Lula se encontra nesta sexta-feira com os próximos comandantes das Forças Armadas

Política
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O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva se reúne nesta sexta-feira, 16, pela primeira vez, com os futuros comandantes das Forças Armadas. A expectativa é que o presidente confirme a indicação dos nomes dos oficiais-generais já escolhidos em conversa prévia com José Múcio Monteiro, próximo ministro da Defesa. Como o Estadão revelou, Lula também deve manifestar aos comandantes que entende ser urgente pôr fim aos atos de viés antidemocrático no entorno do Quartel-General (QG) do Exército e unidades militares pelo País.

O general de Exército Julio Cesar de Arruda, o almirante de Esquadra Marcos Sampaio Olsen e o tenente-brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno são aguardados para a primeira conversa cara a cara com Lula. A lista de comandantes indicados foi confirmada ao Estadão pelo futuro ministro da Defesa. E também foi comunicada extraoficialmente aos respectivos altos comandos.

O encontro, adiado por uma semana, ocorrerá por volta das 10h30, em Brasília. Lula tem recebido seus colaboradores de governo e feito reuniões, de forma reservada, num hotel onde se hospeda e despacha, na capital federal.

Sete dias atrás, Lula disse que pretendia discutir o "futuro do País" com os próximos comandantes. O presidente eleito afirmou ainda que as Forças Armadas não devem fazer política, mas se ater a seu papel constitucional de Defesa da soberania nacional e do povo brasileiro.

Antes disso, Lula confidenciou a deputados aliados do partido Avante a intenção de acabar o quanto antes com os atos que cobram intervenção militar. Eles são promovidos por bolsonaristas insatisfeitos com sua vitória nas urnas. Segundo relataram integrantes do partido, o presidente eleito disse que os acampamentos pró-golpe é desrespeitoso com as próprias Forças Armadas.

A pressão política aumentou depois da destruição organizada por extremistas na noite de segunda-feira, dia 12, em Brasília. O governo do Distrito Federal disse ter identificado que bolsonaristas acampados em frente à sede do Exército promoveram os crimes. Eles permanecem em área militar - e haviam recebido o respaldo da atual cúpula do Exército, da Marinha e da Aeronáutica em carta conjunta assinada pelos comandantes do governo Jair Bolsonaro, desde que não houvesse "excessos".

Naquela noite, um grupo violento incendiou ônibus e carros, espalhou botijões de gás perto das chamas, destruiu mobiliário urbano, montou barricadas e entrou em confronto com a polícia. Bolsonaristas tentaram empurrar um ônibus de cima de um viaduto e invadir a sede da Polícia Federal, após a prisão do cacique José Acácio Serere Xavante. Ninguém foi preso.

Na quinta-feira, 15, um general de alta patente disse que, assim como Lula, integrantes da cúpula também entendem que o acampamento bolsonarista no QG de Brasília tem de acabar. Segundo esse oficial, que falou sob anonimato, o protesto já se estendeu demais e já ficou clara a inconformidade dos manifestantes com a eleição de Lula e o Judiciário. Ele também considerou que os atos criminosos de extremistas não irão se repetir - na visão de aliados de Lula, as práticas poderiam ser enquadrados como terrorismo.

Adiamento

O encontro entre Lula e os generais foi adiado por uma semana, segundo o futuro ministro da Casa Civil, Rui Costa, para que houvesse uma visita prévia do futuro ministro à sede da Defesa. Nesse intervalo, José Múcio fez sua primeira reunião formal com o atual ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, e conheceu os demais integrantes da cúpula, o secretário-geral da Defesa, general Sérgio José Pereira, e o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general Laerte de Souza Santos. O encontro foi considerado positivo por militares.

José Múcio tentou demover os atuais titulares dos comandos de Força, nomeados por Jair Bolsonaro, de deixarem seus cargos antes da posse presidencial, em 1º de janeiro. Ele argumentou que as passagens de comando deveriam seguir a praxe. Explicou que os futuros comandantes foram selecionados da maneira mais "tradicional" possível, com base em lista tríplice de antiguidade.

Somente na Marinha o segundo mais experiente assumiu o comando-geral, porque o primeiro da fila, o almirante de Esquadra Renato Aguiar Freire, vai assessorar Múcio como chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Lula afirmou, na ocasião, ter confiança no trabalho de Múcio e certeza de que ele escolheria os "melhores comandantes".

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O ministro federal da Informação do Paquistão, Attaullah Tarar, afirmou nesta quarta-feira (horário local), 7, que o país retaliou os recentes ataques da Índia e que três jatos e um drone indiano foram abatidos.

"A Índia realizou ataques covardes contra civis inocentes e mesquitas no Paquistão, desafiando a honra e o orgulho dessa nação. Agora, estejam preparados. Esta nação responsabilizará o inimigo por cada gota de sangue de seus mártires. As Forças Armadas estão dando uma resposta esmagadora, exatamente de acordo com os sentimentos do povo. A nação inteira está unida em orações e solidariedade aos nossos bravos oficiais e soldados", escreveu Tarar na rede X.

O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou os ataques aéreos da Índia e disse o país "tem todo o direito de dar uma resposta firme" ao "ato de guerra imposto pela Índia".

*Com informações da Associated Press

A Índia anunciou nesta terça-feira, 6, o lançamento de mísseis contra nove alvos no Paquistão e na região da Caxemira após dias de tensões entre os dois países. As autoridades paquistanesas informaram que duas pessoas ficaram feridas e uma criança morreu.

O ataque escala as tensões entre os países vizinhos, que possuem armas nucleares.

As autoridades indianas informaram que os ataques foram direcionados contra "infraestruturas terroristas", em resposta ao ataque no território da Caxemira controlado pela Índia, que deixou 26 turistas hindus mortos no mês passado. O Paquistão prometeu retaliar.

A Índia culpa o Paquistão por apoiar grupos separatistas da Caxemira, uma região que é ocupada por Índia, Paquistão e China. Islamabad nega apoiar esses grupos.

Segundo o Ministério da Defesa da Índia, o ataque não teve nenhuma instalação militar do Paquistão como alvo. "Nossas ações foram focadas, comedidas e de natureza não escalonada", diz um comunicado. "A Índia demonstrou considerável contenção na seleção de alvos e no método de execução."

Os mísseis atingiram locais na Caxemira paquistanesa e na província de Punjab, no leste do país, de acordo com três autoridades de segurança paquistanesas. Um deles atingiu uma mesquita na cidade de Bahawalpur, em Punjab, e matou uma criança, além de deixar dois feridos.

Entenda as tensões atuais

No dia 22 de abril, um grupo armado atacou turistas na cidade de Pahalgam, na parte indiana da região, matando 25 indianos e 1 nepalês. O Paquistão negou envolvimento com o ataque, reivindicado por um grupo terrorista islâmico pouco conhecido chamado Frente de Resistência - que tinha hindus como alvo. A Índia acusa Islamabad de armar e abrigar o grupo. O Ministério da Defesa do Paquistão sugeriu que o ataque foi uma "operação de false flag".

No dia seguinte ao atentado, Nova Délhi expulsou diplomatas, suspendeu vistos e fechou fronteiras terrestres com o Paquistão. Islamabad respondeu suspendendo acordos bilaterais, fechando fronteira e espaço aéreo a companhias indianas, e impondo sanções comerciais.

Desde 24 de abril há registros de trocas diárias de tiros na Caxemira e ambos os exércitos estão em alerta máximo. Apesar dos arsenais nucleares, a tendência é que nenhum lado acione armas atômicas a menos que esteja encurralado. Mas mesmo confrontos convencionais poderiam ser devastadores.

Nos últimos dias, a Índia também suspendeu o Tratado das Águas do Indo, assinado em 1960, que garante o acesso do Paquistão ao rio Indo, responsável por 90% de sua irrigação. Em resposta, Islamabad afirmou que se a Índia reduzir a quantidade de água que lhe é atribuída, isso seria considerado um ato de guerra. (COM INFORMAÇÕES DA AP)

O primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, afirmou ter tido uma "conversa muito construtiva" com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, após um encontro na Casa Branca nesta terça-feira, 6. Segundo Carney, o diálogo marcou o "começo do fim de um processo de redefinição da relação Canadá-EUA". O dirigente seguiu categórico ao rejeitar qualquer possibilidade de anexação do país ao vizinho.

"Canadá não está e nunca estará à venda", reiterou em entrevista coletiva, repetindo declaração anterior, em resposta a comentários de Trump sobre o país, eventualmente, se tornar o "51º estado americano". O premiê disse ter sido "muito claro" com o americano quanto à sua posição: "Fui muito claro com Trump que negociações serão feitas como dois países soberanos", afirmou. "É preciso separar o desejo da realidade. Pedi que ele parasse de falar sobre o Canadá se tornar o 51º estado dos EUA. É neste ponto que começa uma discussão séria", completou.

Ao comentar as tensões comerciais entre os dois países, Carney avaliou que "estabelecemos uma boa base hoje" para o avanço das conversas, mas reconheceu que "não tivemos decisões sobre tarifas". Ele ressaltou a complexidade do tema: "A discussão tarifária com os EUA é muito complexa. Estamos abordando uma grande quantidade de questões, por isso o progresso não será necessariamente evidente durante as negociações, mesmo que estejamos progredindo".

Ainda assim, o primeiro-ministro demonstrou otimismo. "Queremos seguir adiante com negociações comerciais com os americanos" e "veremos quanto tempo vai levar até os EUA tirarem as tarifas sobre o Canadá". Carney adiantou que ele e Trump concordaram em manter novas rodadas de diálogo nas próximas semanas, inclusive durante o encontro do G7.

Ao fim da reunião, o premiê destacou que "a postura de Trump e o quão concretas foram as discussões me fazem me sentir melhor". Apesar disso, reconheceu que "ainda temos muito trabalho pela frente e estamos totalmente empenhados". Por fim, assegurou ao republicano que "nossas medidas contra a entrada de fentanil nos EUA estão funcionando".