Em São Paulo, PSDB tenta evitar bolsonarismo e polarizar com PT

Política
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O grupo do deputado Aécio Neves (MG), que voltou a dar as cartas no PSDB, e do presidente da sigla, Marconi Perillo, espera uma resposta definitiva do jornalista José Luiz Datena para definir se o partido terá candidato próprio na eleição para a Prefeitura de São Paulo. Caso o apresentador decida não concorrer, a ala indica nos bastidores que prefere apoiar a deputada Tabata Amaral (PSB) a fechar com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), desde que a parlamentar não apoie o deputado Guilherme Boulos (PSOL) em um eventual segundo turno da disputa.

Os tucanos enxergam a eleição paulistana como estratégica para a legenda se recolocar como oposição ao governo Lula - por isso o pedido de neutralidade a Tabata, já que Boulos tem apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT -, mas sem se vincular ao bolsonarismo, razão pela qual também resiste a se aliar a Nunes no primeiro turno. O emedebista é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A articulação liderada por Aécio ocorre no contexto em que o PSDB está enfraquecido e busca se restabelecer para agregar forças de centro e lançar uma candidatura presidencial em 2026. A sigla saiu de 54 deputados eleitos em 2014 para 13 em 2022. Dos quatro senadores que elegeu, apenas um continua no partido. Em São Paulo, perdeu força tanto a nível estadual, onde ganhou todas as eleições de 1994 a 2018, como na capital, após a morte de Bruno Covas e a debandada dos oito vereadores da sigla que querem apoiar Nunes.

Sondagem

A cúpula do PSDB apresentou pesquisa interna a Datena em que o apresentador aparece em terceiro lugar, assim como na Paraná Pesquisas do início do mês. Conforme antecipado pelo jornal O Globo e confirmado pelo Estadão, o jornalista se animou e disse que aceita ser candidato. "Ele foi muito firme ao ver a pesquisa e disse: 'Vou encarar'. Nós ficamos animados. As coisas estão andando, quase todo dia a gente conversa", disse o presidente do diretório tucano municipal, José Aníbal. Perillo e Datena almoçaram juntos anteontem. No encontro, o apresentador voltou a dizer que quer ser candidato a prefeito.

No entanto, além da desconfiança em relação ao apresentador, que coleciona recuos eleitorais, pesa contra a candidatura de Datena o fato de ele ter ido para o PSDB em uma articulação de Tabata. A ideia da deputada é que os tucanos fechem o acordo e indiquem Datena para ser o vice dela.

Além do compromisso de não apoiar Boulos, como mostrou a Coluna do Estadão, outro ponto discutido é o posicionamento de Tabata em 2026. Ela e o PSB apoiaram o atual governo, mas há o rumor de que o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) pode não ser indicado a vice novamente. A pré-campanha da deputada disse que não discute apoio no segundo turno, porque acredita que ela estará na disputa.

Aécio tem sido procurado tanto por articuladores de Tabata como de Nunes. Além do prefeito, o mineiro conversou com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e o ex-presidente Michel Temer (MDB). De acordo com interlocutores, o principal entrave colocado pelo tucano é que um apoio ao MDB neste momento significaria se associar a Bolsonaro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Oficiais militares de mais de 30 países participarão das negociações em Paris sobre a criação de uma força internacional de segurança para a Ucrânia, informou um oficial militar francês. O objetivo dessa força será dissuadir a Rússia de lançar uma nova ofensiva após a implementação de um cessar-fogo na Ucrânia.

A lista de participantes nas reuniões da terça-feira, 11, ainda deve contar com países da Ásia e da Oceania, que participarão remotamente. A diversidade internacional da reunião reflete o alcance com que a França e o Reino Unido, que estão colaborando nos planos para a força, estão buscando formar uma coalizão de nações "capazes e dispostas", como descreveu o oficial francês, para ajudar a proteger a Ucrânia em caso de um cessar-fogo.

A força proposta pelos dois países poderia incluir armamentos pesados e estoques de armas que poderiam ser enviados rapidamente, em questão de horas ou dias, para reforçar a defesa da Ucrânia caso um ataque russo quebre qualquer trégua, explicou o oficial. O plano franco-britânico será apresentado aos oficiais militares de mais de 30 países na primeira parte das discussões de amanhã, acrescentou.

A segunda parte das negociações será dedicada a discussões "mais precisas e concretas", nas quais os participantes serão convidados a explicar se e como suas forças militares poderiam contribuir. "Não é, 'isso é o que precisamos'. É mais, 'o que você pode trazer para a mesa?'", afirmou o oficial. Ele também destacou que a decisão final sobre a participação dos países na força será tomada em nível político, pelos líderes dos governos.

Croácia e Montenegro, que foram convidados, não responderam e estarão ausentes. Os Estados Unidos não foram convidados, pois as nações europeias desejam demonstrar que podem assumir a responsabilidade por grande parte da estrutura de segurança pós-cessar-fogo para a Ucrânia. Austrália, Nova Zelândia, Japão e Coreia do Sul acompanharão as negociações remotamente.

Os Verdes da Alemanha, cujo apoio é essencial para os planos do próximo governo de flexibilizar as regras fiscais para gastos com defesa e criar um fundo de infraestrutura, anunciaram que não apoiarão o pacote nas condições atuais.

O líder da União Democrática Cristã (CDU) e provável próximo chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, está tentando formar uma coalizão com os Social-Democratas de centro-esquerda, liderados pelo chanceler Olaf Scholz, que deixa o cargo. Na semana passada, as duas partes anunciaram a intenção de isentar alguns gastos com defesa das restritas regras fiscais do país, uma medida cada vez mais urgente devido às dúvidas sobre o compromisso dos EUA com seus aliados europeus.

Além disso, o governo planeja criar um fundo de 500 bilhões de euros, financiado por empréstimos, para investir na infraestrutura deteriorada da Alemanha nos próximos 10 anos e impulsionar o crescimento econômico.

Porém, como a "freio da dívida" da Alemanha está ancorada na constituição, os planos exigem uma maioria de dois terços no parlamento. O governo tenta aprovar os projetos no parlamento atual, antes da nova composição, pois partidos que são contra as propostas têm mais de um terço das cadeiras na nova Câmara.

Como a União de Merz e os Social-Democratas não têm votos suficientes, dependem do apoio dos Verdes. A co-líder dos Verdes, Katharina Dröge, afirmou que o grupo rejeitará a proposta, destacando que o partido busca uma reforma do "freio da dívida" para permitir mais investimentos na economia e no combate às mudanças climáticas, algo que Merz havia descartado antes da eleição.

Dröge também criticou o fundo de infraestrutura, dizendo que ele serviria mais como um "cofre do tesouro" para cortes de impostos do que para investimentos úteis.

Em resposta, Carsten Linnemann, secretário-geral da União Democrata Cristã, afirmou que conversas com os Verdes serão realizadas, e "então veremos até onde conseguimos chegar". Seu partido também conversará com os liberais do Partido Democrático Livre, que têm se oposto ao aumento do endividamento.

A Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) elegeu nesta segunda-feira, dia 10, por aclamação o chanceler do Suriname, Albert Ramdin, como próximo secretário-geral por cinco anos.

A delegação da Dominica sugeriu aclamação, pelo fato de existir apenas um candidato, e recebeu o apoio do Peru. Ramdin foi eleito imediatamente com uma salva de palmas.

Com isso, a OEA saiu da raia de um secretário-geral alinhado a Washington após dez anos. Ramdin vai substitui o uruguaio Luis Almagro.

Embora tenha sido chanceler do ex-presidente Pepe Mujica (Frente Ampla) e patrocinado por ele, Almagro passou ser visto pelos líderes de esquerda da região como um secretário enviesado e adversário de governos como Bolívia, Nicarágua e Venezuela e outros.

Os ditadores da Nicarágua, Daniel Ortega, e da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciaram nos últimos anos, respectivamente em 2022 e 2017 (durante a gestão de Almagro), que deixariam a OEA. Eles acusaram Almagro de interferência em assuntos internos após crises político-eleitorais.

A eleição ocorreu depois de um movimento em bloco de apoio a Ramdin, liderado pelo Brasil e países de governos de esquerda, que levou à renúncia do candidato trumpista, o chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano.

Como mostrou o Estadão, a diplomacia brasileira anteviu o risco de que Trump pudesse instrumentalizar politicamente a OEA. A impressão era que o paraguaio havia se movimentado para receber o apoio formal dos Estados Unidos, com gestos pró-agenda Trump vindos de Assunção e fotos com o próprio Trump e o bilionário Elon Musk.

A ideia de que ele pudesse servir como uma correia de transmissão da agenda conservadora do republicano, além da política de tarifaço contra países aliados e vizinhos, como México e Canadá, e a deportação em massa de imigrantes azedaram o clima para Trump, fez com que se formasse uma espécie de cordão sanitário na OEA.

A eleição foi um primeiro embate hemisférico entre Trump e governos de esquerda da América Latina, que envolveu nos bastidores um jantar oferecido por Lula a presidentes de esquerda em um palácio da embaixada brasileira em Montevidéu e ainda telefonemas do presidente chileno Gabriel Boric para formar uma aliança.