Base de Nunes recebe mais que o dobro em emendas parlamentares que a oposição na Câmara de SP

Política
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Os vereadores da base de apoio do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), na Câmara Municipal receberam neste ano mais de duas vezes o valor liberado em emendas parlamentares em comparação com a quantia destinada aos membros da oposição, mostra levantamento feito pelo Estadão com dados da Coordenadoria de Ações Municipais (CAM), da Casa Civil da Prefeitura. A gestão Nunes foi procurada, mas não comentou. O espaço segue aberto.

De janeiro a abril, a administração municipal liberou R$ 39,8 milhões em emendas aos 37 governistas na Câmara, o que representa R$ 1,07 milhão, em média, por vereador. No mesmo período, os 17 parlamentares da oposição receberam R$ 8,4 milhões, o equivalente a uma média de R$ 497 mil por membro da bancada. Ou seja, os aliados do prefeito receberam, proporcionalmente, 2,2 vezes os recursos recebidos pelo oposicionistas.

O Estadão questionou a Prefeitura sobre a razão da discrepância entre as emendas liberadas aos membros da oposição e da base. Porém, não houve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto para eventuais esclarecimentos.

Anualmente, cada um dos 55 vereadores paulistanos pode indicar até R$ 5 milhões em emendas, totalizando R$ 275 milhões. Por meio desse mecanismo, os parlamentares podem financiar obras ou políticas públicas, como a compra de mais ambulâncias, por exemplo. Geralmente, as emendas beneficiam a base eleitoral de quem a indicou. Porém, elas não são impositivas na capital paulista. A Prefeitura pode ou não liberar os recursos.

Vereadores da oposição ouvidos pela reportagem relatam dificuldade no processo de liberação de suas emendas, alegando que a gestão Ricardo Nunes está favorecendo os parlamentares da base. As queixas à administração municipal vão desde atraso na análise de pedidos até retaliações vindas da Prefeitura. O Executivo municipal também foi procurado para responder às críticas, porém não retornou.

A vereadora Luana Alves (PSOL) afirma que a discrepância na liberação das emendas é percebida entre os membros da oposição desde 2021. "É evidente que os vereadores da base têm as suas emendas tramitando com muito mais rapidez. Sabemos que é uma tentativa de punição aos vereadores da oposição", conta, acrescentando que existem secretarias municipais que não executam as emendas do PSOL.

Luana conta, por exemplo, que a Secretaria Municipal de Cultura não executou nenhuma de suas emendas neste ano. Além disso, os dois pedidos de emendas da vereadora para a pasta, feitos em março de 2023, só foram atendidos em novembro do mesmo ano. Entre janeiro e abril, a Cultura executou 44 emendas, totalizando R$ 7,9 milhões, com predominância de parlamentares da base governista entre os contemplados.

O vereador Hélio Rodrigues (PT) também enfrenta obstáculos na liberação de suas emendas. Ele relata que algumas delas foram devolvidas para correção, "por motivos não tão relevantes", enquanto outras ficaram paradas por até dez dias, mas posteriormente tramitaram sem dificuldades. "Temos uma emenda que foi encaminhada em 20 de março, mas só 'andou' em 10 de abril, após cobrança do gabinete, e retornou para o mandato pedindo adiamento por, no mínimo, 30 dias para a execução - trata-se de um projeto de cultura", disse.

A base governista atualmente inclui MDB, Podemos, PL, PP, PSD, Republicanos e União Brasil, enquanto a oposição é composta por PSB, PSOL, PT e PV. O partido Novo é o único a se posicionar como independente na Câmara. Seis dos dez vereadores que mais tiveram emendas liberadas este ano são do MDB, enquanto que os outros quatro são do União Brasil, PSD, Podemos e Novo.

Professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), Paulo Niccoli Ramirez avalia que, assim como ocorre no âmbito federal, a gestão municipal acabou demonstrando que os aliados do prefeito são os mais beneficiados na liberação de recursos. "É a política do toma lá, dá cá. O apoio é trocado por verba. O Ricardo Nunes deixa explícito que vai beneficiar todos seus apoiadores dentro da Câmara".

Como o Estadão mostrou, o Executivo municipal já liberou R$ 50,1 milhões em emendas neste ano. Desse total, R$ 26,7 milhões foram direcionados para a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer. A quantia é 356 vezes maior do que o total em emendas destinado à Educação, 134 vezes superior ao montante enviado à Segurança Urbana ou sete vezes a soma dos recursos indicados à Saúde.

Parlamentares ouvidos pela reportagem à época afirmam que o Legislativo paulistano prioriza áreas que recebem menos recursos da Prefeitura. A Secretaria Municipal da Educação, por exemplo, tem o maior orçamento da cidade (R$ 21,8 bilhões), enquanto Esportes e Lazer tem apenas R$ 365,9 milhões. Alguns deles, porém, admitem que as emendas direcionadas para obras ou eventos geram uma popularidade maior entre os eleitores do que os recursos destinados à saúde. Isso ocorre porque tais ações são mais visíveis e facilmente associadas ao vereador que as propôs.

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Um avanço acelerado de forças russas e norte-coreanas ameaça a posição da Ucrânia em Kursk, a fatia de território russo cujo controle as autoridades ucranianas esperavam que traria vantagens em negociações de paz.

Tropas russas e norte-coreanas tomaram várias aldeias na região de Kursk nos últimos dias e usaram drones para cortar as rotas de abastecimento para a principal força ucraniana na cidade de Sudzha, de acordo com soldados que estão na área e analistas.

O avanço ocorre antes das negociações entre altos funcionários dos Estados Unidos e da Ucrânia na Arábia Saudita, marcadas para esta semana.

A ofensiva acontece após a decisão dos EUA de interromper o compartilhamento de inteligência e o fornecimento de armas para a Ucrânia. A medida reduziu imediatamente a capacidade da Ucrânia de realizar ataques de longo alcance, que dependem de dados precisos de alvos, e com o tempo privará a Ucrânia de munição e armas essenciais.

Desde o início do ano, a Ucrânia havia estabilizado grande parte da linha de frente de 800 milhas (quase 1,3 mil quilômetros) dentro de seu território, impedindo os avanços russos e contra-atacando em torno das cidades orientais de Toretsk e Pokrovsk, que a Rússia estava prestes a tomar.

Mas os avanços rápidos em Kursk ameaçam o resultado da incursão ucraniana ocorrida em agosto de 2024, que rapidamente sobrecarregou as defesas russas e tomou dezenas de cidades e vilas na região fronteiriça.

Um artilheiro ucraniano na frente de Kursk disse que estava dando cobertura aos soldados que recuavam da área. "Estou cobrindo a retirada deles para que não fiquem cercados", disse o soldado em uma mensagem telefônica.

A Rússia investiu vastos recursos na tentativa de retomar Kursk, sofrendo grandes perdas. O país mobilizou algumas de suas melhores unidades e, em dezembro, enviou mais de 10 mil soldados de tropas norte-coreanos.

As tropas norte-coreanas, despreparadas para o campo de batalha moderno, foram inicialmente eliminadas com relativa facilidade. Mas agora estão criando dificuldades porque, diferentemente de suas contrapartes russas, avançam em ondas, esgotando os recursos ucranianos, disse Roman Pohorily, cofundador do DeepState, um grupo ucraniano que analisa imagens e vídeos postados em mídias sociais e informações de tropas para produzir um mapa preciso da linha de frente.

"Esses últimos avanços, na maioria dos casos, são graças a eles", disse Pohorily.

Assim que os norte-coreanos avançam, as tropas russas os seguem para proteger as posições, repelindo as defesas ucranianas.

O exército russo vem preparando a ofensiva em Kursk desde janeiro, disse Pohorily. Foi quando operadores de drones e unidades de artilharia começaram a sondar uma rota de abastecimento ucraniana crítica em busca de fraquezas, para bombardeá-la.

O domínio aéreo significa que não apenas os equipamentos, mas os movimentos das tropas não passam despercebidos, disseram soldados.

Ainda não está claro se os ucranianos enviariam reforços para tentar estabilizar essa parte da frente ou se precisarão se retirar de Kursk completamente, já que batalhas acirradas estão acontecendo. Se os ucranianos se retirarem, isso deixaria os russos mais próximos da região ucraniana de Sumy, onde as tropas de Kiev precisarão continuar sua defesa.

A retirada criaria dificuldades não apenas militarmente, mas politicamente, já que a Ucrânia esperava trocar a região russa de Kursk por um pedaço da Ucrânia ocupada pelas forças de Moscou. Fonte: Dow Jones Newswires

Rebeldes ligados ao grupo Estado Islâmico (EI) atacaram uma vila no leste do Congo, matando pelo menos nove pessoas, disseram uma autoridade local e moradores neste domingo, 9.

No sábado, um ataque na vila de Ngohi Vuyinga, na província de Kivu do Norte, também deslocou dezenas de moradores, e várias casas foram incendiadas, de acordo com Samuel Kagheni, um líder da sociedade civil local.

Rebeldes das Forças Democráticas Aliadas, uma afiliada do EI na região, atacaram os moradores com armas e facões enquanto eles estavam em suas fazendas, disse Kagheni. "O número de ontem pode aumentar porque havia algumas pessoas desaparecidas", falou.

O leste do Congo foi atingido por décadas de violência, com mais de cem grupos armados disputando o controle dos ricos minerais da região.

Entre eles, estão rebeldes apoiados por Ruanda, que recentemente capturaram duas grandes cidades.

A violência resultou no deslocamento de cerca de 7 milhões de pessoas, tornando-se a maior crise humanitária do mundo.

O último ataque renovou as preocupações com a segurança entre os moradores locais, que acusaram o governo de não fazer o suficiente para impedir o conflito. Fonte: Associated Press

Os membros do Partido Liberal do Canadá irão escolher neste domingo, 9, o novo líder que atuará como sucessor do primeiro-ministro Justin Trudeau. Mark Carney, ex-presidente do banco central da Inglaterra e também do BC do Canadá, é cotado como o favorito à liderança.

Ele publicou em seu site oficial um comunicado no qual compara as atitudes de Trump às de um "valentão" em meio à imposição de tarifas comercias.

"Não ficaremos parados enquanto tarifas ilegais dos EUA prejudicam nossos trabalhadores e suas famílias. Como canadenses, precisamos enfrentar esse desafio como uma equipe unida", disse Carney no comunicado.

Ele defendeu que, no médio prazo, se não for mais possível "contar com os vizinhos americanos", o Canadá deve diversificar suas relações comerciais.

De acordo com o jornal canadense The Globe and Mail, outros três candidatos podem chegar a rivalizar com Carney: Chrystia Freeland, ex-ministra das Finanças e vice- primeira-ministra; Karina Gould, que foi líder da Câmara; e o ex-deputado Frank Baylis.

Espera-se que o novo líder do Partido Liberal convoque uma eleição geral assim que assumir o cargo.

O prazo para o novo pleito é 20 de outubro deste ano. Porém, opositores podem demandar que o processo seja realizado antes.