Moraes afirma que 'ainda tem muita gente para prender e multa para aplicar'

Política
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Dois dias depois das cenas de vandalismo em Brasília, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes, afirmou, durante uma palestra nesta quarta-feira, 14, que "ainda tem muita gente para prender e muita multa para aplicar".

Na sua fala, Moraes não se referiu especificamente à série de ações violentas promovidas por um grupo que protestava contra a prisão de um apoiador do presidente Jair Bolsonaro. A declaração foi dada na sequência de uma fala do ministro do Supremo Dias Toffoli, também presente no evento, que citou a invasão do Capitólio nos Estados Unidos, em janeiro de 2021, e o número de prisões e acordos feitos naquele país sobre o episódio.

Os atos em Brasília deixaram um rastro de destruição na região central da capital federal, com ônibus e carros incendiados. Ninguém foi preso.

Ao citar a necessidade da defesa da verdade factual, Toffoli disse que "temos que não transigir com a informação". "964 pessoas já foram detidas, nos 50 Estados e acusados de crimes cometidos desde 6 de janeiro", afirmou o ministro. "465 fizeram acordos se declarando culpados com o Ministério Público. O julgamento dos líderes que não fizeram acordo com a promotora começaram e ocorreram duas condenações por conspiração sediciosa", emendou.

Na fala, Toffoli diz que as penas ainda estão sendo definidas, mas podem chegar a 20 anos de prisão. "Quem imaginava que ia ter uma invasão no Capitólio?", questionou o ministro.

Ministros do STF defendem Constituição e protagonismo do Judiciário

Moraes, Toffoli, e os ministros Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia participaram de evento realizado pelo Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados (IEJA). Os magistrados defenderam o cumprimento da Constituição Brasileira e o protagonismo do Judiciário como formulador de políticas públicas e fiscalização.

De acordo com eles, não cabe ao Poder Judiciário um papel passivo, mas uma atuação ativa que se faça cumprir a ideia de Justiça em uma sociedade democrática. Moraes iniciou sua fala dizendo que tribunais não devem fazer prevalecer suas vontades subjetivas. Em sua avaliação, há a necessidade de transparência e democratização das cortes institucionais. Segundo ele, a "banalização" da utilização do termo "amigo da Corte" pode "custar caro" à democracia.

Toffoli citou que, no passado recente, o País vivenciou uma "disputa de narrativas" a exemplo da pandemia da covid-19 e das medidas de segurança sanitárias. Conforme pontua, a imprensa, magistratura e academia são "pilares da verdade factual".

Na linha da crise sanitária, o ministro citou que a imprensa teve o papel de orientar a sociedade sobre os cuidados necessários; a academia e a ciência com pesquisas por vacinas e o Judiciário a autorização a Estados e municípios a respeito da compra de vacinas. "Temos que não transigir com a desinformação", concluiu o magistrado.

Destacando a atuação na pandemia da covid-19, Lewandowski pontuou que, embora não seja sempre reconhecido, o Judiciário passou a ter um papel "legislador positivo", no sentido de formular políticas públicas.

"No momento em que houve uma perplexidade inicial do poder Executivo, no momento em que houve até uma paralisia das autoridades responsáveis pela saúde pública, o Supremo Tribunal Federal tomou a dianteira e fez com que realmente o governo se mexesse e propiciasse as vacinas, depois de muita resistência, para sociedade brasileira como um todo", disse. "Decisões fundamentais foram tomadas, sobretudo ao reforçar o federalismo." Contudo, o ministro afirmou que "esse protagonismo do Poder Judiciário", não mais passivo, "nem sempre é compreendido pela incorporação das constituições contemporâneas".

Para Cármen Lúcia, compete principalmente ao STF a guarda da Constituição. "Esse guardar é fazer com que ela seja respeitada, cumprida, implementada para ter efetividade jurídica e social", disse. Segundo ela, a interpretação da Constituição é "técnica, depende da gente, depende de todo cidadão aprender".

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O Ministério das relações Exteriores (MRE) se prepara para receber nesta quarta-feira, 26, às 11h30, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião de sherpas do Brics iniciada nesta terça, 25, no Palácio do Itamaraty. Os sherpas são os negociadores-chefes de cada um dos 11 membros do bloco.

A presença do chefe do Executivo, porém, ainda não foi confirmada, o que deve ocorrer apenas no fim do dia, quando a agenda do mandatário é divulgada pelo Palácio do Planalto. Há a expectativa de que Lula faça um discurso, caso o petista participe do evento de quarta.

Chefes de Estado e de governo não costumam participar das reuniões de sherpas. Geralmente, estão presentes apenas na cúpula de líderes, que este ano está marcada para os dias 6 e 7 de julho, no Rio de Janeiro. Como o Brasil está com a presidência rotativa do grupo e o encontro ocorre em Brasília, avaliou-se que poderia ser um gesto de cortesia do anfitrião.

Na manhã desta terça, estão reunidos os 11 sherpas do Brics no Itamaraty. Havia a previsão de que, como convidado, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, fizesse um discurso de abertura aos convidados. O texto deve ser divulgado à imprensa. O sherpa brasileiro é o embaixador Mauricio Lyrio, que teve a mesma função durante as reuniões do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), que também ocorreu no Brasil no ano passado.

O presidente dos EUA, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira, 24, que as tarifas sobre importações do México e do Canadá "irão adiante" quando um adiamento de 30 dias expirar na semana que vem. A notícia, que veio nos últimos 40 minutos de negociação na segunda-feira, arrastou o S&P 500 para baixo.

Esse é o primeiro dos quatro prazos tarifários iminentes de Trump nas próximas seis semanas. Trump voltou a dizer que os EUA "foram aproveitados" por parceiros comerciais, mas que pretende "ganhar muito território".

Se confirmadas, as tarifas devem entrar em vigor a partir do dia 4 de março, quando expira o prolongamento do prazo anunciado pelo presidente americano. As tarifas incluem taxas de 25% sobre todas as importações mexicanas e canadenses, com uma exceção apenas da tarifa de 10% das importações de energia do Canadá. Fonte: Dow Jones Newswires.

O governo dos Estados Unidos anunciou, nesta segunda-feira, 24, uma nova rodada de sanções contra dezenas de pessoas e petroleiros na China, Emirados Árabes Unidos e na Índia por supostamente ajudarem a financiar o Irã.

O Tesouro dos EUA e os departamentos de Estado dos EUA sancionaram 22 indivíduos ou empresas e 13 navios petroleiros, incluindo os chefes da National Iranian Oil Co. e da Iranian Oil Terminals Co., por seu papel na intermediação da venda e transporte de petróleo iraniano.

Entre os sancionados, ainda estão o CEO da empresa petrolífera nacional do Irã, Hamid Bovard, assim como intermediários com sede nos Emirados Árabes Unidos e Hong Kong e empresas que fretam navios da Índia e da Malásia, de acordo com o Departamento do Tesouro.

Segundo o Departamento de Estado americano, essa "rede" permitiu que o petróleo iraniano fosse transportado ilegalmente para "compradores na Ásia". "Possibilitou o envio de dezenas de milhões de barris de petróleo no valor de centenas de milhões de dólares", disse o governo americano.

No início de fevereiro, Washington já havia anunciado sanções financeiras contra uma "rede internacional" acusada de fornecer petróleo iraniano à China para financiar as atividades militares de Teerã.

As sanções envolvem o congelamento de ativos que as empresas sancionadas detêm direta ou indiretamente nos Estados Unidos e a proibição de empresas sediadas nos EUA ou cidadãos americanos de negociar com as empresas sancionadas, correndo o risco de também serem sancionados.

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Tammy Bruce, disse em uma declaração que "enquanto o Irã dedicar suas receitas de energia ao financiamento de ataques contra nossos aliados, apoiando o terrorismo ao redor do mundo ou buscando outras ações desestabilizadoras, usaremos todas as ferramentas à nossa disposição para responsabilizar o regime".

Elas também dificultam a negociação das empresas sancionadas, limitando sua capacidade de usar o dólar em suas transações, devido ao risco de ficarem sob a jurisdição americana.

Um relatório da Administração de Informação de Energia dos EUA de outubro de 2024 estima que o Irã arrecadou US$ 253 bilhões em receitas de petróleo durante as presidências de Joe Biden e Trump, entre 2018 e 2024. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)