Parentes na chefia de Poderes e proteção do Pantanal estão na pauta da semana do STF

Política
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O Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar na quarta-feira, 5, se os chefes do Executivo e do Legislativo de uma mesma unidade federativa podem ser parentes. Também está na pauta uma ação da Procuradoria-Geral da República (PGR) que aponta omissão do Congresso em editar lei que regulamente a preservação do pantanal mato-grossense, e outra que discute a exigência de apresentação de um motivo para a demissão sem justa causa.

No plenário virtual, os ministros analisam recurso contra uma decisão que condenou a União a pagar indenização de R$1 bilhão a herdeiros de uma antiga empresa de Santa Catarina.

O processo envolve um contrato de compra e venda de 200 mil pinheiros assinado na década de 1950. A Corte já formou maioria, de 6 a 5, para negar o recurso e manter a condenação.

Plenário físico

Parentes na chefia de Poderes

O Supremo deve começar a sessão da quarta julgando uma ação do PSB que quer proibir que parentes até segundo grau ocupem, simultaneamente, os cargos de chefia dos Poderes Legislativo e Executivo da mesma unidade federativa.

O objetivo é evitar que, por exemplo, o presidente de uma Câmara Municipal seja filho do prefeito, ou que a presidência da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal seja ocupada por filho ou parente até segundo grau do presidente da República. De acordo com o partido, essa circunstância tem se tornado cada vez mais comum.

O processo começou a ser julgado virtualmente em março, mas foi levado ao plenário físico pelo ministro Flávio Dino. A relatora, Cármen Lúcia, votou para negar a ação.

Pantanal

Em seguida, está na pauta uma ação proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em 2021 que aponta omissão do Congresso em editar lei que regulamente a preservação do Pantanal mato-grossense. O relator é o ministro André Mendonça.

A PGR alega que a Constituição "assegura proteção especial a algumas regiões e biomas do país, definindo-os como patrimônio nacional e submetendo a sua utilização a condições especiais de exploração". O órgão destaca que, desde 1988, inúmeras propostas sobre o tema foram apresentadas na Câmara e no Senado, mas que, "até o momento, a maioria delas não obteve êxito no respectivo processo legislativo, encontrando-se atualmente arquivadas".

Demissão sem justa causa

Também está na pauta um julgamento que discute as regras para a demissão sem justa causa. O que está em discussão é a adesão do Brasil à Convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que estabelece que os empregadores devem fornecer um motivo justo para a demissão de empregados.

A convenção não acaba com a dispensa por justa causa, mas, na prática, poderia levar a mais questionamentos na Justiça sobre o fim da relação profissional. A ação, ajuizada há quase 27 anos, é uma das mais antigas em tramitação na Corte.

Já há maioria para afastar a necessidade de motivo justo, mas os ministros se dividiram em diversas correntes. Por isso, não houve os seis votos necessários para definir pontos específicos da discussão, como a determinação que o Congresso defina regras sobre tratados internacionais e a modulação de efeitos da decisão.

Plenário virtual

União condenada a pagar R$1 bi

No plenário virtual, os ministros julgam recurso da União contra decisão que a condenou a pagar indenização de cerca de R$ 1 bilhão, em valores atualizados, por descumprir um contrato de compra e venda de 200 mil pinheiros com Companhia de Madeiras do Alto Paraná, que já fechou. O contrato foi assinado na década de 1950. Entre os autores da ação, que serão beneficiados com o pagamento, estão parentes do ex-governador de Santa Catarina e ex-senador Jorge Bornhausen, além de ex-dirigentes do Banco Araucária S.A.

O julgamento vai até 10 de junho, mas todos os ministros já votaram e há uma maioria apertada (de 6 a 5) para manter a condenação da União.

Os ministros não analisam o mérito do caso, apenas uma questão processual. Em setembro de 2022, a então relatora do caso, ministra Rosa Weber, entendeu que o recurso não poderia ser admitido por tratar de matéria infraconstitucional. A União protestou contra a decisão monocrática, e é esse recurso que está sob análise agora.

'Constitucionalização' posterior de leis

Ainda no plenário virtual, a Corte decide se reconhece a repercussão geral de um processo que discute a validade de uma lei estadual do Sergipe que criou adicional de alíquota de ICMS para o Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza. Os ministros ainda não vão analisar o mérito, apenas vão decidir se o resultado deste julgamento valerá para todos os processos que tratam da mesma discussão.

Na origem, o Tribunal de Justiça do Sergipe (TJSE) atendeu a um pedido do contribuinte e derrubou a exigência do adicional de 2% aplicado sobre a alíquota de ICMS no Estado. O argumento é que não havia previsão legal para a cobrança. O Estado, por outro lado, diz que uma Emenda Constitucional editada depois da criação da lei permitiu a cobrança retroativa.

A discussão é se o Congresso pode editar uma emenda constitucional para validar uma norma tributária que, na origem, era inconstitucional. Em sustentação oral enviada à Corte, o advogado da empresa de telecomunicações Teleserv, José Rollemberg Leite Neto, defendeu que não é possível "constitucionalizar" uma lei.

"Uma norma jurídica deve estar em conformidade com a Constituição Federal no momento da sua criação. Uma vez que a norma é considerada inconstitucional no instante de sua introdução no mundo jurídico, eventuais alterações subsequentes da Constituição ou mesmo da legislação não têm o condão de sanar o vício", afirmou.

Em outra categoria

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, não se desculpou pela discussão acalorada com o presidente dos EUA, Donald Trump, no Salão Oval, mas disse à Fox News em uma entrevista exclusiva que está confiante de que o relacionamento entre eles pode ser recuperado.

"São relações que vão além de dois presidentes. São relações históricas, relações fortes entre nossos povos. E é por isso que eu sempre comecei... a agradecer ao seu povo pelo nosso povo", disse Zelensky.

O líder ucraniano ainda afirmou que respeita Trump e o povo americano. "Acho que temos que ser muito abertos e honestos e não tenho certeza de que fizemos algo ruim. Acho que algumas coisas devem ser discutidas fora da mídia, com todo o respeito à democracia e à mídia livre".

Um bate-boca protagonizado na Casa Branca nesta sexta-feira, 28, entre o presidente americano Donald Trump e o ucraniano Volodmir Zelenski simbolizou o ápice de uma relação já estremecida há meses entre os dois mandatários. O desentendimento aconteceu durante um encontro que deveria formalizar um acordo para a exploração de terras raras na Ucrânia por Washington, mas que acabou com uma nota assinada pela presidência americana afirmando que Zelenski desrespeitou os Estados Unidos.

Desde a campanha eleitoral, Trump já deixava claro seu ceticismo em relação ao apoio dos Estados Unidos à Ucrânia. Ele frequentemente questionava os valores enviados pelo governo de Joe Biden em comparação com os da Europa e prometia resolver a guerra em "24 horas", embora nunca tenha detalhado como.

Mas ao assumir a presidência em 20 de janeiro, Trump endureceu ainda mais o discurso contra Zelenski. Em diferentes ocasiões, acusou o líder ucraniano de iniciar a guerra contra a Rússia, chamou-o de "ditador" e afirmou que Kiev deveria ser mais grata aos Estados Unidos. Veja abaixo o que Trump já falou sobre a guerra na Ucrânia desde que assumiu a presidência dos Estados Unidos.

Pressa pelo fim da guerra

Trump mencionou em diversas ocasiões que a guerra não teria começado sob sua presidência e que não permitiria que o conflito se arrastasse por mais tempo, enfatizando a necessidade de encerrar rapidamente a guerra.

Na época de campanha, Trump declarou: "Posso terminar essa guerra em 24 horas, basta que todos os envolvidos queiram negociar e eu estarei lá, oferecendo uma solução", embora nunca tenha detalhado exatamente como resolveria a situação em tão pouco tempo.

No encontro com o presidente francês Emmanuel Macron nesta semana, o republicano afirmou que o conflito poderia ser resolvido "em questão de semanas". Já durante a visita do primeiro-ministro britânico Keir Starmer, disse que a "guerra precisa acabar agora ou nunca."

Desejo por minerais críticos

Como parte da crença de que os EUA gastaram demais com a Ucrânia, o governo republicano criou uma proposta de acordo para explorar os minerais críticos e de terras raras do país europeu, como uma espécie de "compensação". Trump disse que estava tentando recuperar os bilhões de dólares enviados para apoiar a guerra.

"Estou tentando obter o dinheiro de volta, ou garantias", declarou Trump na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), perto da capital americana. "Quero que eles nos deem algo por todo o dinheiro que colocamos. Estamos pedindo terras raras e petróleo, qualquer coisa que possamos conseguir", afirmou o republicano.

Uma primeira versão da proposta foi apresentada à Zelenski pelo vice-presidente J.D. Vance na Conferência de Segurança de Munique. O presidente ucraniano rejeitou a proposta com a justificativa de que ela era muito favorável a Washington e não dava garantias suficientes à Ucrânia. Ajustes foram feitos, com concessões à Ucrânia, e o texto seria assinado nesta sexta-feira, 28. Mas a discussão entre os líderes provocou o cancelamento do acordo.

Zelenski, o ditador

Um dos pontos de maior tensão até aqui foi uma postagem publicada por Trump em sua rede Truth Social, na qual chamou Zelenski de "ditador que usou o dinheiro dos Estados Unidos para ir à guerra". O motivo do post foi a Ucrânia ter negado a primeira versão do acordo sobre minerais.

"Zelenski é um ditador sem eleições, é melhor ele agir rápido ou ele não terá mais um país", disse Trump. "Um comediante de sucesso modesto, Zelenski convenceu os Estados Unidos a gastar US$ 350 bilhões de dólares para entrar em uma guerra que não poderia ser vencida", escreveu Trump, ignorando que as eleições ucranianas não foram realizadas ainda porque o país decretou lei marcial após o início da guerra.

Além disso, os Estados Unidos destinaram US$ 119 bilhões para ajudar a Ucrânia, de acordo com o Instituto Kiel, e não US$ 350 bilhões.

Trump ainda sugeriu que a segurança futura da Ucrânia não seria problema dos Estados Unidos. "Essa guerra é muito mais importante para a Europa do que para nós", escreveu Trump. "Temos um grande e belo oceano como separação."

Nesta semana, no Salão Oval, Trump negou ter chamado Zelenski de "ditador".

Abandono do 'sonho Otan'

Pelo fim da guerra, os ucranianos pedem garantias de segurança e a entrada do país Otan. Zelenski chegou a dizer que poderia deixar seu cargo em troca da entrada da Ucrânia na aliança militar. Mas Trump rechaçou os dois pedido na última quarta-feira, 26, afirmando cabe à Europa fornecer garantias de segurança à Ucrânia, e não aos EUA, e descartou a Otan.

"Não vou oferecer garantias de segurança que vão além do estritamente necessário", disse Trump em uma reunião de gabinete. "Vamos deixar que a Europa faça isso porque (...) a Europa é sua vizinha, mas vamos garantir que tudo saia bem."

"Podem esquecer a Otan", acrescentou Trump. "Acho que essa é provavelmente a razão pela qual tudo começou", acrescentou o presidente americano, repetindo mais uma vez a postura da Rússia sobre o que motivou o início da guerra.

Aposta na 3.ª Guerra

O magnata republicano prometeu no ano passado acabar com a guerra e afirmou que evitaria uma "Terceira Guerra Mundial", argumentando que a possibilidade de uma guerra mais ampla seria ainda maior sob um novo governo democrata.

Essa afirmação foi repetida diversas vezes. Na semana passada, em uma coletiva de imprensa na qual comentava a guerra na Ucrânia, Trump disse que a "Terceira Guerra Mundial não está tão longe", mas disse que sua presidência impediria tal desenvolvimento. Na discussão desta sexta-feira, Trump disse que Zelenski estava "apostando na terceira guerra mundial".

O presidente ucraniano viajou para Washington para assinar a resolução sobre extração de minerais na Ucrânia, mas o encontro com Trump terminou em bate-boca.

Depois da discussão, Trump divulgou uma nota na qual disse que Zelenski desrespeitou os EUA e por isso deixou a Casa Branca. "É incrível o que se revela por meio da emoção. Concluí que o presidente Zelenski não está pronto para a paz se os Estados Unidos estiverem envolvidos, porque ele acha que nosso envolvimento lhe dá uma grande vantagem nas negociações". diz o comunicado. "Não quero vantagem, quero PAZ. Ele desrespeitou os Estados Unidos da América em seu estimado Salão Oval. Ele pode voltar quando estiver pronto para a paz."

O presidente dos EUA, Donald Trump, deve assinar uma ordem executiva nesta sexta-feira, 28, designando o inglês como o idioma oficial do país, de acordo com a Casa Branca.

A ordem permitirá que as agências e organizações governamentais que recebem financiamento federal escolham se querem continuar a oferecer documentos e serviços em outro idioma que não o inglês, de acordo com um informativo sobre a ordem iminente.

A ordem executiva rescindirá um mandato do ex-presidente Bill Clinton que exigia que o governo e as organizações que recebiam financiamento federal fornecessem assistência linguística a pessoas que não falavam inglês.

Designar o inglês como idioma nacional "promove a unidade, estabelece eficiência nas operações do governo e cria um caminho para o engajamento cívico", disse a Casa Branca.