Bolsonaro exalta Musk, critica ministros de Lula e terceiriza ataques a Moraes

Política
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O ato em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Rio de Janeiro, neste domingo, 21, foi marcado por acusações de parcialidade contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e por manifestações de gratidão ao empresário Elon Musk, dono do X, da Tesla, da SpaceX e da rede de satélites Starlink.

No discurso, Bolsonaro disse que o empresário é um "mito da liberdade" e fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e a equipe de governo do petista. O ex-presidente, alvo de investigação por tentativa de golpe de Estado, terceirizou a aliados os ataques a Moraes e sugeriu que a pressão que vem sofrendo seria para "concluir o trabalho de Juiz de Fora", onde foi vítima de uma facada em 2022.

O ex-presidente voltou a minimizar a minuta do golpe, documento encontrado pela Polícia Federal. Segundo a investigação, Bolsonaro não só tinha conhecimento como também editou o texto que poderia ser usado para justificar uma ruptura sem motivos legais. "É uma proposta que o presidente dentro de suas atribuições constitucionais pode submeter ao Congresso brasileiro. O presidente só baixa decreto depois que o Parlamento der o sinal verde", disse.

Ao final dos discursos, Bolsonaro posou para fotos de braços estendidos com aliados que estavam no palanque. Boa parte deles vai disputar as eleições de 2024. Na corrida pelo prefeitura do Rio, o deputado Alexandre Ramagem deverá ser o representante do bolsonarismo.

A manifestação foi um novo capítulo da busca por manifestação de apoio popular por parte de Bolsonaro, pressionado por investigações que correm no STF e pelas condenações que o deixaram inelegível até 2030. A primeira foi realizada na Avenida Paulista, em fevereiro.

Elon Musk instiga há duas semanas uma campanha contra instituições brasileiras com acusações de fraude eleitoral e censura. No discurso, Bolsonaro pediu aplausos para o bilionário. "Quando eu tive com Elon Musk, em 2022, começaram a me chamar de mito. Eu falei 'não'. Aqui, em 2022, aqui sim temos um mito da liberdade: Elon Musk", disse.

O deputado Gustavo Gayer (PL-GO) fez parte do discurso em inglês porque "Elon Musk está olhando". O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) também pediu palmas ao empresário "pelo que ele está fazendo".

Coube ao pastor evangélico Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o discurso mais duro. Ele disse que Alexandre de Moraes é um ditador que adota um "modus operandi" comum aos ditadores para "prender alguns para colocar medo em outros". O religioso também cobrou a renúncia dos chefes das Forças Armadas e chamou de "frouxo e covarde" o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, por não pautar um impeachment do ministro da Suprema Corte. Pacheco disse ao Estadão que não comentará as falas.

"É safadeza dizer que Jair Messias Bolsonaro tramou um golpe. Tentativa de golpe está no Artigo 359 do Código Penal, que diz que tentativa de golpe é tentar, com emprego de violência ou grave ameaça, abolir o Estado Democrático de Direito, impedindo ou restringindo o exercício dos poderes constitucionais. Lula foi impedido de ser presidente? Os ministros do STF foram impedidos? Cadê o canhão? Cadê a bomba?", disse.

O ato também serviu para expor bolsonaristas que serão lançados nas disputas pelas prefeituras nas eleições de outubro. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro afirmou que os eleitores cariocas precisam "de uma política nova", de "gente de bem". Ela optou por um discurso menos inflamado, na comparação com o tom adotado no ato de fevereiro. Na Avenida Paulista, ela reclamou de "ataques e injustiças" e afirmou que "fomos negligentes ao não misturar religião e política" porque "o mal tomou o espaço".

Em um discurso com verniz religioso, Michelle também fez críticas ao feminismo. "Mulheres sábias edificam uma nação. E essa mensagem que queremos passar para vocês. Mulheres femininas, mulher fazendo uma política feminina e não feminista", afirmou.

Nikolas Ferreira também apostou em tom religioso. "Este País não precisa de mais projetos de lei, este País não precisa mais de emenda. Este País precisa de homens com testosterona", disse.

Restrições de contato

A manifestação desde domingo foi aberta pelo presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto. Ele disse que é no Rio onde o partido é mais forte e anunciou os principais nomes da sigla no Estado. Em seguida, Valdemar saiu do carro de som porque, por decisão do STF, ele não pode manter contato com Bolsonaro. Eles são investigados por envolvimento em uma tentativa de golpe de Estado.

O general Braga Netto, vice na chapa de Bolsonaro em 2022, também foi ao ato de Copacabana, mas também não pode se encontrar com o ex-presidente por determinação judicial e não subiu no carro de som. O militar também está inelegível por decisão do Tribunal Superior Eleitoral.

"Quero cumprimentar todos meus parceiros aqui porque o PL mais forte do Brasil é aqui do Rio de Janeiro" disse. "Temos Bolsonaro, que vota no Rio de Janeiro, Michelle Bolsonaro, Cláudio Castro, Flávio Bolsonaro, Carlos Portinho, Romário, grande jogador", disse Valdemar, para então ouvir vaias do público ao ex-jogador.

Antes do ato, abordado pelo Estadão, o ex-presidente disse que a manifestação procura defender a democracia no País. "Espero que dê tudo certo aqui e que a liberdade de expressão, tão importante para a democracia, seja preservada". Ele preferiu não falar sobre situação no Supremo Tribunal Federal, corte em que é alvo de investigação por tentativa de golpe de Estado.

O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato pró-Jair Bolsonaro, afirmou que seu foco seria o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

"Meu negócio não é STF, meu negócio é Alexandre de Moraes", disse ao Estadão. "Vamos mostrar através de fatos o que está acontecendo nesse País." O pastor deu a declaração ao chegar ao hotel que fica próximo ao local da manifestação e onde Bolsonaro passou a noite.

Para Musk e aliados de Bolsonaro, as decisões de Moraes no âmbito do inquérito das milícias digitais têm atropelando os princípios do devido processo legal, restringindo a liberdade de expressão por meio da remoção de perfis em redes sociais. Para especialista ouvido pelo Estadão, o ministro do Supremo atravessou o limite em nome da democracia e por achar que redes são risco.

Contudo, os alvos de decisões de Moraes que tiveram perfis bloqueados eram políticos ou ativistas que vinham fazendo ataques reiterados às instituições e ao sistema de votação eletrônica.

Cerca de 60 parlamentares e dois governadores compareceram. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi à Paulista, mas não viajou ao Rio.

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A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) anunciou neste domingo, 4, a retirada da Nicarágua da agência especializada das Nações Unidas (ONU) por causa da concessão de um prêmio da organização que celebra a liberdade de imprensa a um jornal nicaraguense, o La Prensa.

A diretora geral da Unesco, Audrey Azoulay, anunciou que havia recebido uma carta na manhã de domingo do governo nicaraguense anunciando sua retirada devido à atribuição do Prêmio Mundial de Liberdade de Imprensa Unesco/Guillermo Cano.

"Lamento essa decisão, que privará o povo da Nicarágua dos benefícios da cooperação, especialmente nos campos da educação e da cultura. A Unesco está totalmente dentro de suas atribuições quando defende a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa em todo o mundo", disse Azoulay em comunicado.

A Nicarágua era um dos 194 estados membros da organização. Os membros da Unesco criaram o prêmio de liberdade de imprensa em 1997, e o prêmio de 2025 foi atribuído no sábado ao La Prensa por recomendação de um júri internacional de profissionais da mídia.

32 pessoas foram resgatadas após um naufrágio na praia de South Beach, em Miami, na tarde do sábado, 3. Segundo autoridades locais, o acidente aconteceu no fim da tarde, por volta das 17h (16h horário de Brasília), próximo à Ilha Monumento Flager e todas as pessoas a bordo foram resgatadas sem ferimentos.

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Nas redes sociais, diversos registros mostram o barco afundando na vertical. Em imagens publicadas pela guarda costeira americana, os tripulantes vestiram coletes salva-vidas e aguardavam o resgate na parte superior do iate.

A operação de resgate contou com a participação de diversas agências, incluindo a comissão de conservação de peixes e vida selvagem da Flórida e a guarda costeira americana.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou neste domingo, 4, que Moscou ainda não viu a necessidade de usar armas nucleares na Ucrânia e que ele espera que o país não precise optar pela alternativa nuclear contra seus vizinhos no Leste Europeu.

Em comentários exibidos em um filme da televisão estatal russa sobre seu quarto de século no poder, Putin disse que a Rússia tem a força e os meios para levar o conflito na Ucrânia a uma "conclusão lógica".

Respondendo a uma pergunta sobre os ataques ucranianos em território russo, Putin disse: "Não houve necessidade de usar essas armas (nucleares) e espero que não sejam necessárias."

"Temos força e meios suficientes para levar o que foi iniciado em 2022 a uma conclusão lógica, com o resultado que a Rússia exige", disse ele.

Doutrina nuclear

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No filme estatal, Putin também disse que a Rússia não lançou uma invasão em grande escala na Ucrânia e chamou a guerra contra o país vizinho de "operação militar especial".

Acordo de Paz

Durante o filme estatal, Putin afirmou que a reconciliação com a Ucrânia era "inevitável". Mas os dois países seguem em desacordo sobre propostas de cessar-fogo.

O Kremlin anunciou uma trégua "por motivos humanitários" que começará no dia 8 de maio até o final de 10 de maio para marcar a derrota da Alemanha nazista por Moscou em 1945 - o maior feriado secular da Rússia.

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou na sexta-feira, 2, que o anúncio de Moscou de um cessar-fogo de 72 horas era apenas uma tentativa de criar uma "atmosfera amena" antes das celebrações anuais da Rússia.

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