CCJ da Câmara adia votação sobre prisão de Chiquinho Brazão

Política
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A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) adiou a votação sobre a chancela da Câmara à prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), acusado de ser mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco em 2018. Um pedido de vista de deputados do Novo, do PP e do Republicanos fez com que a análise da decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, autor da ordem de prisão, fosse abortada. Brazão acompanha a sessão remotamente no presídio da Papuda.

Na tarde desta terça, o relator do caso na CCJ, Darci de Matos (PSD-SC), apresentou parecer favorável a manter o parlamentar detido. A votação só ocorrerá esta semana se o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), chamar o caso diretamente ao plenário, caso o colegiado não emita posição até o prazo de 72 horas a partir do recebimento da notificação do Supremo. Ele só poderá fazer isso na quinta-feira, 28, quando o prazo se encerra. Caso Lira não faça isso, a votação pode ficar para abril, por conta do recesso de feriado de Semana Santa.

Pediram vista na sessão os deputados Gilson Marques (Novo-SC), Roberto Duarte (Republicanos-AC) e Fausto Pinato (PP-SP). O adiamento provocou protestos de deputados de esquerda e houve discussão entre os integrantes da comissão.

"Fico pasmo a pressa o afogadilho de decidir algo importante", afirmou Gilson. Parlamentares do PSOL, partido de Marielle, reclamaram. "São seis anos esperando por justiça e vocês passando pano para miliciano", respondeu Sâmia Bomfim (SP).

Chiquinho Brazão fala pela primeira vez da prisão

O deputado federal Chiquinho Brazão defendeu-se pela primeira vez da acusação de ser mandante do crime. Por videoconferência a partir do presídio da Papuda em Brasília, Brazão disse que tinha um "ótimo relacionamento" com Marielle na Câmara Municipal da capital fluminense. Ele foi chamado de assassino por deputados do PSOL após concluir o pronunciamento durante sessão da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. "Tivemos um ótimo relacionamento onde ela defendia áreas de seu interesse e eu também defendia os meus", afirmou.

Congressistas que integram a CCJ tiveram uma longa reunião antes da sessão para tentar chegar a um acordo sobre o caso, o que não aconteceu. Segundo a presidente da CCJ, Caroline de Toni (PL-SC), os deputados querem avaliar se todos os requisitos da prisão foram cumpridos antes de votar o relatório favorável à decisão de detenção proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Eu tentei um acordo com os deputados para tentar começar a discussão, reduzir os prazos, são 15 minutos para cada deputado (falar na reunião). Mas uns querem pedir vista, não querem começar hoje", afirmou De Toni. "Foi muita discussão entre os deputados. Cada um quer seguir um procedimento."

Marques alegou falta de tempo para analisar. "O relatório foi ao ar às 13h48, não sei você, mas eu não consegui ler", afirmou. Brazão foi detido preventivamente pela Polícia Federal sob suspeita de ser o mandante do assassinato da ex-vereadora do Rio Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 2018.

O deputado federal Arthur Maia (União-BA) pediu para que a comissão desse uma resposta ainda nesta terça-feira. "Precisamos dar uma resposta breve em relação a um tema importantíssimo a um tema que estamos tratando hoje", disse.

De acordo com os últimos precedentes, como o do ex-deputado bolsonarista Daniel Silveira, o próximo passo é a apreciação do relatório feito pela CCJ no plenário da Casa, que precisa ter a maioria absoluta - isto é, 257 parlamentares, para a aprovação final. Darci de Matos disse que "não haverá dificuldades" para alcançar o número em plenário.

Mais cedo, a Câmara dos Deputados realizou sessão solene em homenagem a Marielle e Anderson. Lá, Talíria Petrone (PSOL-RJ) cobrou pela manutenção da prisão de Brazão. "É tarefa deste Parlamento, de forma mais célere possível, ratificar a prisão de um deputado federal que tem nas costas a execução de uma mulher negra da favela eleita", afirma.

O relator do caso na CCJ sustentou em seu voto que considera "correta e necessária" a decisão proferida pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mas que é preciso aprofundar no debate sobre o critério definido para a prisão de parlamentares. A Constituição diz que deputados e senadores "não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável".

A Câmara recebeu nesta segunda-feira, 25, o ofício enviado por Alexandre para comunicar a prisão do deputado. A notificação ocorreu após a Primeira Turma da Corte confirmar, por unanimidade, a decisão de Moraes que determinou as prisões no caso Marielle.

A notificação era necessária para que a Câmara iniciasse os procedimentos para validar ou não a prisão.

Por ordem do STF, a Polícia Federal deflagrou no domingo a Operação Murder Inc, que prendeu de forma preventiva Chiquinho Brazão, seu irmão Domingos, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), e o ex-chefe de Polícia Civil do Rio Rivaldo Barbosa. Os três são suspeitos de serem os mandantes do crime.

Chiquinho Brazão foi expulso, por unanimidade, do União Brasil. A decisão foi tomada em reunião virtual realizada na noite deste domingo.

A previsão inicial era de que o encontro da Executiva Nacional fosse na terça-feira, 26, de forma presencial, mas integrantes da sigla quiseram resolver o caso o mais rápido possível.

O advogado Ubiratan Guedes, que representa Domingos, e o advogado Alexandre Dumans, que representa Barbosa, negam a participação deles no assassinato da vereadora.

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A secretária de Comunicação da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (28) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está "otimista, mas é realista e está cada vez mais frustrado" com os líderes da Rússia e da Ucrânia. Segundo a representante americana, o republicano quer um acordo permanente entre os dois países para que a guerra na Europa Oriental seja resolvida, mas é preciso "ir à mesa para negociação".

Em relação aos acordos comerciais, segundo Leavitt, toda a administração trumpista está se esforçando para alcançar as melhores negociações, "que devem beneficiar os americanos". "Não posso dar mais detalhes, mas vocês ouvirão mais sobre os acordos nesta semana", enfatizou.

Na ocasião, a porta-voz disse que Trump assinará ordens executivas sobre segurança de fronteira nesta segunda-feira e mencionou que cerca de 136 quilômetros de muro de fronteira estão em fase de construção. O "czar da fronteira" americano, Tom Homan, participou da coletiva e disse que "não é possível ter segurança nacional sem segurança na fronteira".

O presidente americano, Donald Trump, repetiu nesta segunda-feira, 28, a narrativa sobre transformar o Canadá no 51º estado dos EUA, ao comentar sobre as eleições canadenses, que acontecem nesta segunda-feira. "Não existirá a linha artificial traçada muitos anos atrás. Vejam quão bonita esta terra poderia ser. Livre acesso SEM FRONTEIRAS", escreveu o republicano na Truth Social, acrescentando que não haveria nenhum ponto negativo, apenas positivos, em algo que estava "predestinado a acontecer".

Trump afirmou ainda que a América "não irá mais subsidiar o Canadá com bilhões de dólares por ano", como fez no passado. O presidente americano frisou que "não faz sentido ajudar a menos que o Canadá seja um Estado". Em sua publicação, ele prometeu "zero impostos ou tarifas", se o país se tornar o "querido 51º" estado.

Sobre as eleições, Trump desejou "boa sorte" para que os canadenses elejam um "homem com força e sabedoria para cortar impostos pela metade, aumentar o poder militar, de graça, para o maior nível no mundo e quadruplicar o tamanho dos negócios de carros, aço, alumínio, madeira, energia e todos os outros".

A Coreia do Norte confirmou pela primeira vez, nesta segunda-feira, 28, que enviou tropas à Rússia para apoiar a guerra contra a Ucrânia, afirmando que o ato visava ajudar o Kremlin a recuperar a região de Kursk, tomada pelas forças ucranianas em uma incursão surpresa no ano passado. O número de soldados enviados não foi informado.

O presidente Vladimir Putin agradeceu ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, pelo "feito heroico" dos combatentes de seu país que lutaram pela Rússia contra as forças da Ucrânia na região russa de Kursk, que Moscou afirma ter retomado completamente - autoridades ucranianas negaram a alegação.

"Os amigos coreanos agiram por um sentimento de solidariedade, justiça e verdadeira camaradagem", destacou Putin em um comunicado divulgado pelo Kremlin. "Agradecemos muito e estamos sinceramente gratos, pessoalmente, ao camarada Kim Jong-un e ao povo norte-coreano", declarou.

Em janeiro, a Ucrânia informou a captura de dois soldados norte-coreanos e divulgou imagens.

A ajuda à Rússia obedece a um tratado de defesa mútua assinado pelo líder norte-coreano, Kim Jong-un, e pelo presidente russo, Vladimir Putin, em junho de 2024, informou a Comissão Militar Central da Coreia do Norte em um comunicado divulgado pela mídia estatal.

O tratado - considerado o maior acordo de defesa entre os dois países desde o fim da Guerra Fria - exige que ambas as nações utilizem todos os meios disponíveis para fornecer assistência militar imediata caso qualquer uma delas seja atacada.

O envio tinha como objetivo "aniquilar e eliminar os ocupantes neonazistas ucranianos e libertar a região de Kursk em cooperação com as forças armadas russas", diz o comunicado citando Kim. "Aqueles que lutaram por justiça são todos heróis e representantes da honra da pátria", completou o líder supremo.

Jong-un afirmou que, em breve, um monumento será erguido em Pyongyang, capital do país, para marcar os feitos de batalha da Coreia do Norte. O governo também deve tomar medidas para tratar e cuidar preferencialmente das famílias dos soldados que participaram da guerra, informou.

A declaração norte-coreana não informou quantos soldados o país enviou nem quantos morreram. Oficiais de inteligência dos Estados Unidos, Coreia do Sul e Ucrânia estimam que tenham sido enviados de 10 a 12 mil soldados para a Rússia no último outono, em sua primeira participação em um grande conflito armado desde o fim da Guerra das Coreias (1950 - 1953).

Em março, o exército sul-coreano afirmou que cerca de 4 mil soldados norte-coreanos foram mortos ou feridos nas frentes de guerra entre Rússia e Ucrânia. O exército sul-coreano também avaliou, na época, que a Coreia do Norte enviou cerca de 3 mil soldados adicionais à Rússia no início deste ano.