… Vocês ficariam surpresos em saber o nome de alguns que estão trabalhando 24 horas por dia para tirá-lo do páreo."

Segundo a colunista Andréia Sadi, do G1, membros do PL pressionam Valdemar Costa Neto a expulsar Salles do partido. O deputado é um aliado de primeira hora de Bolsonaro e foi ministro do Meio Ambiente em seu governo. Ele chamou os rumores de "notinha da discórdia" em nova publicação nas redes sociais nesta terça-feira, 5, e disse que estará "sempre" ao lado de Bolsonaro.

Um parlamentar influente do PL ouvido pelo Estadão disse que uma decisão do tipo só poderia ser tomada após 6 de abril, quando se encerra o prazo para um candidato estar filiado ao partido político a fim de disputar algum cargo nas eleições de outubro. Salles não pode deixar o PL nesse meio tempo sem correr o risco de perder o mandato na Justiça por infidelidade partidária.

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O presidente Donald Trump comparecerá a uma sessão conjunta do Congresso na noite desta terça-feira, 4, para prestar contas de suas turbulentas primeiras semanas no cargo. A Casa Branca disse que o tema do discurso será a "renovação do sonho americano", e se espera que ele apresente suas conquistas desde seu retorno ao governo, além de apelar ao Congresso para fornecer mais dinheiro para financiar sua agressiva repressão à imigração.

"É uma oportunidade para o presidente Trump, como só ele pode, expor o último mês de conquistas e realizações recordes, sem precedentes", disse o conselheiro sênior Stephen Miller.

Até o momento, a Câmara e o Senado liderados pelos republicanos fizeram pouco para conter o presidente enquanto ele e seus aliados trabalham para reduzir o tamanho do governo federal e "refazer o lugar da América no mundo". Com um controle rígido sobre seu partido, Trump foi encorajado a tomar ações radicais após superar impeachments e processos criminais.

Os democratas, muitos dos quais ficaram longe da posse de Trump em janeiro, ignoraram amplamente os pedidos de boicote enquanto lutam para criar uma resposta eficaz ao presidente. Eles escolheram destacar o impacto das ações de Trump chamando funcionários federais demitidos como convidados, incluindo um veterano deficiente do Arizona, um profissional de saúde de Maryland e um funcionário florestal que trabalhou na prevenção de incêndios florestais na Califórnia. Eles também convidaram pessoas prejudicadas por cortes acentuados no orçamento federal para saúde e outros programas.

Alguns democratas, incluindo a senadora Patty Murray de Washington, se recusaram a comparecer. "A situação é que o presidente está cuspindo na cara da lei e deixando um bilionário não eleito demitir pesquisadores de câncer e destruir agências federais como a Administração da Previdência Social", disse Murray. "Em vez disso, estou me reunindo com eleitores que foram prejudicados pelas demissões imprudentes desta administração e seu congelamento ilegal e contínuo de financiamento em todo o governo."

Trump planejou usar seu discurso para abordar suas propostas para promover a paz na Ucrânia e no Oriente Médio, onde ele derrubou sem cerimônia as políticas do governo Biden em questão de apenas algumas semanas.

Na segunda-feira, Trump ordenou o congelamento da assistência militar dos EUA à Ucrânia, encerrando anos de firme apoio americano ao país para se defender da invasão da Rússia. Isso após sua explosiva reunião no Salão Oval na sexta-feira com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy e enquanto tenta pressionar o antigo aliado americano a abraçar as negociações de paz com seu invasor.

Muitos legisladores democratas planejaram usar gravatas e cachecóis azuis e amarelos em uma demonstração de apoio à Ucrânia.

O pano de fundo do discurso de Trump também será uma nova incerteza econômica desencadeada depois que o presidente abriu o dia colocando tarifas rígidas sobre as importações dos vizinhos do país e parceiros comerciais mais próximos. Um imposto de 25% sobre produtos do Canadá e do México entrou em vigor hoje - para garantir maior cooperação para combater o tráfico ilícito de fentanil - desencadeando retaliação imediata e despertando temores de uma guerra comercial mais ampla. Trump também aumentou as tarifas sobre produtos da China para 20%.

Fora de Washington, protestos públicos contra Trump e sua administração também estão se desenrolando. Grupos vagamente coordenados planejam manifestações em todos os 50 estados e no Distrito de Columbia simultaneamente ao discurso.

O objetivo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao tarifar os produtos do Canadá é prejudicar a economia canadense, e a decisão demonstra que qualquer país pode se tornar alvo de uma guerra comercial promovida pela Casa Branca, afirmou o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau nesta terça-feira, 4.

"Todo país está muito consciente de que, se o governo dos EUA está disposto a fazer isso com seus aliados mais próximos e vizinhos, todos estão vulneráveis a uma guerra comercial", disse Trudeau, referindo-se à decisão de Trump de aplicar tarifas de 25% sobre os produtos do Canadá e do México.

O primeiro-ministro canadense disse durante uma entrevista coletiva que a justificativa usada pela Casa Branca para tarifar o Canadá - a permissividade com o tráfico de fentanil na fronteira - é "completamente falsa", e que está ficando mais evidente que o objetivo final de Trump é enfraquecer a economia canadense.

"Temos que voltar ao que ele disse repetidamente, que ele quer ver um colapso total da economia do Canadá, porque isso facilitaria nos anexar. Primeiro, isso nunca vai acontecer. Mas ele pode danificar a economia e começou nesta manhã (de terça-feira). Mas descobrirá rapidamente, assim como as famílias americanas vão descobrir, que isso vai prejudicar as famílias dos dois lados da fronteira", afirmou.

"Estamos abertos a negociar, mas não podemos nos enganar sobre o que ele parece estar querendo. Eu tinha esperança de que essas tarifas fossem um plano de negociação para ter o impacto que vemos agora sem elas terem sido adotadas - como vimos nas últimas semanas, com os pedidos de clientes americanos secando para empresas canadenses, planos de expansão sendo suspensos. Mas agora que ele avançou com as tarifas, veremos o verdadeiro impacto de uma guerra comercial", acrescentou.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que a Ucrânia está disposta a negociar um acordo de paz com a Rússia e que ele está pronto para atuar "sob a forte liderança" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A declaração, feita na rede social X, foi publicada menos de uma semana depois de Trump ter acusado Zelenski publicamente de "brincar com a terceira guerra mundial" e de demonstrar ingratidão em relação ao apoio dado pelos Estados Unidos ao país.

"Nenhum de nós quer uma guerra sem fim. A Ucrânia está pronta para ir à mesa de negociação assim que possível para trazer uma paz duradoura mais perto. Ninguém quer a paz mais do que os ucranianos. Minha equipe e eu estamos prontos para trabalhar sob a forte liderança do presidente Donald Trump para chegar a uma paz que dure", disse Zelenski.

Na publicação, ele afirma que está disposto a "trabalhar rápido" para encerrar a guerra com a Rússia, com as etapas iniciais para este processo sendo a libertação de prisioneiros de guerra e uma trégua nos céus e nos mares "se a Rússia fizer o mesmo", com proibição de ataques a míssil, com drones de longo alcance e bombardeios sobre infraestrutura de energia ou civil.

"Depois queremos nos mover rapidamente em todos os próximos estágios e trabalhar com os Estados Unidos para chegar a um acordo final forte. Nós realmente valorizamos o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter a soberania e independência. E nos lembramos do momento em que as coisas mudaram quando o presidente Trump forneceu Javelins à Ucrânia. Estamos gratos por isso", disse Zelenski, referindo-se a um míssil antitanque.

"Nossa reunião em Washington, na Casa Branca, na sexta-feira, não foi do jeito que deveria ter sido. É lamentável que tenha ocorrido desta forma. É hora de consertar as coisas. Gostaríamos que a cooperação e a comunicação futuras fossem construtivas", disse o presidente ucraniano, acrescentando que está disposto a assinar um acordo de exploração de minerais da Ucrânia com os Estados Unidos "a qualquer momento e em qualquer formato conveniente".