Da faria lima ao embate eleitoral: Marina Helena quer dobrar Guarda municipal e privatizar escolas

Política
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A despeito do apoio de Jair Bolsonaro ao prefeito Ricardo Nunes (MDB) na campanha, Marina Helena (Novo) se considera a única candidata verdadeiramente de direita na corrida eleitoral à Prefeitura de São Paulo. Defende, por exemplo, o aumento de investimentos na segurança pública e a desestatização do sistema municipal de ensino na capital paulista. "Minha proposta é uma gestão eficiente. É conseguir colocar o governo onde é preciso e tirá-lo de onde não é" resume ela, em entrevista ao Estadão. Com 41 semanas de gestação, Marina, conversou com a reportagem por chamada de vídeo na quinta-feira, 14, um dia antes de dar à luz ao seu segundo filho.

Nesta semana, ela surpreendeu por conta de seu desempenho na última pesquisa Datafolha. A candidata do Novo apareceu em quarto lugar, com 7% das intenções de voto. O resultado a colocou em empate técnico com a deputada Tabata Amaral (PSB-SP), que marcou 8%, e a frente do também deputado Kim Kataguiri (União-SP), que registrou 4% no levantamento. À frente deles apenas Guilherme Boulos (PSOL), com 30%, e Nunes, com 29%. Os números apresentados pela pré-candidata do Novo foram considerados atípicos por parte de seus adversários, visto que ela é pouco conhecida entre o eleitorado paulistano. Kataguiri chegou a classificar o resultado da pesquisa como "irracional".

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a diretora do Datafolha, Luciana Chong, disse que parte dos entrevistados pode ter confundido Marina Helena com a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede), que disputou três eleições à Presidência da República. Segundo Chong, a distorção será resolvida à medida em que a população conhecer melhor quem são os candidatos à Prefeitura. A estratificação do levantamento que mostra que 9% dos eleitores acham que Lula apoiaria Marina Helena reforça a tese da confusão.

Porém, a economista rechaça a hipótese elaborada pela diretora do Datafolha. "Isso é um absurdo", diz a pré-candidata, acrescentando que, na última eleição municipal, a candidata da Rede, Marina Helou, obteve 0,5% dos votos, apesar do mesmo nome.

Marina Helena Cunha Pereira Santos nasceu em 10 de setembro de 1980, em Brasília. Aos três anos, mudou-se com a mãe para a periferia de São Luís do Maranhão, após o divórcio de seus pais. Sofreu um abuso aos 13 anos, fugindo do lar materno para a casa do pai, na capital federal. Filha de um servidor público que migrou para a iniciativa privada, frequentou bons colégios na adolescência, graduando-se em economia na Universidade de Brasília (UnB), onde concluiu seu mestrado na mesma área. Aos 24 anos, iniciou sua trajetória no mercado financeiro em São Paulo.

Ela é casada com Luiz Henrique Guerra e mãe de Luna de 7 anos. Às 21h59 desta sexta-feira, 15, Marina deu à luz ao seu segundo filho na maternidade do hospital Albert Einstein. Theo nasceu pesando 3,3 kg e medindo 51 cm, tanto a mãe como o bebê estão bem e saudáveis. "Em julho de 2023, decidi ser pré-candidata a prefeita de São Paulo. Três dias depois, descobri que estava grávida. Sou uma mulher de sorte, tenho uma família e uma cidade pra cuidar", comenta a economista sobre o momento da gravidez.

No mercado financeiro, Marina atuou no Bradesco, Itaú e Bozano Investimentos. Além disso, foi economista chefe e sócia de diferentes casas de análise. Entre suas funções, buscava alternativas de investimento em mercados estrangeiros. Ela diz que, para isso, estudou com profundidade o funcionamento das economias de mais de dez países. "Antes de trabalhar nessas instituições, cheguei a vender cosméticos. Na faculdade, era a responsável pela contabilidade de um posto de gasolina", relembra. Em 2022, declarou um patrimônio de R$ 8,6 milhões à Justiça Eleitoral.

Marina conheceu o economista Paulo Guedes trabalhando na Bozano. Quando assumiu o Ministério da Economia na gestão Jair Bolsonaro (PL), Guedes a convidou para comandar a Secretaria Especial de Desestatização e Desinvestimento. Ela lembra que foi atuando na secretaria que decidiu entrar na arena política. "Decidi entrar na política para ter acesso à caneta, porque vi projetos promissores sendo entregues nas mãos daqueles que tinham o poder, apenas para serem completamente desfigurados", lamenta.

Seu primeiro desafio político foi no Movimento Brasil Sem Privilégios, pressionando o Congresso por uma reforma administrativa. Ela também foi diretora executiva do Instituto Millenium. Filiada ao Novo desde 2018, disputou sua primeira eleição em 2022, quando concorreu ao cargo de deputada federal por São Paulo. Recebeu 50,7 mil votos, mas não foi eleita, ficando com a primeira suplência. "Viajei muito na campanha, mas vejo que as redes sociais foram muito importantes para minha projeção", diz.

Nelas, há elogios ao presidente da Argentina, Javier Milei, e críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), aos privilégios do Poder Judiciário e ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Nas eleições de 2022, declarou voto a Jair Bolsonaro no segundo turno. Ainda em 2022, criticou João Amoêdo e disse que o Novo errou ao não tê-lo expulsado antes, "depois de tantos precedentes". Um dos fundadores do partido, Amoêdo declarou voto em Lula no segundo turno das eleições passadas.

Questionada sobre a posição ideológica do Novo, Marina afirma que o partido é de direita e liberal na economia, e que questões ligadas ao comportamento, como aborto e descriminalização da maconha, são de livre posicionamento dos filiados. Porém, ela afirma que, assim como os principais mandatários da sigla, tem um viés conservador para essas questões. "Entre os candidatos que vão estar nas urnas, com certeza, temos Boulos, Tabata e Nunes. Dois candidatos de esquerda e um candidato de centro. Minha candidatura é a única da direita em São Paulo", diz.

Apesar de não contar com o apoio de Bolsonaro, que tende a ficar ao lado do prefeito Ricardo Nunes, ela afirma que o paulistano quer algo "de verdade", e que suas propostas vão atrair o eleitorado de direita. Marina tem criticado a política de segurança pública da gestão atual. Se eleita, ela pretende triplicar o orçamento da área e duplicar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana (GCM). Além disso, a pré-candidata diz que quer ampliar as parcerias público-privadas na educação. Ela esclarece que a proposta não é cobrar mensalidades nas escolas públicas, e sim entregá-las para a gestão privada.

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O presidente dos EUA, Donald Trump, recebe nesta quinta-feira, 27, no Salão Oval o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, para uma reunião bilateral que deve abordar o fim da guerra na Ucrânia. Assim como o presidente francês, Emmanuel Macron, fez na segunda-feira, Starmer deve reafirmar seu apoio a Kiev enquanto Trump busca uma solução negociada com Moscou.

Antes do encontro, o premiê britânico divulgou um comunicado em que destacou a importância da aliança entre os países ocidentais. "O mundo está se tornando cada vez mais perigoso, e é mais importante do que nunca que estejamos unidos com nossos aliados", afirmou. Segundo o texto, Starmer vai reforçar o compromisso britânico com a "paz justa e duradoura" na Ucrânia.

"O primeiro-ministro deixará claro que não pode haver negociações sobre a Ucrânia sem a Ucrânia e reconhecerá a necessidade de a Europa desempenhar seu papel na defesa global, fortalecendo a segurança coletiva europeia", diz o comunicado. Na terça-feira, Starmer anunciou um plano para elevar gastos militares a 2,5% do PIB.

Outro tema central do encontro será a cooperação tecnológica entre os dois países. O governo britânico destacou que as conversas terão "foco especial nas oportunidades que uma maior parceria em tecnologia e IA pode proporcionar", incluindo computação quântica, inteligência artificial e exploração espacial.

A reunião ocorre na véspera da visita de Volodimir Zelenski a Washington, onde o líder ucraniano deve discutir e possivelmente assinar um acordo para a exploração de minerais ucranianos pelos EUA. Na sequência, ele segue para o Reino Unido para um encontro com líderes europeus no domingo, que discutirão o conflito e o fortalecimento da defesa do continente, segundo o Politico. Macron e o premiê da Polônia, Donald Tusk, também estarão no país no domingo, além de líderes da Itália, Alemanha e de outros países.

O encontro entre Trump e Starmer acontece um dia depois de o republicano atacar a União Europeia (UE), alegando que o bloco foi criado para "ferrar" os EUA. Trump também ameaçou impor tarifas de 25% sobre importações europeias.

Mais cedo, nesta quibna, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, publicou em seu perfil no X que a UE "não foi criada contra ninguém", mas sim fundada em favor do multilateralismo, da paz e do desenvolvimento econômico. "Diante da ameaça de retrocesso e do fechamento das economias, apostamos no progresso e na abertura ao mundo."

Com o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, a caminho de Washington para assinar nesta quinta, 27, um acordo de exploração de minerais com os EUA, Donald Trump disse nesta quarta, 26, que cabe aos europeus fornecer garantias de segurança aos ucranianos, após a guerra. Em reunião de gabinete, ele também vetou a adesão da Ucrânia à Otan.

Obter garantias de segurança de Washington era a principal exigência de Zelenski, cuja maior preocupação é ser forçado a aceitar um cessar-fogo, enquanto a Rússia usa o tempo para reconstruir suas forças armadas, reagrupar-se e tentar tomar o país novamente.

Ontem, Zelenski insistiu nas garantias. "Elas são vitais", disse. Segundo ele, o acordo é apenas "um marco". "Esse compromisso pode se converter em um grande êxito ou simplesmente desaparecer", afirmou.

Suspense

As declarações do ucraniano parecem colocar em dúvida a assinatura do acordo e divergem do discurso de Trump, que repetiu ontem que qualquer tipo de segurança deve vir da Europa. "Não vou fornecer garantias", disse o americano. "A Europa terá de fazer isso."

Trump ainda não deu detalhes sobre o papel dos EUA em uma Ucrânia pós-guerra, para impedir que a Rússia um dia reinicie o conflito. Na segunda-feira, 24, o presidente americano permaneceu em silêncio quando o francês Emmanuel Macron mencionou repetidamente a necessidade de garantias de segurança em um encontro na Casa Branca.

A declaração de Trump de que os EUA não dariam garantia de segurança pode acelerar o fim da guerra, mas também encorajar o presidente russo, Vladimir Putin. Ele pode concordar mais facilmente com um cessar-fogo se souber que os EUA não intervirão caso ele ataque novamente a Ucrânia.

Com isso, Trump aumenta a impressão na Europa de que os EUA mudaram de lado na guerra e buscam a normalização das relações com a Rússia. O afastamento abalou os aliados da Otan e levou o novo chanceler alemão, Friedrich Merz, a declarar que a Alemanha deve buscar "independência dos EUA".

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, argumentou que a existência de um interesse financeiro americano nas reservas de titânio, lítio, urânio e minerais de terras raras da Ucrânia é a melhor garantia de segurança que o país pode ter. "Eu chamo isso de garantia econômica", disse Bessent, que participou da negociação do acordo de minerais.

Restituição

Para Trump, o acordo envolve uma compensação pelo que os EUA gastaram na Ucrânia até agora. Ele exigiu US$ 500 bilhões, um valor inflado, já que os gastos em três anos foram de pouco mais de US$ 100 bilhões. Zelenski rejeitou a oferta e passou a ser alvo do presidente americano, que o chamou de "ditador" e de "comediante fracassado".

A pressão sobre Zelenski parece ter dado certo. Uma versão do acordo, obtida pelo New York Times, continha apenas referências vagas à proteção dos ucranianos. "Os EUA apoiam o esforço da Ucrânia para obter uma paz duradoura", diz o texto. Ontem, Trump explicou o que isso significa: franceses e britânicos podem enviar o que ele chamou de "supostas forças de paz", mas ele não terá nada a ver com isso.

Autoridades europeias ainda discutem o que fazer - a Rússia já rejeitou a ideia de ter tropas da Europa e da Otan na Ucrânia. Uma força de paz, como mencionou Trump, exigiria 100 mil soldados - mais do que Reino Unido, França e Alemanha podem reunir sem retirar forças cruciais de outras missões da Otan.

Garantia

Acordos desvantajosos são comuns no passado recente da Ucrânia. Em 1994, o país assinou o Memorando de Budapeste, abrindo mão de suas armas nucleares - herdadas da União Soviética -, em troca do respeito à independência e às fronteiras ucranianas. Os fiadores do tratado eram britânicos, americanos e russos.

O acordo foi inútil quando a Rússia tomou a Crimeia, em 2014. Embora o pacto tenha proporcionado armas e apoio, após a invasão de 2022, nem Reino Unido nem EUA enviaram tropas à Ucrânia. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Fonte: Market News International.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O presidente da Argentina, Javier Milei, aproveitou uma brecha na Constituição e preencheu duas vagas da Suprema Corte por decreto durante o recesso do Congresso. A manobra controvertida foi publicada em Diário Oficial nesta quarta-feira, 26, e enfrenta o primeiro desafio legal. Em petição apresentada à Justiça, uma organização da sociedade civil pede a nulidade das nomeações.

Sem força para aprovar as indicações de Manuel García Mansilla e Ariel Lijo à mais alta Corte de Argentina, a Casa Rosada se utilizou do artigo da Constituição que prevê a nomeação "em comissão", ou seja, de forma interina durante o recesso do Congresso. Para os críticos, contudo, o mecanismo deveria ser usado em casos excepcionais.

Em petição à Justiça, o Centro de Estudos para a Promoção da Igualdade e da Solidariedade (CEPIS) solicitou a anulação do decreto, além de medida cautelar que anule os seus efeitos. No caso, encaminhado a tribunal federal em La Plata, a organização denuncia a "arbitrariedade e ilegalidade" do decreto e aponta para violação de "disposições constitucionais, bem como tratados internacionais que garantem a independência do Poder Judiciário".

No campo político, o líder da União Pela Pátria, José Mayans, ameaçou que a oposição peronista no Senado derrubaria as indicações de Milei no retorno do Legislativo, mês que vem. E até mesmo o PRO, de Mauricio Macri, que tem ministério no governo, se posicionou contra o nome de Ariel Lijo para Suprema Corte. Após reunião da alta cúpula, o partido sinalizou que a maior parte dos seus senadores votaria contra a nomeação, embora tenha decidido não emitir uma declaração pública sobre o encontro.

A Casa Rosada, se defende dizendo que o decreto visa normalizar os trabalhos da Suprema Corte e acusa o Senado de politizar as escolhas de Javier Milei para o Judiciário. "O Senado, em vez de ter realizado uma análise séria e objetiva da adequação dos candidatos propostos, optou repetidamente por adiar seu pronunciamento com base em considerações motivadas por conveniência política", acusou o governo no decreto.

As indicações de Javier Milei para ocupar duas das cinco vagas existentes na Corte enfrentam resistência tanto dos peronistas, quanto de aliados ocasionais do governo. O impasse se arrasta há quase um ano. As críticas recaem especialmente sobre a escolha de Ariel Lijo, acusado de atrasar investigações sobre corrupção envolvendo empresários e políticos. O juiz nega.

Sem conseguir os dois terços do Senado necessários para aprovar as indicações, a Casa Rosada apelou para o decreto. Nesse caso, as nomeações são interinas. Para garantir a vaga na Corte, os juízes precisam ser confirmados pelo Senado até o fim da próxima legislatura, em março de 2026. Antes disso, os argentinos renovam parte do Congresso nas eleições de meio de mandato e espera-se que o partido de Milei, A Liberdade Avança, amplie a sua bancada.

Em meio às críticas, o governo argumenta que está amparado pela Constituição e promete manter as negociações para garantir aprovação de Manuel García Mansilla e Ariel Lijo no Senado. O último presidente argentino a nomear juízes da Suprema Corte por decreto foi Mauricio Macri, que acabou recuando diante da repercussão negativa e agora critica publicamente a escolha de Lijo. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)